Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
segunda-feira, 7 de março de 2011
Economia brasileira: o que esperar em 2011? - George Vidor
Desenho de 2011
George Vidor
O Globo, 7/03/2011
O quadro macroeconômico para 2011 no Brasil já está desenhado: juros básicos na faixa de 12% ao ano com o propósito de fazer a inflação recuar para menos de 5,5%, o que também dependerá do ritmo de crescimento do país (em torno de 4,5%). Já existem alguns sinais de redução na velocidade tanto no ritmo da atividade econômica como no da inflação, que ficarão mais evidentes, em breve.
Os números do primeiro trimestre serão acompanhados com lupa pelos analistas financeiros, pois esses indicadores é que darão pistas sobre a provável duração do novo ciclo de aperto monetário. Na quinta-feira, o Banco Central divulga a ata da reunião do Comitê de Política Monetária, descrevendo o cenário que levou as autoridades a se decidirem pelo aumento de 0,5 ponto percentual na Taxa Selic, o que, aliás, já era aguardado pela maioria das instituições financeiras ouvidas pelo próprio BC.
Os juros deverão permanecer elevados ao longo de 2011 e o melhor que se pode esperar é que as taxas parem de subir já na próxima reunião do Copom, marcada para meados de abril.
Entre os sinais de moderação observados pelos analistas estão os da contratação de mão de obra pela indústria da construção civil. No ano passado, as contratações formais, com carteira assinada, deram um salto no setor, com aumento de mais de 20%. Mas muitas das obras em execução, especialmente de novos edifícios e casas, estariam agora numa fase em que a necessidade de contratações se estabiliza (o período crítico teria sido no fim de 2009).
Por efeito estatístico, mesmo que a economia brasileira parasse de crescer daqui por diante, o Produto Interno Bruto de 2011 já evoluiria 1,7% (em 2010, esse efeito foi de 3,7%). Se a economia brasileira vier mesmo a se expandir os desejados 5%, crescerá bem acima da média dos últimos dez anos.
A safra brasileira de algodão em 2011 será a maior da história. Deve atingir o patamar de dois milhões de toneladas, motivada pelos preços internacionais do produto, que, em termos relativos, somente haviam alcançado cotações semelhantes durante a Guerra de Secessão nos Estados Unidos, quando os estados sulistas confederados, na época essencialmente agrícolas, rebelaram-se contra o Norte que se industrializava, deflagrando o conflito fratricida mais sangrento já visto pela humanidade. Mas isso foi na segunda metade do século XIX.
A colheita nem começou e os produtores já se comprometeram com trading internacionais a exportar um milhão de toneladas. Com isso sobrará para o mercado interno — se sobrar... — um milhão de toneladas, exatamente o volume consumido pela indústria nacional.
As empresas do setor têxtil estão apreensivas, pois ficaram espremidas entre o custo da matéria-prima (que, em um ano, aumentou quase 250%) e a concorrência de produtos acabados da China e de outros países asiáticos, que jogam os preços para baixo.
Como não é possível segurar o preço do algodão, ditado pelo mercado internacional, nessa altura dos acontecimentos as indústrias vão negociar com os produtores o fornecimento de matéria-prima (Mato Grosso atualmente responde por 45% da produção nacional).
A indústria têxtil e de confecções cresceu no ano passado 4,5%, menos que a média da economia (7.5%). É uma extensa cadeia produtiva, que envolve também a indústria química, os fabricantes de aviamentos (botões etc.), a rede do varejo, os estilistas, a mídia especializada, e por aí vai.
A Granja Brasil, empreendimento imobiliário lançado há 12 anos em Itaipava, na Região Serrana do Rio, adotou o sistema de fracionamento em novos lançamentos. Para os apartamentos grandes, com área interna de 600 metros quadrados (e preços que podem chegar a R$2,5 milhões) o fracionamento é oferecido como opção para quem sobe a serra eventualmente, pois o proprietário passa a ter direito a ocupar o imóvel por um certo número de fins de semana por ano (com os feriados longos em esquema de rodízio). Tal opção está conjugada ao recém-inaugurado hotel Clarion, dentro do condomínio, cujo foco são altos executivos que vão a Petrópolis durante a semana, a negócios. Os proprietários de apartamentos fracionados terão direito a desconto de 50% na diária do hotel, em fins de semana, e poderão usufruir de serviços de arrumadeira, lavanderia etc.
Nos Estados Unidos e na Europa esse sistema já é comum. No Brasil é relativamente recente, pois havia dificuldade em se lavrar escritura de apartamentos fracionados (no caso de terreno vazio isso já era rotineiro) e os potenciais investidores não se sentiam atraídos por essa opção.
Livro: A Economia Brasileira - Antonio Dias Leite
Com uma versão atualizada e revisada, a Editora Elsevier está lançando a segunda edição do livro do ex-ministro Dias Leite sobre a economia brasileira (com o subtítulo “Onde estamos, para onde vamos”). O prefácio dessa nova edição foi escrito por Arminio Fraga.
Dias Leite, professor emérito do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, foi presidente da então Companhia Vale do Rio Doce e depois ministro de Minas e Energia nas décadas de 60 e 70. Meu sogro, que foi colega dele na Escola de Engenharia na antiga Universidade do Brasil, no Largo de São Francisco, no Rio, dizia que Dias Leite já se destacava como um dos mais brilhantes alunos da faculdade.
O livro é muito interessante porque alterna análises históricas com alguns conceitos, em linguagem didática e acessível a qualquer tipo de leitor que tenha gosto pela economia, tema geralmente visto como árido demais.
Libia e o Conselho de Direitos Humanos da ONU: reino da hipocrisia
Esta, por exemplo:
"El 4 de enero de este año, el Consejo de Derechos Humanos, órgano de Naciones Unidas, publicó su informe sobre Libia. El texto no contiene ni un asomo de crítica al Gobierno de Gadafi y más bien resalta que "varias delegaciones expresaron su reconocimiento al compromiso del país con la defensa de los derechos humanos...". La delegación de Brasil, por ejemplo, enfatizó "el progreso social y económico de Libia y reconoció sus esfuerzos con respecto a personas con discapacidades"."
Provavelmente não houve tempo, no dia 4 de janeiro, para mudar instruções que estavam previsivelmente prontas desde o governo anterior, quando o ditador líbio ainda era tratado como um amigo e quando a ONU praticava sua hipocrisia habitual, com a cooperação do governo brasileiro.
O problema parece justamente este: o governo brasileiro diz que sempre vai agir em consonância com decisões da ONU, mesmo quando estas exibem sua dose de hipocrisia habitual.
Que tal se, por uma vez, o governo brasileiro atuasse de acordo com seus princípios, ou melhor, com os princípios da Constituição (que talvez não sejam os seus, ainda...)?
Que tal se o governo brasileira atuasse com base em valores, pelo menos por uma vez?
Paulo Roberto de Almeida
Ola de cambio en el mundo árabe: Muamar, Hugo y Dani
MOISÉS NAÍM
El País, 06/03/2011
Chávez y Ortega son los dos únicos jefes de Estado que no han condenado a Gadafi
¿Quién hubiese imaginado que Muamar el Gadafi pasaría a la historia como el gran creador de consenso internacional? No es fácil poner de acuerdo a las 192 naciones del planeta. Gadafi lo ha logrado. El mundo entero ha denunciado al dictador libio por masacrar a civiles inocentes. El mundo entero, excepto dos jefes de Estado: Hugo Chávez y Daniel Ortega; el eje de los despistados.
Hasta la Liga Árabe le ha retirado el apoyo a Gadafi. Pero Hugo y Dani, no. Seguramente los convenció Fidel Castro, quien mantiene que la violencia en Libia es culpa de la OTAN, y no de Gadafi. En esto, el dictador libio discrepa de su colega, el exdictador cubano. Según Gadafi, detrás de los disturbios en su país está Al Qaeda. Esta diferencia plantea un problema para Hugo y Dani. Quizás, y para evitar tener que tomar partido por Fidel o por Muamar, concluirán que la desestabilización de Libia es una operación conjunta de la OTAN y Al Qaeda.
Pero quien definitivamente no está de acuerdo con el eje de los despistados es otro de sus aliados: Mahmud Ahmadineyad. "Es difícil imaginar que exista una persona que pueda matar y bombardear a su propia gente. Esto es muy feo... Los exhorto a escuchar a su pueblo y reflexionar sobre sus demandas. La gente debe ser libre y tener poder de decisión sobre su futuro. Todo el mundo está en shock con lo que está pasando en Libia... deben hacer caso al pueblo", declaró el indignado líder iraní. Este es otro candidato al eje de los despistados. Pero por una razón distinta: el pobre Ahmadineyad no parece haberse enterado de que, al mismo tiempo que hacía estas declaraciones, su Gobierno estaba reprimiendo salvajemente a sus opositores -de nuevo-. Cuando descubra que no hay mucha diferencia entre él y Gadafi seguramente tendrá un shock tan profundo como el que le produjo ver la manera en la que el libio trata a su pueblo.
Las tensiones entre Gadafi y Ahmadineyad no son nuevas, y una reveladora manifestación de ellas es que el líder iraní nunca recibió el Premio Gadafi de los Derechos Humanos. Este premio, creado en 1988, se otorga anualmente a quienes "hayan colaborado de forma sublime en la prestación de servicios humanos destacados o en la realización de labores gloriosas en defensa de los derechos humanos" (sic). A Hugo le tocó en 2004 y a Dani en 2009. Unos años después, Chávez correspondió al reconocimiento del libio obsequiándole una réplica de la espada de El Libertador, explicando además que "Muamar el Gadafi es para los libios lo que Simón Bolívar es para los venezolanos". Casi nada.
El presidente venezolano no es el único que ha distinguido al líder libio en el campo de los derechos humanos. El 4 de enero de este año, el Consejo de Derechos Humanos, órgano de Naciones Unidas, publicó su informe sobre Libia. El texto no contiene ni un asomo de crítica al Gobierno de Gadafi y más bien resalta que "varias delegaciones expresaron su reconocimiento al compromiso del país con la defensa de los derechos humanos...". La delegación de Brasil, por ejemplo, enfatizó "el progreso social y económico de Libia y reconoció sus esfuerzos con respecto a personas con discapacidades". Myanmar compartió estos conceptos. Por su parte, "Bielorrusia notó con satisfacción que Libia suscribía todos los tratados internacionales sobre derechos humanos y cooperaba con los organismos de dichos tratados".
La resolución de la Asamblea General de Naciones Unidas que creó el Consejo de Derechos Humanos establece que, al votar por los países que aspiren a formar parte del mismo, "se debe tomar en cuenta su contribución a la promoción y protección de los derechos humanos". Libia fue elegida con el apoyo de 155 países.
Pero ni siquiera este baluarte de la hipocresía internacional pudo mantener a Libia en su seno. Así, el Consejo de Derechos Humanos de la ONU, después de largas deliberaciones, concluyó que la contribución de la Libia de Gadafi a los derechos humanos había caído por debajo de los estándares aceptables y la expulsó.
Pero Hugo y Dani no abandonan a sus amigos. "No voy a condenar a Gadafi... a mí no me consta que sea un asesino", dijo el presidente de Venezuela.
