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segunda-feira, 4 de outubro de 2021

O ministro dolarizado e sua fabulosa política cambial: um Guedes quase chegando nos 10 milhões de dólares

 

PT aciona MP para investigar offshore milionária de Paulo Guedes em paraíso fiscal

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Foto: José Cruz/Agência Brasil

O líder do PT na Câmara, Elvino Bohn Gass (RS), anunciou hoje que a bancada do partido vai encaminhar à Procuradoria –Geral da República pedido de investigação do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em razão de denuncia divulgada neste domingo (3) pelo ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, na sigla em inglês). Ambos foram denunciados por terem empresas em paraísos fiscais e as manterem depois de ingressar no governo, no início de 2019.

Para Bohn Gass, Guedes e o presidente do BC devem ser alvo de profunda e rigorosa investigação por parte do Ministério Público. “Com base nas normas do serviço público e na Lei de Conflito de Interesses, o caso sugere que pode ter havido autofavorecimento”, disse Bohn Gass. ´’Estamos falando de dois dos mais importantes responsáveis pela condução da política econômica do País neste momento. Em nome da lisura e da transparência, o povo brasileiro tem o direito a essas informações”, completou o líder do PT.

Sob suspeição 

O petista lembra que quem tem offshore precisa declarar à Receita Federal e ao próprio Banco Central. “Mas, se o dono dessa offshore for ocupante de cargo público, está sujeito, ainda, a outras regras, justamente para que não haja autofavorecimento”, comentou.

“E causa estranheza que tanto Guedes quanto Campos Neto, como integrantes do Conselho Monetário Nacional, tenham participado diretamente da decisão do atual governo de elevar de 100 mil dólares para 1 milhão de dólares o valor que se pode ter no exterior sem informar ao Banco Central”, disse Bohn Gass. O líder informou  que também deve assinar pedido para que as duas autoridades monetárias sejam convocadas a prestar esclarecimentos no Congresso Nacional.

Segundo o consórcio de jornalistas, no dia 24 de setembro de 2014, com o mercado financeiro cada vez mais agitado diante da iminência da reeleição de Dilma Rousseff (PT), o Banco Central interveio para conter a alta do dólar. No dia seguinte, o economista Paulo Guedes, então sócio da gestora de recursos Bozano Investimentos, tomou uma providência para manter parte da sua fortuna longe das turbulências da economia brasileira: fundou a Dreadnoughts International, uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal no Caribe.

Saldo no exterior

Nos meses seguintes, Guedes aportou na conta da offshore, aberta numa agência do banco Crédit Suisse, em Nova York, a quantia de 9,55 milhões de dólares, o equivalente a 23 milhões de reais na época (no câmbio atual, o valor hoje corresponde a 50 milhões de reais).

A abertura de uma offshore ou de contas no exterior não é ilegal, desde que o saldo mantido lá fora seja declarado à Receita Federal e ao Banco Central. Mas, no caso de servidores públicos, a situação é diferente. O artigo 5º do Código de Conduta da Alta Administração Federal, instituído em 2000, proíbe funcionários do alto escalão de manter aplicações financeiras, no Brasil ou no exterior, passíveis de ser afetadas por políticas governamentais. A proibição não se refere a toda e qualquer política oficial, mas apenas àquelas sobre as quais “a autoridade pública tenha informações privilegiadas, em razão do cargo ou função”. Em janeiro de 2019, cinco anos depois de abrir a offshore e depositar 9,55 milhões de dólares, Guedes virou o principal fiador do governo Bolsonaro e assumiu o cargo de ministro da Economia, sob cuja responsabilidade está um enorme leque de decisões capazes de afetar seus próprios investimentos no exterior.

