O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Al Capone, para prefeito de Chicago, ou governador do Illinois. Faz sentido?

Para o partido dos companheiros totalitários e mafiosos faz todo o sentido.
Até mesmo é condição para conseguir recursos.
O candidato ao governo tem o apoio de um bandido.
O prefeito também, aliás, de vários.
O candidato a governador apoiou o doleiro-traficante que tinha no deputado corrupto o seu maior amigo e financiador.
Tudo em troca do roubo de recursos publicos, pclaro.
Nunca antes no Brasil, os mafiosos foram tão explícitos, evidentes e abundantes.
Paulo Roberto de Almeida 
Luiz Moura
Luiz Moura, do PT, deputado estadual em São Paulo (cima), deve discursar hoje na Assembleia Legislativa. Ele vai tentar explicar o que fazia numa reunião com membros do PCC, o partido do crime.
Refresco a memória de vocês. Em março, no auge dos incêndios a ônibus na capital, a Polícia Civil estourou uma reunião que acontecia na sede da Transcooper, uma cooperativa de vans e micro-ônibus, em que se planejavam justamente os ataques. Lá estavam, acreditem!, 13 membros do PCC. E quem mais participava do encontro? Ninguém menos do que  Luiz Moura, que é presidente de honra da Transcooper. Atenção, queridos leitores! Em três anos, essa cooperativa faturou, em contratos com a Prefeitura, R$ 1,8 bilhão. Sim, vocês leram direito: um bilhão e oitocentos milhões de reais! Há muito tempo a polícia investiga a infiltração do PCC no sistema de transportes da cidade. Só para registro: as dezenas de ônibus incendiados pertenciam, invariavelmente, às empresas privadas; nunca às cooperativas.
Luiz Moura é irmão do vereador Senival Moura, também do PT e igualmente ligado a associação de perueiros. Ambos são considerados subordinados políticos do secretário dos Transportes da cidade, o deputado federal petista licenciado Jilmar Tatto — aquele senhor que, durante greve recente de motoristas de ônibus, preferiu criticar a Polícia Militar. Tatto, ora vejam!, no papel ao menos, doou, sozinho, R$ 201 mil para a campanha de Moura, o homem que estava na reunião com o PCC. Entendo. Tatto prefere atacar outra sigla: a PM!
Jilmar Tatto, secretário de Fernando Haddad e chefe político de Moura
Jilmar Tatto, secretário de Fernando Haddad e chefe político de Moura
E o que vai dizer o deputado? Petista não é exatamente criativo em situações assim: vai jurar de pés juntos que não sabia que aqueles com quem se reunia eram membros da facção criminosa. Eles nunca sabem de nada. Os termos do discurso foram combinados numa reunião com a bancada petista nesta terça. O partido criou uma comissão interna para analisar o seu caso. Depois que a reunião veio a público, Tatto, o chefe político de Moura, preferiu silenciar.
Moura tem um biografia controversa. Foi condenado a 12 anos de cadeia por vários assaltos a mão armada. Não cumpriu pena porque fugiu e foragido permaneceu por mais de dez anos. Ao sair dessa forma particular de clandestinidade, solicitou e obteve o perdão judicial. Em 2005, assinou, imaginem, uma declaração de pobreza.
atestado de pobreza moura
Cinco anos depois, na disputa eleitoral de 2010, já declarava bens superiores a R$ 5 milhões. Em 2012, disputou a Prefeitura de Ferraz de Vasconcelos. Nesse caso, seus bens eram de pouco mais de R$ 1 milhão. Qual vale? Não sei.
Bens Luiz Moura
As duas declarações de bens: a de 2010, acima, e a de 2012, no alto
As duas declarações de bens: a de 2010, acima, e a de 2012, no alto
Bens Luiz Moura
As  declarações de bens de Moura: acima, a de 2010; no alto, a de 2012
As declarações de bens de Moura: acima, a de 2010; no alto, a de 2012
Na Assembleia, Moura é dado a praticas heterodoxas. Apresentou, por exemplo, o recibo de compra de combustível a que tem direito. O fornecedor, ora vejam!, é um posto de gasolina de que ele próprio é sócio.
Prestação de contas na Assembléia: enche o tanque no seu próprio posto de gasolina
Prestação de contas na Assembléia: enche o tanque no seu próprio posto de gasolina
Não é uma figura pequena no partido, não! Tanto é assim que, na festança de seu aniversário, a etrela foi ninguém menos do que Alexandre Padilha, pré-candidato do PT ao governo de São Paulo. O vereador Jair Tatto, irmão do Jilmar, também estava lá. Compreensível! Não é todo diz que se tem a chance de prestigiar o presidente de honra de uma cooperativa que fatura R$ 1,8 bilhão em três anos em contratos com a Prefeitura. Padilha deve ser saber o que faz e por quê.
Padilha discursa animadaço na festa de  aniversário do deputado que participou de reunião com membros do PCC
Padilha discursa animadaço na festa de aniversário do deputado que participou de reunião com membros do PCC
O PT, como sempre, está dando a maior força a um de seus pilares morais. Quem pode negar que isso faz sentido?
Texto publicado originalmente às 3h55