Y al oír esto me vino a la mente la vieja frase de George Orwell: "El lenguaje político... está diseñado para que las mentiras suenen a verdades y que el asesinato sea respetable".
No; los despistados no son ellos. Son quienes les creen.
domingo, 6 de março de 2011
Why America Will Stay on Top - Paul Johnson, historiador britânico
Pode ser um caminho mais rápido para a decadência.
A China, que no momento é um caso absolutamente extraordinário na história econômica mundial, configura um caso inédito de crescimento econômico inacreditável para os padrões conhecidos combinado a uma das mais férreas ditaduras do cenário político mundial (nisso não muito diferente de seus padrões históricos, diga-se de passagem).
Mas a China não vai crescer assim o tempo todo e não será uma ditadura o tempo todo. Pode ser que ela venha a se tornar o país mais inovador do mundo, no futuro, quando parar de copiar, inventar seus próprios produtos, e se pautar pela liberdade irrestrita de opinião e de organização, o que ainda não é o caso (mas pode ser, antes ainda do que imaginamos).
Os americanos precisam continuar trabalhando duro, e aperfeiçoar-se educacionalmente, pois podem ficar para trás.
Em todo caso, a entrevista de Paul Johnson é interessante, tirando sua opinião sobre a Sarah Palin, uma das políticas mais idiotas que já encontrei no cenário americano (a concorrência é dura, pois os políticos americanos costumam ser singularmente idiotas).
Gostei da receita de Churchill quanto ao sucesso: conservação de energia...
Bem, a maior parte do que vai abaixo é pura opinião, mas ainda assim é interessante.
Paulo Roberto de Almeida
THE WEEKEND INTERVIEW - Paul Johnson, historian
Why America Will Stay on Top
By BRIAN M. CARNEY
The Wall Street Journal, MARCH 5, 2011, page A13
London - In his best-selling history of the 20th century, "Modern Times," British historian Paul Johnson describes "a significant turning-point in American history: the first time the Great Republic, the richest nation on earth, came up against the limits of its financial resources." Until the 1960s, he writes in a chapter titled "America's Suicide Attempt," "public finance was run in all essentials on conventional lines"—that is to say, with budgets more or less in balance outside of exceptional circumstances.
"The big change in principle came under Kennedy," Mr. Johnson writes. "In the autumn of 1962 the Administration committed itself to a new and radical principle of creating budgetary deficits even when there was no economic emergency." Removing this constraint on government spending allowed Kennedy to introduce "a new concept of 'big government': the 'problem-eliminator.' Every area of human misery could be classified as a 'problem'; then the Federal government could be armed to 'eliminate' it."
Twenty-eight years after "Modern Times" first appeared, Mr. Johnson is perhaps the most eminent living British historian, and big government as problem-eliminator is back with a vengeance—along with trillion-dollar deficits as far as the eye can see. I visited the 82-year-old Mr. Johnson in his West London home this week to ask him whether America has once again set off down the path to self-destruction. Is he worried about America's future?
"Of course I worry about America," he says. "The whole world depends on America ultimately, particularly Britain. And also, I love America—a marvelous country. But in a sense I don't worry about America because I think America has such huge strengths—particularly its freedom of thought and expression—that it's going to survive as a top nation for the foreseeable future. And therefore take care of the world."
Pessimists, he points out, have been predicting America's decline "since the 18th century." But whenever things are looking bad, America "suddenly produces these wonderful things—like the tea party movement. That's cheered me up no end. Because it's done more for women in politics than anything else—all the feminists? Nuts! It's brought a lot of very clever and quite young women into mainstream politics and got them elected. A very good little movement, that. I like it." Then he deepens his voice for effect and adds: "And I like that lady—Sarah Palin. She's great. I like the cut of her jib."
The former governor of Alaska, he says, "is in the good tradition of America, which this awful political correctness business goes against." Plus: "She's got courage. That's very important in politics. You can have all the right ideas and the ability to express them. But if you haven't got guts, if you haven't got courage the way Margaret Thatcher had courage—and [Ronald] Reagan, come to think of it. Your last president had courage too—if you haven't got courage, all the other virtues are no good at all. It's the central virtue."
***
Mr. Johnson, decked out in a tweed jacket, green cardigan and velvet house slippers, speaks in full and lengthy paragraphs that manage to be at once well-formed and sprinkled with a healthy dose of free association. He has a full shock of white hair and a quick smile. He has, he allows, gone a bit deaf, but his mind remains sharp and he continues to write prolifically. His main concession to age, he says, is "I don't write huge books any more. I used to write 1,000 printed pages, but now I write short books. I did one on Napoleon, 50,000 words—enjoyed doing that. He was a baddie. I did one on Churchill, which was a bestseller in New York, I'm glad to say. 50,000 words. He was a goodie." He's also written short forthcoming biographies of Socrates (another "goodie") and Charles Darwin (an "interesting figure").
Mr. Johnson says he doesn't follow politics closely anymore, but he quickly warms to the subject of the Middle East. The rash of uprisings across the Arab world right now is "a very interesting phenomenon," he says.
"It's something that we knew all about in Europe in the 19th century. First of all we had the French Revolution and its repercussions in places like Germany and so on. Then, much like this current phenomenon, in 1830 we had a series of revolutions in Europe which worked like a chain reaction. And then in 1848, on a much bigger scale—that was known as the year of revolutions."
In 1848, he explains, "Practically every country in Europe, except England of course . . . had a revolution and overthrew the government, at any rate for a time. So that is something which historically is well-attested and the same thing has happened here in the Middle East."
Here he injects a note of caution: "But I notice it's much more likely that a so-called dictatorship will be overthrown if it's not a real dictatorship. The one in Tunisia wasn't very much. Mubarak didn't run a real dictatorship [in Egypt]. Real dictatorships in that part of the world," such as Libya, are a different story.
As for Moammar Gadhafi, "We'll see if he goes or not. I think he's a real baddie, so we hope he will." The Syrian regime, he adds, "not so long ago in Hama . . . killed 33,000 people because they rose up." Then, "above all," there is Iran. "If we can get rid of that horrible regime in Iran," he says, "that will be a major triumph for the world."
Frank judgments like these are a hallmark of Mr. Johnson's work, delivered with almost child-like glee. Of Mahatma Gandhi, he wrote in "Modern Times": "About the Gandhi phenomenon there was always a strong aroma of twentieth-century humbug."
Socrates is much more to Mr. Johnson's liking. Whereas, in Mr. Johnson's telling, Gandhi led hundreds of thousands to death by stirring up civil unrest in India, all the while maintaining a pretense of nonviolence, Socrates "thought people mattered more than ideas. . . . He loved people, and his ideas came from people, and he thought ideas existed for the benefit of people," not the other way around.
In the popular imagination, Socrates may be the first deep thinker in Western civilization, but in Mr. Johnson's view he was also an anti-intellectual. Which is what makes him one of the good guys. "One of the categories of people I don't like much are intellectuals," Mr. Johnson says. "People say, 'Oh, you're an intellectual,' and I say, 'No!' What is an intellectual? An intellectual is somebody who thinks ideas are more important than people."
And indeed, Mr. Johnson's work and thought are characterized by concern for the human qualities of people. Cicero, he tells me, was not a man "one would have liked to have been friends with." But even so the Roman statesman is "often very well worth reading."
His concern with the human dimension of history is reflected as well in his attitude toward humor, the subject of another recent book, "Humorists." "The older I get," he tells me, "the more important I think it is to stress jokes." Which is another reason he loves America. "One of the great contributions that America has made to civilization," he deadpans, "is the one-liner." The one-liner, he says, was "invented, or at any rate brought to the forefront, by Benjamin Franklin." Mark Twain's were the "greatest of all."
And then there was Ronald Reagan. "Mr. Reagan had thousands of one-liners." Here a grin spreads across Mr. Johnson's face: "That's what made him a great president."
Jokes, he argues, were a vital communication tool for President Reagan "because he could illustrate points with them." Mr. Johnson adopts a remarkable vocal impression of America's 40th president and delivers an example: "You know, he said, 'I'm not too worried about the deficit. It's big enough to take care of itself.'" Recovering from his own laughter, he adds: "Of course, that's an excellent one-liner, but it's also a perfectly valid economic point." Then his expression grows serious again and he concludes: "You don't get that from Obama. He talks in paragraphs."
***
Mr. Johnson has written about the famous and notorious around the world and across centuries, but he's not above telling of his personal encounters with history. He is, he says, "one of a dwindling band of people who actually met" Winston Churchill.
"In 1946," he tells me, "he came up to my hometown because he was speaking at the Conservative Party conference up the road. And I managed to get in just as he was about to leave to make his speech. And I was 16. He seemed friendly, so I was inspired to say, 'Mr. Winston Churchill, sir, to what do you attribute your success in life?' And he said without any hesitation"—here Mr. Johnson drops his voice and puts on a passable Churchill impression—"'Conservation of energy. Never stand up when you can sit down. And never sit down when you can lie down,'" he relates with a laugh. "And I've never forgotten this," he says, "because as a matter of fact, it's perfectly good advice."
Here he adds the kicker: "Interestingly enough, Theodore Roosevelt, who had a lot in common with Winston Churchill in many ways, but was quite a bit older, said of him, 'Oh, that Winston Churchill, he is not a gentleman. He doesn't get to his feet when a lady enters the room.'"
Mr. Carney is editorial page editor of The Wall Street Journal Europe and the co-author of "Freedom, Inc." (Crown Business, 2009).
Novas formas da guerra: sabotagem informatica
Paulo Roberto de Almeida
US and Israel were behind Stuxnet claims researcher
BBC News Technology, 4 March 2011
Iran's Bushehr reactor is believed to have been on of the intended targets for Stuxnet.
Israel and the United States created the Stuxnet worm to sabotage Iran's nuclear programme, a leading security expert has claimed.
Ralph Langner told a conference in California that the malicious software was designed to cripple systems that could help build an Iranian bomb.
Mr Langner was one of the first researchers to show how Stuxnet could take control of industrial equipment.
It is widely believed that its target was machinery used to enrich uranium.
Speaking at the TED conference in Long Beach, California, Mr Langner said: "My opinion is that Mossad [Israel's intelligence agency] is involved."
However he speculated that Israel was not the main driver behind the creation of Stuxnet.
"There is only one leading source, and that is the United States," said Mr Langner.
In a recent report on Stuxnet, the security firm Symantec said that it would have taken a team of between five and 10 developers, six months to create the worm.
Mr Langner said that the project would have required "inside information", so detailed that "they probably knew the shoe size of the operator."
Stuxnet first came to light in July 2010. Nearly 60% of reported infections were inside Iran.
Damaging centrifuges
The worm targets industrial control systems, known as programmable logic controllers (PLCs), made by Siemens.
While PLCs are used to control a wide variety of automated systems, it is believed that it was those inside Iran's nuclear facilities that were the intended target.
Analysts who have examined the Stuxnet code say it could have been used to damage centrifuges which play a crucial role in the process of enriching uranium for both nuclear power and weapons.
The United States and Israel have led an international campaign to halt Iran's nuclear programme, however there is no hard evidence to link either country to the creation of Stuxnet.