As penas para quem infringe o artigo 5º variam de uma simples advertência à recomendação de demissão. O ministro disse à Piauí que, assim que assumiu o ministério em janeiro de 2019, ele informou à Comissão de Ética Pública, encarregada de julgar possíveis infrações ao código, sobre seus investimentos externos. A Comissão de Ética, no entanto, só julgou o caso em julho passado. Não viu nenhuma irregularidade e decidiu arquivar o caso. A Piauí pediu ao órgão a justificativa da decisão, mas recebeu como resposta que as informações contidas nos julgamentos são sigilosas “em face dos dados sensíveis que delas constam – inclusive fiscais e bancários”.

Desde o início da gestão Bolsonaro, a Comissão de Ética de Pública tem sido criticada por ser leniente com comportamentos antiéticos por parte da cúpula do governo. Em maio de 2020, o conselheiro Erick Vidigal pediu demissão e divulgou uma carta com fortes críticas ao órgão. “Eu não entrei na Comissão de Ética para bater palma para governantes indecentes ou para perseguir desafetos do governo”, escreveu. Em 2019, último ano em que a comissão divulgou dados, apenas um servidor fora punido – com pena de advertência –, contra seis no ano anterior e 17 em 2017. “A comissão só trabalha de verdade na análise das quarentenas e em alguns casos de conflito de interesses. Quanto aos desvios éticos, adoram colocar panos quentes, especialmente quando se trata de ministros de Estado”, critica um ex-membro do órgão, que não quis se identificar para não se indispor com os atuais conselheiros.

A proposta de reforma tributária apresentada pelo governo ao Congresso Nacional é um exemplo de conflito de interesses. Por sugestão da Receita Federal, o projeto original da reforma previa a taxação de ganhos de capital no exterior, incluindo investimentos em paraísos fiscais – situação que, sabe-se agora, atingia o ministro Guedes. A ideia, no entanto, acabou derrubada com a anuência do Ministério da Economia. Outro item da reforma, negociado e aprovado pela equipe econômica, reduz drasticamente a taxação sobre a repatriação de recursos. Hoje, a taxa não é um consenso, e sempre rende discussões judiciais, mas varia de 15% a 27,5%, a depender do volume de recursos. Pela proposta do governo, a alíquota, se aprovada, cairá para 6%.

 

Leia a íntegra da denúncia do ICIJ:

https://apublica.org/2021/10/guedes-tem-offshore-milionaria-em-paraiso-fiscal/

 

segunda-feira, 2 de junho de 2014

A morte do dinheiro? Ja vai tarde... Mas vamos pagar a conta! Esta bem assim?

Como sempre faço quando vou numa livraria, pego os últimos lançamentos da minha área para ver se vale a pena comprar, mas não imediatamente, pois eles costumam custar entre 25 e 35 dólares. Não que eu não possa pagar, mas eu teria de comprar também novas estantes, pois os livros vão se acumulando no chão, lidos pela metade, enquanto outros se acumulam em cima. Geralmente compro os que me interessam entre 3 e 6 meses, quando já estão na Abebooks, praticamente novos a um preço entre 3 e 5 dólares (e com frete grátis...).
Assim fiz com o livro famoso de Thomas Piketty, O Capital no Século XXI, de levíssima inspiração marxiana, mas de pouca consistência metodológica. A Economist acaba de refazer novas críticas aos seus dados, mas não contesta a validade geral de suas teses (o que eu contesto, não por ter feito exercícios econométricos, mas apenas por instinto contrarianista; acha que ele se engana no essencial, mas não tenho como provar, pois não consigo quantificar a evolução relativa de todas as formas de capital ao longo do tempo).
Em todo caso, desconfio que não são as mesmas pessoas que detêm essas várias formas de capital ao longo de duas ou três gerações e daí resulta que NÃO SE PODE falar em concentração, a não ser que se use esse fantasmagórico 1 por cento dos mais ricos. E daí? Os de hoje são os mesmos de um século atrás? Duvido.
Bem, hoje andei lendo este livro:
The Death of Money: The Coming Collapse of the International Monetary System
James Rickards

Embora ache que ele tenha razão no geral, acho que as intenções catastrofistas são um pouco exageradas. Aliás, o sistema monetário internacional, se existiu durante brevíssimo tempo (apenas no início dos anos 1960, e olhe lá), já não existe mais há muito tempo...
Vejamos:

The next financial collapse will resemble nothing in history...
Uau!