Venezuela: socialismo = delinquencia social

Sem comentários. E precisa?
Paulo Roberto de Almeida

Venezuela: crise e escassez fazem roubos de alimentos 

Veja.com, 

A crise na Venezuela e a escassez de produtos básicos são os responsáveis diretos pelo aumento de roubos e furtos, informa nesta quarta-feira o jornal El Universal. Um quilo de farinha de milho, quatro rolos de papel higiênico ou um quilo de leite em pó se tornaram mercadorias tão desejáveis quanto um relógio caro ou um smartphone. Porém, entre os ladrões que roubam os alimentos não estão apenas delinquentes, mas muitos cidadãos comuns.
“Na entrada do Metro Chacaito uma senhora me bateu para roubar dois quilos de leite em pó que eu tinha acabado de comprar”, disse Andrea Vilchez, alertando que agora teme ser atacada novamente após fazer compras. O clima de violência que existe na Venezuela, juntamente com a escassez de produtos básicos trouxe para o cenário nacional o aumento de roubos e furtos não somente de alimentos como também de peças de automóveis, baterias, pneus e outros produtos em falta no mercado. De acordo com o jornal, as histórias de vítimas só aumentam, e devido à baixíssima quantidade de pessoas que prestam queixa relatando tais delitos, os pequenos roubos e furtos ficam fora das estatísticas oficiais.
“Se você tem a impunidade para todos os crimes que ocorrem no país, por que seria diferente nesses casos? Observamos que as pessoas estão roubando comida não apenas por causa da fome, mas porque essas mercadorias não são mais encontradas”, disse o criminologista e especialista em segurança Javier Gorriño. O criminologista também disse que parte do problema é a falta de policiais nas ruas. “A polícia não está patrulhando e o agressor vê que não há razão para suspender o ataque”.
Para evitar roubos, muitas pessoas estão escondendo suas compras em bolsas escuras ao sair de supermercados. “Eu já vi isso acontecer, algumas pessoas passam de moto e roubam as compras de outras, especialmente de mulheres mais velhas. Agora eu venho ao supermercado com uma bolsa escura para ninguém ver o que eu comprei”, disse Isabel Rivas.
Devido à escassez na Venezuela, as compras na rede estatal de supermercados são possíveis em apenas dois dias por semana e com limite de produtos por consumidor. Os venezuelanos interessados são fichados e recebem senhas, que funcionam em sistema de rodízio. Na prática, os consumidores têm uma senha, mas isso não garante que eles vão conseguir de fato comprarem alguma coisa – além das filas enormes em supermercados, os produtos esgotam-se rapidamente. As compras em supermercados estatais – com preços subsidiados, que atendem a população mais carente – são limitadas a, por exemplo, dois litros de óleo, uma lata de leite em pó, um pote de manteiga, um quilo de café e quatro quilos de farinha por pessoa.

