O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Contra a corrente: Ensaios contrarianistas sobre as relacoes internacionais do Brasil - Paulo Roberto de Almeida

Em 2014, vivendo no exterior, publiquei este livro: 

Nunca Antes na Diplomacia...: a política externa brasileira em tempos não convencionais (Curitiba: Appris, 2014).
Infohttp://pralmeida.org/autor/
https://www.academia.edu/6999273/21_Nunca_Antes_na_Diplomacia_a_politica_externa_brasileira_em_tempos_n%C3%A3o_convencionais_2014_

Agora, reunindo os materiais produzidos entre 2014 e 2018 – vários inéditos, alguns outros já publicados – produzi este livro: 


Contra a corrente: Ensaios contrarianistas sobre as relações internacionais do Brasil (2014-2019)

O índice segue abaixo, com um prefácio provisório e outras informações.


Sumário

Apresentação: Do “nunca antes” ao finalmente depois...   
                                    
Primeira Parte
A diplomacia brasileira sob o lulopetismo
1. A política externa em tempos não convencionais  
2. Rumos da política externa na próxima década     
3. Tentativas de aparelhamento lulopetista da diplomacia  
4. Desafios do governo na frente econômica externa  
5. A agenda econômica internacional do Brasil           
6. Questões institucionais e políticas da diplomacia lulopetista  
7. Peculiaridades da diplomacia sob o lulopetismo   
8. A política externa companheira e a diplomacia partidária 
9. Retorno a uma diplomacia normal? 
10. Fim das utopias na Casa de Rio Branco?  
11. A diplomacia dos antigos e a dos modernos (Benjamin Constant)  
12. Contra as parcerias estratégicas: um relatório de minoria  
13. Epitáfio do lulopetismo diplomático  

Segunda Parte
A política externa numa fase de transição
14. O renascimento da política externa       
15. O Itamaraty e a nova política externa brasileira     
16. A política externa e a diplomacia brasileira no século XXI  
17. Como retomar uma política externa profissional  
18. O papel da diplomacia nas reformas: justiça, trabalho, educação 
19. Questões de política externa numa conjuntura eleitoral 
20. Uma delicada questão diplomática: o caso de Israel  
21. Balanço e trajetória futura das relações internacionais do Brasil 
22. O poder do Itamaraty: o conhecimento como base  

Apêndices:
23. Auge e declínio do lulopetismo diplomático: depoimento pessoal  
24. Entrevista sobre o Itamaraty em tempos não convencionais  
25. Breve nota biográfica: Paulo Roberto de Almeida 
26. Livros e trabalhos de Paulo Roberto de Almeida   


Apresentação do livro: 

Apresentação

Do “nunca antes” ao finalmente depois...