Earlier in the week Iran's Interior Ministry denied that Stuxnet had been responsible for a shutdown at the country's Bushehr nuclear reactor.
A report by the International Atomic Energy Agency showed that Russian engineers working at the plant had removed 163 fuel rods.
Iranian sources said that the action was taken as a result of problems with the rods, rather than Stuxnet.
Sun Tzu para diplomatas: uma estrategia diplomatica
Meu mais recente trabalho publicado:
Formação de uma estratégia diplomática: relendo Sun Tzu para fins menos belicosos
Brasília, 5 março 2011, 8 p. Sun Tzu revisitado com o objetivo de traçar uma estratégia diplomática.
Espaço Acadêmico (ano 10, n. 118, março 2011, p. 155-161; ISSN: 1519-6186)
Relação de Originais n. 2251; Publicados n. 1023.
sábado, 5 de março de 2011
Carnaval: bloco Barao do Rio Branco (desfilando duas vezes)
Crime de lesa povo! Para quê!?
Não adiantou nada. O povo festejou em fevereiro e em abril novamente.
Esse é o mote do livro de meu colega Luis Claudio Villafane Gomes Santos, O Dia em Que Adiaram o Carnaval, objeto desta simpática matéria no Globo de hoje.
Paulo Roberto de Almeida
O ano em que houve dois carnavais
Roberta Jansen
O Globo, 5 de março de 2011, página 28
Morte do Barão do Rio Branco fez governo adiar a festa, mas povo brincou duas vezes
É o sonho dos foliões mais animados; uma verdadeiro pesadelo para quem é avesso aos festejos: comemorar o carnaval duas vezes por ano. Por incrível que pareça, isso já aconteceu uma vez no Brasil, em 1912, por conta da morte do Barão do Rio Branco – tido como responsável pela consolidação do território nacional e, por isso, aclamado herói. A fascinante e bem pouco conhecida passagem foi resgatada pelo historiador e diplomata Luís Cláudio Villafañe G. Santos. No recém-lançado O Dia em que adiaram o carnaval – política externa e a construção do Brasil (Ed. Unesp), ele a utiliza como ponto de partida para discorrer sobre a construção da nacionalidade brasileira.
Não que o povo tenha ficado feliz com a morte do Barão. Longe disso. Ele realmente era muito admirado pela população. Sua morte, em 10 de fevereiro de 1912, a uma semana do início das comemorações do carnaval daquele ano, foi bastante lamentada. Como mostra Santos, em seu livro, o jornal “A República” não economizou na emotividade: “Nenhum brasileiro atingiu mais alto o culto da veneração popular. O Barão do Rio Branco era verdadeiramente um patrimônio nacional. A nação que o amou em vida, há de idolatrar-lhe reverentemente a sua memória”. A “Gazeta de Notícias” também não fez por menos, registrando, ao noticiar a morte, que “o país inteiro soluça”.
– Pela documentação que juntei, houve, de fato, uma reação muito forte da população – conta o historiador.
Como registra Santos, de forma espontânea, independentemente do luto oficial, o comércio fechou as portas, bem como os bancos e escritórios privados, além das repartições públicas. Os cinemas e os teatros não funcionaram naquele dia. E bailes e festas foram cancelados. Logo, o governo determinou que, em virtude do luto, as comemorações não começassem no dia 17 de fevereiro, conforme previsto no calendário, mas fossem transferidas para 6 de abril, em sinal de respeito.
Acre é anexado: nova vitória de Rio Branco
José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco, era adorado pelo povo. Em 1902, quando retornou ao Brasil para assumir o Ministério das Relações Exteriores, ele foi aclamado nas ruas pela mesma população que, dez anos depois, chorava copiosamente sua morte.
– Ele já era um personagem bem popular quando voltou do exterior – atesta Santos.
– Uma multidão o esperava no porto, onde desembarcou, e acompanhou sua carruagem pelas ruas. Quando, num determinado ponto, os cavalos não puderam prosseguir, estudantes se ofereceram para puxá-la. Enfim, uma volta triunfante, extraordinária.
E não é para menos. O Barão, que na época ocupava o posto de Embaixador na Alemanha, tinha servido de advogado brasileiro em duas arbitragens internacionais cruciais à delimitação de nossas fronteiras: a de Palmas, em 1895, em que conseguiu assegurar para o Brasil boa parte do território dos estados de Santa Catarina e Paraná em litígio com a Argentina; e a do Amapá, em 1900, em que obteve uma vitória sobre a França na disputa da fronteira com a Guiana Francesa.
Foi justamente o prestígio obtido nesses dois casos que fez com que o então Presidente Rodrigues Alves escolhesse o Barão do Rio Branco – a quem sequer conhecia pessoalmente – para ocupar o posto máximo da diplomacia do país naquele ano de 1902, em que o governo se via às voltas com uma nova discussão sobre fronteiras, desta vez com a Bolívia, pelo então território do Acre. A despeito da oposição de nomes de grande peso da época, como os de Rui Barbosa e Pinheiro Machado, o Barão conseguiu aprovar o Tratado de Petrópolis, pelo qual o país anexava o Acre mediante pequenos territórios na fronteira com o Mato Grosso, uma indenização em dinheiro, e a ferrovia Madeira-Mamoré.
– Houve uma grande discussão no Congresso e na imprensa, e forte oposição ao tratado. Mesmo assim, ele acabou sendo aprovado, no que, até hoje, é considerada uma grande vitória do Rio Branco – afirma Santos. – Ou seja, o Barão, que já tinha retornado ao país com a popularidade em alta, obteve sucesso com a questão do Acre logo no seu primeiro ano, promovendo uma escalada de sua popularidade.
Por tudo isso, sustenta Santos, a tristeza gerada pela morte do Barão é bastante plausível.
– Os jornais todos da época registram uma grande comoção popular, com pessoas chorando nas ruas, cinemas fechados, um impacto grande – diz o historiar. – Dado o contexto, a reação me parece coerente.
Foi diante dessa situação que o governo do Marechal Hermes da Fonseca decidiu, então, adiar o Carnaval. Não funcionou. Os brasileiros acabaram festejando duas vezes. Uma, em fevereiro mesmo, a despeito do luto. Outra, de 6 a 10 de abril, seguindo as determinações governamentais. A irreverência prevaleceu, como atesta a letra da marchinha feita para o segundo Carnaval: “Com a morte do Barão/Tivemos dois carnavá/Ai que bom, ai que gostoso/Se morresse o marechá”, numa referência nada sutil à possível morte do presidente.
Carnaval remonta ao período colonial
E se a consolidação do território brasileiro, com a definição de suas fronteiras, foi crucial na construção de uma identidade nacional, como mostra Santos, o carnaval também o foi.
– O carnaval tem uma história que vem da Colônia, com o chamado entrudo, em que as pessoas jogavam água, farinha, xixi umas nas outras – conta Santos. – Com o fim do Império, ele começa a incorporar os batuques africanos; o Rei Congo, em que os negros representam suas realezas. Na virada do século XX, quando o Rio vive um período importante de modernização, começa também a importar aspectos do Carnaval europeu, do Rei Momo, do Pierrô e da Colombina. Então, esse momento da virada do século, é justamente o momento em que o carnaval começa a ganhar uma aceitação social mais ampla.
E é também na virada do século, mais precisamente em 1896, que o futebol entra no país. Junto com a noção de territorialidade, dois importantes símbolos nacionais.
– Ou seja, dois dos mais fortes simbolo nacionais são bem recentes – afirma Santos. – Símbolos da identidade que parecem eternos e muito antigos, na verdade, não o são. É o mesmo caso da extroversão e alegria do brasileiro que é bem recente.
Mas, como frisa o pesquisador, não se tratam, necessariamente, de noções construídas pelo Estado.
– O Estado tem um papel importante, mas ninguém controla a construção da identidade – diz o diplomata. – Há uma circularidade das ideias. As massas, as classes subalternas trabalham as ideias. O produtos final, ninguém controla. Não há exatamente uma pessoa conduzindo o processo.
Por falar em crescimento: impossivel com nossa taxa de investimento
Érica Fraga
Folha de S.Paulo, 04/03/2011
A taxa de investimento brasileira está entre as mais baixas do mundo emergente e, segundo pesquisa recente do Banco Central com analistas, permanece muito aquém do necessário para garantir crescimento de 5,5% ao ano. Depois de crescer a um ritmo recorde de 21,8% em 2010 (apesar de forte desaceleração no último trimestre), investimentos em máquinas e instalações produtivas atingiram o equivalente a 18,4% do PIB. Essa taxa de investimento representa recuperação em relação aos 16,9% de 2009, mas seguiu abaixo do nível pré-crise, de 19,1% em 2008.
Entre um grupo de 20 países considerados emergentes pela Bolsa eletrônica S&P, o Brasil está entre os três que menos investem (na frente apenas de Egito e Filipinas). De acordo com Robert Wood, analista de Brasil da consultoria EIU (Economist Intelligence Unit), na América Latina, países como Peru, Chile e Colômbia têm conseguido aumentar suas taxas de investimento para níveis próximos a 25% do PIB. Já China e Índia atingiram taxas de investimento próximas de 47% e 32% do PIB, respectivamente, em 2010.
A taxa de investimento do Brasil -baixa em comparação com a de seus pares- limita a capacidade de expansão econômica do país. O BC fez um levantamento recente com analistas do mercado financeiro em que perguntou que taxa de investimento seria “condizente com um crescimento potencial de 5,5%”. Em média, a resposta foi 24%, quase seis pontos percentuais acima do patamar atual.
Crise economica, divida publica, inflacao: quem sabe uma rezinha?
Em todo caso, eu estava lendo uns materiais sobre a inflação brasileira, o descontrole fiscal deixada em herança maldita pelo Lula, e também sobre a enorme dívida pública sendo construída nos EUA, como resultado de todas essas medidas keynesianas de gastança dirigida pelo governo Obama (mas começou com Bush), quando, não mais que de repente, me entrou na caixa uma singela oração, certamente enviada por uma crente sincera a este irreligioso renitente que sou.
Quase apago, e coloco a remetente no Junk Mail, mas pensando bem, resolvi não apenas salvar como postar aqui.
Quem sabe pode ajudar o Mantega, o Geithner, o Bernanke, a própria Dilma e o Obama, nessas agruras que eles enfrentam, atualmente, para combater, a primeira a inflação e o descontrole fiscal, o segundo a enorme dívida pública ascendente?
Nossa Senhora dos Impossíveis (sem copyright...)
Prece Milagrosa de Nossa Senhora dos Impossíveis Sempre que você se encontrar diante de uma difícil situação, onde suas forças e seus conhecimentos não são capazes de resolver, não caia em pânico. Peça ajuda à Nossa Senhora dos Impossíveis Oração Ò Incomparável Senhora dos Impossíveis, Mãe de Deus, Rainha dos Anjos, Advogada dos Pecadores, Refúgio e Consolação dos Aflitos, livrai-nos de tudo o que possa ofender-vos e a vosso Santíssimo Filho, meu Redentor e Querido Jesus Cristo. Virgem bendita dê proteção a mim e a minha família das doenças, da fome, assalto, raios e outros perigos que possam nos atingir. Soberana Senhora dirige-nos em todos os negócios Espirituais e Temporais. Livrai-nos das tentações do demônio para que trilhando o caminho da virtude, pelos merecimentos de vossa puríssima Virgindade e o preciosíssimo sangue de vosso Filho, vos possamos ver, amar e gozar da eterna glória, por todos os séculos. Amem! Nossa Senhora Dos Impossíveis O título de Nossa Senhora dos Impossíveis vem do fato de ter acontecido com Nossa Senhora três coisas humanamente impossíveis, a saber; Maria concebida sem pecado original Maria Virgem e Mãe Maria Mãe de Deus
Brasil fora do mapa da Apple: nosso atraso monumental
On 05/03/2011, at 14:22, Rxxxxxxx Axxxxxx wrote:
Mensagem enviada pelo formulário de Contato do SITE.