Rubens Ricupero: a cegueira brasileira e o bom-senso mexicano

Prioridade para o México
Rubens Ricupero
Folha de S.Paulo, 26/05/2014

Nada na política brasileira para a América Latina possui a urgência de conceder finalmente ao México a prioridade que merece. Nesse sentido, é uma pena que os ciclos políticos dos dois países estejam sempre fora de sincronia.
Agora mesmo o México vive os primeiros tempos de um presidente jovem e dinâmico. Em poucos meses, o país votou cinco ou seis reformas que se consideravam impossíveis, inclusive a do petróleo.
Prepara terreno para vigoroso ciclo de crescimento com base em algo inimaginável no Brasil de hoje: um pacto negociado entre os três maiores partidos com vistas apenas ao interesse nacional.
O presidente Enrique Peña Nieto visitou o Brasil logo depois de eleito, suprimiu a exigência de vistos, mostrou-se convencido de que deveríamos nos tratar como sócios estratégicos preferenciais.
Nomeou para isso uma embaixadora de luxo, Beatriz Paredes, intelectual respeitada, ex-governadora de seu estado, ex-presidente do PRI, o partido no poder.
Havendo vontade política, seria a pessoa ideal para inaugurar a relação privilegiada que faz falta entre os dois países latino-americanos de maior população e economia mais expressiva.
Infelizmente, por aqui se vive clima de fim de reino, vazio de esperança e de sonho. O Brasil parece imitar o pior do México do passado, quando o PRI mantinha perpétuo controle do poder por meio da co-optação e da corrupção.
O nosso monstruoso presidencialismo de coalizão pode contar com 80 % do Congresso (em teoria), mas jamais seria capaz de aprovar um pacto em favor do Brasil.
Quando comecei a lidar como diplomata com os assuntos mexicanos, nos anos 1970, possuíamos indústria e capacidade empresarial incomparavelmente mais adiantadas.
Tudo isso acabou. Hoje, o México é o maior exportador de automóveis para os EUA e o terceiro maior para o resto do mundo. Enfrentou e venceu o choque de competitividade da China: conseguiu a proeza de ter custo de trabalho 15% inferior ao chinês.
Quatro anos atrás era moda exaltar o Brasil, onde se tinha a impressão de que tudo dava certo e descartar o México, à beira do colapso devido à guerra bárbara que o governo parecia estar perdendo contra o narcotráfico.
Hoje a situação se inverteu: o México ganha aplausos enquanto o Brasil só comparece na mídia internacional em razão das atrocidades dos presídios ou da incompetência nos preparativos da Copa.
Altos e baixos desse tipo ora favorecem um país, ora o outro. O importante é não ceder a uma rivalidade infantil e perceber que entre o maior latino-americano da Aliança do Pacífico e o maior do Mercosul deve haver coordenação em benefício mútuo e dos demais.
Não será com a China e a Ásia que vamos integrar nossas cadeias produtivas. Com o México, que já dispõe de acesso privilegiado ao mercado dos EUA e do Canadá, o projeto seria exequível.
Desde que não se repita o "diktat" da presidente Dilma que, em março de 2012, impôs ao México uma cota restritiva de automóveis, fazendo com os mexicanos o que fazem conosco os argentinos. O resultado, dois anos depois, é que não conseguimos mais vender automóveis nem à Argentina, nem ao México, nem a ninguém.

Brasil: o grande desperdicio economico, e uma sociedade que caminha para tornar-se inviavel

Quando o setor público -- QUE NÃO PRODUZ RIQUEZA, RECORDE-SE -- cresce mais do que o setor privado -- que é, como sabemos, o ÚNICO QUE CRIA RIQUEZAS -- a sociedade passa a transferir um volume maior de recursos de atividades produtivas para atividades meramente intermediárias, quando não improdutivas.
A matéria abaixo retrata um país a caminho de se tornar inviável.
Como me escreve um amigo, Roque Callage, "É o Estado improdutivo tomando o lugar da sociedade e arrogantemente, pagando os maiores salários, tirando dinheiro de quem produz. O País está começando a chegar ao fundo do poço, cobrando impostos cada vez maiores."
De fato é isso, e não parece que os brasileiros tenham tomado consciência dessa realidade.
Ao contrário, todos querem viver à custa dos demais, fazendo concursos públicos para terem estabilidade e ganhar mais.
Essa mentalidade, que corresponde exatamente ao governo que temos, e ao tipo de hegemonia cultural que prevalece atualmente em toda a sociedade, vai inviabilizar o país, tornando-o cada vez menos avançado, pois que investindo pouco e consumindo recursos escassos.
O Brasil está a caminho da sua decadência e ainda não tomou consciência disso.
Paulo Roberto de Almeida