Against the tide e minority report são duas conhecidas expressões em inglês que podem representar o espírito com o qual foram escritos a maior parte dos ensaios aqui reunidos, compilando esforços de leitura, de reflexão e de redação que empreendi entre os anos de 2014 e 2018, não por acaso dois períodos eleitorais decisivos na história política recente do Brasil, o primeiro por representar o ponto culminante do regime lulopetista vencedor em quatro eleições presidenciais sucessivas, mas também a sua agonia e queda final, em 2016, o segundo por evidenciar a vontade da sociedade brasileira de dar um basta ao festival de corrupção sistêmica a que assistimos desde o início daquele regime.
“Contra a corrente” e “relatório de minoria” podem, efetivamente, caracterizar minha atitude básica na análise e produção de ensaios ao longo desse período, mas não só ele, pois tenho mantido a mesma atitude – que chamo de ceticismo sadio – ao longo de uma vida toda ela dedicada ao estudo dos problemas brasileiros, ao exame das melhores soluções de políticas públicas a esses problemas, especialmente na área de atividade que é a minha desde 1977, as relações internacionais do Brasil, sua política externa, o exercício prático da diplomacia, mas sempre combinada a uma reflexão crítica que sustenta, justamente, a atitude que mantenho, e que pode ser resumida nessas duas expressões.
Os textos aqui reunidos podem, portanto, enquadrar-se numa das duas categorias acima descritas, ou em ambas, simultaneamente, justificando-se, portanto, o uso do conceito de “contrarianismo”, que pode também identificar alguns traços de minha atitude em face de questões relevantes do país, mas em relação aos quais mantenho uma postura que não se enquadra na corrente geral. Esses ensaios foram preparados marginalmente à minha agenda habitual de trabalho, que em geral compõe-se unicamente de escritos que eu mesmo escolho deliberadamente empreender. Normalmente, consistem em ensaios acadêmicos, pesquisas históricas, ou sínteses de leituras e reflexões sobre os temas que me ocupam tradicionalmente: desenvolvimento econômico do Brasil, história diplomática, política internacional e assuntos afins, ademais de resenhas de livros, muitas resenhas.
Em certos momentos, esses ensaios podem situar-se em etapas decisivas da conjuntura política, como são os períodos eleitorais, quando campanhas presidenciais nos colocam em face de escolhas relevantes para o futuro da nação, sobre as quais eu nunca deixei de refletir, e de ponderar minhas opções, justamente com essa atitude que já descrevi como sendo constituída basicamente de ceticismo sadio, e que se reflete em textos que geralmente vão no sentido contrário ao da maioria da opinião – inclusive na instituição a que pertenço – e que podem também serem enfeixados nessa segunda categoria, a dos relatórios de minoria.
Dividi a presente coletânea em duas partes bem caracterizadas. A primeira compõe-se de ensaios sobre diferentes temas da diplomacia brasileira redigidos no período final do regime lulopetista. Elas não visavam examinar tão simplesmente a diplomacia brasileira, nos seus aspectos gerais, pois a intenção era a de discorrer sobre “problemas” da diplomacia brasileira, criados pelo governo do Partido dos Trabalhadores (PT) desde 2003, e que ameaçavam se prolongar por um período indefinido, em caso da vitória do PT nas eleições daquele ano, o que efetivamente se confirmou, da pior forma possível, com as consequências que todos sabemos. Logo em seguida tivemos a crise terminal do lulopetismo e o ingresso numa fase de transição que talvez ainda não tenha terminado.
Esta é justamente a segunda parte desta compilação de escritos, muitos deles compostos no período mais recente, refletindo a campanha presidencial de 2018, durante a qual não exerci nenhum papel relevante, para nenhum dos candidatos em liça, mas no decorrer do qual não me eximi de redigir algumas notas refletindo meu pensamento sobre alguns dos temas que valorizo sobremaneira, desde minha formação inicial em problemas do desenvolvimento brasileiro e de sua inserção internacional.
Entre uma e outra etapa, se situa uma espécie de “intermezzo” contrarianista, com a produção de alguns ensaios reveladores do que eu pensava sobre a crise terminal do lulopetismo e os desafios para o Brasil; algumas referências a esses escritos figuram no apêndice, no qual informo alguns dados pessoais e relaciono leituras adicionais.
Devo desde já registrar que, durante todo o decorrer do regime lulopetista – ou seja, de 2003 a 2016 –, eu não tive nenhum cargo na Secretaria de Estado das Relações Exteriores (SERE), tendo sido “condenado”, desde o início desse regime, a uma longa travessia do deserto, que só veio a termo com o impeachment de meados de 2016, quando finalmente fui convidado para o cargo de diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI), da Fundação Alexandre de Gusmão, vinculada ao Itamaraty.
Vários dos textos que aqui figuram não se destinavam a divulgação, nem nunca pretenderam representar o pensamento ou as posições de quaisquer grupos, partidos ou movimentos, mas unicamente as minhas próprias reflexões e posturas, em relação a temas que sempre foram cruciais nas relações exteriores do país, embora bem mais em função das deformações acumuladas naqueles anos do que em função da agenda normal do Itamaraty. A confecção dos argumentos e a exposição de minhas opiniões foram feitas sem notas preparatórias, sem remissões e sem suporte em documentos, oficiais ou não, já que os textos expressam, exclusivamente, o pensamento do autor, além de constituir um guia pessoal sobre o que poderia ser feito se o autor destas linhas tivesse, por acaso, algum poder de decisão, algum dia. Isso provavelmente jamais ocorrerá. Ainda que ocorresse uma mudança de regime, o que vai aqui escrito tampouco teria chances de concretização, tendo em vista a inércia burocrática e a lentidão mental na adaptação a novas ideias que prevalecem nos governos, mesmo num órgão que é geralmente tido por excelente, como é o caso do Itamaraty.
Como diria o velho Péricles – não o grego, mas um humorista brasileiro de uma antiga revista de atualidades fotográficas –, “as aparências enganam...”. Este autor, contudo, não pretende enganar a si próprio: estes textos representam a minha opinião sobre alguns momentos especiais vividos pela diplomacia brasileira ao longo do regime lulopetista e, agora, na fase de transição que se abriu com sua derrocada. Eles também constituem uma projeção utópica, totalmente pessoal, sobre um futuro hipotético, provavelmente irrealizável, de construção de uma economia avançada, de uma sociedade livre das amarras corporativas que dificultam um processo mais ágil de crescimento econômico e de desenvolvimento social.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, janeiro de 2019

