O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

terça-feira, 19 de abril de 2016

Quando a Europa dominava o mundo: 1914, por Margaret MacMillan (book excerpt, by Delanceyplace)

Today's selection -- from The War That Ended Peace by Margaret MacMillan. By 1914, Europe controlled 84 percent of the world, humans were increasingly rational in their affairs, and progress was both linear and inevitable:

"In 1900 Europeans had good reason to feel pleased with the recent past and confident about the future. The thirty years since 1870 had brought an explosion in production and wealth and a transformation in society and the way people lived. Thanks to better and cheaper food, improvements in hygiene, and dramatic advances in medicine, Europeans were living longer and healthier lives. Although Europe's population went up by perhaps as much as 100 million to a total of 400 million, it was able to absorb the growth thanks to increased output in its own industry and agriculture and imports from around the world. (And emigration acted as a safety valve to avoid an even more dramatic increase -- some 25 million Europeans left in the last two decades of the century for new opportunities in the United States alone and millions more went to Australia or Canada or Argentina.) ...



"Europe's countries dominated much of the earth's surface whether through their formal empires or by informal control of much of the rest through their economic, financial and technological strength. Railways, ports, telegraph cables, steamship lines, factories around the world were built using European know-how and money and were usually run by European companies. And Europe's dominance had increased dramatically in the nineteenth century as its scientific and industrial revolutions gave it, for a time at least, an edge over other societies. ... In 1800 before the gap in power opened up, Europe had controlled approximately 35 percent of the world; by 1914 that figure was 84 percent. True, the process had not always been a peaceful one and European powers had come close to war several times over the spoils. By 1900, however, the tensions caused by imperialism seemed to be subsiding. There was not much left to divide up in Africa, the Pacific or Asia, and there was, or so it seemed, a general agreement that there should be no sudden land grabs in such declining states as China or the Ottoman Empire, tempting though their weakness made them to imperialists. ...

"Given such power and such prosperity, given the evidence of so many advances in so many fields in the past century, why would Europe want to throw it all away? There were many Europeans ... who thought that such recklessness and folly was simply impossible. Europe was too interdependent, its economies too intertwined, to break apart into war. It would not be rational, a quality greatly admired at the time.

"The march of knowledge throughout the nineteenth century, in so many fields from geology to politics, had, it was widely assumed, brought much greater rationality in human affairs. The more humans knew, whether about themselves, society, or the natural world, the more they would make decisions based on the facts rather than on emotion. In time, science -- including the new social sciences of sociology and politics -- would uncover everything we needed to know. 'The history of mankind is part and parcel of the history of nature,' wrote Edward Tylor, who was one of the fathers of modern anthropology, 'and our thoughts, wills, and actions accord with laws as definite as those which govern the motions of the waves, the combination of acids and bases, and the growth of plants and animals.' Tied to this faith in science -- or positivism, as it was usually referred to at the time -- was an equal faith in progress, or, as Europeans often wrote, Progress. Human development was, so it was assumed, linear, even if not all societies had reached the same stage. Herbert Spencer, in his time the most widely read British philosopher, argued that the laws of evolution applied as much to human societies as they did to species. Moreover, progress was generally seen to be across the board: advanced societies were better in all respects from the arts to political and social institutions to philosophy and religion."

The War That Ended Peace: The Road to 1914
Author: Margaret MacMillan
Publisher: Random House Trade Paperbacks
Copyright 2013 by Margaret MacMillan
Pages 9-10, 16-17


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A tomada jabuticabal brasileira e uma resposta do Inmetro, feita em 1ro de Abril

Estava guardando para esperar passar o impeachment. OK, já passou, então volto ao assunto.
Para responder a uma consulta que fiz no site do Inmetro, a Ouvidoria desenvolveu todo um arrazoado de justificativas que afirmam em resumo que as nossas tomadas são as melhores do mundo.
Minha consulta era esta:
"Esperando que a atual diretoria do Inmetro revise o crime cometido contra o Brasil e os brasileiros, anos atrás, ao alterar a tomada elétrica para um padrão exclusivo e único ao Brasil, quando os padrões anteriores permitiam uma adaptação natural a sistemas estrangeiros. O padrão atual brasileira, estúpido absolutamente na sua formatação, apresenta problemas terríveis a quem viaja, a quem tem aparelhos adquiridos no exterior, a toda e qualquer empresa que precise produzir aparelhos numa economia de escala internacional, e não caipira, nacionalista rastaquera, como a que foi adotada (provavelmente com intenções mais corruptoras do que "normalizadoras". A tomada brasileira é uma jabuticaba criminosa."
A resposta do Inmetro, abaixo, não toca em nenhum aspecto da compatibilidade das novas tomadas com formatos e padrões existentes em outros países, como se o Brasil fosse um país isolado do mundo (o que de fato é, pois os nossos burocratas não se preocupam com inserção do Brasil na economia mundial).
Continuo achando que fomos vítimas de uma tramoia para dar dinheiro para um punhado de espertos. Acho que muita gente percebeu isto...
Êta povinho insatisfeito...
Paulo Roberto de Almeida

From: ouvidoria@inmetro.gov.br
Date: April 1, 2016 at 10:16
Subject: INMETRO - Resposta solicitação nº 619450

Prezado Sr). Paulo Roberto de Almeida

Em atendimento à crítica registrada em nossa Ouvidoria sob o n.º 619450, referente ao padrão de plugues e tomadas para uso doméstico e análogo, apresentamos as seguintes considerações.
Acompanhando a tendência mundial, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), fórum de normalização do País, iniciou o trabalho de criação de um padrão para plugues e tomadas. Essa discussão teve início no Brasil na década de 80 e foi concluída em julho de 1998, com a publicação da Norma ABNT NBR 14136, contando com ampla participação dos fabricantes de plugues, tomadas e equipamentos eletroeletrônicos.
Cabe destacar que os critérios fundamentais para a adoção do padrão foram a segurança dos usuários e a adaptabilidade, pois é compatível com 80% das conexões atuais,  e o melhor custo-benefício para os usuários e as empresas impactadas.
Posteriormente à publicação da ABNT NBR 14136, considerando as dificuldades do setor produtivo para se adequar às regulamentações, o Inmetro realizou dois Painéis Setoriais de Plugues e Tomadas no ano de 2006, com a participação de mais 200 representantes do setor produtivo, meio acadêmico, ONGs de defesa do consumidor e outras partes interessadas, com vistas a propiciar uma discussão focada, harmonizar interesses e obter o consenso quanto à implantação do padrão previsto na referida norma.
Na ocasião, foi ratificado o entendimento da necessidade de se implantar a padronização de plugues e tomadas, e, para isto, estabeleceu-se um escalonamento de prazos de adequação à norma ABNT NBR 14136. Ressalta-se, que este escalonamento considerou a facilidade de implementação e sua aplicação tanto no âmbito do fabricante e do importador, quanto no âmbito do consumidor.
Assim sendo, e considerando a complexidade do tema, a questão foi levada ao Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - Conmetro que, após avaliar as ações do Inmetro, o posicionamento de seus membros e as colocações das associações representativas do setor produtivo, a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica - Abinee e a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos - Eletros, deliberou pela publicação das Resoluções Conmetro nº. 11/2006 e 02/2007, estabelecendo os prazos para atendimento obrigatório à norma ABNT NBR 14136.
Tendo em vista que a maioria dos plugues de dois pinos comercializados em aparelhos eletroeletrônicos e eletrodomésticos já se encontra adequada ao novo padrão, evidencia-se que o mesmo é totalmente compatível com a tomada atual, não havendo necessidade de mudança na maioria das tomadas já existentes.
Ressaltamos ainda que o padrão visa minimizar o risco de acidentes elétricos. Dados da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel) registraram, em 2008, 516 acidentes causados por choque elétrico. O Ministério da Saúde registrou 15.418 mortes sem internação, causadas por exposição à corrente elétrica em casa, escola, asilo, etc.
Face ao exposto, afirmamos que o padrão, além de ser mais seguro, promove a adaptação de voltagens diferentes existentes em nosso país e auxilia a combater o desperdício de energia elétrica.
Finalmente, esclarecemos que o Inmetro disponibilizou  algumas perguntas e respostas mais frequentes para dirimir possíveis dúvidas no link: http://www.inmetro.gov.br/ouvidoria/faqs.asp#plugues, bem como a seguinte cartilha: http://www.inmetro.gov.br/inovacao/publicacoes/cartilhas/plugues_tomadas/inmetro_plugues.pdf.