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Governo paga quase 30% dos salários do pessoal ocupado no Brasil, diz IBGE
Embora represente apenas 0,4% das organizações, a administração pública absorveu 19,9% do pessoal ocupado assalariado e pagou 29,8% dos salários em 2012
Daniela Amorim
Agência Estado, 28 de maio de 2014

RIO - O governo é responsável por pagar quase 30% dos salários do País, segundo o Cadastro Central de Empresas (CEMPRE) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Embora represente apenas 0,4% das organizações do cadastro, a administração pública, incluindo as três esferas do governo (Federal, Municipal e Estadual), absorveu 19,9% do pessoal ocupado assalariado e pagou 29,8% dos salários e outras remunerações em 2012.
O governo também pagou os salários médios mensais mais elevados, R$ 2.723,29, contra uma média de R$ 1.842,09 das entidades sem fins lucrativos e R$ 1.722,71 das entidades empresariais.
No ano, as empresas representavam 89,9% das organizações do País, com 76,3% do pessoal ocupado total (que inclui sócios e proprietários), 73,4% dos empregados assalariados e 63,9% dos salários e outras remunerações pagos em 2012.
Já as entidades sem fins lucrativos, que equivaliam a 9,7% das organizações existentes, detinham 6,7% do pessoal ocupado assalariado e 6,3% dos salários pagos no ano.
Em relação ao porte, as grandes empresas ainda são responsáveis por mais da metade dos postos de trabalho no País. Apesar do predomínio das companhias de menor tamanho, as organizações com 250 pessoas ou mais respondiam por 53,7% do pessoal ocupado assalariado e 69,1% dos salários e outras remunerações.
Comércio. O comércio manteve a liderança pelo terceiro ano seguido na absorção de pessoal ocupado assalariado. A atividade chamada "Comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas" contava com 8,9 milhões de pessoas em 2012, 19,1% dos empregados assalariados do País.
O setor deteve ainda o maior número de empresas (41,8% do total) e de pessoal ocupado total, que inclui sócios e proprietários (22,2%).
No entanto, a folha de salários e outras remunerações deteve apenas 12,1% do total pago no ano, atrás da folha da administração pública (23,7%) e das indústrias de transformação (19,1%).

Trabalho formal
As empresas e outras organizações formais instaladas no País criaram 7,8 milhões de novos postos de trabalho assalariado entre 2008 e 2012. O número de empregados saltou de 38,4 milhões para 46,2 milhões no período.
Quase metade das novas vagas (49,4%) foi gerada em apenas três atividades: no Comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas (23,1% delas), na Construção (13,2%); e nas Atividades administrativas e serviços complementares (13,1%).
Em relação à instrução, 82,3% do pessoal assalariado não tinham nível superior. No entanto, na passagem de 2011 para 2012, o pessoal assalariado com nível superior cresceu 6,0%, enquanto o pessoal assalariado sem nível superior cresceu 1,6%.
Os trabalhadores com nível superior receberam, em média, R$ 4.405,55, 215% a mais que os empregados sem curso superior, que tinham salário médio de R$ 1.398,74.
Nas empresas, a participação dos assalariados sem nível superior recuou, mas ainda é expressiva: passou de 90,7% em 2009 para 89,5% em 2012.

A administração pública tem o maior percentual de empregados com nível superior: aumentou de 35,8% em 2009 para 41,3% em 2012. Nas entidades sem fins lucrativos, a fatia de trabalhadores com nível superior subiu de 25,9% em 2009 para 27,3% em 2012.