Orelhas:


Sistemas políticos podem evoluir por meio de reformas progressivas, obtidas consensualmente pela via institucional, ou podem, também, conhecer erosão e deformação, pela ação de lideranças políticas pouco comprometidas com os valores e princípios da democracia e infensos à transparência normalmente associada às formações políticas comprometidas com tais princípios. O Brasil conheceu, em sua história recente, um deplorável processo de deterioração de suas instituições – que atingiu os três poderes – e que se refletiu igualmente numa lamentável perda de qualidade das políticas públicas, macroeconômicas e setoriais, incluindo a diplomacia.
Na área econômica, conhecemos a maior e mais profunda recessão de toda a história, em meados da segunda década deste século, e que ainda vai prologar seus efeitos até praticamente o ano do bicentenário da independência. Na vertente da política externa, teve vigência uma diplomacia partidária, até mesmo clandestina, que alterou as bases de funcionamento do Itamaraty, colocado a serviço dos arroubos megalomaníacos de um presidente que agora cumpre uma justa condenação à prisão, por crimes continuados contra o Estado e contra a própria sociedade.
Este livro se coloca na continuidade de obra anterior do autor, Nunca Antes na Diplomacia...: a política externa brasileira em tempos não convencionais (Appris, 2014). Ele compila, em sua primeira parte, análises do lulopetismo diplomático em sua fase agônica, mas que ainda assim exercia fascínio sobre certa franja do gramscismo acadêmico, obnubilada pela enganosa propaganda da “diplomacia ativa e altiva”, mas que estava alinhada com algumas das ditaduras mais execráveis da região. A segunda parte se ocupa das questões da política internacional do Brasil na presente fase de transição, com textos sempre motivados pelo perene compromisso do autor com uma diplomacia de qualidade, livre de partidarismos espúrios, que seja capaz de representar e defender os interesses fundamentais da nação, com a alta qualidade que sempre marcou a ação do Itamaraty no decorrer de sua longa história de quase dois séculos.
Ao final, depoimentos pessoais esclarecem as circunstâncias sob as quais se desenvolveu a trajetória intelectual do autor, afastado de qualquer função na Secretaria de Estado das Relações Exteriores durante toda a duração do regime lulopetista. Ele nunca cedeu à truculência arbitrária do regime que o condenou a um longo ostracismo profissional, quando teve de fazer da biblioteca do MRE o seu escritório de trabalho.

Paulo Roberto de Almeida é mestre em economia do desenvolvimento, doutor em ciências sociais e diplomata de carreira desde 1977. Ensinou na UnB, no Instituto Rio Branco e é professor convidado em várias instituições brasileiras e estrangeiras. Em 2004 tornou-se professor de Economia Política nos programas de mestrado e doutorado em Direito do Centro Universitário de Brasília (Uniceub) e, em agosto de 2016, assumiu o cargo diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI) da Fundação Alexandre de Gusmão, vinculada ao Itamaraty.

Quarta capa:
Comecei a leitura de seu Contra a Corrente pelos apêndices pois a narrativa da experiência profissional e intelectual é sempre reveladora das balizas do pensamento, como apontava Hannah Arendt.
A sua avaliação da diplomacia lulopetista é contundente, mas muito bem embasada. São pertinentes suas considerações sobre o Itamaraty e o seu papel na vida brasileira e de particular relevo a ênfase dada ao papel do conhecimento na condução da política externa.
O livro expressa as características da sua identidade intelectual que combina o empenho no rigor e o domínio do conhecimento à uma inquieta vocação polêmica, que explica o seu destemido à vontade de escrever contra a corrente.”
Carta de Celso Lafer ao Autor
São Paulo, 31 de janeiro de 2019


O embaixador Rubens Barbosa, com quem o Autor trabalhou em diversas ocasiões, ao longo de quase três décadas de carreira diplomática, o chamou certa vez de accident-prone diplomat, ou seja, um diplomata criador de casos. Ele confessa aceitar a designação com prazer, pois nunca hesitou em expressar abertamente suas opiniões, sem muito respeito pelos sacrossantos princípios da hierarquia e da disciplina.

Costuma dizer que nunca deixou o cérebro em casa quando saia para o trabalho, nem nunca o depositou na portaria ao adentrar no Itamaraty. Sempre expressou suas posturas e opiniões, independentemente dos regimes e dos governos. Por isso mesmo, pagou um alto preço durante os quase 14 anos de desgoverno lulopetista no país.


