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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Pesquisa conclui que desoneração não teve impacto na geração de empregos - Ricardo Bergamini (IPEA, mídia)

A opinião de Ricardo Bergamini sobre fatos incontestáveis e dados do próprio governo:

A burrice não tem fronteiras ideológicas (Roberto Campos).

Prezados Senhores.
1 - Governo Dilma aprovou a desoneração da folha de pagamentos, que entrou em vigor no Brasil em 2011, por meio da Lei 12.546. Se considerarmos 2017, o custo dessa renúncia fiscal ultrapassou R$ 80 bilhões.
- Segundo estudo abaixo de autoria do IPEA, datado de janeiro de 2018, mostra que não houve efeitos reais desse programa sobre o número de postos de trabalho.
Pesquisa conclui que desoneração não teve impacto na geração de empregos
Texto para Discussão do IPEA utilizou metodologia inovadora para comparar cenários antes e depois da Lei 12.546
A desoneração da folha de pagamentos entrou em vigor no Brasil em 2011, por meio da Lei 12.546. As empresas aptas eram as não optantes pelo regime Simples de tributação e de alguns setores específicos. Em vez dos 20% de contribuição patronal ao regime de previdência incidente sobre a folha de pagamentos, elas passariam a contribuir com um valor correspondente a algo entre 1% e 2% sobre o faturamento. O objetivo era aliviar a carga tributária das empresas para criar novos empregos, mas o Texto para Discussão nº 2357, publicado pelo IPEA, mostra que não houve efeitos reais desse programa sobre o número de postos de trabalho.
Para o período anterior à lei de desoneração (2009-2011), a média de emprego nas empresas que seriam afetadas pela lei era 32,72. O estudo, intitulado Impacto da Desoneração da Folha de Pagamentos sobre o Emprego: Novas Evidências, chegou à conclusão que, no período posterior à lei (2012-2015), a média de emprego ficou em 32,77, uma variação mínima. Para analisar os efeitos da desoneração, pesquisadores do Ipea utilizaram uma metodologia inovadora do ponto de vista estatístico, em que os dados apresentados possuem mais robustez, e simularam diversos tipos de cenário, factuais e contrafactuais – como, por exemplo, se o PIB caiu, se aumentou, variação do número de empresas que seriam beneficiadas ou mesmo a não existência do programa.
Eles constaram que, em nenhum dos cenários analisados e simulados, a desoneração dada às empresas sobre a folha de pagamentos cumpriu seu objetivo: geração de empregos formais. “Usamos uma metodologia estatística superior, mais sofisticada do ponto de vista econométrico. Os resultados se mantêm e reafirmam constatações anteriores, da não efetividade dessa desoneração”, explica Adolfo Sachsida, diretor-adjunto de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais do Ipea e um dos autores do estudo. Também assinam o Texto para Discussão nº 2357 o diretor de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais, Alexandre Ywata, e Felipe Garcia, professor adjunto da Universidade Federal de Pelotas.
Para Sachsida, há um desembolso grande de dinheiro público para um programa que não se mostra efetivo, eficaz e eficiente. “Esse programa já chegou a custar R$ 25 bilhões no ano. Entre 2012 e 2016, custou cerca de R$ 80 bilhões, segundo dados da Receita Federal. Se considerarmos 2017, essa renúncia fiscal ultrapassa esses R$ 80 bilhões. É um dinheiro que sai dos cofres públicos”, alerta.
Investigação regional
A pesquisa também investigou se haveria algum impacto regionalizado do programa em cada uma das regiões brasileiras. Os resultados se mantiveram. “A Lei 12.546/2011 não foi capaz de gerar o impacto esperado sobre a criação de empregos nas empresas suscetíveis a serem afetadas pela alteração da legislação. O geral dos resultados observados é de ausência de impacto”, aponta o estudo.
A análise do impacto em amostras de empresas e faixas de tamanho de estabelecimentos também não apresentou divergência dos resultados incialmente encontrados.
Estudo completo clique abaixo:
2 - Em dezembro de 2021, governo Bolsonaro prorroga a desoneração da folha de pagamentos até o fim de 2023. Confirmando que: “No Brasil, esquerda e direita são apenas sinais de trânsito” (Delfim Netto).
- Cabe lembrar que o falso governo liberal de Bolsonaro trocou Roberto Campos pelo miliciano Daniel Silveira (o líder da tentativa de golpe do Bolsonaro).
Desoneração: setores da economia aguardam sanção da prorrogação nos próximos dias
Medida vale para os 17 segmentos da economia que mais empregam no país. Especialistas dizem que sanção ainda neste ano dará maior segurança às empresas.
Por Jornal Nacional — Brasília
28/12/2021
Matéria completa clique abaixo:
3- Em 2023, o governo Lula prorroga mais uma vez a excrescência da desoneração da folha de pagamento para alguns setores amigos do poder. Confirmando que: “No Brasil, a burrice tem passado glorioso e futuro promissor” (Roberto Campos).
Desoneração da folha de pagamento pode ser votada na semana que vem, diz Lira
ESTADÃO CONTEÚDO
15/08/2023
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta terça-feira, 15, que a desoneração da folha de pagamento para os 17 setores que mais empregam no País pode ser votada na semana que vem. Líderes partidários aguardam uma posição do governo sobre o projeto que prorroga a medida até 31 de dezembro de 2027. Há a expectativa de que um requerimento de urgência seja aprovado para que o texto pule a etapa das comissões e vá diretamente para o plenário.
Matéria completa clique abaixo:
4 - Em 2023, Ministério da Fazenda estuda propor veto total ao projeto de desoneração da folha, mas Planalto resiste.
Fazenda estuda propor veto total ao projeto de desoneração da folha, mas Planalto resiste.
A expectativa é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reúna com ministros para iniciar ainda nesta semana a discussão sobre o projeto