Mercosul-UE: mesmo se fosse so a Argentina, a negociacao nao prosperaria...

Não se deve creditar apenas ao protecionismo argentino o insucesso na preparação da posição negociadora do Mercosul para um mais do que hipotético acordo com a UE. O Brasil também tem arrastado os pés nesse processo, pressionado internamente, e mantendo sua tradicional postura introvertida.
Em todo caso, o fracasso é o de menos atualmente.
O mais clamoroso é mesmo o ridículo a que se submetem diplomatas e técnicos de política comercial (que na verdade não existe, só existe a política).
Paulo Roberto de Almeida

Acordo comercial entre UE e Mercosul ‘patina’

Última reunião dos sul-americanos parar uma oferta conjunta aos europeus terminou sem conclusão, e acerto agora depende de solução política 

27 de maio de 2014 | 21h 01
Mauro Zanata - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Atolada nas discussões técnicas e diplomáticas, a oferta conjunta dos países do Mercosul para um acordo de livre-comércio com a União Europeia depende agora de uma negociação direta entre os presidentes do bloco comercial sul-americano. A ultima tentativa dos negociadores, feita há duas semanas em debates na Venezuela, não evoluiu. O difícil acerto, apurou o Estado, está na dependência de uma "solução política".
A nova, e definitiva, rodada de negociações será tentada diretamente pelos presidentes durante reunião paralela da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), marcada para ocorrer à margem do encontro dos dirigentes do grupo BRICS, em meados de julho, em Fortaleza (CE), após a Copa.
Mesmo com a dificuldade para fechar a oferta comum, a presidente Dilma Rousseff considera uma "questão simbólica" apresentar uma proposta de acordo conjunto do Mercosul aos europeus ainda este ano. Mesmo que o acordo efetivo com a UE seja adiado para 2015. "Ela se comprometeu pessoalmente com isso na ultima viagem à Bruxelas", diz uma fonte graduada do governo.
Limite. O prazo para atingir um acordo interno no bloco sul-americano estava "próximo do limite" desde a ultima tentativa de acordo no fim de abril, após infrutífera negociação em Montevidéu. De lá para cá, não houve evolução. Só divergências, informaram negociadores brasileiros. A proposta única dos quatro países-membros não melhorou na última reunião do Grupo Mercado Comum (GMC) do bloco, realizada em Caracas.
Ate aqui, a oferta preliminar patina na insuficiência do prazo fixado para a redução a zero das tarifas sobre os produtos europeus e está imobilizada na abrangência do volume de comércio. O compromisso UE-Mercosul era iniciar a troca das ofertas até início de junho. Em Caracas, a Argentina voltou a travar as negociações e o Brasil não teve força para fazer a oferta avançar.
A proposta conjunta do Mercosul chegou à média de 82% do volume de comércio, ainda longe da meta de zerar ao menos 87% das tarifas.
Prazo. A oferta de prazo para a desgravação tarifária do Mercosul foi elevada de 12 para 15 anos, segundo relatos feitos ao Estado. Os europeus insistiam em dez anos, mas aceitariam 12 anos, desde que houvesse a ampliação do volume de comércio abrangido.
Ocorre que, além de ampliar o prazo para a desgravação, a Argentina insiste em incluir uma carência de sete anos nessa conta para garantir uma "transição". Os sócios não concordam, principalmente o Brasil.
Pior oferta. No cálculo comercial dos dois blocos, tem prevalecido a chamada "pior oferta". Ou seja, quando um país bloqueia a oferta de determinado produto, o bem fica fora da proposta. Isso não melhora o conjunto da proposta e, pior, reduz a média da oferta final. O produto passa a ser classificado como "sensível", o que prejudica os termos de um acordo único.

Piketty e as desigualdades: uma opiniao sensata

Transcrevo, de uma lista de discussão à qual sou filiado, mas sem a permissão do seu autor, Renato Abucham, estes simples argumentos que me parecem resumir o coração do debate:

Para a sociedade não importa quem é o dono da empresa. Importa que produza bem e barato. Importa que um banco preste um serviço eficiente. É isso que gera bem estar para todos.