Churchill, by Andrew Roberts - book review by Joao Carlos Espada

Mais uma resenha de um livro do qual já li outras resenhas – aqui postadas, por sinal – e vários trechos, a partir do que está livremente disponível na Amazon-Kindle.
Destaco um trecho, sobre os grandes erros de Churchill, para demonstrar que a nova biografia não é uma hagiografia, como destacado pelo resenhista, o prof. João Carlos Espada, um churchilliano português, diretor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica de Portugal, a quem conheci pessoalmente no quadro do Estoril Political Forum, do qual participei em 2017 e 2018.

The biographer provides a long list of mistakes throughout the whole book and, just in case the reader has missed any, there is a full page summary of them on page 966. It includes “his opposition to votes for women, continuing the Gallipoli operation after March 1915, rejoining the Gold Standard, supporting Edward VIII during the Abdication Crisis, mismanaging the Norway Campaign,  browbeating Stanislaw Mikolajczyk to accept the Curzon Line as Poland’s post-war frontier, making the ‘Gestapo’ speech during the 1945 general election campaign, remaining as prime minister after his stroke in 1953, and more besides.

Leiam a resenha abaixo.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 11 de fevereiro de 2019

Andrew Roberts Takes the Measure of the Populist Aristocrat, Churchill

The obvious questions to be asked by the prospective reader of Andrew Roberts’ 1,105-page biography of Winston Churchill: Why another one? Could there be anything that has not yet been said or written about Churchill? If so, could there be enough to fill such an imposing volume?  
These questions are certainly pertinent and ought to be asked. But they ought not to prevent the reader from critically looking at this book. If one does so—and this reviewer frankly began it with a skeptical eye—one can hardly be disappointed. Churchill: Walking with Destiny is a page-turner, and it is full of new material that has not been previously available to Churchill scholars.
As Roberts acknowledges at the outset, he was the first historian to have “the gracious permission of Her Majesty Queen Elizabeth II . . . to have unfettered access to the whole of her father King George VI’s wartime diaries.” These of course include King George VI’s notes about his weekly lunches with Churchill during World War II. Roberts makes good use of these highly instructive notes and quotes them throughout the narrative.
Another source not previously used by biographers of Churchill is the recently published diaries of the Soviet ambassador to the Court of St. James, Ivan Maisky. It is indeed surprising the amount of relevant information that Roberts manages to extract from Maisky’s account. There are several other sources that the author was allowed to consult, including the visitors’ book at Chartwell (Churchill’s country house) and the minutes of the Other Club, which was founded by Churchill around 1911. 
On top of all this, Roberts manages to mobilize these tremendous sources (and many others, including the diaries of Mary Soames, Churchill’s youngest daughter, which are now at the Churchill Archives at Cambridge) into a well-paced narrative that is full of exciting passages—which matches  perfectly the venturesome spirit of Winston Churchill.
To Walk with Destiny Is Not to be Infallible 
This biography, moreover, does justice to its subtitle: “Walking with destiny.” We are reminded early on that Churchill, born in 1874, “had believed in his own destiny since at least the age of sixteen when he told a friend that he would save Britain from a foreign invasion.” In the Gathering Storm (1948), the first volume of his war memoirs, he wrote that upon his appointment as prime minister, he “felt as if I was walking with destiny.” Then Roberts lays out his intention in this work: to explore “the extraordinary degree to which in 1940 Churchill’s past life had indeed been a preparation for his leadership in the Second World War.”
This is no hagiography, since Roberts means to show that much of Churchill’s preparation came in the form of making mistakes. The biographer provides a long list of mistakes throughout the whole book and, just in case the reader has missed any, there is a full page summary of them on page 966. It includes “his opposition to votes for women, continuing the Gallipoli operation after March 1915, rejoining the Gold Standard, supporting Edward VIII during the Abdication Crisis, mismanaging the Norway Campaign,  browbeating Stanislaw Mikolajczyk to accept the Curzon Line as Poland’s post-war frontier, making the ‘Gestapo’ speech during the 1945 general election campaign, remaining as prime minister after his stroke in 1953, and more besides.” 
Doing things wrong is what somehow allowed Churchill to be right about “all three of the mortal threats posed to Western civilisation, by the Prussian militarists in 1914, the Nazis in the 1930s and 1940s and Soviet Communism after the Second World War.” 
Be it noted that the idea of “walking with destiny” could be misleading if it were dissociated from the reasons—moral, political, philosophical—that led Churchill to fight the crucial battles he fought. Some of his contemporaries described him as an opportunist and as one who craved fame. Roberts quotes many of these critical, sometimes very critical, appraisals of Winston from his school days to the very end of his life. Roberts acknowledges the self-regarding adventurer in Churchill; but that spirit of adventure was rooted in something else that gave it substance. This moral anchor, as it were, is described by Roberts as being twofold: Churchill’s defense of the specificity of the political traditions of the British Empire and of the English-speaking peoples; and his aristocratic background.