Estamos nada menos do que a um passo de um novo colapso geral da economia e do dólar, que vai ser pior do que em 1914, em 1939, em 1979, e sabe-se lá quando mais.
Tudo começou em 1971, claro, com aquele conservador do Nixon chutando o pau da barraca do sistema monetário internacional. O dólar caiu, o ouro se valorizou, a tendência se inverteu com a política de Paul Volcker de aumentar os juros para 19%, mas depois o declínio continuo, até chegar novamente na derrocada em 2008.
Alguns remendos foram feitos -- o tal de tsunami financeiro -- que só aumentaram a chance da derrocada próxima e segura.
Vamos ter: guerras financeiras, inflação, deflação, o colapso dos mercados, um dilúvio de perigos e talvez a volta da polio e do escorbuto.
Enfim, tem desgraça para todo e, como estamos no Brasil, elas virão em dobro, pois aqui os políticos ajudam a piorar bastante as coisas, assessorados por keynesianos de botequim.

Acho que o autor vai ganhar dinheiro com esse livro, tanto quanto ganhou com o seu anterior, Currency Wars, mas o mundo não vai acabar, e o dólar vai continuar sendo a base desse não-sistema monetário internacional, inclusive porque não tem nenhum outro instrumento disponível, e ninguém parece disposto a, ou ser capaz de, voltar ao padrão ouro.
Tudo é uma questão de confiança, sempre, e não é que as pessoas confiem no dólar. Não, elas não confiam, mas o problema é que elas confiam menos ainda nas demais moedas.
E o ouro, dirão alguns?
Essa relíquia bárbara, no dizer de Keynes?
Não acho que seja o substituto ideal.
A não ser o Tio Patinhas, ninguém fica nadando em moedas ou lingotes de ouro.
Coisa de especuladores, nada mais do que isso.
Melhor especular sobre o preço da soja, que pelo menos dá para comer (ugh!).
Paulo Roberto de Almeida

Nostalgia monetaria: quando o dinheiro valia alguma coisa

Antigamente, muito antigamente, o dinheiro valia alguma coisa, depois passou a não valer nada...
Explico, mas primeiro vejam esta foto que fiz no Museu de Portland, Maine:

Atenção, a nota é falsa, mas verdadeira, ou seja, ela foi pintada por um artista para imitar uma verdadeira nota falsa, ou seja, uma contrafação de uma nota verdadeira de cinco dólares.
Para fazer a sua gozação, o artista aumentou o valor para dez dólares, o que faz dela uma nota falsa verdadeira, não sei se me fiz entender.
Em todo caso, não era disso que eu queria falar.
Leiam bem o que está escrito de cima abaixo; eu traduzo para facilitar:

Certificado de depósito [ou seja, não é uma nota de dinheiro, mas apenas um certificado de depósito]
Isto certifica que
foi depositado junto ao [parece que é sério, ou seja, garantem que está depositado]
Tesoureiro dos Estados Unidos
sediado em Washington, D.C.
pagável em seu escritório ao portador sob demanda [ou seja, quem se apresentar leva o que vale]
DEZ
dólares de prata [isso foi antes que os EUA aderissem ao padrão ouro, em 1895, se não estou enganado]
Série de 1880