As pessoas muito ricas têm capacidade limitada de consumir, por maior que seja sua riqueza, sua renda. O lucro que recebem de seus negócios e que as torna  muito ricas, na sua absoluta maior parte vira poupança. 

Se essa poupança é investida em novos empreendimentos, resulta na forma mais eficiente de alocação desses recursos, pois é investido por quem sabe investir em empreendimentos de sucesso, gerando empregos e rendas. 

Se essa poupança é tributada, como sugere Piketty, os recursos serão transferidos ao Estado que não sabe investir. Será uma péssima alocação de recursos que atrasará o desenvolvimento, geração de bem estar, empregos e renda.

Se o Estado usar o dinheiro para distribui-lo a quem não tem, aí que o desperdício será ainda maior. Estará inviabilizando investimentos de escala, os que podem produzir mais barato e mais eficiente. A economia não deslancha no seu maior potencial, pois uma economia forte é constituída por pequenas, médias e grandes empresas.

Creio que o essencial está dito. A preocupação com a desigualdade, e as políticas tendentes a criar mais igualdade, são ineficientes em si. O importante é criar sempre mais riqueza, o que sempre vai tornar pessoas mais ricas, independentemente de como essa riqueza é distribuída na sociedade. Cada qual deve cuidar da sua vida.
O Estado, que já arrecada bastante dinheiro da sociedade, deveria concentrar seus esforços no sentido de capacitar as pessoas para se posicionarem no mercado de trabalho. Ponto.
Nada de ajudar empresas, bancos, atividades de oferta de bens. Nada.
Apenas educação, segurança, infraestrutura (limitada ao que não pode ser feito pelo setor privado), relações exteriores (voltadas para a facilitação dos negócios e a maior abertura possível), apenas isso.
O mundo seria mais próspero.
Paulo Roberto de Almeida 

Venezuela: uma economia surrealista, de mal a pior: passagens aereas

Venezuela aerolíneas

Gobierno venezolano cancela deuda a seis aerolíneas

Aeromexico
Infolatam/Efe
Caracas, 27 de mayo de 2014
Las claves
  • Ante la falta de pago de las divisas compañías como Alitalia o Air Canadá han optado por suspender operaciones en Venezuela, otras optaron por disminuir las frecuencias y varias han recurrido a mecanismos como la comercialización de los cupos en los vuelos en otros países.
  • "Queremos informar que se realizarán mesas de trabajo con las aerolíneas para ajustar hacia abajo el precio en dólares de los pasajes", reveló el ministro venezolano para Transporte Acuático y Aéreo, Hebert García Plaza
El Gobierno venezolano informó de la cancelación de la deuda con seis aerolíneas en concepto de liquidación de bolívares en dólares por ventas de 2012 y 2013 por una cantidad que no especificó, y anunció que los pasajes se calcularán a la tasa de cambio más alta de moneda local a dólares.
“Concretado el pago total 2013 de las aerolíneasAeroMéxico, Insel Air, Tame Ecuador y Aruba Airlines“, informó en su cuenta de la red socialTwitter el ministro de Economía, Rodolfo Marco Torres.
“También concretamos el pago del año 2012 de las aerolíneas Avianca y Lacsa-Taca“, señaló poco después.
Según la Asociación de Líneas Aéreas en Venezuela (ALAV), el Gobierno del presidente,Nicolás Maduro, adeuda alrededor de 4.000 millones de dólares a las aerolíneas en concepto de ventas en bolívares de 2013 y 2014 no convertidas en dólares.
La Asociación de Transporte Aéreo Internacional (IATA) exigió el pasado 29 de abril al Ejecutivo venezolano que permita la repatriación de ese dinero y que lo haga “a un tipo de cambio justo”.
Ante la falta de pago de las divisas compañías como Alitalia o Air Canadá han optado por suspender operaciones en Venezuela, otras optaron por disminuir las frecuencias y varias han recurrido a mecanismos como la comercialización de los cupos en los vuelos en otros países.
“Queremos informar que se realizarán mesas de trabajo con las aerolíneas para ajustar hacia abajo el precio en dólares de los pasajes”, reveló el ministro venezolano para Transporte Acuático y Aéreo,Hebert García Plaza, también en su cuenta en esa red social.
“De esta forma, en conjunto, trabajaremos para llevar los pasajes aéreos a un precio real. Todo esto antes de ser pasados a Sicad II”, informó más adelante.
En Venezuela rige un control de cambio que deja en manos del Estado la compraventa de dólares y que trabaja con tres precios distintos, que oscilan entre los 6,3 bolívares por dólar, los alrededor de 10 del Sistema Complementario de Administración de Divisas (Sicad) I y los cerca de 50 del Sicad II.
A cuál de estas tasas tiene que ser cancelada la deuda en bolívares es uno de los problemas que se han planteado durante las reuniones que Gobierno y aerolíneas han mantenido en los últimos meses.
El presidente Maduro explicó la semana pasada la decisión de algunas aerolíneas de dejar de operar en el país arguyendo que había una reprogramación de sus vuelos “mientras pasa el Mundial de fútbol” y habían reorientado los vuelos que cubrían la ruta de su país para atender la demanda de Brasil