Roberts argues persuasively that Churchill’s aristocratic background gave him a sense of independence and self-confidence. That background, he says, “sits uncomfortably today with his image as the saviour of democracy, but had it not been for the unconquerable self-confidence of his caste background he might well have tailored his message to his political circumstances during the 1930s, rather than treating such an idea with disdain.”
Churchill, he adds, “never suffered from middle-class deference or social anxiety, for the simple reason that he was not middle-class, and what the respectable middle classes thought was not important to the child born at Blenheim [Palace].”
This immediately reminded me of my first visit to that splendid site (which Queen Anne had ordered built for Churchill’s ancestor, the Duke of Marlborough, as a reward for his military feats in 1705) in the early 1990s. I was struck by the magnificence of the place. And my first thought, which I still vividly remember, was that someone born at Blenheim Palace could not easily do as he was told—especially if the orders came from “that man,” the despicable corporal Hitler (or from Comrade Stalin, for that matter).
In other words, I think Churchill’s British (as contrasted with Continental European) aristocratic background gave him a sense of rebellion against arbitrary commands from centralized powers—though not necessarily against the opinions of the common people. In fact, as Roberts rightly emphasizes, Churchill always recommended that one should “trust the people.” Describing the political philosophy of his father, the statesman Randolph Churchill, Winston wrote:
He saw no reason why the old glories of Church and State, of King and Country, should not be reconciled with modern democracy; or why the masses of working people should not become the chief defenders of those ancient institutions by which their liberties and progress had been achieved.
According to Roberts, Churchill’s aristocratic background gave him also, or perhaps mainly, a sense of duty towards the people and the nation. Writes the biographer:
His political opinions essentially stemmed from Disraeli’s Young England movement of the 1840s, whose sense of noblesse oblige assumed eternal superiority but also instinctively appreciated the duties of the privileged towards the less well off. The interpretation Churchill gave to the obligations of aristocracy was that he and his class had a profound responsibility towards his country, which had the right to expect his lifelong service to it.
“Like a true aristocrat, [he] was no snob,” Roberts sagely points out. Recalling that Churchill’s closest friends were taken from a wide social circle, the biographer draws our attention to the remarkable episode retold in Churchill’s My Early Life (1930) of the visit Winston received at boarding school from his beloved nanny, Mrs. Everest, in 1892. The lad walked with her arm-in-arm throughout the school down to the railway station and “even had the courage to kiss her,” completely ignoring and defying his snobbish contemporaries.
This aristocratic dimension of Churchill was associated with some crucial political and moral ideas that he thought were worth fighting, and even dying, for. Preeminent among these was the man’s belief in a common “history of the English-speaking peoples,” and of course this became the title of his last book, published in four volumes in 1955, but in fact started in 1932. Churchill (whose mother was American, one should bear in mind) defined this common heritage at many occasions that Roberts duly acknowledges.
The Honor that Comes of Serving a Great Cause
Perhaps one of the most telling definitions was offered in the course of an address Churchill made at Harvard University in 1943, when he was awarded an honorary degree:
Law, language, literature—these are considerable factors. Common conceptions of what is right and decent, a marked regard for fair play, especially to the weak and poor, a stern sentiment of impartial justice, and above all the love of personal freedom. . . . If we are together, nothing is impossible. If we are divided all will fail. I therefore preach continually the doctrine of the fraternal association of our two peoples . . . for the sake of service to mankind and for the honour that comes to those who faithfully serve great causes.
A remarkable example of this common Anglo-American commitment to liberty and duty (as Edmund Burke put it) can be found in one seemingly small detail in this massive biography. It comes by way of a  personal letter that Churchill’s wife, Clementine, wrote to him in 1940, in which she said:
It seems that your Private Secretaries have agreed to behave like schoolboys and ‘take what is coming to them’ and then escape out of your presence shrugging their shoulders . . . I must confess that I have noticed a deterioration in your manner, and you are not so kind as you used to be. It is for you to give the orders and if they are bungled—except for the King, the Archbishop of Canterbury and the Speaker—you can sack anyone and everyone. Therefore with this terrific power you must combine urbanity, kindness and if possible Olympic calm. You used to quote ‘On ne règne sur les âmes que par le calme’. I cannot bear that those who serve the country and yourself should not love you as well as admire and respect you.
Roberts marvels, and leads us to marvel, that in a moment of great peril for the nation, and all free nations, “the British Prime Minister could be upbraided by his wife for being short tempered.” He adds that it was hardly likely anyone “was saying this to Churchill’s opposite number in the Reich Chancellery.” British ways, at their best, include an accountability that spares no one, however exalted. 