Retomo: antes que fosse criado o Federal Reserve, em 1913, cada nota emitida por um banco autorizado deveria ter como correspondência junto ao Tesouro o equivalente em prata (muito comum nos EUA, antes da corrida ao ouro) ou em ouro. Mesmo depois da criação do Federal Reserve (que correspondeu mais ou menos à união monetária que a Europa fez entre 1999 e 2001, com a unificações dos diversos dólares em circulação naquele imenso país, alguns valendo mais do que outros...), o dinheiro emitido era, em princípio, lastreado em ouro. Digo em princípio, pois em matéria de governo, vocês sabem como são as coisas: eles dizem que fazem, mas não fazem, e acabam enganando todo mundo.
O fato é que Franklin Delano Roosevelt, em 1933, acabou com a festa, não apenas deixando de garantir a moeda lastreada em ouro, mas obrigando todos os americanos a ceder o ouro que detivessem ao governo, que passou a deter o monopólio das reservas metálicas.
Ainda assim, teoricamente, os EUA deveriam ter tanto ouro quantos dólares em circulação, o que que prometeram fazer em 1944, em Bretton Woods, onde estive neste domingo 1 de Junho de 2014 (setenta anos depois, quase, depois da famosa conferência que criou o padrão ouro-dólar, depois da derrocada completa do padrão ouro).
Bem, a festa acabou novamente em 1971.
Desde então, é cada um por si, e a anarquia monetária para todos.
Os governos emitem o que querem. Eles fingem que garantem o dinheiro emitido (não é verdade sequer que o façam) e nós fingimos que acreditamos.
Na verdade, não existe mais garantia nenhuma, e os governos produzem inflação o tempo todo e mantém esse controle monopolista sobre a emissão de dinheiro, um abuso inacreditável.
Bem, pelo menos vocês ficaram com a imagem de um dólar de antigamente, mesmo sendo um falso verdadeiro.
Paulo Roberto de Almeida

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Venezuela: uma economia surrealista, de mal a pior: passagens aereas

Venezuela aerolíneas

Gobierno venezolano cancela deuda a seis aerolíneas

Aeromexico
Infolatam/Efe
Caracas, 27 de mayo de 2014
Las claves
  • Ante la falta de pago de las divisas compañías como Alitalia o Air Canadá han optado por suspender operaciones en Venezuela, otras optaron por disminuir las frecuencias y varias han recurrido a mecanismos como la comercialización de los cupos en los vuelos en otros países.
  • "Queremos informar que se realizarán mesas de trabajo con las aerolíneas para ajustar hacia abajo el precio en dólares de los pasajes", reveló el ministro venezolano para Transporte Acuático y Aéreo, Hebert García Plaza
El Gobierno venezolano informó de la cancelación de la deuda con seis aerolíneas en concepto de liquidación de bolívares en dólares por ventas de 2012 y 2013 por una cantidad que no especificó, y anunció que los pasajes se calcularán a la tasa de cambio más alta de moneda local a dólares.
“Concretado el pago total 2013 de las aerolíneasAeroMéxico, Insel Air, Tame Ecuador y Aruba Airlines“, informó en su cuenta de la red socialTwitter el ministro de Economía, Rodolfo Marco Torres.
“También concretamos el pago del año 2012 de las aerolíneas Avianca y Lacsa-Taca“, señaló poco después.
Según la Asociación de Líneas Aéreas en Venezuela (ALAV), el Gobierno del presidente,Nicolás Maduro, adeuda alrededor de 4.000 millones de dólares a las aerolíneas en concepto de ventas en bolívares de 2013 y 2014 no convertidas en dólares.
La Asociación de Transporte Aéreo Internacional (IATA) exigió el pasado 29 de abril al Ejecutivo venezolano que permita la repatriación de ese dinero y que lo haga “a un tipo de cambio justo”.
Ante la falta de pago de las divisas compañías como Alitalia o Air Canadá han optado por suspender operaciones en Venezuela, otras optaron por disminuir las frecuencias y varias han recurrido a mecanismos como la comercialización de los cupos en los vuelos en otros países.
“Queremos informar que se realizarán mesas de trabajo con las aerolíneas para ajustar hacia abajo el precio en dólares de los pasajes”, reveló el ministro venezolano para Transporte Acuático y Aéreo,Hebert García Plaza, también en su cuenta en esa red social.
“De esta forma, en conjunto, trabajaremos para llevar los pasajes aéreos a un precio real. Todo esto antes de ser pasados a Sicad II”, informó más adelante.
En Venezuela rige un control de cambio que deja en manos del Estado la compraventa de dólares y que trabaja con tres precios distintos, que oscilan entre los 6,3 bolívares por dólar, los alrededor de 10 del Sistema Complementario de Administración de Divisas (Sicad) I y los cerca de 50 del Sicad II.
A cuál de estas tasas tiene que ser cancelada la deuda en bolívares es uno de los problemas que se han planteado durante las reuniones que Gobierno y aerolíneas han mantenido en los últimos meses.
El presidente Maduro explicó la semana pasada la decisión de algunas aerolíneas de dejar de operar en el país arguyendo que había una reprogramación de sus vuelos “mientras pasa el Mundial de fútbol” y habían reorientado los vuelos que cubrían la ruta de su país para atender la demanda de Brasil