China: uma ditadura orwelliana e os aniversarios incomodos (NYT)

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A police officer guarded a Mao Zedong portrait at Tiananmen Square in Beijing. CreditPetar Kujundzic/Reuters
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BEIJING — Even by the standards of the clampdowns that routinely mark politically sensitive dates in China, the approach this year to June 4, the anniversary of the day in 1989 when soldiers brutally ended student-led protests in Tiananmen Square, has been particularly severe.
The days preceding June 4 often mean house arrest for vocal government critics and an Internet scrubbed free of even coded references to the crackdown that dare not speak its name.
But this year, the 25th anniversary of the bloodshed that convulsed the nation and nearly sundered the Communist Party, censors and security forces have waged an aggressive “stability maintenance” campaign that has sent a chill through the ranks of Chinese legal advocates, liberal intellectuals and foreign journalists.
In recent weeks, a dozen prominent scholars and activists have been arrested or criminally detained, and even seemingly harmless gestures, like posting a selfie in Tiananmen Square while flashing a V for victory, have led to detentions.
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Hong Kong protesters held a picture of Pu Zhiqiang, a lawyer who was arrested.CreditPhilippe Lopez/Agence France-Presse — Getty Images
The police have been warning Western journalists to stay away from the square in the coming days or “face grave consequences,” according to several reporters summoned to meetings with stone-faced public security officials. Amnesty International has compiled a list of nearly 50 people across the country that it says have been jailed, interrogated or placed under house arrest.
“They say it’s springtime in Beijing, but it feels like winter,” said Hu Jia, an AIDS activist and seasoned dissident who has been forcibly confined to his apartment for the past three months.
The growing list of those swept up by China’s expansive security apparatus includes a group of gay rights advocates gathered at a Beijing hotel, several Buddhists arrested as they were meditating in the central Chinese city of Wuhan and an ex-soldier turned artist who staged in a friend’s studio a performance piece that was inspired by the government’s efforts to impose amnesia on an entire nation.
“The response has been harsher and more intense than we’ve ever seen,” said Maya Wang, a researcher at Human Rights Watch in Hong Kong.
To political analysts and rights advocates, the campaign provides further evidence that President Xi Jinping, 15 months into the job, is determined to stamp out dissent amid an ideological assault against liberal ideas that many view as part of a wide-ranging drive to consolidate power. “Until this latest crackdown I was agnostic about Xi, but recent events suggest he would like to be a Mao-style strongman if he could,” said Perry Link, a China scholar at the University of California, Riverside.
Although the red line of permissible public discourse often shifts with the seasons and the whims of those in power, many longtime China watchers say the changes have caught even the most battle-scarred dissidents off guard.
As evidence, they point to the authorities’ forceful response to a seminar, held at a private home in early May, during which more than a dozen people met to discuss the events of 1989. In the days that followed, the participants, including relatives of those killed during the crackdown, were summoned for questioning by the police.
But unlike a similar, much larger event in 2009, five of the attendees were formally arrested. Among them: Hao Jian, a professor at the Beijing Film Academy; Xu Youyu, a philosophy scholar at the Chinese Academy of Social Sciences; and Pu Zhiqiang, a charismatic rights lawyer. All face charges of “creating a public disturbance.”
Since then, the police have repeatedly searched Mr. Pu’s law office and home, carting away computers, financial documents and a DVD of a documentary about the dissident artist Ai Weiwei, a former client.