João Carlos Espada is director of the Institute for Political Studies at the Catholic University of Portugal and chairs the International Churchill Society of Portugal. His book The Anglo-American Tradition of Liberty: A View from Europe was published by Routledge in 2016 (paperback, 2018).

A economia do entre-guerras e as origens da integracao europeia - Jean Monnet Chair, Univ. Lisboa

Acontecendo hoje e amanhã na Universidade de Lisboa: 

Dear colleagues,
This Monday and Tuesday, February 11-12, the Jean Monnet Chair of UFMG’s School of Economics (co-funded by the Erasmus+ program of the European Union) and the Institute of Social Sciences at the University of Lisbon, will host in Lisbon the workshop “Interwar Economics and the Intellectual Origins of European Integration”. Please check the program below.
Venue: “Polivalente Room” - Instituto de Ciências Sociais / Universidade de Lisboa (Av. Prof. Aníbal de Bettencourt, no 9. Lisboa, Portugal)
Participation is open to all interested.

Best regards,
Alexandre

_________________________________________
Alexandre Mendes Cunha
Jean Monnet Chair – School of Economics
Universidade Federal de Minas Gerais


JEAN MONNET WORKSHOP 
“INTERWAR ECONOMICS AND THE INTELLECTUAL ORIGINS OF EUROPEAN INTEGRATION”
(February 11-12, 2019 / ICS-ULisboa – Polivalente Room)

February 11, 2019

09:00-09:30: Opening Remarks (Alexandre Cunha, José Luís Cardoso & Carlos Eduardo Suprinyak)
09:30-10:15: I. Giuliana Laschi: “A laboratory of different paths of integration in Europe. Proposals that prepared the process of European integration, 1919-1939”
10:15-11:00: II. António Costa Pinto: “Technocracy, Corporatism, and the Development of ‘Economic Parliaments’ in Interwar Europe”
11:00-11:30: Coffee
11:30-12:15: III. Alexandre Mendes Cunha: “Third way perspectives and ideas on international order in Interwar France”
12:15-13:00: IV. Katia Caldari: “Between neo-corporatism and planning: a French version of the European project”
13:00-14:00: Lunch
14:00-14:45: V. Erwin Dekker: “The construction of an international order in the work of Jan Tinbergen”
14:45-15:30: VI. Harald Hagemann: “The Formation of Research Institutes on Business Cycles in Europe in the Interwar Period”
15:30-16:00: Coffee
16:00-16:45: VII. Pierre-Hernan Rojas: “At the origins of the European Monetary Cooperation: Triffin, Bretton Woods and the European payments Union”

February 12, 2019
09:30-10:15: VIII. Raphaël Fèvre: “Exploring the Keynesian/Ordoliberal Divide: An Historical Perspective”
10:15-11:00: IX. Timo Miettinen: “Ordoliberalism and the Rethinking of Liberal Rationality”
11:00-11:30: Coffee
11:30-12:15: X. Antonio Masala & Alberto Mingardi: “Classical Liberalism, Non-Interventionism and the Origins of European Integration”
12:15-13:00: XI. Valerio Torreggiani: “British Pluralism, Tripartism and the Foundation of the International Labour Organization”
13:00-14:00: Lunch
14:00-14:45: XII. Carlos Eduardo Suprinyak: “Pluralism and Political Economy in Interwar Britain: G. D. H. Cole on Economic Planning”
14:45-15:30: XIII. Oksana Levkovych: “Liberalism’s Last Gasp: Walter Runciman against the Tide”
15:30-16:00: Coffee
16:00-16:45: XIV. Roberto Lampa: “Divided by an uncommon language? The Oxford Institute of Statistics and the British academia (1935-1944)”
16:45-17:15: Closing remarks (José Luís Cardoso & James Ashley Morrison) 20:30: Workshop Dinner

Jointly hosted by the Jean Monnet Chair (“Economics, Political Economy and the Building of the European Integration Project” - EPEbEIP) of UFMG’s School of Economics and the Institute of Social Sciences at the University of Lisbon (Research Group Power, Society and Globalization) UID/SOC/50013/2013

Intelectuais e diplomacia: coletânea - Paulo Roberto de Almeida


Trajetórias intelectuais: uma coletânea de escritos

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 11 de fevereiro de 2019, 3 p.
Compilação dos escritos a propósito de intelectuais na diplomacia.