Textos (artigos e livros) mais acessados contabilizados pelo Google Scholar - Paulo Roberto de Almeida

 Verificado em 18/10/2023: 

Uma política externa engajada: a diplomacia do governo Lula
PR Almeida
Revista Brasileira de Política Internacional 47, 162-184
3432004
Relações internacionais e política externa do Brasil: a diplomacia brasileira no contexto da globalização
PR de Almeida
Grupo Gen-LTC
2342012
Formação da diplomacia econômica no Brasil: as relações econômicas internacionais no Império
PR de Almeida
Senac
1872001
Mercosul: fundamentos e perspectivas
PR Almeida
Grande Oriente do Brasil
1661998
Os primeiros anos do século XXI: o Brasil e as relações internationais contemporâneas
PR de Almeida
Paz e Terra
1082002
A política internacional do Partido dos Trabalhadores: da fundação à diplomacia do governo Lula
PR Almeida
Revista de Sociologia e Política, 87-102
992003
O Brasil eo multilateralismo econômico
PR de Almeida
Livraria do Advogado Editora
971999
Uma nova'arquitetura'diplomática?-Interpretações divergentes sobre a política externa do governo Lula (2003-2006)
PR Almeida
Revista brasileira de política internacional 49, 95-116
912006
A economia internacional no século XX: um ensaio de síntese
PR Almeida
Revista brasileira de política internacional 44, 112-136
792001
Never before seen in Brazil: Luis Inácio Lula da Silva's grand diplomacy
PR Almeida
Revista Brasileira de Política Internacional 53, 160-177
682010
O Brasil como ator regional e global: estratégias de política externa na nova ordem internacional
PR Almeida
Cena Internacional 9 (1), 7-36
632007
Relações internacionais e política externa do Brasil: história e sociologia da diplomacia brasileira
PR de Almeida
UFRGS Editora
532004
Lula’s foreign policy: regional and global strategies
PR De Almeida
Brazil under Lula: Economy, politics, and society under the worker-president …
522009
Sobre políticas de governo e políticas de Estado: distinções necessárias
PR Almeida
Instituto Millenium 7
492016
A diplomacia do governo Lula em seu primeiro mandato: um balanço e algumas perspectivas
PR de Almeida
Carta internacional 2 (1)
482007
Integração Regional: uma introdução
PR de Almeida
Editora Saraiva
432013
As duas últimas décadas do século XX: fim do socialismo e retomada da globalização
PR de ALMEIDA
Relações internacionais: dois séculos de história: entre a ordem bipolar e o …
371912
As relações econômicas internacionais do Brasil dos anos 1950 aos 80
PR Almeida
Revista Brasileira de Política Internacional 50, 60-79
352007
Políticas de integração regional no governo Lula
P Roberto de Almeida
Braz. J. Int'l L. 2, 20
342005
Planejamento no Brasil: memória histórica
PR Almeida
Parcerias estratégicas, Brasília 18 (1), 157-190
342004


A Polônia parece estar perto de se livrar de seu governo de direita liberal dos últimos dez anos - Ishaan Tharoor (The Washington Post)

After election, Poland may turn the illiberal tide

Ishaan Tharoor
The Washington Post, Oct 18, 2023

Donald Tusk, leader of the largest opposition grouping Civic Coalition, gestures after the exit poll results are announced in Warsaw on Sunday. (Kacper Pempel/Reuters)

Donald Tusk, leader of the largest opposition grouping Civic Coalition, gestures after the exit poll results are announced in Warsaw on Sunday. (Kacper Pempel/Reuters)

Poland’s nationalist ruling party won the most votes in Sunday’s election, but it’s heading for defeat. A bloc of opposition parties collectively secured a comfortable majority of ballots cast, as counting neared completion Monday. Rounds of parliamentary wrangling are expected to follow, with analysts suggesting a new government may not emerge until around Christmas. But results point to a dramatic ousting of the right-wing Law and Justice party, known by its Polish acronym PiS, which had hoped to extend its rule into a second decade.