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Argentina: restricoes a compra de dolares, como nos anos 1980...

Não parece uma velha história?
Mas, É UMA VELHA HISTORIA...
Restrições à compra de dólares pelo governo.
A única diferença é que se passa HOJE.
A Argentina repete os mesmos erros do passado.
Já vimos esse filme, e sabemos como terminou...
Paulo Roberto de Almeida 

Argentina: o Governo endurece controles para a compra de dólares

dolares
Infolatam/Efe
Buenos Aires, 13 de maio de 2012
Las claves
  • Segundo a imprensa de Buenos Aires, agentes do Tesouro percorreram na quinta-feira passada, casas de cambio do centro da capital argentina para fiscalizar as transações.
  • O Governo de Cristina Fernández ditou desde outubro passado uma série de medidas para restringir a compra de dólares e evitar a fuga de divisas.
O Governo argentino endureceu os controles para a compra de dólares, se multiplicando as rejeições às solicitações em bancos e casas de mudança, no marco das medidas do Executivo para evitar a fuga de divisas.
Fontes do setor cambiário consultadas por Efe admitiram na sexta-feira que se registraram “complicações” para a aquisição de divisas, ainda que evitaram entrar em detalhes.
Segundo a imprensa de Buenos Aires, agentes do Tesouro percorreram na quinta-feira passada, casas de cambio do centro da capital argentina para fiscalizar as transações.
Por enquanto, o sistema estabelecido pelo Governo para autorizar cada operação de compra de divisas recusou boa parte das solicitações registradas em bancos e casas de câmbio.
“Só puderam comprar dólares menos de 2 por cento dos que hoje (por ontem) tentaram, e por valores que não superavam os 300 dólares por pessoa”, disse o titular de uma mesa de câmbio ao jornal Clarín.
O Governo de Cristina Fernández ditou desde outubro passado uma série de medidas para restringir a compra de dólares e evitar a fuga de divisas.
Desde então, a aquisição de divisas deve ser validada pelo Tesouro, que tem em conta a capacidade de compra demonstrada por cada investidor.
No dia 3 de abril, o Banco Central da Argentina dispôs que as extrações “de moeda estrangeira com o uso de cartões de débito locais de caixas automáticos localizados no exterior deverão ser efetuados com débito em contas locais do cliente em moeda estrangeira”.
Segundo dados do Banco Central, a saída de capitais da Argentina ascendeu a 21.504 milhões de dólares em 2011, 88 por cento a mais que em 2010.

domingo, 4 de setembro de 2011

Como ficar multibilionario num unico dia; nao acredita?