Agradecemos sua visita e em caso de dúvida, continuamos à disposição para esclarecimentos adicionais.

Atenciosamente,
Cristiana F Pedrosa
OUVIDORIA DO INMETRO
Para mais esclarecimentos favor acessar o formulário disponível no:
http://www.inmetro.gov.br/ouvidoria/ouvidoria.asp#formulario

Em resposta a sua consulta:
   
    Esperando que a atual diretoria do Inmetro revise o crime cometido contra o Brasil e os brasileiros, anos atrás, ao alterar a tomada elétrica para um padrão exclusivo e único ao Brasil, quando os padrões anteriores permitiam uma adaptação natural a sistemas estrangeiros. O padrão atual brasileira, estúpido absolutamente na sua formatação, apresenta problemas terríveis a quem viaja, a quem tem aparelhos adquiridos no exterior, a toda e qualquer empresa que precise produzir aparelhos numa economia de escala internacional, e não caipira, nacionalista rastaquera, como a que foi adotada (provavelmente com intenções mais corruptoras do que "normalizadoras". A tomada brasileira é uma jabuticaba criminosa.

Era Vargas: uma visao realista - resenha de livro de R. S. Rose (Candido Prunes)

Tenho o livro resenhado em sua versão original: One of the Forgotten Things...
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GETÚLIO VARGAS

Série A Era Vargas

As marcas, para não dizer chagas, deixadas pelo longo período ditatorial de Vargas ainda não cicatrizaram

por Cândido Prunes
Opinião e Notícia, 8 de setembro, 2013
 
Os quinze anos em que Getúlio Vargas exerceu o poder no Brasil de forma incontrastável (1930-45) têm sido objeto de diversas análises por parte de historiadores, economistas, sociólogos e estudiosos em geral. Entretanto, o que chama a atenção no recém publicado Uma das Coisas Esquecidas – Getúlio Vargas e Controle Social no Brasil / 1930-1954, de R.S. Rose, é a abrangência do trabalho. De fato, alguns autores debruçaram-se sobre um protagonista do período, como Fernando Morais, do best-seller Olga. Outros dedicaram-se a um tema específico, como a Prof. Maria Luiza Tucci Carneiro, no seu extraordinário livro sobre O Anti-semitismo na Era Vargas. Mas R.S. Rose, professor da Universidade Estadual da Califórnia, oferece ao público um trabalho que vai muito além do tema central que o título de seu livro sugere: ele traça um amplo quadro das condições e origens sociais, políticas, econômicas, históricas e familiares da Era Vargas.
A imagem que surge de Uma das Coisas Esquecidas é de fato assustadora. A perseguição implacável do regime de Vargas a seus opositores (reais e imaginários), cujos métodos envolviam fartamente o emprego da tortura, violência, deportação e assassinato, foi apenas uma das facetas, talvez a mais conhecida, desse período. Mas outros traços marcantes foram o da corrupção e da impunidade sem precedentes, cujos efeitos certamente refletem-se até os dias de hoje nos usos e costumes políticos brasileiros. É emblemático o caso de Bejo Vargas, irmão de Getúlio, personagem violento, que se envolveu em inúmeros homicídios, sem jamais responder a um único inquérito policial. E, em ao menos uma ocasião, causou uma grave crise com a Argentina, quando ele invadiu em 1933 uma cidade do País vizinho, Santo Tomé, com um bando de jagunços, onde executou guardas e saqueou casas e estabelecimentos comerciais. Resultado: o Brasil teve que pagar uma pesadíssima indenização à Argentina, de mais de 5 milhões de dólares. Bejo, entretanto, saiu do episódio sem ser incomodado.
Uma das principais qualidades de Uma das Coisas Esquecidas, encontra-se no fato de seu autor ter tido acesso aos arquivos do antigo DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) – pela primeira vez abertos a um pesquisador civil – para documentar com riqueza de detalhes os inúmeros episódios descritos. Destacam-se, nesse aspectos as notas ao final do livro, que fazem referências a todos os documentos originais pesquisados por R.S. Rose, totalizando mais de 70 páginas, que podem ser de grande interesse para o leitor interessado em maiores detalhes. Outra característica da obra é a franqueza com que trata personagens históricos (sempre com base documental), não furtando-se a avaliações que possam parecer inclementes. Por exemplo, ao analisar as relações do Estado Novo com a questão judaica, ele afirma: Uma das falsidades do período do pós-guerra é de que Oswaldo Aranha ajudou os judeus em 1947, ao instar com as Nações Unidas a que criassem a nação de Israel. O mais exato seria dizer que Aranha era um oportunista, como Vargas, pronto a mudar de posição e a seguir com a corrente. Mais para trás, em 1937, … Aranha mandou uma circular para as embaixadas e os consulados brasileiros descrevendo a maneira de detectar judeus pelas características físicas deles.
Na verdade a Era Vargas estava exigindo um estudo mais aprofundado, e que desse uma estrutura orgânica a muitas das informações antes dispersas, ou mesmo insuficientemente documentadas. Esse foi o período do primeiro grande agigantamento do Estado brasileiro, em todos os seus aspectos. E não foi mera coincidência que o crescimento desmesurado do controle econômico e social tenha sido acompanhado pelo terrorismo de estado, corrupção e impunidade. As marcas (para não dizer chagas) deixadas pelo longo período ditatorial de Vargas ainda não cicatrizaram. Além do culto à personalidade do próprio Vargas, várias de suas políticas econômicas equivocadas continuam sendo defendidas por membros da elite brasileira, que ainda não conseguiram perceber a relação que existe entre opressão econômica e violência política. Ou a relação entre controle estatal da economia e corrupção. Ou a relação entre benesses econômicas patrocinadas pelo governo e impunidade. O autor de Uma das Coisas Esquecidas não entra na análise dessas relações, mas certamente prestou um inestimável serviço para a compreensão da verdadeira dimensão política, sociológica e criminológica da Era Vargas.
Outros artigos da série:

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Banco do Brics: primeiros emprestimos; Brasil pegou 300 milhoes...