During the prior eight years in office, PiS has taken Polish democracy down an illiberal path. Through a series of controversial reforms, it sought to bend the judiciary under its control, prompting unprecedented E.U. censure. Buoyed by staunch support among Poland’s conservative Catholics, PiS curtailed abortion rights and demonized the country’s LGBTQ+ community. It bullied and co-opted leading media outlets and even altered electoral laws ahead of this weekend in a bid to boost chances for reelection. Analysts had cast Poland’s trajectory in line with the democratic erosion in Hungary and Turkey, where illiberal demagogues now preside over de facto electoral autocracies.

 

And that’s for good reason. “Sunday’s vote was certainly not fair and barely free,” noted the Financial Times, explaining how the ruling faction had “marshalled all the resources of a heavily politicized state apparatus” to secure reelection. “The PiS authorities increased the number of polling stations in its rural heartlands but failed to update boundaries to give more seats to Poland’s liberal cities in line with population growth.”

But the Polish opposition, led by former Polish prime minister and former European Council president Donald Tusk, defied the odds, thanks to a mobilized anti-PiS coalition and the organic strength of Poland’s civil society.

Though PiS won the plurality with about 35.4 percent of the vote, it is left without a path to a governing coalition. The opposition Civic Platform, led by Tusk, came in second with about 30.7 percent but has two likely coalition partners — the Third Way and the Left party — which would give it a majority.

“We still have a democracy in Poland, but it’s thanks to our civil society, nongovernmental organizations and local government that the opposition is relatively strong,” Warsaw Mayor Rafał Trzaskowski told my colleagues. “We can argue that it’s still democratic. But, of course, it’s also completely unfair.”

Now, the shock of the opposition’s success may ripple elsewhere. “Even if you don’t live in Poland, don’t care about Poland, and can’t find Poland on a map, take note: The victory of the Polish opposition proves that autocratic populism can be defeated, even after an unfair election,” the Atlantic’s Anne Applebaum wrote. “Nothing is inevitable about the rise of autocracy or the decline of democracy.”

 

Bucking trends seen in elections elsewhere, Polish voters heeded the opposition’s grandstanding over threats to the country’s democratic future and sided with political forces more associated with Europe’s mainstream establishment. Tusk is a traditional center-right liberals. The opposition was also buoyed by significant turnout in the country’s cities. The election had the highest turnout Poland has seen since the fall of the Berlin Wall.

“The opposition portrayed this election as the last, best chance to forestall Poland’s descent into autocracy,” my colleagues reported. “Exit polls suggested opposition support relied heavily on younger voters, highly educated urban dwellers and Poles living in the industrialized western half of the country, which has deeper historical ties to the rest of Europe.”

Their energy proved stronger than the staunch loyalties of PiS’s more rural, conservative base. “The Polish middle class has mobilized to keep us a European democracy,” tweeted Radek Sikorski, a current Polish member of the European Parliament and former Polish foreign minister under Tusk. (Sikorski also happens to be Applebaum’s spouse.) “Huge turnout in metropolitan areas, demotivated traditionalist South-East. In these dark times forces of light need a break and it looks like Poland might provide it.”

In Brussels and other European capitals, there were sighs of relief. Liberal democracy in one of the continent’s biggest states appears to be making a comeback. “What it means for Europe is a major shift,” Rosa Balfour, director of Carnegie Europe, a Brussels think tank, told my colleagues. “If we get a government without Law and Justice, the relationship between Warsaw and Brussels, which has deteriorated steadily, would change. It also shows that Polish society can make independent decisions even if the media is government controlled.”

An E.U. diplomat, who spoke on the condition of anonymity to discuss sensitive internal matters, told Politico: “The result should lead to better functioning of the E.U. where the E.U. truly reflects its values and principles, particularly solidarity and responsibility. The rejection of far-right policies should serve as an example to other people, and this should hopefully lead to the E.U. becoming stronger in the face of geopolitical threats.”

But first, PiS has to concede defeat, and it seems far away from doing so. Parallel to Tusk’s declaration of victory Sunday, PiS’s leadership also hailed their electoral success. Polish President Andrzej Duda, a PiS loyalist whose term lasts until May 2025, may give his former party the first chance to form a government, even though it looks unlikely to be able to do so.