Bem, não quero dizer que você, ou eu, possamos realizar essa proeza. Mas pode-se ter o gostinho de ver passar em suas mãos, num único dia, centenas de milhões de dólares, assim como quem não quer nada...
Basta trabalhar na "casa de ilusões" por excelência nos dias que correm: a Casa da Moeda americana, o Bureau of Engraving and Printing, encarregado de imprimir todo o dinheiro que um governo irresponsável produz para tentar enganar todos os cidadãos que ele está fazendo algo contra a crise, que ele mesmo provocou, aliás...
Paulo Roberto de Almeida

The new alchemists: Blank paper to greenbacks



William Bolden makes more money in eight hours than Donald Trump.
Combined with Oprah Winfrey.
Video
William Bolden makes more than $25 million in an 8-hour shift. He's a securities pressman at the Bureau of Engraving and Printing in Washington, DC. Bolden is one of three pressmen who meticulously produce twenty dollar bills, a sheet at a time.
Combined with Beyonce and Jay-Z.
William Bolden makes more than $25 million in an 8-hour shift. He's a securities pressman at the Bureau of Engraving and Printing in Washington, DC. Bolden is one of three pressmen who meticulously produce twenty dollar bills, a sheet at a time.


Bolden, a soft-spoken man who grew up on a Virginia farm, does the math one recent afternoon. If 40,000 sheets of paper travel through the machine he mans each night at the U.S. Bureau of Engraving and Printing, and each one carries 32 $20 bills, that’s $25,600,000. All in a single shift.
In a year, that means more than $6.6 billion will pass before his eyes. Last year, Trump, Winfrey and the expecting couple earned, according to Forbes, a combined total of about $422 million.
At the bureau, each weekday, around the clock, men and women like Bolden swipe security badges and walk into the rumbling belly of the C Street building to print what the rest of us are laboring for: Greenbacks.
“I don’t think of it as money. Right now, it’s just paper,” says Bolden, 50, standing in front of a yellow, groaning machine that is spitting out stacks of crisp, untouched bills. His eyes scan for tiny details most people wouldn’t notice, such as whether every word on the seal is readable. “Here, we’re producing a commodity that the country needs and it has to be correct.”
Bolden, a Navy veteran who worked for 16 years in the CIA’s print shop before coming to the bureau, speaks of printing with reverence. There is a thrill in that moment of creation, he says, in starting with a blank sheet and ending up with something important. “I’m proud,” he says, “that I print something that is used around the world.”
Lydia Washington, a spokeswoman for the bureau, says there are 1,892 employees between the D.C. and Texas facilities who in a day might produce $974 million. “We set a global standard in currency production,” she says. “Our currency has never been recalled or devalued.” In other words, an old dollar is worth as much as a new dollar. The bills are also strong enough to withstand 4,000 double folds — forward and backward — before they tear.
Each bill, before it reaches the Federal Reserve and eventually the public, goes through four steps at the bureau. In a room thick with the smell of ink, blank sheets of paper with embedded watermarks wait to be born into currency. A banner on the wall reads: “THE COLOR of MONEY $TART$ HERE.” And nearby shelves are labeled with the hues that will go into the bills: “lavender,” “azure,” and “cherry,” among others.
Workers print the back of the bills first, followed by the front. They then send them to another area for inspection. Only the ones deemed to be without flaw will reach Bolden’s section.
There, the already-tight security throughout the building is even more restrictive. Employees work behind gates that stretch from the concrete floors to the ceiling, and signs tell of the two-man rule. No one is ever alone here.
This is the final stage of the bills’ gestation, where workers make sure that the seals are printed with just the right ink density, that the serial numbers follow a precise sequence and that each bill is cut to perfection so that when a person slips it into a vending machine it’s accepted. All of this Bolden does, zipping from one end of the machine to the other with the ease acquired over seven years of experience.
But ask Bolden about his job and he will likely keep it vague. He doesn’t like to talk about what he earns — a pressman in Bolden’s position, according it a chart on the bureau’s Web site, could take home anywhere from $45.20 to $46.30 an hour — or go into detail about what he actually does.
“If anyone asks, I say I work for the Treasury Department,” Bolden says. Otherwise, he says, when you tell people you have millions of dollars within your reach every day, it often leads to the same joke — one that Oprah and Trump have likely heard in some variation: “Can you bring me a stack?”