Nome: Rxxxxxxx Axxxxxx
Cidade: Brasilia
Estado: DF
Email: xxxxxxx@hotmail.com
Assunto: Sem assunto
Mensagem: Apenas compartilhando uma matéria revoltante:
http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/50961_FORA+DO+MAPA+DA+APPLE
Como explicar que o país com o quinto maior território e população, e com a \"sétima\" maior economia do mundo tenha ficado fora dos países selecionados pela Apple para o lançamento do Ipad 2? É o governo nos \"protegendo\" dos malignos produtos estrangeiros?
==========
Ao que eu respondi assim:
Rxxxxxxx,
Se voce olhar o Brasil a partir de fora, ou seja, permanecendo no exterior certo tempo para fazer as comparações necessárias, você constatará facilmente como o Brasil é ridiculamente atrasado em relação a qualquer país asiático, com PIB e população muito inferiores aos nossos.
O Brasil não é atrasado absolutamente, mas relativamente somos atrasados em função de governantes caolhos, empresários protecionistas e um Receita Federal e outros órgãos reguladores absolutamente ridiculos.
Não sei se voce sabe mas o iPad (que agora podemos chamar de 1) foi licenciado para comercialização no Brasil apenas OITO (8) meses depois de lançado internacionalmente. Claro, a Anatel precisava fazer os testes para ver se o tablet não ofendia nenhum dos nossos maravilhosos critérios de segurança e de proteção ao consumidor.
Se você comparar os preços de produtos da Apple nos EUA e no Brasil, você constatará que com o preço de UM pago no Brasil, você poderia comprar DOIS nos EUA.
Estas são apenas algumas facetas de nosso atraso, que é sobretudo mental...
---------------------
Paulo Roberto Almeida
Eu me permito agora acrescentar os seguintes comentários, depois de ter lido a matéria (boa, que recomendo, com reservas) aos leitores) da revista acima indicada.
Não é a Apple que exclui o Brasil do seu mapa, é o Brasil que se exclui, voluntariamente, do mapa da Apple, por diferentes motivos, todos estúpidos e lamentáveis: alta carga de impostos, dificuldades burocráticas na importação, enfim, todos os entraves self-damaging que vocês possam imaginar.
Não preciso dizer que somos extorquidos pela Receita e pelos altos lucros dos intermediários e comerciantes em virtude da baixa concorrência vigente no mercado brasileiro.
Acreditem: SOMOS ATRASADOS, e o pior é que ainda não nos demos conta disso....
Paulo Roberto de Almeida
sexta-feira, 4 de março de 2011
Brasil-Estados Unidos: visita de Obama - entrevista Frank D. McCann
Paulo Roberto de Almeida
Nota em 5/03/2011:
Um leitor deste post chama a atenção para a seguinte frase de McCann (destacada no seu comentário):
"For the first time in all the years I have studied Brazil, I thought that Brazilian government spokesmen seemed arrogant."
Bem, ela se refere especificamente à política externa de Lula, caracterizada por um anti-americanismo infantil e um desejo meio estúpido de confrontar os EUA, apenas pelo gosto de se mostrar independente ou anti-hegemônico. Coisas do petismo rudimentar...
Entrevista com Frank D. McCann, historiador brasilianista
O Estado de S. Paulo
O Estado de S. Paulo
1) Qual é a expectativa do senhor, um acadêmico americano que há tanto tempo estuda a história brasileira, tem da visita do presidente Obama ao Brasil?
Well, Wilson, I always hope for the best. A state visit by an American president is important and can have long lasting results. Franklin D. Roosevelt’s visit in 1936 cemented his friendship with Getulio Vargas which contributed to Brazil joining the Allied side in World War II and opened a period of intense relations that led to Brazil’s industrialization. Today Brazil is much more important than it was then, and I hope that Obama acts accordingly.
2) Qual é o balanço que o senhor faria da história das relações entre Brasil e EUA?
The history of relations between the two countries is dense and deep, reaching back to the late 1700s. Their relations have been marked by continuous trade, American suspicion of monarchial government and Brazilian worries about republican subversion, Brazilian fear of American interest in Amazonia, Brazilian dependence on the American coffee market, American worries over British influence, then German influence, and finally communist subversion. The United States has been a continuous presence in the Brazilian mind, while Brazil has been a rather vague one in the American mind. Underlying placid, generally friendly relations there has been tension that never rose to violence, but never completely disappeared. This tension was especially curious because so much of it seems to have been generated on the American side. Moreover, it existed regardless of the type of government ruling Brazil. Monarchial, republican, nationalist, developmentalist, left-leaning, right-wing military, and civilian-centrist governments have all had their share of problems with the United States. In recent decades as the United States pressured Brazil to end its atomic program, and more recently questioned why Brazil wanted to have atomic submarines, it never seems to have entered the minds of American leaders that Brazilians do not trust the United States to remain forever friendly. Washington failed to understand that when it ordered the invasion of Panama, the attack on Grenada, and the two wars against Iraq such actions made Brazilians nervous and somewhat suspicious.
The resurrection of the US Fourth Fleet was a perfect example of Washington’s tone deafness when it comes to understanding how its actions are viewed by others. That fleet number had been first used in World War II to designate the American naval forces based at Recife. That experience was generally positive for the Brazilian navy. The fleet was deactivated after the war, so its reactivation and its mission in regard to the Caribbean and the South Atlantic required careful explanation. But the official explanation was vague at best.
It turned out that the Fourth Fleet has no ships of its own, that it is merely a headquarters that has to request the loan of ships in case of some operation. It is not the powerful instrument of American power that many commentators in Brazil feared. Unnecessarily its “reactivation” raised the level of tension in Latin America and certainly in Brazil
One of the problems is that Washington thinks of Brazil as part of Latin America, when it should be thinking of it on its own terms first, and only secondarily as it relates to the countries around it. The reality is that Obama is making a Latin American tour, Brazil, Chile, and El Salvador, he is not just coming to see Brazil and its leaders. It is obvious that there is no commonality among the three countries that he will visit, they are just a grouping that satisfies some odd ideas that the State Department developed for this trip. Brazilians can consider their country truly important when foreign leaders go there and not make a grand tour.
3) É possível comparar a vinda de Obama com outras visitas de presidentes americanos ao Brasil?
Yes, the history of such visits is quite interesting. But,first, I should say that no American president has matched the standard set by Emperor Pedro II’s 1876 tour of the United States. The Emperor traversed the United States from New York to San Francisco, Chicago to New Orleans, Niagara Falls to Boston, and opened the Centennial Exposition in Philadelphia. It was a truly extraordinary event. He was the only reigning monarch to visit the US in the 19th century.
Theodore Roosevelt was the first president to ever leave the country when he visited the Panama Canal construction in 1906. After leaving the White House he, of course, made his famous journey with Colonel Rondon through Mato Grosso and Amazonia. Herbert Hoover, between his election and inauguration, made an extensive tour of Latin America that included a stop in Rio de Janeiro in 1928.
The first sitting president to visit Brazil was Franklin D. Roosevelt in November 1936. In a way that visit was a model for later ones, because he was en route by ship to Buenos Aires for an inter-American conference. During his stop in Rio de Janeiro he dined with President Vargas and addressed the congress. He emphasized the history of friendly peaceful relations between the two countries, characterizing them as being a “brotherhood.” He declared that “The fine record of our relations is the best answer to those pessimists who scoff at the idea of true friendship between Nations.” Although FDR was a political realist I think he did believe, or at least hoped, in true friendship between our governments and peoples. Unhappily, his idealism did not survive his presidency. He visited again in January 1943, at Belém and Natal en route and returning from the Casablanca conference. His meeting with Vargas in Natal was a key event in wartime relations. But note in both cases he was here because of a journey to somewhere else. He did not come solely because of Brazil’s importance. This kind of stop over became part of the model for American presidents traveling abroad.
Harry S Truman flew to Rio de Janeiro for the September 1947 Rio Conference (Inter-American Conference for the Maintenance of Continental Peace and Security); he spoke at the conference in Petrópolis, addressed the congress and attended the Sete de Setembro military parade. President Truman hosted festivities on the battleship USS Missouri, which had arrived to take him back home. He visited Brazil but only saw the capital and the road to Petrópolis. His primary purpose was to attend the conference.
His successor, Dwight Eisenhower came for three days in February 1960, stopping in Brasília, Rio de Janeiro, and São Paulo, as part of a tour that landed in Argentina, Uruguay, and Chile. The visit was made sadly memorable by the disaster of the plane that carried the US Navy band crashing into Pão de Açucar while trying to land at Santos Dumont.
It took until March 1978 for the next president to travel to Brazil in the person of Jimmy Carter. He came not as part of a Latin American tour but as part of a South Atlantic tour. After Brasilia and Rio de Janeiro he flew to Lagos Nigeria. Ronald Reagan returned to the Latin American tour model by visiting Brasília and São Paulo on November 30 through December 3, 1982, then flying off to Colombia, Costa Rica, and Honduras. His visit is best remembered by his awkward toast in Brasília, “to the people of Bolivia”! George H.W. Bush spent a day in Brasilia, in December 1990, before hurrying off to Montevideo, Buenos Aires, Santiago, and Caracas. In June 1992 he returned to Rio de Janeiro for the Earth Summit. He only visited the Cidade Marvelhosa, and at least did not then go to another country. Bill Clinton maintained the tour model in October 1997 stopping in Venezuela, Brazil, and Argentina. In Brazil he did the triangle of Brasilia, São Paulo, and Rio de Janeiro in two days. George W. Bush, returned President Lula’s visit to Washington by spending a day at the Granja do Torto in November 2005 then flying off to Panama for a day. He returned in March 2007 for a day in São Paulo, thence to Uruguay, Colombia, Guatemala, and Mexico for a day each.
Wilson, please excuse this tedious listing but it shows clearly that Obama is following the Latin American tour model. Clearly such visits have little to do with real diplomacy and much to do with projecting an image.
4) O que significa o fato de Obama ter dito que o presidente Lula era “o cara”, mas não ter vindo ao Brasil durante o governo Lula, e agora fazer uma visita de Estado com Dilma Rousseff há menos de três meses na Presidência?
You would have to ask President Obama what he meant by “o cara”. I don’t know what word he used in English. Perhaps he meant that Lula was “the guy”, the man, which in street talk would have been positive. Why he did not make a visit during Lula’s government is a bit strange, but he had a lot to do to correct some of the mess the Bush people left behind. In fact why he would leave the United States now, while it is in the midst of such a terrible economic and political crisis is a question that should be asked.