Once the opposition is able to take power, they face a complicated task of unwinding eight years of hardening illiberalism in the Polish state. “A deeply entrenched populist system, a president loyal to the Law and Justice party, a puppet Constitutional Tribunal and Supreme Court — these are just a few of the problems a new government would face,” Polish analysts Jaroslaw Kuisz and Karolina Wigura wrote. “That’s before we get to the opposition itself, whose members, spanning the political spectrum from right to left, are by no means in agreement.”

Though Tusk is a political veteran, a future government featuring him and his allies will be navigating “uncharted territory,” wrote Piotr Buras of the European Council on Foreign Affairs. The continent has a long history of countries consolidating democracy after decades of authoritarian rule, but no experience of restoring democracy after the disruptions and constitutional chicanery of elected illiberal governments, which stacked various state institutions with loyal apparatchiks.

“The current opposition will face a task that no one has ever had to face before: it will attempt to dismantle an illiberal system that was established in the last eight years by seemingly democratic means,” Buras wrote.

In that endeavor, many political observers elsewhere will be watching closely. 

O difícil retorno da democracia na Venezuela: governo do PT parece confiar em Maduro - Fabio Murakawa e Renan Truffi, Valor

 Amorim viaja a Barbados para assinatura de acordo entre Maduro e oposição venezuelana 


Acordo, mediado pela Noruega, terá o Brasil, entre outros países, como testemunha 

Por Fabio Murakawa e Renan Truffi, Valor

O assessor especial da Presidência, Celso Amorim, está em Barbados para a assinatura de um acordo entre o governo Nicolás Maduro e a oposição venezuelana para a realização de eleições presidenciais no país vizinho em 2024. 

O acordo, mediado pela Noruega, deve ser assinado nesta terça-feira e terá o Brasil, entre outros países, como testemunha. Nos últimos meses, Amorim vem atuando no processo de mediação de um acordo entre Maduro e a oposição para a realização de eleições limpas no ano que vem. Em março, ele foi a Caracas, onde se reuniu com integrantes do governo e opositores. 

Também esteve em Bogotá no mês seguinte, para conferências patrocinadas pelo presidente Gustavo Petro para tratar do tema. E, ainda manteve conversas bilaterais com representantes dos governos americano e norueguês. Maduro está no poder desde março de 2013, quando o ex-presidente Hugo Chávez morreu de câncer em Cuba. 

Ele venceu uma eleição presidencial naquele ano e outra em 2018. Entretanto, esse último pleito foi marcado por acusações internas e internacionais de fraudes e irregularidades. Ontem, Lula conversou por telefone com Maduro a respeito do acordo sobre as eleições do ano que vem. 

Os líderes trataram também do pagamento de uma dívida bilionária dos venezuelanos com empresários brasileiros que exportaram seus produtos para lá. Abordaram também o levantamento de sanções dos Estados Unidos ao petróleo produzido no país sul-americano. O Brasil voltou a normalizar as relações com o regime chavista, acusado de sabotar a democracia venezuelana, após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em janeiro. 

Seu antecessor, Jair Bolsonaro, reconhecia o então presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, como governante venezuelano, seguindo uma iniciativa do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Embora houvesse ressalvas, inclusive no Itamaraty, sobre a postura de Bolsonaro, Lula também foi criticado por seu alinhamento a Maduro. Em maio, o presidente chegou a dizer que há uma "narrativa" contra a Venezuela chavista para taxar o regime como uma ditadura.

 A fala de Lula foi criticada por líderes como o presidente do Uruguai, Lacalle Pou (centro direita), e também pelo presidente do Chile, Gabriel Boric, de esquerda. Em um encontro no Itamaraty, Pou afirmou que Lula "tapa o sol com a peneira" quando faz esse tipo de afirmação. Já Boric disse que as declarações de Lula são "descoladas da realidade". 

terça-feira, 17 de outubro de 2023

J. R. Guzzo esquece que sob o bolsolavismo o Itamaraty já tinha sido deformado (Gazeta do Povo)

 Esta “crônica” tem parcialmente razão, mas esquece de dizer que sob o bolsonarismo a deformação do Itamaraty, que começou com Lula 1, foi terrivelmente destruidora dos padrões civiluzados com os idiotas bolsonaristas.

Guzzo é um deformado ele mesmo.

Paulo Roberto de Almeida 

Itamaraty está subordinado aos interesses de tiranias e terroristas

J.R. Guzzo

Gazeta do Povo, 17/10/2023


O Ministério de Relações Exteriores do Brasil deixou de ser um órgão de Estado, encarregado legalmente de representar o país e defender os seus interesses fora das fronteiras nacionais. Deixou, também, de ser uma organização técnica, profissional e com uma longa reputação de competência diplomática. Hoje, no governo Lula, é uma facção política que promove os interesses ideológicos individuais dos grupos de esquerda mais radicais que controlam a máquina pública. Não é mais uma instituição nacional. Foi transformada em partido – deixou de servir o Brasil e passou a servir “causas”.