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Confusao mental: comportamento cambial erratico do governo...

Bem, falar em governo é um pouco exagerado, neste caso, pois não existe, a rigor, uma política cambial do governo (supondo-se que exista governo, claro).
Existe uma política cambial do Banco Central (com objetivos muito bem definidos, ainda que não explícitos) e existe, ao que parece, uma outra política cambial, esta sim confusa, errática e contraditória, da Fazenda, que parece barata tonta no tiroteio, para usar uma imagem conhecida.
Uma política não bate com a outra, mas a única questão relevante aqui é: a política cambial da Fazenda bate com alguma coisa? Duvido, sinceramente, pois não existe discurso coerente, e sequer existe discurso, apenas frases desconexas, confusas, contraditórias, tropeços verbais no meio da escuridão, gaguejamentos borrachos de quem deveria andar sóbrio (sobretudo numa matéria séria como essa).
Enfim, sem ser especialista, como o citado na matéria abaixo, do sempre competente jornalista do CB, Antonio Machado (nome de poeta espanhol), ouso dizer que o real vai continuar a se valorizar, e que a política cambial (se existe) vai continuar confusa e errática.
O que não se diz, em parte alguma, é o enorme custo fiscal dessa compra sôfrega de dólares, aparentemente até por esse fantasma inacreditável chamado (ao que parece) "Fundo Soberano do Brasil".
Aqui se trata de uma mistificação completa: o Brasil não possui NENHUM dos requerimentos estruturais para ter um Fundo Soberano, que são superávits orçamentários (ou seja, folga fiscal) e superávit em transações correntes. Nada, nadica de pitiribas. E como se constitui esse tal de Fundo que não é fundo? Simplesmente com recursos orçamentários -- ao ARREPIO da LEI, diga-se de passagem -- que depois são usados e abusados pelo governo sem controle parlamentar e sem estar no orçamento. Ou seja, uma fraude completa.
Bem, deixo vocês com o artigo em questão/
Paulo Roberto de Almeida

Câmbio atormentado
Antonio Machado - Brasil S/A
Correio Braziliense, 8.10.2010

Afinal, questiona o especialista em mercado cambial Sidnei Moura Nehme, o que pretende o governo: apreciar ou depreciar o real? A questão parece improcedente, pelo menos depois que o ministro Guido Mantega disse que há uma guerra cambial no mundo, tema até então evitado pelos governos em geral, e que o Brasil não ficaria impassível. O Banco Central lhe dá razão, já que há meses passa o rodo no mercado cambial, enxugando os dólares que entram no país.

Por tudo isso é que Nehme explica que “essa, talvez, seja a questão inicial que os gestores de política monetária, cambial e fiscal do país devem procurar responder e, pelo que se observa”, acrescenta, a pergunta continua sem resposta. Sua certeza sobre a incoerência das ações do governo no câmbio sai da análise dos números apurados pelo Banco Central sobre o fluxo de divisas. São dados públicos.

O problema é que poucos como Nehme, economista e sócio-diretor da corretora NGO, se aplicam a estudá-los. A maioria se satisfaz com o que dizem os manuais de economia, segundo os quais a toda oferta restrita corresponde um aumento de preço. Se o BC enxuga os fluxos líquidos de dólares, o preço em relação ao real deveria aumentar.

Mas o BC faz mais: absorve toda a oferta e mais um pouco, isto é, dólares ainda indisponíveis no país. E o que acontece? O real vem ganhando gradativamente valor sobre o dólar, contrariando a lei da oferta e da procura. É a teoria que não se aplica ao país ou haveria algo mais? A resposta está nos dados tabulados pelo BC.