Frankly speaking, the Lula government projected a tone that felt mildly hostile to the United States. I said tone because there were no acts of hostility but an oddly antagonistic feeling. For the first time in all the years I have studied Brazil, I thought that Brazilian government spokesmen seemed arrogant. Certainly Brazilians were right to be upset with the failure of Washington to prevent the financial disaster. As the elections in November showed the American people are angry about it too.
It is a bit trivial but it is possible that Chicago’s loss of the Olympics to Rio de Janeiro may have affected Obama’s attitude a bit. After all he did campaign personally for his city and he is not a man who enjoys losing.
Lula’s embrace of Chavez makes sense from the perspective of Brasilia, but his enthusiasm looks odd to Washington. The same is true of his relations with Mahmoud Ahmadinejad of Iran, as did the quixotic attempt with Turkey to negotiate an end to the danger of Iran developing an atomic bomb. The Obama administration was put off, not because Brazil did not have the right to use its diplomatic influence, but by the way it was done. The tone was off key.
5) Podemos dizer que Brasil e EUA vivem o seu período de maior afastamento ou houve outros períodos piores?
I do not think “afastamento” is the right word. During the last years trade has been very active, the Brazilian migrant or immigrant population is huge, Brazilians are investing heavily in the United States. And, of course, tourism continues strong and investment in Brazil is at all time high levels. The tension that I mentioned earlier has been higher than usual these past few years. But we have successfully weathered worse periods. The trade competition with Nazi Germany in the late 1930s was potentially much worse, but had a happy outcome.
6 ) O que contribuiu para o atual afastamento?
I think both sides failed to understand how the other perceived their words and actions. There is an impatience among some in the Brazilian government to see Brazil accepted as a world power. They are impatient for Brazil to have its rightful place in the world. I imagine that most educated Brazilians are tired of the idea of the country of the future. They want the future now. Brazil is not a country most Americans immediately think of as a world power. In fact Brazil is not a country that most Americans think of at all. The vast majority of Americans know very little, if anything, about Brazil, partly because it is rarely taught about in schools and universities. Portuguese is rarely taught in the universities. There is little financial support nationally for Brazilian studies except in a handful of institutions. The Brazilian government has arranged support for programs in a few prestige universities, but this has had little impact nationally. So it is not surprising that leaders in the two countries do not easily understand each other’s point of view.
If you read the speeches that American presidents from FDR to George W. Bush have delivered in Brazil you will see a lot of similarity. They all speak of friendship, of alliances, of potential, of great natural resources, of a dynamic people, and of economic growth. They call Brazil a regional leader, as Nixon said, “so goes Brazil, so goes South America.” But they do not think of it as an equal. They have difficulty seeing the world from the perspective of Brasília. For Obama to talk of forging “new alliances” is to serve old wine in a new bottle. I can’t imagine that such phrases excite anyone in the Itamaraty and worse I doubt that there is any reality behind them.
7) De que forma a política americana em relação ao Brasil também influiu para que os dois países se afastassem?
Again it is a matter of perspective. Washington does not see Brazil as itself, American leaders see it as part of Latin America, as the pattern of the presidential tours shows. Obviously, Brazil is today much more connected to its neighbors than it was fifty years ago, but it still does not see itself first and foremost as Latin American. It is Brazil, first and foremost, Brazil above all.
Unfortunately this difference in perspective is deep seated in the United States. Even in the universities, if Portuguese is taught at all, it is taught in Departments of Spanish. It would be interesting to know how many of the people in Obama’s entourage speak Portuguese fluently.
8) O que causou mais estragos à relação Brasil-EUA: a iniciativa brasileira (e turca) junto ao Irã, na questão nuclear, ou a posição do Brasil em relação à crise de Honduras?
The Obama administration reacted coldly to Brazil’s initiatives regarding Iran and Honduras. In neither case was the State Department expecting Brazilian involvement. It might have been American haughtiness, but certainly Washington was insensitive to Brazil’s interests in both cases. I wonder what kind of communications had gone on between the Itamaraty and the State Department? Mrs. Clinton seemed surprised and a bit annoyed in her comments about both cases. The two governments can’t develop supportive positions unless they are talking regularly and deeply. Of the two cases I found the Honduras one the most disturbing. Washington, in effect, was supporting or at least accepting a coup d’etat, while Brasilia was saying that it was not acceptable. Considering that Brasilia has had much more direct experience with coups than Washington has had, you would think the Americans would pay more attention.
9) A postura do Brasil no caso iraniano inviabilizou qualquer esperança brasileira de ir permanentemente para o Conselho de Segurança das Nações Unidas ou há outros motivos para a resistência americana à pretensão brasileira nesse sentido?
This is one of the most difficult questions in Brazilian-American diplomatic history. Brazil is one of the founders of the United Nations. Even in the dark days of World War II the State Department carefully consulted then foreign minister, Oswaldo Aranha, about his ideas for the new organization. Brazilian diplomats were active in the negotiations at the formative conferences at Chapultepec and San Francisco. Aranha was, of course, the first president of the General Assembly. I think that if FDR had lived he would have insisted that Brazil have a seat on the Security Council. Looking back it is very odd that two failed, even conquered, countries, France and China were given seats and veto power. We know that the British and the Russians opposed a Brazil’s membership, thinking that it would be an echo of the United States.
For Washington to now support India, over Brazil, is to violate the history since World War II. India was a mere colony when the UN came into existence. That does not mean it should be ignored, just that Brazil has a more senior claim that should be respected.
10) Qual é a visão que o governo Obama tem do Brasil, hoje?
I doubt that Obama has thought seriously about Brazil or its role in the world. If he had, or if his closest advisers have, he would not be doing another tour of Latin America but would be doing one solely of Brazil. To talk of trade with Chile or El Salvador, countries with populations of 15.2 million and 6.9 million is strange, when there could be much more trade with just the states of São Paulo and Minas Gerais, with their populations of 41 million and nearly 20 million respectively. Size matters, but seems to get diminished in the State Department. He will likely speak the same old platitudes and avoid strong backing of Brazil in the United Nations. It is odd in the extreme that the United States has negotiated trade agreements with small countries and has not done so with Brazil. Obama’s advisors should be constantly telling him that 200 million Brazilians and their seventh-ranked economy are important to the United States, or should be important.
11) Quais serão os temas críticos da visita?
Necessarily President Obama wants to strengthen the relationship. Trade dynamics will probably be discussed. The American subsidies of agriculture, particularly cotton, must be on the table. Likely there will be discussion of Iran’s nuclear ambitions and what can be done about them. Nice things will be said about Egypt and worries will be expressed about Libya, unless that crisis has been resolved by the time of the visit.
Hopefully there will be talk of importing Brazilian ethanol fuel into the United States. Domestic politics has delayed and side-tracked free entry and has raised pointless barriers, even while Washington has preached free trade to the world.
Apparently the Americans will be offering assistance with civil security for the coming 2014 World Cup and the Summer Olympics in 2016. I hope they recall that Washington has a checkered history with such assistance in Brazil. How much assistance the Americans can offer in controlling the narcotics problem in Brazil seems problematical. They have been singularly unsuccessful in controlling the narcotics trade in their own country or stopping the stream of drugs from Mexico.
It will be interesting to see what Obama has to offer regarding the FX2 jet fighter. France won out some years ago selling helicopters to Brazil by bribing decision-markers in Brasília. French law allows that sort of thing but American law forbids it. A multi-billion dollar contract would go a long way toward bringing the two militaries closer and would stimulate collateral trade deals.
And, of course, looming over these conversations is the Chinese giant. For the first time since the 1930s the United States is no longer Brazil’s major trading partner. The Chinese purchases of iron ore, other minerals, and soy beans have overwhelmed the American position. They have overwhelmed the Brazilians as well. The scale of the Brazil-China trade has no equal in Brazilian history. Both the Brazilians and the Americans are worried and uncertain what to do, so they both have reasons to find ways to manage the Chinese giant.
Foreign Minister Antonio Patriota will make the Americans feel comfortable. He speaks English with a near American accent and that will have a soothing effect. Unhappily the American side does not speak Portuguese in equally comforting tones.
12) Comenta-se no Brasil que o presidente Obama poderia intervir na licitação para compra de caças por parte da Força Aérea Brasileira, para ajudar a Boeing na disputa contra a Rafale (França) e Saab (Suécia). O que poderia acontecer? Uma oferta mais ampla, envolvendo garantias de transferência de tecnologia?
Washington has been signaling that it is willing to share the technology which could be a huge boost to Brazil’s aviation industry.
13) Brasil e EUA também têm conflitos na área comercial, com sobretaxas americanas sobre produtos brasileiros comprados pelos americanos, como etanol, suco de laranja etc. Há alguma possibilidade de Obama oferecer alguma boa mudança para o Brasil nessa área?
Wilson, you’ll have to ask the White House and State Department on this one. If Obama is smart that is exactly what he will do. Unfortunately, the contrary political pressures in the United States are very strong and very short-sighted about such things.
14) Apesar das divergências com os EUA, o Brasil pode argumentar que fez o seu “dever de casa” (home work). É um país formalmente democrático, que respeita os foros internacionais, aberto ao capital estrangeiro, signatário do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, participa de operações de paz das Nações Unidas, assinou o Regime de Limitação de Tecnologia de Mísseis. Nada disso é suficiente para que o Brasil tenha sua cadeira permanente no Conselho de Segurança?
I think it is more than sufficient. Brazil should have had the seat decades ago. Unfortunately the United States does not have complete power to make such a decision. The British, Russians, French, and Chinese have a say. Brazil should pressure the Chinese to speak in its favor. President Obama should loudly and energetically support Brazil’s membership, but I do not know if he will.
15) O que deverá ficar de saldo dessa visita?
Honestly, I hope it deepens relations, but I doubt that it will. The history of such trips does not encourage me. The tour model of such trips necessarily weakens the possible impacts and confuses the thinking of the travelers. It is a shame that President Obama is not taking this opportunity to go to Salvador da Bahia, likely the most African city in the Americas. It would make have a huge influence on African Americans to see their first brother in the White House swaying to the rhythms of Olodum in the Pelourinho. And who knows what else he might have learned and might have stimulated.
Frank D. McCann
Professor of History Emeritus
University of New Hampshire
5 March 2011
Como o Estado rouba os cidadaos: um exemplo prático...
IR: Mantega já fala em aumentar os impostos
Para garantir a correção da tabela do Imposto de Renda em 4,5%, prometida pelo governo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu ontem até o aumento de outros tributos. Segundo o ministro, o governo deixará de arrecada R$ 1,6 bilhão com a nova correção. Com isso, terá de fazer novos cortes, ou ajustar algum imposto.
INACREDITÁVEL!!! (palavrões, palavrões)
Eu me pergunto o que passa na cabeça de um personagem patético como esse que responde pelas finanças do país (na verdade avança sempre que pode sobre nossos bolsos e sobre o caixa das empresas). A Receita Federal provavelmente o secunda, dizendo: "vamos perder x bilhões, teremos de cobrar mais em algum outro lado...".
Não sei se o leitor que me lê se deu conta da enormidade do CRIME ECONÔMICO que comete o governo com essa "promessa".