Essa degeneração, presente desde o último dia 1º de janeiro, chega agora a seu nível mais extremo: é o apoio virtual do governo Lula, disfarçado de “neutralidade”, aos ataques terroristas contra Israel por parte da organização criminosa que age como representante do “povo palestino”. Diante de crimes brutais contra a população civil israelense, condenados por todas as democracias do mundo, o Brasil pede que os “dois lados” cessem as “hostilidades” – como se tivessem os mesmos méritos e não houvesse um agredido e um agressor.


O verdadeiro ministro do Exterior, e responsável por todas as decisões relevantes que são tomadas lá, é um militante político de esquerda que serve como “assessor internacional” de Lula. O ministro oficial é uma espécie de Simone Tebet do Itamaraty; mal se sabe o seu nome. Quem aparece nas manchetes, nas fotos ao lado do presidente, nas viagens do primeiro casal ao redor do mundo, é sempre o outro – e esse outro é um esquerdista de butique que continua vivendo em 1960, fala em “anti-imperialismo” e festeja até hoje o lançamento do Sputnik.


Suas ideias em matéria de política externa são um concentrado do que se poderia ouvir numa assembleia de centro acadêmico estudantil. Ele acredita que a função estratégica número 1 da diplomacia brasileira é fazer oposição sistemática aos Estados Unidos, em primeiro lugar, e ao capitalismo em geral, logo em seguida. Sob o seu comando, o Itamaraty renunciou ao Brasil. As decisões diplomáticas, lá, têm se ser aprovadas pelo MST, pelos núcleos “anti-imperialistas” do PT, pela UNE e por coisas parecidas.


A “Palestina”, nesse ecossistema, tornou-se uma palavra-chave para a política externa brasileira de hoje. O chanceler efetivo é um antigo militante pró Hamas, e das organizações que vieram antes dele – grupos que exigem, oficialmente, a extinção física do Estado de Israel e dizem que todos os judeus que estão lá deveriam ser jogados “no mar”. O resto da atuação internacional do Brasil é o que se vê todos os dias: hostilidade automática aos Estados Unidos, à Europa e ao mundo democrático, e apoio automático a tudo e a todos que sejam de alguma forma contra eles.


O Brasil de Lula e do seu ministro-assessor não deve se aproximar dos “países capitalistas”, das economias livres e das esferas de prosperidade. Nossos amigos têm de ser a “Palestina”, com toda a selvageria do Hamas, ou o Irã, que lhe entrega armas e dólares e foi declarado como Estado terrorista por todas as nações democráticas. Nossos aliados têm de ser o ditador da Venezuela, que é procurado pela polícia internacional por tráfico de drogas, com um prêmio de 15 milhões de dólares por sua captura. Têm de ser Cuba e Nicarágua. Têm de ser as ditaduras da África. O Brasil não tem uma “política externa independente”. É um aliado que se subordina cada vez mais aos interesses de tiranias, organizações terroristas e criminosos de guerra.

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/jr-guzzo/itamaraty-interesses-tiranias-terroristas-hamas-palestina/

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segunda-feira, 16 de outubro de 2023

LIVRES: posicionamento sobre a guerra da Ucrânia; vale um novo posicionamento sobre a guerra Hamas-Israel?

A Invasão da Ucrânia

Setorial temática do Livres. Seja um associado e faça parte: eusoulivres.org/participe 

“Ouçam-nos. O povo ucraniano quer a paz, assim como seu governo. Eles não apenas querem, mas demonstram esse desejo de paz. Eles fazem tudo o que podem. Não estamos sozinhos: é verdade que a Ucrânia é apoiada por muitas nações. Por que? Não se trata de paz a qualquer custo. Trata-se de paz e princípios, de justiça, de direito internacional. Trata-se do direito à autodeterminação, para que cada pessoa possa determinar seu próprio futuro. É direito de toda sociedade e de toda pessoa à segurança, a uma vida sem ameaças. Tenho certeza de que esses direitos também são importantes para você.

A verdade é que isso precisa acabar antes que seja tarde demais. Se a liderança da Rússia não quiser nos encontrar do outro lado da mesa pelo bem da paz, talvez ela se sente à mesa com você. Vocês russos querem uma guerra? Eu gostaria muito de saber a resposta, mas essa resposta depende apenas de você, dos cidadãos da Federação Russa. Obrigado pela sua atenção.”