A eles: do início do ano até setembro, o saldo entre os ingressos e saídas de divisas foi positivo em US$ 17,121 bilhões. No mesmo período, o BC retirou do mercado à vista, por meio de leilões, US$ 29,362 bilhões. Comprou a mais que as entradas US$ 12,241 bilhões.

De onde veio esse “excedente”? Das linhas de crédito no exterior dos bancos brasileiros. A operação é rentável, já que a diferença entre os juros internos (10,75% no overnight) e nos EUA, Europa e Japão, da ordem de zero, pende a favor do aplicador estrangeiro.

Se, além disso, o real valorizar-se entre o ato de entrega dos dólares ao BC e o arremate do crédito externo, obtém-se um retorno irrealizável, a curto prazo, em qualquer outro mercado no mundo.

A história é assim: o dólar cai em todo o mundo porque interessa aos EUA para sair da crise, sobretudo em sua queda de braço com o governo chinês, irredutível aos apelos para apreciar o renminbi. E aqui também cai por razões que nada têm a ver com as diretrizes do governo Obama, mas com as do governo Lula, como Nehme reflete.

Bicicleta dólar-real
Essa bicicleta dólar-real só se equilibra pela certeza de que o BC comprará qualquer excedente de divisas que zanzar pelo mercado. E por que o BC faz isso? Nehme, cujos textos costumavam ser lidos na Fazenda — e talvez ainda sejam — responde. “As compras do BC correspondem a um tipo sutil de interferência [no mercado cambial] habilmente mascarada pelo argumento de que a causa é o fluxo, já que poucos vão conferir os números”, diz. “O objetivo é apreciar o real para que funcione como antídoto a pressões inflacionárias.”

Álibi contra inflação
É para pensar. Repita-se: se não fica dólar dando sopa por aí, a taxa cambial, no mínimo, deveria ficar estável. Com o aumento da tributação sobre os fluxos para aplicações financeiras, parece que o câmbio pode reagir. A ver. Mas nem isso deveria ser necessário.

“Não há porque se falar em impacto do fluxo cambial na derrocada do preço do real, já que foi absolutamente neutralizado pelo BC ao adquiri-lo na totalidade”, reforça o especialista. A combinação de política monetária com política cambial, ele explica, desqualifica o sistema de câmbio flutuante e estimula os bancos a constituir as chamadas posições “vendidas” (apostas na apreciação do real).

BC e Fazenda divergem
E aí vem a Fazenda e dobra a alíquota do IOF, amplia o prazo de provisão do Tesouro para pagar dívida pública externa a vencer e prepara o Fundo Soberano do Brasil para “compras ilimitadas”, nas palavras de Mantega, que também sugeriu ao BC reintroduzir o tal “swap cambial reverso”, equivalente à compra futura de dólar.

Tudo isso é para abater o real. Mas só servirá para intensificar a força do real, como se constatou no passado. “Se não conseguimos nem definir o que queremos, como temos pretensão de nos reunir com o G-20 para debater o assunto?”, provoca Nehme. Com juros em desalinho, poupança interna no osso e mercado de derivativos sem amarras, já seria muito se o governo sanasse suas contradições.

Farol para os aflitos
A pressão de entrada dos dólares existe não só por incoerência de objetivos da política econômica. O problema é global. Agrava-se no Brasil pelo conflito entre a meta legal de inflação, nas cercanias de 4,5% de variação anual, e a sua sequela sobre o preço do dólar.

Sem o cenário de guerra cambial, prioridade na agenda de todos os governos, daria até para aguentar. O overnight a 11%, contra zero nas economias avançadas em crise, no entanto, funciona como farol para todos os que têm dólar na mão, e estão avisados pelo Federal Reserve sobre a iminência de um choque cambial, cujo nome técnico, quantitative easing, ou afrouxamento monetário, não disfarça a intenção. O país precisa proteger-se. Ou tranca transitoriamente o mercado cambial ou corta juros. Ambos juntos poderão ser um risco.