A correção da tabela do IR não é um favor que o governo nos faz, e se fosse ainda assim seria errado e insuficiente.
A correção da tabela é simplesmente a eliminação do imposto inflacionário que o próprio governo criou, em proporção bem maior do que os 4,5%, ao emitir dinheiro de forma irresponsável, ao criar crédito de forma igualmente irresponsável, ao produzir déficit e dívida pública com suas finanças irresponsáveis.
A meta de 4,5% de inflação não foi atingida, foi mais do que superada, e ainda assim o governo quer nos fazer engolir, além da inflação, um imposto adicional que é a erosão do poder de compra da nossa moeda (que eles quando eram oposição se posicionaram contra).
Ou seja, além de corrigir a menos (e nos roubar o naco não coberto pela correção), o governo ainda quer cobrar mais impostos.
Ele não está perdendo absolutamente nada, pois continuará a cobrar os mesmos impostos, apenas que sobre um valor corrigido, que é o que ele nos tirou ao manter uma meta inflacionária muito alta (e esse ministro se opôs a que ela fosse baixada quando a oportunidade se apresentou).
Bando de ladrões, é o que posso xingar...
Paulo Roberto de Almeida
A Receita Federal como ogro famelico: querem taxar o que nao tem custos para o pais
Ela é a coisa mais próxima que se possa imaginar de um Big Brother extorsivo, predatório, eu até diria pedófilo, pois avança pornograficamente sobre tudo e sobre todos, sem distinção de idade, cor, religião, sexo ou orientação política. Ela só é (aparentemente) leniente com políticos corruptos.
(Eu escrevi aparentemente entre parênteses para que algum "adevogado" d RF não manifeste a intenção de me processar, pois aí a multa seria milionária e eu não teria condições de pagar, mas sabemos que a realidade é essa mesma.)
Retomo, mas creio que não preciso ir muito longe, e deixar vocês com a leitura da matéria absolutamente surrealista que segue abaixo.
Qualquer pessoa normal imagina que o Estado cobre impostos dos cidadãos como contrapartida de serviços que ele presta, prestou ou prestará a esses cidadãos, nós, que somos bobos a ponto de acreditar na teoria da tributação equitável, justa, transparente, eficiente, etc...
Pois bem, eu fico pensando mas não consigo determinar qual é o serviço que o Estado me presta quanto eu faço um download internacional e uso aquele arquivo para meu usufruto pessoal.
Em quê, quando, como o Estado brasileiro me ajudou em algo nisso, ou teve alguma despesa com o meu download?
Por que a Receita pretende cobrar por algo que ela não fez NADA, nadicas de peteberebas, para que eu tivesse o meu arquivo carregado a partir de um servidor no exterior?
Onde a RF pensa que está?
Em que país a RF pensa que trabalha? Na Líbia do Coronel Kadafy? Numa República Bolivariana aqui pertinho?
Olha aqui RF, o que eu penso de você: &*¨%$#+@!"?:>*<#$
Interprete como quiser, passe bem até logo.
Paulo Roberto de Almeida
Download de filme digital paga imposto de importação
Andréia Henriques
DCI, 3/04/2011
A Superintendência da Receita Federal da 8ª Região Fiscal (São Paulo) emitiu um entendimento polêmico: em solução de consulta do final do ano passado, definiu que incide imposto de importação na aquisição de filmes digitais transferidos do exterior ao adquirente nacional por meio eletrônico. Essa foi a primeira vez que o fisco se manifestou sobre a incidência do tributo para downloads de filmes feitos pela Internet, mas a orientação pode ter sua base legal questionada e eficácia comprometida na prática.
Na solução de consulta nº 421, a Receita novamente se manifestou sobre a não incidência do imposto de importação (II) no download de softwares, já que, no caso, não existe suporte físico (uma mídia, como o CD, DVD ou película) nem desembaraço aduaneiro, exigências feitas pela legislação que disciplina o tributo. Em outras palavras, o software tem tratamento específico: o imposto incide sobre o suporte e não sobre o programa em si, que não é considerado uma mercadoria e sim um serviço, com incidência de Imposto sobre Serviços (ISS).
O Supremo Tribunal Federal (STF), presidido pelo ministro Cezar Peluso, em decisão do ano passado entendeu que o Estado do Mato Grosso pode cobrar Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre softwares comercializados por download.
"Entretanto, a Receita Federal aplicou a regra excepcional dos softwares (incidência sobre o suporte físico), para chegar à conclusão de que, como não existe previsão de incidência somente sobre a mídia de filmes (que, como os CDs de música, são considerados mercadorias e não serviços), deve haver a incidência do imposto sobre tudo, ainda que a aquisição seja feita via download (ou seja, sem desembaraço aduaneiro)", explica o advogado Mauricio Barros, do Gaia, Silva, Gaede & Associados.
Segundo ele, como não há regra para incidência de impostos para filmes baixados como há previsão para softwares, foi feita uma interpretação distorcida para cobrar algo que não é devido. "O entendimento é de que o II recai sobre o todo, sem diferença entre suporte e conteúdo. Mas é preciso ter mercadoria, um bem tangível, o que não existe no download de filmes", diz.
Para Barros, é difícil antecipar o desenrolar da solução, especialmente porque o download de filmes pagos, oferecidos por grandes empresas, é feito por pessoas físicas. "Duvido que a Receita vá atrás disso. Não há na legislação dizendo como o II deve ser cobrado e em que momento nesses casos", diz o especialista.
De acordo com o advogado, empresas como revendedoras ou redes de compartilhamento pago de filmes podem ser fiscalizadas e sofrer impactos. "Mas o contribuinte está aparelhado para derrubar uma possível autuação. A argumentação é muito frágil." Mauricio Barros afirma que o download de filme não deve ter incidência de nenhum tributo.
Rogerio Zarattini Chebabi, do Braga&Marafon; Consultores e Advogados, analisa que a solução não esclarece uma dúvida: já que há incidência de imposto de importação sobre dados, ainda que contenham músicas, filmes ou análogos, porém sem meio físico, como calcular a alíquota ou alíquotas do II se não há como executar a classificação fiscal destes produtos na Tarifa Externa Comum (TEC).
"Todo produto importado, para ser tributado, tem que ser previamente classificado. Para tanto é preciso analisar as notas explicativas do sistema harmonizado (NESH), e ela em hipótese alguma explicita que é possível tributar filmes sem que estejam em meio físico", afirma Chebabi. Assim, não há como classificar a incidência e não há como saber qual a alíquota.
"Tanto a TEC quanto a NESH não acompanharam a inovação criada pela possibilidade de downloads de filmes e músicas, e precisam ser urgentemente modificadas sob pena de impossibilidade de incidência do II nestes casos e eficácia incompleta da solução de consulta", completa Chebabi, lembrando que a solução pode ser mudada.
A Receita, na solução de consulta, analisou literalmente o Regulamento Aduaneiro (Decreto nº 6.759/2009). O artigo 81, citado como base legal, diz que o valor aduaneiro de suporte físico que contenha dados ou instruções para equipamento de processamento de dados (computadores) será determinado considerando unicamente o custo ou valor do suporte propriamente dito. O parágrafo 3º do mesmo artigo, utilizado para justificar a incidência do II, coloca que as gravações de som, cinema ou vídeo não seguirão a mesma sistemática. Ou seja, segundo Chebabi, o fisco entendeu que esse produtos, baixados, fogem da regra da não incidência de imposto de importação.
Homenagem a um grande jornalista: Nahum Sirotsky - Gustavo Chacra
De vez em quando abro uma exceção para algum post "desviante", mas que se justifica por essas interfaces tomadas em sentido lato.
Como é o caso deste veterano jornalista que merece nossa homenagem.
Paulo Roberto de Almeida
Nahum Sirotsky – O jornalista brasileiro que cobre o Oriente Médio desde a criação de Israel
Gustavo Chacra
Blog no Estadão, 03.março.2011 20:32:20
Atores sonham em ir para Hollywood ser estrelas de cinema. Para nós, jornalistas de Inter, a Califórnia é o Oriente Médio. Alguns podem preferir Beirute. Outros têm como destino Israel. Ao longo destes anos cobrindo esta região para o Estado e para a Folha, conheci muitos repórteres brasileiros que se mudaram para Tel Aviv e Jeursalém.
A Guila Flint, da BBC, que já conversou com o blog no passado. O Marcelo Ninio, que neste momento está em algum lugar da Líbia e ocupa o cargo de correspondente da Folha em Jerusalém. A Renata Malkes, de O Globo, que conhece a Cisjordânia como poucos no Brasil. A Daniela Kresh, com quem cobri as eleições israelenses em 2009. A Nathalia Watkins, atual repórter do Estadão em Tel Aviv. O Michel Gawendo, que deixou os jornais e foi para a TV. O Alberto Gaspar, da rede Globo, que entrou junto comigo em Gaza nos dias seguintes ao cessar-fogo. E o Gabriel Toueg, que acaba de retornar ao Brasil depois de publicar reportagens em quase todos os órgãos da imprensa brasileira em seus anos de Israel.
Estes jornalistas não ficam apenas no lado israelense. Também viajam para Ramallah, Hebron, Gaza e Nablus. E o patriarca dos jornalistas brasileiros em Israel se chama Nahum Sirotsky. Este repórter gaúcho cobre o conflito no Oriente Médio desde o dia da criação do Estado israelense. Acreditem, ele estava nas Nações Unidas em 1947. A história do Nahum será contada abaixo pelo Gabriel Toueg, que representa esta nova geração. Depois, o próprio jornalista dá um depoimento e responde a uma pergunta do blog. Além disso, o Gabriel é quase um neto para o Nahum
“Ele viu de perto guerras, guerrilhas civis, entrevistou políticos brasileiros e estrangeiros no um-a-um, viveu o jornalismo dos anos que o futuro chamaria de “dourados”. Hoje, aos 85, quase setenta deles dedicados à profissão, Nahum Sirotsky vive em Tel Aviv de onde segue trabalhando diariamente, apesar de ter dois dedos – um em cada mão – quebrados pela ditadura militar. Casado com a atriz e escritora Beyla Genauer, que vive no Rio, Nahum tem um filho e cinco netos morando em um assentamento judaico ultraortodoxo perto de Jerusalém. Ele foi foca de Joel Silveira, lançou Paulo Francis e Alberto Dines, trabalhou com Chatô e Roberto Marinho, conheceu o mafioso Frank Costello e ganhou um charuto das mãos de Che Guevara.
No final da década de 1950, Nahum foi o homem à frente da revista Senhor, que revolucionou o mercado editorial da época. “O primeiro número me fez chorar, foi um sucesso”, conta. Dirigindo a revista, ele reuniu nomes como Jaguar, Clarice Lispector, João Guimarães Rosa, Carlos Scliar, Rubem Braga, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Sabino, Millôr Fernandes, Jorge Amado, Carlos Heitor Cony, Vinicius de Moraes… Ao deixar a revista, Nahum partiu para a carreira diplomática. Era 1961. Ele voltou como adido na Embaixada do Brasil nos EUA, onde quinze anos antes fora o primeiro correspondente brasileiro na ONU, para o jornal O Globo.