Novo Banco dos Brics aprova primeiro pacote de créditos

Gazeta Russa, 18 de abril de 2016 Maria Azálina, Gazeta Russa
Projeto do Brasil terá maior fatia entre os do setor energético, de 300 milhões de dólares
Ilustração: Niyaz Karim
Porjetos para energia verde e renovável evitarão a emissão de 4 milhões de toneladas de emissões nocivas anualmente.
O conselho de diretores do Novo Banco de Desenvolvimento dos Brics aprovou o primeiro pacote de créditos, que soma um total de 811 milhões de dólares para projetos no setor energético, de acordo com a agência de notícias Ria Nôvosti.
Os projetos foram apresentados no encontro paralelo, em Washington, do banco na sessão do segundo trimestre de 2016 dos órgãos dirigentes do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional.
No total, o banco aprovou o financiamento de quatro projetos de investimento para a produção de uma potência de 2,37 megawatts. O Brasil receberá 300 milhões de dólares, a China, 81 milhões, a Índia, 250 milhões, e a África do Sul, 180 milhões.
De acordo com a instituição, junto, os projetos no setor de energia verde e renovável ajudarão a evitar a produção de 4 milhões de toneladas de emissões nocivas anualmente.
O ministro das Finanças da Rússia, Anton Siluanov, disse anteriormente que cada país do Brics estava representado por um projeto. O projeto de investimentos russo para produção de baixo porte na Carélia também está em desenvolvimento avançado, segundo Siluanov, mas ainda não foi apresentado no conselho de dirigentes.
O acordo de criação do Novo Banco com um fundo de reservas monetárias de 100 bilhões de dólares foi assinado em 7 de julho de 2015 por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Originalmente publicado pelo portal Lenta.Ru.

O homem mais rico do mundo, no Renascimento - Jerry Z. Muller

SUNDAY BOOK REVIEW
‘The Richest Man Who Ever Lived,’ by Greg Steinmetz
By JERRY Z. MULLER
The New York Times Review of Books, July 31, 2015
Jacob Fugger in a portrait by Lorenzo Lotto (1480-1556).

Jacob Fugger, the Renaissance-era financier, is a familiar name in Germany, but little known in the English-­speaking world. “The Richest Man Who Ever Lived,” by Greg Steinmetz, a journalist turned securities analyst, is an attempt to remedy that. Though it doesn’t quite live up to its promise, it provides a serviceable and colorful introduction to one of the most influential businessmen in history.

Fugger was born in 1459 into a family of prosperous merchants in the commercial city of Augsburg. By the time of his death in 1525, he was not only the wealthiest man in Europe, but had also played a role in creating the Hapsburg Empire, in crowning two Hapsburgs as Holy Roman Emperors and, inadvertently, in starting the Protestant Reformation.

Steinmetz claims that “to understand our financial system and how we got it, it pays to understand” Fugger. Not really. One of the characteristics of the entrepreneur — along with the ability to generate trust, to calculate profitability and to evaluate risk — is the ability to spot opportunity, and opportunity is peculiar to context. So to understand Fugger’s career means first of all to recapture the context in which he found his opportunities.

Fugger’s wealth came from seizing opportunities at the nexus between money, war and political power. He lived in an age of both growing commerce and transformations in the means of violence, as gunpowder weapons replaced swords, lances and spears. That took warfare out of the hands of those who had trained for it their entire lives — knights — and put it in the hands of those less skilled but able and willing to wield muskets and cannons, that is, paid soldiers. Rulers increasingly came to depend on mercenaries to gain power, and they needed huge sums of money to hire and supply armies.

That’s where Fugger came in. He took profits from his family’s trading business, combined it with deposits from rich investors and lent to rulers. Paying outright interest was still frowned upon by the Roman Catholic Church, due to the prohibition on usury. But economic opportunity triumphed over theological niceties through a variety of legal fictions. Rather than take direct payment, for example, Fugger received the right to mine copper, an essential ingredient of cannons, and silver, a means to their purchase. To market the copper and silver extracted in Hungary, the firm built an elaborate distribution network that eventually stretched across much of Europe. Fugger constructed roads, and in a Europe fragmented into small states, had to negotiate safe-conduct passes and agreements on customs duties.

None of this has much to do with our current financial system. But that makes it all the more historically interesting. Unfortunately, Steinmetz sacrifices analysis to a relentless stream of stories, colorful facts, exaggerated claims and dubious historical analogies. The book seems designed more to entertain than to enlighten.

Fugger’s greatest advantage came from the prosaic process of monitoring and moving money. He was an early adopter of ­double-entry bookkeeping, which he learned as a young man in Italy, and which allowed for more precise keeping of accounts. Along with other Augsburg merchants, Fugger created an increasingly international money market. Through his network of branch offices, he was able to transfer funds without physically moving cash, by debiting an account in one branch and crediting it in another. That network allowed him to become a major transfer agent for the Peter’s Pence, the voluntary contributions of Catholics to the Vatican; he earned 3 percent on each transfer for his trouble.

Fugger’s close connections to the Vatican eventually led him to become the transfer agent for the indulgences sold by the papacy. The deal was grace for cash: time off in purgatory in return for charitable contributions to the building of St. Peter’s Basilica in Rome. Fugger received a sizable percentage off the top.

But indulgences served as the immediate cause of Martin Luther’s 95 Theses, and thus of the Protestant Reformation. Luther, who had visited Fugger’s palatial residence in Augsburg, regarded him and his like as an oppressive force — which, in a sense, Fugger was, because the rulers who borrowed so heavily from him needed to tax their populations to repay their debts. When German peasants began to revolt, Fugger not only supported the princes (as did Luther), he supplied them with the funds to suppress the rebellions.

Steinmetz hyperbolically writes that Fugger was “a warrior for capitalism at a make-or-break moment in its development.” There was no such dramatic moment, at least in Fugger’s day. But by accumulating and channeling capital, he was able to put it to more effective uses. He organized the extraction and refining of metals, traded in a variety of goods and seems to have played a hidden role in funding the voyage of Ferdinand Magellan.

He also, as Steinmetz notes, accumulated his wealth with a perfectly good conscience, using some of it to build churches in his native Augsburg, and a remarkable housing project for the working poor, the Fuggerei, which survives to this day. He also tried to convince recalcitrant theologians that there was nothing sinful in profiting from the lending of money.