No dia 23 de fevereiro de 2022, às vésperas da invasão do seu país, o presidente Volodymyr Zelensky transmitiu um pronunciamento dramático na televisão, direcionado não para o seu povo, mas para o povo russo. Ele o fez no idioma russo, por coincidência seu idioma nativo, e com o propósito de sensibilizar os cidadãos do país vizinho sobre os perigos de uma guerra, que poderia ter consequências imprevisíveis. Desde então, o que vemos é uma tragédia humanitária de proporções globais, na qual a Ucrânia tenta defender sua própria existência como país soberano e independente, enquanto a Rússia empreende uma guerra de agressão, confrontando a letra e o espírito da Carta das Nações Unidas, assim como as normas mais elementares do Direito Internacional e de todos os protocolos humanitários multilaterais.

O fato é que, desde que os primeiros soldados russos cruzaram as fronteiras da Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, o mundo tornou-se um lugar muito mais inseguro. O temor de um confronto nuclear entre as grandes potências nos traz à lembrança os piores momentos da Guerra Fria; e hoje, a possibilidade de uma catástrofe na qual uma boa parte da humanidade pereceria não está mais fora de questão.

Os antecedentes desse conflito, que já pode ser considerado como um dos mais mortíferos das últimas décadas, são produto de um complicado contexto de relações bilaterais e regionais. Rússia e Ucrânia possuem, como seu ancestral comum, a “Rússia de Kiev”, uma confederação de tribos eslavas do Leste Europeu que existiu entre os séculos IX ao XIII. Durante o terrível século XX, a incorporação violenta da chamada “pequena Rússia” à recém criada União Soviética, quando da consolidação do poder bolchevique, assistiu à redução da Ucrânia à condição de estado-vassalo do novo império, sucessor da Rússia czarista. O povo ucraniano não só foi abusado e vilipendiado, como também dizimado pela fome, nos anos 1930, num evento histórico conhecido como Holodomor, “morte pela fome”, no qual a administração central soviética confiscava a produção de alimentos por parte dos camponeses ucranianos, causando a morte de mais de 4 milhões de pessoas. O ocorrido na década de trinta foi, de certa forma, uma terrível vingança de Stalin contra o povo ucraniano, que tinha tentando manter sua independência, durante dois anos, quando da criação do novo Estado soviético em 1918, e deixou cicatrizes profundas na sociedade ucraniana.

A União Soviética teve seu fim em 1991, mas as fronteiras da Ucrânia só foram formalmente asseguradas em 1994, através do Memorando de Budapeste, documento no qual a Rússia se comprometeu a respeitar as fronteiras da Ucrânia, em troca do seu armamento nuclear. Contudo, a fronteira geográfica ali delimitada não foi suficiente para romper laços culturais de parte da população ucraniana no leste do país, o Donbas, habitado em grande medida por russos étnicos, que continuou mais próximo de Moscou, o que abriria margem para a interferência russa e sua manipulação por Putin nos anos seguintes.

Mais recentemente, em 2012, o então presidente ucraniano Viktor Yanukovych,  mesmo tendo posições pró-Rússia, foi pressionado por setores da sociedade ucraniana (sobretudo na parte ocidental do país) a iniciar negociações com a União Europeia (UE) para um Acordo de Associação abrangente nas disciplinas de comércio exterior e de cooperação, o que aproximaria a Ucrânia do bloco europeu, de modo análogo ao que já havia acontecido nas duas décadas antesriores com os países bálticos, e outros da Europa central e oriental. O acordo com a UE tinha a simpatia de grande parte da população, que o via como um primeiro passo da integração do país ao sistema ocidental, e pelos bons prospectos de investimentos e de facilidade no trânsito de pessoas, em prol do desenvolvimento econômico e político ao país. 

Entretanto, em meados de agosto de 2013, a Rússia – tradicionalmente o principal parceiro comercial da Ucrânia – sinalizou que mudaria seus regulamentos alfandegários de importações vindas Ucrânia, de modo a pressionar o governo ucraniano a desistir desse acordo com a UE. Em 14 de agosto de 2013, o Serviço de Alfândega da Rússia passou a bloquear todos os produtos vindos da Ucrânia, o que causou grande prejuízo econômico e comoção política. O acordo tinha assinatura prevista para 28 de novembro de 2013, em Vilna (Lituânia), mas em 21 de novembro de 2013, o governo de Yanukovych suspendeu a conclusão do acordo com a UE. Em vez disso, Yanukovych reuniu-se em 17 de dezembro com o presidente Putin em Moscou para anunciar a emissão de 15 bilhões de dólares em títulos de empréstimos para o país, bem como um desconto para a aquisição de gás. Entendia-se ali que a iniciativa de aproximação com o bloco europeu estava sepultada.