Em 1966 Sirotsky visitou pela primeira vez o país que, na ONU, vira ser criado, ao acompanhar a partilha da Palestina britânica em 1947. Como adido de imprensa da Embaixada brasileira em Tel Aviv, ele viu de perto a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Ao deixar o cargo, em 1971, Nahum passaria a trabalhar durante dois anos como correspondente, ao mesmo tempo, do Estadão, assinando com o pseudônimo “Nelson Santos”, e do Jornal do Brasil. “’Nahum Sirotsky’ era exclusividade do jornal carioca. O pseudônimo passou a escrever melhor e passou a receber mais correspondências e elogios que o original”, brinca.
Na época, cobriu outra guerra: a do Yom Kipur, em 1973. Mais de vinte anos depois, o jornalista voltou a se estabelecer em Tel Aviv, onde desde então vive e trabalha para o portal IG e o jornal Zero Hora. Durante uma cobertura na Cisjordânia ele levou de um garoto palestino uma pedrada no joelho. “Até isso valeu”, diz, apesar de caminhar com dificuldade até hoje.
Sobre a atividade na região, comenta: “aprendi logo na reportagem internacional que a primeira coisa a procurar é quais são os interesses em jogo – o que interessa a quem. A partir daí chega-se às informações. Quando cheguei ao Oriente Médio, descobri que isso não bastava. Era talvez suficiente para entender as políticas das nações ocidentais, mas não para entender as culturas daqui. O mais difícil é entender o que interessa e a quem. Mas eu precisei aprender o bê-a-bá, estudar história, geografia, fundamentos das religiões, para poder então começar a me orientar. .” (Gabriel Toueg)
Depoimento de Nahum Sirotsky
“Estava em Nova York em 1947 como primeiro jornalista brasileiro na ONU. Acompanhei o processo de divisão do que restava da Palestina entre uma área judia e outra árabe. O Oswaldo Aranha presidia a Assembléia Geral Especial das Nacões Unidas. Quando o Estado de Israel foi proclamado, por Ben Gurion, eu estava no Brasil. Ele teve a coragem de criar um país com menos de 600 mil habitantes que por milagre sobreviveu à primeira guerra contra os árabes. Se não me falha a memória, foi coberta pelo Samuel Weiner para os Diários Associados”.
Blog – Você acha que ainda assistirá à criação do Estado palestino?
“Tenho dúvidas sobre a proclamação do Estado palestino. Pelo andar da carruagem, parece que existirá um só Estado na área. Mas, em matéria de Oriente Médio, evito previsões pois o impensável acontece como se comprova na Revolução no Mundo Árabe. Cerca de 350 mil israelenses vivem em assentamentos na Cisjordânia. São novas cidades, com indústrias. Isso inviabiliza a hipótese de dois Estados. Mas onde surgiu a Bíblia, acontece o inexplicável. Diria que o que parece improvável pode passar a possível. Prefiro manter a ambigüidade para ser fiel ao que penso. Mas não estarei aqui para ver”.
O Nahum está no Twitter @nsirotsky
Comentários islamofóbicos, anti-semitas e anti-árabes ou que coloquem um povo ou uma religião como superiores não serão publicados. Tampouco ataques entre leitores ou contra o blogueiro. Pessoas que insistirem em ataques pessoais não terão mais seus comentários publicados. Não é permitido postar vídeo. Todos os posts devem ter relação com algum dos temas acima. O blog está aberto a discussões educadas e com pontos de vista diferentes
O jornalista Gustavo Chacra, mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia, é correspondente de “O Estado de S. Paulo” em Nova York. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Yemen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al Qaeda no Yemen. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo em 2009, empatado com o blogueiro Ariel Palacios
America Latina e as revoltas arabes - Carlos Malamud
América Latina y las revueltas del Norte de África
Por Carlos Malamud
Ojos de Papel, martes, 01 de marzo de 2011
Los enfrentamientos populares contra los regímenes autoritarios del norte de África y el Medio Oriente han convulsionado al mundo y provocado innumerables reacciones. América Latina no ha sido una excepción. Sin embargo, la lejanía geográfica ha permitido tanto a sus gobernantes como a sus opiniones públicas tomar algo más de distancia, aunque esto no impidió que se debatiera sobre sus efectos sobre la región. De este modo surgieron numerosas voces que se preguntaban si algo así podría pasar en Cuba o Venezuela o si no era todo una muestra más del complot imperialista contra los pueblos del mundo que intentan transitar una senda independiente de los poderes establecidos.
De todos los levantamientos populares ocurridos en el norte de África y el Medio Oriente quizá haya sido el de Libia el que más atención ha concitado. Esto responde a una serie de cuestiones, comenzando por la brutalidad represiva de la dictadura de Muamar el Gadafi y siguiendo por la solidaridad “revolucionaria” que todavía suscita, especialmente en determinados círculos del régimen cubano y en algunos gobiernos bolivarianos.
Si bien la época dorado del no alineamiento hace tiempo que ha pasado a la historia, son muchos los que todavía viven de viejas glorias y acuden prestos en defensa de los viejos amigos. Esto ha ocurrido con Fidel Castro que dedicó una de sus últimas “Reflexiones” al tema y si bien no quiso poner la mano en el fuego por el dictador libio si alertó de las ambiciones de Washington, sediento del petróleo norteafricano. Castro escribió su columna el 21 de febrero y según él en cuestión de horas, era inminente, la OTAN atacaría Libia para llevar a cabo sus inconfesables planes al servicio de Estados Unidos.
La capacidad prospectiva de Castro ha quedado nuevamente confirmada. De hacer caso al líder supremo cubano la guerra nuclear ya habría destruido al mundo, tal como anticipó hace un par de meses. O bien no nos enteramos de la explosión de algunas bombas o bien su predicción falló estrepitosamente. De todos modos la larga mano del imperialismo ha servido para que unos demostraran su solidaridad con el autor de El libro verde, caso de Daniel Ortega o de Hugo Chávez, o para que otros se ampararan en el argumento de la conspiración internacional para pedir calma pero sin condenar a los responsables de la represión, como ocurrió con Evo Morales o Rafael Correa. Inclusive Cristina Kirchner, que se autodefine como una gran defensora de los derechos humanos y clama constantemente contra las desapariciones, se ha limitado a expresar de una forma genérica su buena voluntada través de un comunicado teóricamente neutral de su ministro de Exteriores, Héctor Timerman.
Mi intención es analizar otro tipo de reacciones, unas provenientes básicamente del exilio cubano o de la oposición venezolana, y otras surgidas de los círculos bolivarianos
No me voy a referir aquí a las variadas reacciones de los gobiernos latinoamericanos frente a los acontecimientos libios, ya que lo he hecho en otro sitio. Mi intención es analizar otro tipo de reacciones, unas provenientes básicamente del exilio cubano o de la oposición venezolana, y otras surgidas de los círculos bolivarianos. Mientras los primeros se preguntaban si algo parecido podía pasar en sus países, los segundos ya estaban alertando sobre algo que, según ellos, era una especie de ensayo general contra los gobiernos revolucionarios latinoamericanos.
En el primer caso, es bueno comenzar recordando un excelente artículo de Moisés Naim, que señalaba que en Túnez y Egipto las sublevaciones populares no triunfaron únicamente por la utilización masiva de facebook, twitter u otros artilugios de nuevo cuño sino porque los militares se decantaron por el bando popular y no por seguir respaldando a los gerifaltes de turno. Remedando de alguna manera el viejo dicho maoísta de que “el poder nace de la boca del fusil”, Naim nos recuerda de forma contundente el papel que las fuerzas armadas cumplen en estos regímenes y como en Libia, un país con una muy baja penetración de internet, la revuelta todavía no ha triunfado debido a que una parte de los militares sigue sosteniendo al régimen.
Los sectores más militantes y próximos a los gobiernos bolivarianos insisten en la teoría de la conspiración imperialista y en el riesgo de que Estados Unidos implemente algún tipo de respuesta similar contra los gobiernos “revolucionarios”
Respecto a Cuba y Venezuela habría que comenzar marcando las grandes diferencias existentes con Túnez, Egipto o Libia y que todavía no se vive en los dos países caribeños un clima de descomposición semejante al del norte de África. En Cuba, por otro lado, mientras viva Fidel Castro mucho me temo que no se producirán fenómenos de desborde social como los que hoy son objeto de la atención mundial. Es más, tanto en Cuba como en Venezuela de momento los fusiles, hoy modernos kalashnikovs, sirven para respaldar a los hermanos Castro y a Hugo Chávez.
Otro tema interesante es ver cómo en los círculos bolivarianos se analizan estos fenómenos. En verdad hay una variedad de respuestas. Aquellos que se limitan a un apoyo crítico han expresado su solidaridad con los levantamientos y criticado duramente la represión contra la población indefensa, mientras que los sectores más militantes y próximos a los gobiernos insisten en la teoría de la conspiración imperialista y en el riesgo de que Estados Unidos implemente algún tipo de respuesta similar contra los gobiernos “revolucionarios”.
Lo que queda claro en el caso de que en Cuba o en Venezuela se amenace el poder constituido, bien a través de movimientos populares o bien a través de elecciones, los fusiles apuntarán contra el pueblo
En un artículo publicado en Aporrea, titulado “Libia: alerta para la Revolución Bolivariana” se puede leer lo siguiente: “no podemos seguir desoyendo las voces de ALERTA del pueblo y sus movimientos de Inteligencia, no podemos seguir banalizando los acontecimientos creyendo que a nosotros no nos puede pasar, que Libia queda muy lejos y que aquí en nuestro país todo “transcurre sin novedad y en calma chicha”; los remitimos al análisis del Camarada Comandante Izarra para que nos ubiquemos en ese “escenario del terror” cercano y posible y tomar cada quien su posición pero con el conocimiento de la verdad que nos esta explotando en nuestra cara”. Por supuesto que quien está detrás de toda esa trama son la OTAN, la CIA y el MOZAD (sic).
De momento lo que queda claro en el caso de que en Cuba o en Venezuela se amenace el poder constituido, bien a través de movimientos populares o bien a través de elecciones, los fusiles apuntarán contra el pueblo. Esto no quiere decir que mañana el viento no cambie de rumbo, pero por ahora esto no es así. Ya el comandante en jefe Henry Rangel Silva, jefe del Comando Estratégico Operacional (CEO) de la Fuerza Armada Nacional (FAN) Bolivariana de Venezuela y número dos en el escalafón militar se encargó de señalar tajantemente de que en el hipotético caso de una victoria electoral opositora en las elecciones presidenciales de 2012, el pueblo y los militares bolivarianos reaccionarían frente a lo que él consideraba una usurpación. Para el general, el ejército venezolano “no tiene lealtades a medias sino completas hacia un pueblo, un proyecto de vida y un Comandante en Jefe. Nos casamos con este proyecto de país… Un hipotético gobierno de la oposición a partir de 2012 sería vender el país, eso no lo va a aceptar la Fuerza Armada y el pueblo menos… y un intento por desmantelar al sector castrense. Habría una reacción tanto de los uniformados como del pueblo, que sentiría que le quitan algo”. Está escrito que su intención es que truene el escarmiento. La duda en este caso, tal como ocurrió en Túnez o en Egipto es si sus camaradas de armas lo seguirán.