Some still aren’t sure about that.

THE RICHEST MAN WHO EVER LIVED
The Life and Times of Jacob Fugger

By Greg Steinmetz
Illustrated. 283 pp. Simon & Schuster. $27.95.

Jerry Z. Muller is the author of “The Mind and the Market: Capitalism in Western Thought” and “Capitalism and the Jews.”

Producao propria: meu balanco para os tres ultimos anos e para 2015 - Paulo Roberto de Almeida

Nota em 18/04/2016: Também não sei porque esta postagem ficou parada em minha pasta de "rascunhos" no bog. Só agora, ao revisar o expressivo número de "drafts" encontrei-a, quando deveria ter sido publicada desde 3 de janeiro último.
Paulo Roberto de Almeida


Balanço de um ano pleno de realizações: 2015

Paulo Roberto de Almeida
Primeiro trabalho de 2016

Este é meu primeiro texto de 2016, escrito na madrugada do dia 3 de janeiro, quando já estou engajado numa outra tarefa que me foi de certa forma solicitada por um amigo brasilianista, que pretende fazer um trabalho sobre o que já se convencionou chamar de “a queda do Brasil” (que foi matéria de capa da Economist, em sua primeira edição do ano). Tomo por base deste balanço e avaliação qualitativa do ano que acaba de se encerrar um texto de caráter similar (e de n. 2457) que eu havia feito no dia 31 de dezembro 2012, às vésperas de partir para os Estados Unidos, onde iria servir no Consulado Geral do Brasil em Hartford. Cheguei ao posto em 23 de janeiro de 2013, e dele me despedi em 30 de outubro de 2015, com quase três anos completos, portanto, de permanência no país. Foram três anos muito proveitosos, como terei a ocasião de explicar aqui, com uma avaliação mais voltada para o ano que findou três dias atrás.
Minha intenção é a de tecer considerações livres sobre o que eu consegui fazer nesses três anos, com ênfase em 2015, mas também alinhar algumas tarefas pendentes que continuam no meu pipeline de trabalhos futuros, ou seja, coisas (textos, livros, pesquisas) que eu ainda pretendo fazer durante o ano que se inicia, ou nos anos à frente, pois certamente sempre terei coisas para fazer até que me faltem forças para empreender tarefas planejadas. Cheguei aos EUA com minha lista de originais aberta para o número 2458; encerrei minha estada naquele país sob o número 2.890, feito em Hartford em 19 de outubro, pouco antes de embalar meus pertences para a mudança. Ainda fiz diversos outros trabalhos entre Anápolis e Brasília, nos meses de novembro e dezembro, até o dia 31/12. estendendo minha lista de trabalhos até o número 2.912, exatamente as minhas “previsões imprevidentes para 2016”, o que representa, portanto, um total de 454 trabalhos completos.
O que isso representa, como média aparente e como produtividade? Digo média aparente pois são inevitáveis algumas repetições, como livros compilados a partir de trabalhos anteriores, mas também tenho muitos outros trabalhos que não foram terminados e que, portanto, não receberam número, permanecendo em alguma pasta de projetos ou de working files. Fazendo uma simples média aritmética, esse total perfaz cerca de 150 trabalhos por ano, ou 12 trabalhos por mês, ou 0,42 trabalhos por dia. Parece ridículo alinhar essas médias enganadoras, mas se pensarmos no número de páginas escritas ou revistas, de alguma forma (caso dos livros-compilações de trabalhos anteriores, o que de toda forma obrigou a uma leitura e correção linha por linha), pode-se chegar a número ainda mais impressionantes do que esses. Vejamos, então.
Em 2013, “só” consegui fazer 93 trabalhos, ou seja, 7,66 trabalhos por mês, ou um trabalho completo a cada 4 dias (não estão contabilizados trabalhos incompletos ou em curso de redação); foram 831 páginas no total (sem a duplicação do livro Prata da Casa), ou 69 páginas por mês, ou 2,3 páginas por dia (sem contar as páginas de trabalhos inconclusos); cada trabalho teve, em média, 9 páginas, mas a variação entre eles foi muito grande.
Já em 2014, foram 190 trabalhos contabilizados, com 2.641 páginas no total, com alguma repetição nesse ano, ou de recuperação de anos anteriores, por incorporação de artigos já escritos anteriormente, a livros, que de toda forma implicaram em revisão página por página, linha por linha, ou seja, correções; esse total representou 7 páginas por dia, o que é propriamente impressionante, mas registro sempre que produzi diversas compilações e mesmo contando como simples revisão, isso aumenta, de modo artificial, o volume total produzido.
Em 2015, finalmente, foram 171 trabalhos, ou seja, 14,25 trabalhos por mês, ou um trabalho completo a cada 2 dias (não estão contabilizados trabalhos incompletos ou em curso de redação); em termos de escrita, esses trabalhos “ocuparam” 2.819 páginas no total, ou 235 páginas por mês, ou 7,7 páginas por dia (sem contar as páginas de trabalhos inconclusos, mas precisando descontar as muitas compilações de livros, que retomaram algumas centenas de páginas já escritas e contabilizadas anteriormente); cada trabalho teve, em média, 16,4 páginas, mas a variação entre eles, como sempre, foi muito grande.
No total, a produção acumulada nos últimos três anos totalizou 6.291 páginas, ou 174,75 páginas por mês, ou 5,74 páginas por dia, o que parece doentio, ou seria patológico. Mais uma vez, volto a enfatizar o papel distorcivo representado pelos trabalhos anteriormente feitos compilados em livros (já falo deles), mas que, como também já disse, representam um trabalho de revisão. Dando um “desconto”, por esse fato, digamos que essas “repetições” representam um terço do total. Com isso teríamos “apenas” 303 trabalhos completos, ou cerca de 100 por ano, num total mais realista de 4.200 páginas aproximadamente, ou seja, 116 páginas por mês, ou 3,8 páginas por dia. Acredito que se trata agora de um número mais razoável de “escrevinhação”, o que indica que, de toda forma, estou sempre escrevendo algumas páginas todos os dias.
Isso deve ser considerado no estrito limite dos trabalhos completos, numerados e listados cronologicamente. Não estou considerando neste total as dezenas, centenas, talvez milhares de linhas que escrevi ao longo desse período em mensagens pessoais a correspondentes, ou mais importante ainda, todas as “introduções” – ou seja, meus comentários toda vez que eu postava alguma coisa no blog (geralmente matéria da imprensa, ou trabalhos lidos na internet, com argumentos explicativos, de concordância ou refutação a cada uma dessas postagens). O trabalho no blog Diplomatizzando, que merece uma contabilidade à parte, se tornou bem mais exigente à medida em que mais e mais pessoas começaram a seguir e a comentar o que eu escrevia ou argumentava em relação a matérias de terceiros.
O blog Diplomatizzando, como já escrevi no meu balanço do final de 2012, representa uma espécie de divertimento intelectual, mas pode ser também considerado como uma maneira prática de não deixar passar uma infinidade de textos relevantes que de outra forma se perderiam no tsunami de informações com as quais entramos em contato de uma forma ou de outra durante uma única jornada de 24 horas (hélas, insuficientes para tudo o que gostaria de ler e escrever). Meu site pessoal, por outro lado, o www.pralmeida.org, ficou por isso mesmo um pouco abandonado, por absoluta falta de tempo, mas também por que fazem vários anos que pretendo reformulá-lo totalmente, e ainda não encontrei (também não procurei) uma alma generosa e atenta que verifique comigo tudo o que é necessário fazer para aperfeiçoar esse site, com vistas a torna-lo visualmente bonito e mas também funcionalmente operacional e mais prático; espero poder fazer essa “reforma” nos próximos doze meses, para permitir uma revisão mais radical, a reorganização completa de meus trabalhos livremente disponível num formato que facilite a busca e a leitura pelos interessados (geralmente jovens estudantes universitários à procura de um pouco de subsídios para o inevitável “copy and paste” da educação atual). Esse site vai me dar pouco de trabalho para alimentá-lo continuamente com trabalhos antigos, recentes e futuros, tornando-o tão vibrante como espero que seja o blog atualmente.