704. “Nosso homem no Itamaraty”, Brasília, 18 agosto 1999, 2 p. Elementos de informação sobre os “intelectuais” do Itamaraty, como subsídio a matéria de Paulo Moreira Leite, então na revista VEJA. Não aproveitado no momento, em virtude da transferência de PML para Washington, para trabalhar no jornal Gazeta Mercantil.

1054. O Sociólogo Aprendiz: reminiscências de um outro século, Washington, 26 mai. 2003, 202 p. Compilação linear das listas de trabalhos, bem como das introduções e prefácios preparados para os volumes encadernados de trabalhos originais e publicados (1968 a 1997), agregados de prefácio, como forma de subsidiar a preparação de livro de memórias intelectuais, de um século a outro. Relacionar ao esquema preparado no trabalho n. 1040 (“Mania de Brasil”: livro social-biográfico).

1642. “Economia política do intelectual”, Brasília, 20 julho 2006, 11 p. Uma visão cética sobre alguns dos mitos da nossa época. Espaço Acadêmico (ano 6, n. 63, agosto 2006). Relação de Publicados n. 690.

1781. “Perguntas a um Espectador Engajado”, Brasília, 12 agosto 2007, 1 p. Questões formuladas ao personagem idealista que teima em desenvolver atividades intelectuais paralelas aos afazeres profissionais normais e às lides acadêmicas mais comuns.

1790. “PIB potencial e disponibilidade intelectual”, Brasília, 26 agosto 2007, 4 p. Considerações sobre minha trajetória intelectual e meu “não-aproveitamento” funcional.

2000. “Um balanço da produção e seu sentido...: reflexões livres por ocasião do trabalho n. 2000”, New York, 28 abril 2009, 9 p. Comentários a propósito de minha produção intelectual, na passagem do trabalho (devidamente identificado) número 2000; dispensando o balanço contábil (com estatísticas a respeito), efetuei uma avaliação qualitativa e uma reflexão livre sobre meus textos como complemento às atividades didáticas. Publicado no blog Diplomatizzando (em 28.04.09; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2009/04/1086-por-ocasiao-do-trabalho-nr-2000.html#links).

2039. “Um intercâmbio acadêmico sobre a responsabilidade do Intelectual”, Brasília, 21 agosto 2009, 2 p. Intercâmbio com Antonio Ozai sobre Marx e os marxistas, a propósito de seu post “Marx e os marxismos” (Blog do Ozai: http://antonio-ozai.blogspot.com/2009/06/marx-e-os-marxismos.html). Circulado na lista Diplomaticas e postado em meu blog Diplomatizzando (21.08.2009; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2009/08/1302-um-intercambio-academico-sobre.html). Serviu de base à elaboração do trabalho n. 2103: “Sobre a responsabilidade dos intelectuais: devemos cobrar-lhes os efeitos práticos de suas prescrições teóricas?”, Brasília, 19 janeiro 2010, 12 p. Argumentos de natureza política e histórica sobre a falência do marxismo aplicado. Espaço Acadêmico (vol. 9, n. 105, fevereiro 2010, p. 149-159). Postado no blog Diplomatizzando (4/09/2017; link: https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/09/sobre-responsabilidade-dos-intelectuais.html).

2052. “Memórias Intelectuais: Uma biografia das ideias que permearam a minha vida”, Brasília, 18 outubro 2009, 8 p. Começo do que pretende ser uma história das ideias, ou uma biografia intelectual, consistindo numa pequena introdução que se poderia chamar de metodológica a uma obra mais vasta e gradual. Inédito em versão integral; feita versão resumida em 22.12.2009. Postado no blog Diplomata Z (1.01.2010; link: http://diplomataz.blogspot.com/2010/01/29-memorias-intelectuais.html).

2063. “Etapas cronológicas (mais uma) e sentido da vida (se é que existe):, Brasília, 19 novembro 2009, 5 p. Considerações sobre minhas orientações intelectuais e produção acadêmica. Postado no blog Diplomatizzando (19.11.2009; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2009/11/1520-proposito-de-mais-um-aniversario.html) e no blog DiplomataZ (http://diplomataz.blogspot.com/2009/11/22-mais-um-aniversario.html).