No entanto, a população ucraniana não entendeu dessa forma. Durante os meses de janeiro e fevereiro de 2014, protestos começaram a ganhar corpo, e as violentas tentativas de supressão por parte do governo apenas alimentaram o fervor dos manifestantes, que se reuniram na Praça (‘maidan’, em ucraniano) da Independência, no que ficou conhecido como “Euromaidan”. O episódio culminou na “Revolução da Dignidade” que resultou no afastamento de Yanukovych, que se refugiou em Moscou. A Rússia, por sua parte, aproveita-se da situação para anexar a Crimeia, região da Ucrânia cuja população é composta majoritariamente de falantes do idioma russo, e na qual o país tem importantes bases navais, como a de Sebastopol. 

A anexação ilegal da península da Crimeia foi legitimada por um referendo imediatamente contestado na esfera diplomática internacional, no qual 95,5% dos residentes supostamente manifestaram-se a favor de integrar a Federação Russa. A Ucrânia, fragilizada, não teve condições de reagir, e acabou violentada em sua soberania por essa primeira agressão russa. Ainda que um conflito entre os dois países não tenha se desencadeado ali – e sim na parte oriental da Ucrânia – o recado de Vladimir Putin havia sido dado para todos os países da região: o expansionismo da Rússia estava definitivamente de volta, e não tardaria muito para que uma nova crise fosse instaurada.

Da mesma forma, militantes separatistas, com claro apoio do governo russo, depuseram os governos de duas províncias, Donetsk e Luhansk, o que deu início à “Guerra do Donbas”, conflito que vitimou mais de 15 mil pessoas de 2014 a 2022, e que esteve na origem da derrubada, por um foguete russo, de um avião civil da Malásia sobre aquele território, com a perda de 289 vidas. A narrativa desses separatistas, e do governo de Putin, era de que a Ucrânia estaria cometendo constantes violações aos direitos dos russos étnicos. Durante todo esse período, no entanto, o governo ucraniano reiterou o caráter territorialista do conflito, e que o verdadeiro responsável por ele era o insaciável assédio imperialista da Rússia. Já em 2022, a justificativa foi a eventualidade do ingresso da Ucrânia na aliança militar ocidental, a Organização do Tratado do Atlântico Norte – OTAN. 

Mais do que meramente um conflito entre nações, a invasão e a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia traz consequências globais, nos campos humanitário, político, econômico e geopolítico. Até o momento (meados de 2023), estima-se que cerca de 150 mil pessoas perderam suas vidas em ambos os lados, número que supera os 20 anos de guerra no Afeganistão, e se compara aos 10 anos da guerra civil na Síria. A guerra de agressão criou uma crise sem precedentes na diplomacia internacional, uma vez que um país dotado de armas nucleares, membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, está atuando em flagrante e frontal violação a vários de seus princípios basilares – notadamente, a soberania territorial e a não-intervenção nos assuntos internos dos Estados.

A Carta da ONU (1945) traz em seu artigo 2(4) que “todos os Membros deverão evitar em suas relações internacionais a ameaça ou o uso da força contra a integridade territorial ou a dependência política de qualquer Estado, ou qualquer outra ação incompatível com os Propósitos das Nações Unidas“. O artigo seguinte, 2(5), chega a estabelecer uma espécie de dever moral a todos eles: “Todos os Membros darão às Nações toda assistência em qualquer ação a que elas recorrerem de acordo com a presente Carta e se absterão de dar auxílio a qual Estado contra o qual as Nações Unidas agirem de modo preventivo ou coercitivo”. A memória da Segunda Guerra Mundial forçou uma mudança de postura dos países: manter a paz tornou-se um compromisso geral. No entanto, nos dias atuais, o ato russo de agressão não provocada – insuscetível, portanto, de ser justificado como sendo uma “defesa preventiva”, como previsto em outro artigo da Carta – alterou toda a dinâmica moderna de manutenção da paz, e fugiu dos argumentos considerados plausíveis para uma guerra justa, o chamado jus ad bellum.

A Rússia é o maior país em extensão territorial do planeta, possui um sistema de espionagem avançado, tecnologia, armamento e um regime político autoritário, que ampara constantes violações de direitos humanos. A desproporção de forças para com a Ucrânia, o total descaso com as consequências da guerra de agressão e o aberto desprezo em relação às retaliações internacionais tornam ainda mais dramático o cenário corrente.

Desde fevereiro de 2022, cerca de um terço da população ucraniana buscou refúgio em outros países, notadamente na Europa Ocidental, na tentativa de proteger suas vidas. Segundo a ONU, o êxodo ucraniano compreende mais de 18 milhões de pessoas, entre os 44 milhões da população pré-guerra. Mas, a maior catástrofe humanitária desta guerra de agressão é, sem dúvida, a não-distinção entre alvos civis e militares pelas forças russas, que deliberadamente atingem áreas povoadas e suas estruturas de sobrevivência, como energia e alimentação, em total desrespeito aos protocolos existentes nessa esfera. De forma geral, todas as convenções atinentes às situações de guerra foram completamente ignoradas pela invasão de Putin, assim como foi destruído todo o arcabouço internacional para a promoção da paz e da segurança, advindo das duas guerras mundiais do século XX.