Vejamos agora o que, de tudo isso saiu publicado nesses três anos, em especial o de 2015. Algumas coisas não foram produzidas nesses três últimos anos, ou seja, se tratou de trabalhos escritos anteriormente, eventualmente já publicados em revistas, e que mereceram incorporação a um livro impresso ou digital. Em 2013, minha lista de publicados avançou do n. 1.087 ao n. 1.118bis (ou seja, um trabalho publicado de que só tomei conhecimento posteriormente, e não quis mexer na lista global de publicados), o que perfaz um total de 33 trabalhos publicados (com cerca de 896 páginas no total). Em 2014, foram 40 os publicados (mas nem todos escritos nesse ano, como afirmei), incluídos nesse total 5 livros digitais (minha própria edição), um em Kindle e um por via de editora comercial, ou seja impresso (Nunca Antes na Diplomacia..., para ser mais preciso). Como capítulos de livros escritos, eles foram poucos, apenas 3, sendo um em Kindle, em inglês. Mas, por outro lado, tive mais de cem textos inéditos publicados no blog, sem uma contabilidade considerada em bases uniformes.
Em 2015, finalmente, foram 48 trabalhos publicados, ou seja, 4 por mês, ou um trabalho a cada semana (o que não está de todo mau). No total dos três anos, foram 121 trabalhos publicados, ou 3,3 por mês. Creio que em termos de estatísticas chega, pois números demais acabam cansando. Em termos de livros publicados, faço aqui a lista dos três últimos anos, na numeração cumulativa e na ordem cronológica inversa:

30) Révolutions bourgeoises et modernisation capitaliste: Démocratie et autoritarisme au Brésil (Sarrebruck: Éditions Universitaires Européennes, 2015, 496 p.; ISBN: 978-3-8416-7391-6).

29) Die brasilianische Diplomatie aus historischer Sicht: Essays über die Auslandsbeziehungen und Außenpolitik Brasiliens (Saarbrücken: Akademiker Verlag, 2015, 204 p.; Übersetzung aus dem Portugiesischen ins Deutsche: Ulrich Dressel; ISBN: 978-3-639-86648-3).

28) O Panorama visto em Mundorama: Ensaios Irreverentes e Não Autorizados (Hartford: Author edition, 2015, 294 p.; DOI: 10.13140/RG.2.1.4406.7682), available: Research Gate; link: https://www.researchgate.net/publication/280883937_O_Panorama_visto_em_Mundorama_Ensaios_Irreverentes_e_No_Autorizados?showFulltext=1&linkId=55ca738508aeb975674a4d44).

27) Paralelos com o Meridiano 47: Ensaios Longitudinais e de Ampla Latitude (Hartford: Author edition, 2015, 380 p.; DOI: 10.13140/RG.2.1.1916.4006; available: Academia.edu; link: https://www.academia.edu/11981135/28_Paralelos_com_o_Meridiano_47_ensaios_2015_).

26) Volta ao Mundo em 25 Ensaios: Relações Internacionais e Economia Mundial (Kindle edition; file size: 809 KB; ASIN: B00P9XAJA4; link: http://www.amazon.com/dp/B00P9XAJA4).

25) Rompendo Fronteiras: a Academia pensa a Diplomacia (Amazon Digital Services: Kindle edition, 2014, 414 p.; ASIN: B00P8JHT8Y; link: http://www.amazon.com/dp/B00P8JHT8Y).

24) Codex Diplomaticus Brasiliensis: livros de diplomatas brasileiros (Amazon Digital Services: Kindle edition, 2014, 326 p.; ASIN: B00P6261X2; link: http://www.amazon.com/dp/B00P6261X2).

23) Polindo a Prata da Casa: mini-resenhas de livros de diplomatas (Amazon Digital Services: Kindle edition, 2014, 151 p., 484 KB; ASIN: B00OL05KYG; link: http://www.amazon.com/dp/B00OL05KYG).

22) Prata da Casa: os livros dos diplomatas (book reviews; Author edition; DOI: 10.13140/2.1.4908.9601; 2014, 663 p.; available: Academia.edu: https://www.academia.edu/5763121/Prata_da_Casa_os_livros_dos_diplomatas_Edicao_de_Autor_2014_).

21) Nunca Antes na Diplomacia...: A política externa brasileira em tempos não convencionais (Curitiba: Appris, 2014, 289 p.; ISBN: 978-85-8192-429-8).

20) O Príncipe, revisitado: Maquiavel para os contemporâneos (Kindle edition; 2013; ASIN: B00F2AC146).


Quanto aos capítulos oferecidos a livros coletivos, eles também foram em número significativo, vários deles importantes, mas sobre isso conversaremos em ocasião mais oportuna. Por enquanto interrompo aqui este balanço que ainda está longe de ser completo.
Depois retomamos a avaliação qualitativa.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 3 de janeiro de 2016

Fim do ciclo lulopetista? Jose Matias-Pereira

Este professor acredita que se trata do fim de um ciclo. Não acredito tanto nisso, pois os petistas ainda dispõem de muito apoio seja entre os pobres, ignorantes políticos mas beneficiários por alguma "bolsa social", seja, mais enfaticamente, entre os gramscianos da academia, que formam grande parte da chamada opinião pública.
Neste link.
Paulo Roberto de Almeida

O fim do trágico ciclo lulopetista      
José Matias-Pereira
Estadão Geral – Segunda-feira, 18 de abril de 2016

O cenário político brasileiro entrou numa nova fase, a partir desta segunda-feira (18), após a decisão da Câmara dos Deputados aceitar ontem a admissibilidade do processo de impeachment – por 367 votos a favor, e 137 contrários - para afastar Dilma Rousseff da presidência da República. O resultado desfavorável da votação na Câmara, que deixou evidente a fragilidade da base de apoio parlamentar do governo no Congresso Nacional, é um forte indicador das dificuldades que Dilma vai enfrentar no Senado, onde vai necessitar na primeira decisão de 41 votos a seu favor para barrar o processo. As projeções do Estadão mostram que desse total ela conta com apenas 20 votos favoráveis, e que a oposição tem 46 votos favoráveis a aceitação da denúncia contra ela. Diante desse quadro político dramático, a presidente Dilma vem demonstrando um exacerbado inconformismo, sustentando nas suas declarações pós-aceitação da admissibilidade do processo de impeachment pela Câmara que está disposta a lutar pelo seu mandato, pois se sente injustiçada com a aprovação do impeachment pela Câmara.