In an interview, one of his lawyers, Zhang Sizhi, described the charges as illogical. “How can you create a public disturbance while meeting in a private residence?” he asked.
Mr. Zhang and others say it seems increasingly unlikely Mr. Pu will be released after June 4, the pattern of previous anniversary-related detentions.
In building a case against him, the authorities have rounded up a number of Mr. Pu’s friends and associates, among them Vivian Wu, an independent journalist, and Xin Jiang, a news assistant with the Japanese newspaper Nikkei. Friends say they are unclear why the authorities detained Ms. Xin, although some thought it might be related to an earlier interview she conducted with Mr. Pu.
On Tuesday, two weeks after her disappearance, Ms. Xin’s husband took to social media, posting a family photo and a frantic cry for help. “It’s a mess at home,” the husband, Wang Haichun, wrote. “Please come back. I can’t bear this alone.”
The anguish is shared by friends of Liu Wei, a young factory worker from southwest China who was detained on criminal charges on May 17 after returning home to Chongqing from a visit to Beijing. According to a friend, Huang Chengcheng, Mr. Liu’s apparent crime was posting online photos of himself in Tiananmen Square, including one in which he flashed a victory sign, a common pose among Chinese tourists that can also be seen as a sly act of subversion.
Gay rights advocates have also been feeling the heat. Over the past few weeks, the authorities have canceled a number of events in Beijing, including a film screening and a panel discussion to mark International Day Against Homophobia. Earlier this month, the police raided a hotel where a group of civil society advocates had gathered for a seminar focused on the obstacles facing gay and AIDS nonprofits.
Yu Fangqiang, one of the event organizers, said the police arrived at 1:30 a.m., confiscated his cellphone and then used it to text about 30 other would-be participants, telling them the event had been canceled. Mr. Yu and eight others were then bundled off for interrogations that, for several detainees, stretched into the following evening.
Sometimes the authorities’ fears of public unrest have led to confounding measures, like the postponement of a restaurant awards ceremony scheduled for Thursday night in the capital.
Other times their efforts were nothing if not creative.
Chen Yongmiao, a political commentator and rights activist in Beijing, said the police gave him the equivalent of $800 to leave town. “They just don’t want people from the opposition in the political center of Beijing,” Mr. Chen said by phone last week as he traveled through northwest China.
In past years, the noose would tighten in mid-April, coinciding with the anniversary of the death of Hu Yaobang, the reformist Communist Party secretary purged for his “bourgeois” liberal leanings in 1989. It was an outpouring of public mourning after his death on April 15 that coalesced into the demonstrations that swept the nation with demands for justice, democracy and an end to official corruption.
This year, however, many activists say restrictions kicked in months earlier. When they placed him under house arrest in late February, Mr. Hu, the AIDS activist, said the police told him this was an “especially sensitive” year and that they were taking no chances. “The authorities want to create an atmosphere of terror, something they’ve largely succeeded in doing,” he said by phone, listing a number of friends who had been compelled by the police to “go on holiday” and leave Beijing for May.
But Mr. Hu said he thought the campaign was ham-handed and ultimately ineffective. Although party leaders have expunged the episode from Chinese history books and the Internet, leaving a younger generation unfamiliar with the events of June 3-4, Mr. Hu estimated that a million or more people were on the streets of Beijing the night soldiers opened fire on unarmed civilians, killing hundreds, if not more.
“No matter how hard they try,” he said, “they cannot erase this experience from everyone’s memories.”