Por tais motivos, defender a neutralidade, no contexto desta guerra, é ignorar o Direito Internacional, especialmente o humanitário, e escolher apoiar o lado agressor. Para além de objetivos econômicos, é dever comum dos estados nacionais zelar pela vida de seus habitantes, lutar para a manutenção da dignidade humana. O valor da vida humana como superior aos conflitos vem sendo debatido por filósofos há séculos, como na obra clássica do jurista Hugo Grócio, “De Jure Belli ac Pacis”, na qual o autor defende um direito das gentes que serviria em períodos de paz e de guerra. Esse direito das gentes foi sedimentado com diversos instrumentos internacionais, para além da Carta das Nações Unidas, a exemplo das duas conferências da Paz da Haia (1899 e 1907), no tratado da Liga das Nações de 1919, no Pacto Kellogg-Briand (1928) e nas diversas convenções e protocolos de Genebra. Indiretamente, a cada vez que são ignoradas zonas de conflito, que civis são propositalmente atingidos e que direitos básicos são negados à população ucraniana, todos os países que se comprometeram com a paz são atingidos. Se a Rússia de Putin não pode ser contida, e corretamente sancionada, qual a esperança para seus vizinhos?

Diferentemente da Rússia, o direito de defesa da Ucrânia é inquestionável. Ao defender suas fronteiras e soberania, os ucranianos entram nos limites admitidos para a guerra, e utilizam a ação defensiva como condição para a defesa da sua integridade nacional e a dignidade do seu povo. Pela enorme diferença entre os países, e por todas as demais características dessa guerra de agressão não provocada, sugerir a neutralidade para terceiros países significa, na prática, deliberadamente ou não, apoiar o lado agressor, desrespeitar a dor de milhões de inocentes, uma postura covarde e contrária aos princípios básicos da liberdade.

A lógica do rationae personae demonstra que os não-combatentes devem ser salvaguardados das ações militares, mas o número crescente de crimes de guerra (estupros e assassinatos a frio), praticados por soldados e mercenários russos, os sequestros de pessoas e a retirada de crianças de seus pais, assim como ataques em zonas urbanas contra alvos civis provam o descontrole geral da guerra. A implosão deliberada da barragem de Kakhovka acrescentou um peso ainda mais dramático no contexto da guerra, pela extensão da tragédia humanitária e pela catástrofe ecológica que ela provocou, com efeitos econômicos e naturais de longa duração.

Para além da situação presente, os impactos futuros da guerra ainda estão longe de serem passíveis de estimativa. Só no tange aos dados sobre a infância, a UNICEF estima que mais de 7,8 milhões de crianças e adolescentes sofreram diretamente com a guerra de agressão, perdendo desde acesso à educação, saúde e alimentação, até suas famílias e vidas.

Mas, mais do que trazer números, falar sobre guerra é falar sobre pessoas e seu sofrimento diário. Não são Estados que passam noites em claro, não são governos que perdem entes queridos, não são presidentes que lotam as trincheiras de mortos. A postura adotada pelo Brasil, tanto pelo atual governo como pelo anterior, de apenas condenar a guerra de forma retórica e genérica, sem defender o Direito Internacional de forma enfática e inambígua, não pode ser entendida como democrática – ou sequer como postura política válida no contexto global, em face da clareza de princípios prescritos na Carta das Nações Unidas, ou nas próprias cláusulas de relações internacionais inscritas no artigo 4º da Constituição Federal de 1988.

Essa guerra de agressão não atinge diretamente o território brasileiro, mas a desestruturação econômica que a segue é partilhada por todos os países, sendo entre nós sentida principalmente no setor do agronegócio e no provimento energético. A relutância do governo brasileiro, pretensamente embasada em preocupações econômicas, nos traz à reflexão quanto aos limites da economia na equação da vida. Nem tudo no mundo é relativizável em prol de interesses materiais.

Já passou da hora de o governo brasileiro ter uma postura mais coerente com os valores e princípios históricos de sua diplomacia – sobretudo quanto aos compromissos assumidos no plano da defesa da paz e da segurança internacionais, como estabelecido na Carta da ONU. O atual “silêncio seletivo” do Brasil poderá se voltar contra o país no futuro; afinal de contas, quem se comprometeria a defender um país cujos únicos pronunciamentos recentes de seu governo foram em prol de ditaduras, como a Venezuela? Que confiabilidade tem um país que põe interesses pequenos à frente de seus princípios?