A reação do Planalto, diante dessa derrota política, que colocou a presidente Dilma Rousseff numa trilha sem volta, ocorreu ainda na madrugada desta segunda-feira (18), por meio da declaração dada pelo ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo, que assinalou que, o governo recebeu com "indignação e tristeza" o resultado da votação do processo de impeachment na Câmara. Ressaltou que, apesar de a Câmara ter autorizado o prosseguimento do processo de impeachment da presidente Dilma, a petista não pretende renunciar ao mandato nem "fraquejar".  O motivo da indignação do Palácio do Planalto, sustentou Cardozo, é o fato de que ao longo da votação, a maioria dos deputados não usou como justificativa para se posicionar favoravelmente ao afastamento da presidente os motivos que sustentaram o relatório final da comissão especial que analisou o pedido de impeachment na Câmara. Sob a ótica do governo, a razão da tristeza e da indignação é que a decisão da Câmara foi puramente política, e não é isso o que a Constituição prescreve para o impeachment. Nesse sentido, deixou implícita na sua fala, que o governo voltará a recorrer ao STF para frear o processo contra Dilma Rousseff.

Instado a se manifestar sobre essa insistência do Planalto de tentar judicializar o processo de impeachment de Dilma, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes afirmou nesta segunda-feira (18), que o governo federal poderá devolver à Corte questionamentos sobre o processo de impeachment da presidente Dilma, mas muitos dos eventuais pontos a serem debatidos já foram analisados pelos onze ministros, ou seja, trata-se de um processo quase todo regulado pelo Supremo. O tribunal, disse Mendes, não discute o mérito se a Câmara ou o Senado estão julgando bem ou não, se estão fazendo um adequado enquadramento. Observa-se que mesmo diante das reiteradas manifestações do STF, no qual aquela Corte vem sinalizando que não pretende se intrometer em atribuições do Congresso Nacional, o advogado de defesa de Dilma continua insistindo nessa estratégia fadada ao fracasso.

A decisão da Câmara, foi entregue pelo presidente Eduardo Cunha ao presidente do Senado Federal, Renan Calheiros, nesta segunda-feira (18). A sua leitura deverá ser feita em plenário nesta terça-feira (19), para que seja instalada, em seguida, uma comissão de senadores para analisar o assunto, a quem caberá elaborar um parecer a favor ou contra a instauração do processo no Senado. A decisão pelo prosseguimento do processo impõe que a presidente seja afastada por até 180 dias e, neste período, enquanto o Senado irá julgá-la, Temer assumirá a Presidência da República. Prevê-se que o presidente do Senado deverá se reunir com líderes partidários antes da leitura do processo em plenário, para decidir como será feita a composição da comissão, se por indicações de partidos ou dos blocos partidários. A chapa deve respeitar a proporcionalidade das bancadas no Senado, ou seja, quanto maior o número de senadores mais integrantes um partido ou bloco poderá indicar. Os demais desdobramentos do processo, como prazos, serão delimitados pelo presidente do Senado com líderes.

Caberá ao Senado Federal, depois de aceitas as denúncias, realizar três votações em plenário até a conclusão do processo. O primeiro procedimento previsto é a eleição de uma comissão especial para analisar o caso, cujo colegiado será formado por 21 senadores titulares e 21 suplentes. O colegiado tem até 48 horas para se reunir e eleger o presidente. Por sua vez, o relator terá prazo de até dez dias para apresentar um parecer pela admissibilidade ou não do processo. Depois de votado na comissão o parecer deve ir para a decisão do plenário, que precisa aprovar por maioria simples (metade dos presentes na sessão mais um). Caso o relatório seja aprovado no plenário, será considerado instaurado o processo, e a presidente será notificada. Ela será afastada por até 180 dias para que ocorra o julgamento, e o vice-presidente assumirá a Presidência da República. Neste período a presidente poderá se defender, e um novo parecer da comissão especial deverá analisar a procedência da acusação, com base na análise de provas. De novo, esse parecer terá que ser aprovado por maioria simples. Se aprovado o parecer, inicia a fase de julgamento, que é comandada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal. Para que a presidente perca o cargo, o impeachment tem que ser aprovado por dois terços dos senadores - 54 dos 81. Os prazos previstos para cada etapa do processo poderão ser alterados de acordo com decisão do presidente do Senado.

Fica explícito, diante desse cenário descrito, que a presidente Dilma se encontra emparedada politicamente pela decisão desfavorável da Câmara dos Deputados. Não é por outro motivo que ela se encontra recolhida no Palácio do Planalto, “tentando curar as feridas” do trágico desfecho da votação. Considerando o seu perfil político e ideológico, e pelas declarações que vem dando, também está tentando encontrar responsáveis pela derrota elástica que sofreu ontem no plenário da Câmara. Ao lado dos seus talentosos conselheiros políticos e dos líderes dos partidos políticos aliados, procura definir estratégias que permitam reverter a sua periclitante situação no Senado Federal. Trata-se de uma missão praticamente impossível.

O exame atento da distribuição, em nível nacional, dos deputados que votaram favoravelmente a admissibilidade do processo de impeachment contra Dilma, confirma que a sua instável base parlamentar não existe mais, virou fumaça. Os integrantes dos partidos políticos, que outrora participaram da base de apoio parlamentar, sistematicamente desconsiderados pela presidente, e humilhados pelo partido dos Trabalhadores, decidiram se afastar definitivamente do governo. Assim, a (ainda) presidente Dilma, desprovida de apoio político e rejeitada pela população, encontra-se agonizando politicamente. A paralisia reinante no país, que vivencia uma inusitada depressão econômica, aumento acelerado do desemprego, inflação e juros elevados, não deixa nenhuma dúvida sobre o fracasso dos governos petistas Lula e Dilma. Os indicadores econômicos e sociais mostram que o lulopetismo fracassou por incompetência, populismo e corrupção. O seu ciclo, que infelicitou o Brasil, está sendo encerrado no Brasil, aguardando apenas a decisão do Senado para ser sepultado. 