2103. “Sobre a responsabilidade dos intelectuais: devemos cobrar-lhes os efeitos práticos de suas prescrições teóricas?”, Brasília, 19 janeiro 2010, 12 p. Argumentos de natureza política e histórica sobre a falência do marxismo aplicado, elaborado com base no trabalho 2039: “Um intercâmbio acadêmico sobre a responsabilidade do Intelectual”. Revisto em 3.02.2010. Espaço Acadêmico (vol. 9, n. 105, fevereiro 2010, p. 149-159; ISSN: 1519-6186; link: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/9275/5252). Postado no blog Diplomatizzando (4/09/2017; link: https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/09/sobre-responsabilidade-dos-intelectuais.html). Relação de Publicados n 952.

2388. “Os diplomatas e a cultura brasileira”, Antuérpia, 28 Abril 2012, 3 p. Comentários sobre as relações entre os diplomatas culturais, ou intelectuais, e o Itamaraty. Postado no blog Diplomatizzando (http://diplomatizzando.blogspot.com/2012/04/diplomacia-e-cultura-uma-relacao-sempre.html).

2594. “Uma vida através dos livros: minhas memórias intelectuais”, Hartford, 24 março 2014, 10 p. Registro parcial dos livros mais importantes publicados no mundo e no Brasil, ao longo de minha vida. Para desenvolvimento futuro com comentários sobre os autores e suas obras, ano a ano.

2753. “Minhas memórias intelectuais”, Hartford, 17 janeiro 2015, 2 p. Apenas títulos, conceitos, símbolos de uma vida pensada, atravessa, refletida, produzida, para servir como base de futuras memórias sobre as ideias, e situações, que permearam uma vida de produção intelectual.

2911. “Uma vida entre dois séculos: um balanço retrospectivo”, Anápolis, 26 dezembro 2015, 9 p. Reaproveitamento do trabalho 2877, para fins de avaliação do itinerário intelectual percorrido e de parte da produção realizada, nos terrenos profissional e acadêmico, mas de modo qualitativo. Postado no blog Diplomatizzando (link: http://www.diplomatizzando.blogspot.com.br/2015/12/uma-vida-entre-dois-seculos-um-balanco.html), disseminado no Facebook.

3018. “Breve nota biográfica: Paulo Roberto de Almeida”, Brasília, 2 agosto 2016, 2 p. Pequena nota sobre meu itinerário intelectual, e sobre o que apreciaria ser lembrado como contribuição social. Postado no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/08/breve-nota-biografica-paulo-roberto-de.html).

3045. “O prazer intelectual como objetivo de vida”, Brasília, 8 outubro 2016, 2 p. Mini-reflexão sobre a importância do conhecimento em minha vida. Postado no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/10/mini-reflexao-sobre-o-significado-da_8.html), disseminado no Facebook (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1284854741577973).

3282. “Diplomatas intelectuais: uma elite do conhecimento no Itamaraty”, Brasília, 5 junho 2018, 2 p. Projeto de nova edição da obra O Itamaraty na Cultura Brasileira (2001); correspondência enviada aos novos colaboradores, com exceção do capítulo sobre Sérgio Corrêa da Costa: Roberto Campos: Paulo Roberto de Almeida; Lauro Escorel: Rogério de Souza Farias; Sergio Corrêa da Costa: Antonio de Moraes Mesplé; Wladimir Murtinho: Rubens Ricupero; Vasco Mariz: Mary Del Priore; e José Osvaldo de Meira Penna: Ricardo Vélez-Rodríguez. Em preparação.

3333. “Da quantidade à qualidade: o significado dos números coincidentes”, Brasília, 23 setembro 2018, 5 p. Digressão sobre a produção intelectual, listas de originais e de publicados, a propósito do trabalho 3333. Divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/09/na-oportunidade-do-meu-trabalho-3333.html), Facebook (link: https://www.facebook.com/paulobooks/posts/2104838996246206).

3349. “De volta ao meu quilombo de resistência intelectual: resistir, perdurar, continuar o debate de ideias”, Rio de Janeiro, 18 outubro 2018, 4 p. Comentários sobre as próximas etapas de minha postura contrarianista. Divulgado no blog Diplomatizzando (22/10/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/10/de-volta-ao-meu-quilombo-de-resistencia.html).


Preparatório a algum trabalho sobre o tema.