=====================
Otros artículos de Carlos Malamud en Ojos de Papel: link
01.02.2011
Álvaro García Linera (foto de Marcello Casal; fuente: wikipedia)
Bolivia: ¿Quiénes están contra Álvaro García Linera?
Análisis / Política y sociedad latinoamericana
Tras el enorme coste social que debió pagar el presidente Evo Morales después del fracaso del “gasolinazo” y un protagonismo cada vez mayor de algunos movimientos sociales que lo respaldaron en su ascensión al poder, el gobierno boliviano afronta un nuevo desafío. Ya se han dejado oír algunas voces que quieren la cabeza del vicepresidente Álvaro García Linera y para ello proponen la convocatoria de un referéndum revocatorio, previsto en la nueva Constitución (por Carlos Malamud)
04.01.2011
Hugo Chávez en 2005 (foto de Marcello Casal; fuente: wikipedia)
Los temores de Hugo Chávez al fuego amigo: del acoso a la oposición a evitar deserciones bolivarianas
Análisis / Política y sociedad latinoamericana
Tras los resultados de las elecciones legislativas de septiembre de 2010 en Venezuela, el gobierno bolivariano de Hugo Chávez, con la intención de reducir en términos prácticos el resultado de la derrota electoral, se lanzó a aprobar un conjunto de leyes: entre otras, una nueva “ley habilitante” (que permite legislar por decreto), “ley resorte” (controla los contenidos de internet) o una ley contra el transfuguismo político. En esta oportunidad me ocuparé de la reforma parcial de la ley de partidos políticos, reuniones públicas y manifestaciones (por Carlos Malmud)
01.12.2010
Favela de Río de Janeiro (foto de Fabio Venni; fuente: wikipedia)
Apoyo popular y lucha contra el narcotráfico: los casos de Brasil y México
Análisis / Política y sociedad latinoamericana
Los golpes al narcotráfico en Río de Janeiro han demostrado la gran importancia que en esta lucha tiene el respaldo popular. Es evidente que hay una gran diferencia en lo que supone el narcotráfico en México y Brasil, pero pese a ello se pueden establecer algunas comparaciones útiles entre ambos procesos. De hecho, los políticos y los militares brasileños extrajeron sus conclusiones de lo que está ocurriendo en México, y actuaron en consecuencia (por Carlos Malamud)
01.11.2010
Mario Vargas Llosa en junio de 2010 (foto de Daniele Devoti;fuente: wikipedia)
¿Quién teme a Mario Vargas Llosa?
Análisis / Política y sociedad latinoamericana
La concesión del premio Nobel de literatura a Mario Vargas Llosa ha desatado un alud de esperpénticas reacciones, tanto desde la izquierda como de la derecha (por Carlos Malamud)
04.10.2010
Galvarino Aplabaza (fuente: www.misionlandia.com.ar)
Democracia, terrorismo y derechos humanos
Análisis / Política y sociedad latinoamericana
El gobierno argentino ha negado la extradición a Chile del terrorista Galvarino Aplabaza, uno de los fundadores del Frente Patriótico Manuel Rodríguez (FPMR) y acusado por la justicia de su país del asesinato del senador Jaime Guzmán y del secuestro de Cristián Edwards. Se da la circunstancia de que ambos delitos se cometieron en 1991, bajo la presidencia de Patricio Aylwin, es decir cuando la democracia ya había vuelto a Chile (por Carlos Malamud)
06.09.2010
Fidel Castro
Fidel Castro ya no es el que era... pero sigue siendo
Análisis / Política y sociedad latinoamericana
A comienzos de septiembre de 2010 Fidel Castro retomó una de sus actividades favoritas: el contacto directo y sin intermediarios entre el líder y las masas. Sin embargo, el Castro que hemos visto en esta oportunidad no es el que era y los temas por él abordados en las últimas jornadas tampoco son los de antes. Queda entonces en el aire la pregunta de si algo ha cambiado en Cuba en el supuesto de que haya cambiado algo (por Carlos Malamud)
01.07.2010
Carlos Malamud: Populismos latinoamericanos. Los tópicos de ayer, de hoy y de siempre (Ediciones Nobel, 2010)
Populismos latinoamericanos. Los tópicos de ayer, de hoy y de siempre
Análisis / Política y sociedad latinoamericana
Carlos Malamud profundiza en su libro Populismos latinoamericanos. Los tópicos de ayer, de hoy y de siempre (Ediciones Nobel, 2010) en las principales características de los populismos para determinar cómo funcionan, qué valores defienden y cuáles son sus verdaderos objetivos. El peso del caudillismo, el contacto entre el líder y las masas, el nacionalismo, el antiimperialismo, la necesidad de polarizar las sociedades entre patriotas y antipatriotas, el fuerte contenido antidemocrático y antiliberal y el desprecio del Estado de derecho son algunos rasgos distintivos. Una de las manifestaciones actuales de algunos populismos es el indigenismo, que merece especial atención.
CEBRI Conferencia: o Brasil e o Mundo (7 Abril, RJ)
Brasil e o Mundo: oportunidades, ambições e escolhas
Realização e Concepção: CEBRI e Chatham House
Rio de Janeiro, 7 de Abril de 2011
07h45 Registro
09h00 Primeira Sessão
O Brasil no Mundo em Transição
Quais são as expectativas para o Brasil como potência emergente no mundo em transição?
O que o mundo pensa e espera do Brasil hoje?
O que o Brasil espera do seu relacionamento com a Europa e o Ocidente?
Como o Brasil deveria participar da nova dinâmica econômica, ambiental e militar na próxima década?
Qual deve ser o papel do Brasil no desenvolvimento das Instituições Multilaterais?
10h45 Coffee Break
11h15 Segunda Sessão
Brasil como uma potência econômica e em recursos naturais
Como a economia brasileira é vista internacionalmente?
Há uma visão brasileira de desenvolvimento sustentável?
Como o Brasil pode contribuir para uma agenda positiva de segurança energética, alimentar e de recursos hídricos?
Como o Brasil pode utilizar seu potencial bioenergético e aumentar seu status de agente global em negociações energéticas e de mudança climática?
O Brasil utilizará os seus recursos naturais como instrumento de política externa?
13h00 Almoço Reservado
14h00 Terceira Sessão
Brasil como um ator de Desenvolvimento e Segurança Global
Como o Brasil conseguirá o equilíbrio entre desenvolvimento e segurança?
Como um país pode se tornar uma “potência” sem estar preparado para usar sua força militar ou possuir armas nucleares?
Como a natureza dinâmica das alianças globais e do equilíbrio de poder afetarão as prioridades do Brasil?
O Brasil se tornará um legítimo e eficaz mediador das tensões da América do Sul?
O Brasil reúne condições para atuar como um soft power fora de sua região?
15h30 Coffee Break
16h00 Sessão de Encerramento
Brasil e o Mundo: oportunidades, ambições e escolhas
Há um “The Brazilian Way” na política externa brasileira?
Como a presença permanente do Brasil no Conselho de Segurança da ONU afetaria a
forma como a comunidade internacional lida com as tensões internacionais?
O Brasil pode projetar-se como uma ponte entre o Norte e o Sul?
Que novas idéias o Brasil pode promover internacionalmente?
Quais devem ser as ambições e prioridades internacionais do Brasil na próxima década?
18h00 Agradecimentos Finais
Inscrições gratuitas: www.cebri.org.br
quinta-feira, 3 de março de 2011
Economia brasileira: nem tudo sao rosas...
Abaixo as considerações de um pessimista realista...
Paulo Roberto de Almeida
Evolução da renda no Governo Lula: Conclusões definitivas
Reinaldo Gonçalves
3 março 2011
A divulgação dos dados de evolução da renda do Brasil pelo IBGE, bem como a base de dados do FMI, já permitem algumas conclusões definitivas a respeito do desempenho da economia brasileira (renda) durante o governo Lula (2003-10).
Primeira conclusão: fraco desempenho pelos padrões históricos do país
O crescimento médio anual do PIB real é de 4,5% no governo Lula. Mais especificamente, 3,5% em 2003-06 e 4,5% em 2007-10. Mesmo no segundo mandato, a taxa alcançada não supera a média secular do país (1890-2010, período republicano) (4,5%).
Portanto, o desempenho do governo Lula é fraco pelos padrões históricos brasileiros.
Segunda conclusão: muito fraco desempenho quando comparado com outros presidentes
Desde a proclamação da república o país teve 29 presidentes (Vargas teve dois mandatos separados temporalmente). Neste conjunto, Lula ocupa a 19ª posição quanto ao crescimento da renda, ou seja, 18 outros presidentes tiveram melhor desempenho. Quando este conjunto é dividido em quatro grupos, Lula está no terceiro grupo.
De outra forma, pode-se afirmar que Lula teve o 11º pior desempenho no conjunto dos mandatos presidenciais.
Terceira conclusão: retrocesso relativo
No período 2003-10, três indicadores merecem destaque.
O primeiro é a participação do Brasil no PIB mundial. Usando os dados de paridade de poder de compra, verifica-se que não houve alteração,
A participação média do Brasil em 2001-02 manteve-se a mesma em 2009-10 (2,90%).
O segundo indicador é a posição relativa do Brasil no ranking da economia mundial quando se considera a taxa de variação real do PIB no período 2003-10. O Brasil ocupa a 96ª posição no painel de 181 países. Ou seja, dividindo este conjunto em quatro grupos, o Brasil está no terceiro grupo. O crescimento médio anual do PIB do país (4,0%) está abaixo da média (4,4%) e da mediana (4,2%) do painel mundial.
O terceiro indicador é o PIB (PPP) per capita. Este indicador de renda para o Brasil aumentou de US$ 7.457 em 2001-02 para US$ 10.894 em 2009-10.
Entretanto, a posição do país no ranking mundial piorou. O país passou da 66ª posição para a 71ª posição. Ou seja, houve retrocesso relativo.
Quarta conclusão: país fortemente atingido pela crise global em 2009
A crise econômica de 2009 teve alcance global. O Brasil é um país marcado por forte vulnerabilidade externa estrutural. O passivo externo bruto ultrapassou US$ 1.292 bilhões em no final de 2010.
No período 2003-10 houve reprimarização da economia brasileira, inclusive com significativo aumento do peso relativo das commodities nas exportações brasileiras.
A maior participação do capital estrangeiro no aparelho produtivo também ocorreu no período em questão. A crescente liberalização financeira e o regime de câmbio flexível implicam maior instabilidade. O resultado é que a crise internacional atingiu fortemente o país em 2009.
A queda do PIB real foi de 0,6%. No painel mundial o Brasil ocupa a 85ª posição.
Dividindo este painel em quatro grupos, verifica-se que o país está no segundo grupo dos mais atingidos. Ademais, a frágil posição brasileira é evidente quando se leva em conta que a taxa média (simples) e a mediana de variação do PIB do painel é de 0,1% e 0,2% respectivamente.
Em síntese, durante o governo Lula a evolução da renda do Brasil caracterizou-se por:
1) fraco desempenho pelos padrões históricos do país
2) muito fraco desempenho quando comparado com outros presidentes
3) retrocesso relativo
4) país fortemente atingido pela crise global em 2009
Veja o estudo completo neste link.