José Matias-Pereira. Economista e advogado. Doutor em ciência política (área de governo e administração pública) pela Universidade Complutense de Madri, Espanha, e Pós-doutor em administração pela Universidade de São Paulo. Professor de administração pública e pesquisador associado do programa de pós-graduação em contabilidade da Universidade de Brasília. Autor, entre outras obras, do Curso de economia política (2015), publicado pela Atlas.

A deseducacao de esquerda e a dominancia ideologica do petismo - Luiz Felipe Ponde

Li, nesta data, o artigo abaixo reproduzido na Gazeta do Povo, neste link, e que combina com o que venho dizendo regularmente, incessantemente.
Até que tenhamos uma versão não anacrônica, ideológica, sectária da história do Brasil, vamos continuar com essa deformação da história, que não atinge apenas estudantes, mas continua na vida adulta e contamina todos os setores da sociedade.
Paulo Roberto de Almeida


A história do Brasil do PT
Sem apoio ao pensamento liberal, não importa quantas Dilmas destruírem o Brasil, pois elas serão produzidas em série. A nova Dilma está sentada ao lado da sua filha na escolinha
Luiz Felipe Pondé
Gazeta do Povo, 18/04/2016

A “batalha do impeachment” é a ponta do iceberg de um problema maior, problema este que transcende em muito o cenário mais imediato da crise política brasileira e que independe do destino do impeachment e de sua personagem tragicômica Dilma.
Mesmo após o teatro do impeachment, a história do Brasil narrada pelo PT continuará a ser escrita e ensinada em sala de aula. Seus filhos e netos continuarão a ser educados por professores que ensinarão essa história. Essa história foi criada pelo PT e pelos grupos que orbitaram ao redor do processo que criou o PT ao longo e após a ditadura. Este processo continuará a existir. A “inteligência” brasileira é escrava da esquerda e nada disso vai mudar em breve. Quem ousar, nesse mundo da “inteligência”, romper com a esquerda perde networking.
O domínio cultural absoluto da esquerda no Brasil deverá durar, no mínimo, mais 50 anos
Ao afirmar que “a história não perdoa as violências contra a democracia”, José Eduardo Cardozo tem razão num sentido muito preciso. O sentido verdadeiro da fala dos petistas sobre a história não perdoar os golpes contra a democracia é que quem escreve os livros de História no Brasil, e quem ensina História em sala de aula, e quem discorre sobre política e sociedade em sala de aula, contará a história que o PT está escrevendo. Se você não acredita no que digo é porque você é mal informado.
O PT e associados são os únicos agentes na construção de uma cultura sobre o Brasil. Só a esquerda tem uma “teoria do Brasil” e uma historiografia. Essa construção passa por uma sólida rede de pesquisadores (as vezes, mesmo financiada por grandes bancos nacionais), professores universitários, professores e coordenadores de escolas, psicanalistas, funcionários públicos qualificados, agentes culturais, artistas, jornalistas, cineastas, produtores de audiovisual, diretores e atores de teatro, sindicatos, padres, afora, claro, os jovens que no futuro exercerão essas profissões. O domínio cultural absoluto da esquerda no Brasil deverá durar, no mínimo, mais 50 anos.
Erra quem pensa que o PT desaparecerá. O Lula, provavelmente, sim, mas o PT como “agenda socialista do Brasil” só cresce. O materialismo dialético marxista, mesmo que aguado e vagabundo, com pitadas de Adorno, Foucault e Bourdieu, continuará formando aqueles que produzem educação, arte e cultura no país. Basta ver a adesão da camada “letrada” do país ao combate ao impeachment ao longo dos últimos meses.
Ao lado dessa articulada rede de agentes produtores de pensamento e ação política organizada que caracteriza a esquerdasileira, inexiste praticamente opção “liberal” (não vou entrar muito no mérito do conceito aqui, nem usar termos malditos como “direita” que deixam a esquerda com água na boca). Nos últimos meses apareceram movimentos como o Vem Pra Rua e o MBL, que parecem mais próximos de uma opção liberal, a favor de um Brasil menos estatal e vitimista. Ser liberal significa crer mais no mercado (sem ter de achá-lo um “deus”) e menos em agentes públicos. Significa investir mais na autonomia econômica do sujeito e menos na dependência dele para com paternalismos estatais. Iniciativas como fóruns da liberdade, todas muito importantes para quem acha o socialismo um atraso, são essencialmente incipientes. E a elite econômica brasileira é mesquinha quando se trata de financiar o trabalho das ideias. Pensa como “merceeiro”, como diria Marx. Quer que a esquerda acabe por um passe de mágica.
O pensamento liberal no Brasil não tem raiz na camada intelectual, artística ou acadêmica. E, sem essa raiz, ele será uma coisa de domingo à tarde. A única saída é se as forças econômicas produtivas que acreditam na opção liberal financiarem jovens dispostos a produzir uma teoria e uma historiografia do Brasil que rompa com a matriz marxista, absolutamente hegemônica entre nós. Institutos liberais devem pagar jovens para que eles dediquem suas vidas a pensar o país. Sem isso, nada feito.
Sem essa ação, não importa quantas Dilmas destruírem o Brasil, pois elas serão produzidas em série. A nova Dilma está sentada ao lado da sua filha na escolinha.

Luiz Felipe Pondé, escritor, filósofo e ensaísta, é doutor em Filosofia pela USP e professor do Departamento de Teologia da PUC-SP e da Faculdade de Comunicação da Faap.

Impeachment: os deputados que votaram contra, para registro

Apenas como registro nominal, os deputados que se opuseram à continuidade do processo de impeachment, para informação dos eleitores:


Votos Contrários ao Impeachment em 17/04/2016

Roraima
EDIO LOPES (PR) - CONTRA
Rio Grande do Sul
AFONSO MOTTA (PDT) - CONTRA
BOHN GASS (PT) - CONTRA
MARCO MAIA (PT) - CONTRA
MARCON (PT) - CONTRA
MARIA DO ROSÁRIO (PT) - CONTRA
PAULO PIMENTA (PT) - CONTRA
PEPE VARGAS (PT) - CONTRA
POMPEO DE MATTOS (PDT) - ABSTENÇÃO
Santa Catarina
DÉCIO LIMA (PT) - CONTRA
PEDRO UCZAI (PT) - CONTRA
Amapá
JANETE CAPIBERIBE (PSB) - CONTRA
JOZI ARAÚJO (PTN) - CONTRA
PROFESSORA MARCIVANIA (Pcdob) - CONTRA
ROBERTO GÓES (PDT) - CONTRA
VINICIUS GURGEL (PR) - ABSTENÇÃO
Pará
BETO FARO (PT) - CONTRA
BETO SALAME (PP) - ABSTENÇÃO
EDMILSON RODRIGUES (PSOL) - CONTRA
ELCIONE BARBALHO (PMDB) - CONTRA
LÚCIO VALE (PR) - CONTRA
SIMONE MORGADO (PMDB) - CONTRA
ZÉ GERALDO (PT) - CONTRA
Paraná
ALIEL MACHADO (REDE) - CONTRA
ASSIS DO COUTO (PDT) - CONTRA
ZECA DIRCEU (PT) - CONTRA
Mato Grosso do Sul
DAGOBERTO (PDT) - CONTRA
VANDER LOUBET (PT) - CONTRA
ZECA DO PT (PT) - CONTRA
Amazonas 
(Ninguém contra)
Rondônia
(Ninguém contra)
Goiás
RUBENS OTONI (PT) - CONTRA
Distrito Federal
ERIKA KOKAY (PT) - CONTRA
Acre
ANGELIM (PT) - CONTRA
CÉSAR MESSIAS (PSB) - CONTRA 
LEO DE BRITO (PT) - CONTRA
SIBÁ MACHADO (PT) - CONTRA
Tocantins
IRAJÁ ABREU (PSD) - CONTRA
VICENTINHO JÚNIOR (PR) - CONTRA
Mato Grosso
SÁGUAS MORAES (PT) - CONTRA
São Paulo
ANA PERUGINI (PT) - CONTRA
ANDRES SANCHEZ (PT) - CONTRA
ARLINDO CHINAGLIA (PT) - CONTRA
CARLOS ZARATTINI (PT) - CONTRA
IVAN VALENTE (PSOL) - CONTRA
JOSÉ MENTOR (PT) - CONTRA
LUIZA ERUNDINA (PSOL) - CONTRA
NILTO TATTO (PT) - CONTRA
ORLANDO SILVA (Pcdob) - CONTRA
PAULO TEIXEIRA (PT) - CONTRA
VALMIR PRASCIDELLI (PT) - CONTRA
VICENTE CANDIDO (PT) - CONTRA
VICENTINHO (PT) - CONTRA
Maranhão
ALUISIO MENDES (PTN) - CONTRA
JOÃO MARCELO SOUZA (PMDB) - CONTRA
JUNIOR MARRECA (PEN) - CONTRA
PEDRO FERNANDES (PTB) - CONTRA
RUBENS PEREIRA JÚNIOR (Pcdob) - CONTRA
WALDIR MARANHÃO (PP) - CONTRA
WEVERTON ROCHA (PDT) - CONTRA
ZÉ CARLOS (PT) - CONTRA
Ceará
ANÍBAL GOMES (PMDB) - AUSENTE
ARIOSTO HOLANDA* (PDT) - CONTRA
ARNON BEZERRA (PTB) - CONTRA
CHICO LOPES (Pcdob) - CONTRA
DOMINGOS NETO (PSD) - CONTRA
GORETE PEREIRA (PR) - ABSTENÇÃO
JOSÉ AIRTON CIRILO (PT) - CONTRA 
JOSÉ GUIMARÃES (PT) - CONTRA
LEÔNIDAS CRISTINO (PDT) - CONTRA
LUIZIANNE LINS (PT) - CONTRA
CEMADO (PP) - CONTRA
ODORICO MONTEIRO (PROS) - CONTRA
RAIMUNDO GOMES DE MATOS (PSDB) - 
VICENTE ARRUDA* (PDT) - CONTRA
Rio de Janeiro
ALESSANDRO MOLON (REDE) - CONTRA
BENEDITA DA SILVA (PT) - CONTRA
CELSO PANSERA (PMDB) - CONTRA
CHICO ALENCAR (PSOL) - CONTRA
CHICO D'ANGELO (PT) - CONTRA
CLARISSA GAROTINHO (PR) - AUSENTE
GLAUBER BRAGA (PSOL) - CONTRA
JANDIRA FEGHALI (Pcdob) - CONTRA
JEAN WYLLYS (PSOL) - CONTRA
LEONARDO PICCIANI (PMDB) - CONTRA 
LUIZ SÉRGIO (PT) - CONTRA
WADIH DAMOUS* (PT) - CONTRA
Espírito Santo
GIVALDO VIEIRA (PT) - CONTRA
HELDER SALOMÃO (PT) - CONTRA
Piauí
ASSIS CARVALHO (PT) - CONTRA
CAPITÃO FÁBIO ABREU (PTB) - CONTRA
MARCELO CASTRO (PMDB) -CONTRA
REJANE DIAS (PT) -CONTRA
Rio Grande do Norte
ZENAIDE MAIA (PR) - CONTRA
Minas Gerais
ADELMO CARNEIRO LEÃO* (PT) - CONTRA
AELTON FREITAS (PR) - CONTRA
BRUNNY (PR) - CONTRA
GABRIEL GUIMARÃES (PT) - CONTRA
GEORGE HILTON (PROS) - CONTRA
JÔ MORAES (Pcdob) -  CONTRA
LEONARDO MONTEIRO (PT) - CONTRA
MARGARIDA SALOMÃO (PT) - CONTRA
MIGUEL CORRÊA (PT) - CONTRA
PADRE JOÃO (PT) - CONTRA
PATRUS ANANIAS (PT) - CONTRA
REGINALDO LOPES (PT) - CONTRA
Bahia
AFONSO FLORENCE (PT) - CONTRA
ALICE PORTUGAL (Pcdob) - CONTRA
ANTONIO BRITO (PSD) - CONTRA
BEBETO (PSB) - CONTRA
CAETANO (PT) - CONTRA
DANIEL ALMEIDA (Pcdob) - CONTRA
DAVIDSON MAGALHÃES* (PcdoB) - CONTRA
FÉLIX MENDONÇA JÚNIOR (PDT) - CONTRA
FERNANDO TORRES* (PSD) - CONTRA
JOÃO CARLOS BACELAR (PR) - CONTRA
JORGE SOLLA (PT) - CONTRA
JOSÉ CARLOS ARAÚJO (PR) - CONTRA
JOSÉ NUNES (PSD) - CONTRA
MÁRIO NEGROMONTE JR. (PP) - ABSTENÇÃO
MOEMA GRAMACHO (PT) - CONTRA
PAULO MAGALHÃES (PSD) - CONTRA
ROBERTO BRITTO (PP) - CONTRA
VALMIR ASSUNÇÃO (PT) - CONTRA
WALDENOR PEREIRA (PT) - CONTRA
Paraíba
LUIZ COUTO (PT) - CONTRA
WELLINGTON ROBERTO (PR) - CONTRA
Pernambuco
ADALBERTO CAVALCANTI (PTB) - CONTRA
LUCIANA SANTOS (Pcdob) - CONTRA
RICARDO TEOBALDO (PTN) - CONTRA
SILVIO COSTA (Ptdob) - CONTRA
WOLNEY QUEIROZ (PDT) - CONTRA
Sergipe
FÁBIO MITIDIERI (PSD) - CONTRA
JOÃO DANIEL (PT) - CONTRA
Alagoas
GIVALDO CARIMBÃO (PHS) - CONTRA
PAULÃO (PT) - CONTRA
RONALDO LESSA (PDT) - CONTRA