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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sábado, 29 de dezembro de 2018

Entrevista sobre carreira na diplomacia - Paulo Roberto de Almeida

Sou regularmente procurado por estudantes de RI e candidatos à carreira diplomática, para responder grosso modo às mesmas questões, sobre o ingresso, o concurso, a carreira, o que fazemos, etc.Numa das últimas vezes, em 2017, resolvi consolidar uma informação geral e listar vários trabalhos meus que podem ajudar a satisfazer curiosidades insaciáveis (se isso é possível).
Vejamos agora a mesma postagem feita um ano e meio atrás.
Paulo Roberto de Almeida
São Paulo, 29 de dezembro de 2018


Paulo Roberto de Almeida
Notas para servir a entrevista a alunos de curso de Relações Internacionais.
Listagem seletiva da produção em temas relativos à carreira diplomática.
Brasília, 19-20 de agosto de 2017.

APRESENTAÇÃO:Licenciado em Ciências Sociais pela Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Bruxelas (1975), Mestre em Planejamento Econômico pelo Colégio dos Países e Desenvolvimento da Universidade de Antuérpia (1977) e Doutor em Ciências Sociais pela Universidade de Bruxelas (1984); Curso de Altos Estudos do Instituto Rio Branco do Ministério das Relações Exteriores (1997). Diplomata de carreira desde 1977, exerceu diversos cargos na Secretaria de Estado das Relações Exteriores, embaixadas e delegações do Brasil no exterior, entre os quais ministro-conselheiro na Embaixada em Washington (1999-2003) e Cônsul Geral Adjunto no Consulado Geral em Hartford (2013-2015). Professor de Economia Política nos programas de mestrado e doutorado em Direito do Uniceub (desde 2004). Possui mais de 30 obras publicadas. Desde agosto de 2016 é Diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI), órgão da Fundação Alexandre de Gusmão, vinculada ao Ministério das Relações Exteriores. Editor Adjunto da Revista Brasileira de Política Internacionale membro do conselho editorial de diversas outras revistas acadêmicas.
PRINCIPAIS LIVROSFormação da diplomacia econômica no Brasil: as relações econômicas internacionais no Império(3a. ed.: Brasília: Funag, 2017, 2 vols., ISBN: 978-85-7631-675-6, 966 p.; 1ro. vol.: ISBN: 978-85-7631-668-8, 516 p.; 2do. vol.; ISBN: 978-85-7631-669-5, 464 p.); O Homem que Pensou o Brasil: trajetória intelectual de Roberto Campos (org.; Curitiba: Editora Appris, 2017, 373 p.; ISBN: 978-85-473-0485-0)Nunca Antes na Diplomacia...: A política externa brasileira em tempos não convencionais(Curitiba: Appris, 2014, 289 p.; ISBN: 978-85-8192-429-8); Relações internacionais e política externa do Brasil: a diplomacia brasileira no contexto da globalização(Rio de Janeiro: LTC, 2012, 309 p.; ISBN: 978-85-216-2001-3).

PERGUNTAS
1) Como o senhor decidiu entrar para a carreira diplomática?
PRA:Ingressei na carreira diplomática, por concurso direto, quase imediatamente após ter regressado depois de uma longa estada de mais de sete anos no exterior, uma espécie de autoexílio durante o governo militar, do qual eu era um dos opositores declarados (e que constituiu o motivo de minha saída do Brasil no final de 1970). Após retornar, no primeiro trimestre de 1977, comecei imediatamente a dar aulas em faculdades privadas de São Paulo, em matérias como Sociologia, Economia Brasileira e Economia Internacional, áreas de minha graduação e do mestrado na Bélgica, e também a colaborar com entidades universitárias em programas de formação de quadros públicos em outros estados, administrados pela UniCamp, por exemplo, onde trabalhava um antigo mestre e grande amigo meu, Maurício Tragtenberg.
A decisão de fazer o concurso emergiu quase que por acaso, ao simplesmente ler a abertura de um concurso direto para o Itamaraty, em anúncio num jornal de SP, sem estar especialmente pensando em seguir a carreira diplomática. O fato de ser um concurso direto foi um motivo e um estímulo adicional, pois certamente eu relutaria em retornar à condição de aluno (aos 27 anos), já tendo mestrado e estar em meio a um doutoramento em ciências sociais na Universidade de Bruxelas. O ingresso direto me dispensou de dois anos, provavelmente aborrecidos, que eu teria de passar no Instituto Rio Branco, lendo e estudando coisas que eu já conhecia, com poucas exceções, mais até do que alguns professores. Acresce a isso o fato de que para ser nomeado para a carreira, eu precisaria estar em ordem com os serviços de informação do regime, o que eu não tinha certeza de estar, pois durante todo o exílio fiquei colaborando com movimento de esquerda, exilados no exterior, na informação sobre e contra o regime militar: o SNI precisaria dizer se eu poderia ser admitido a serviço do Estado.
Foi, portanto, uma decisão intempestiva, tomada num relance, sem qualquer planejamento e sem sequer estar devidamente preparado para o concurso, pois não tive tempo, nem condições de estudar adequadamente, com todas as aulas e viagens que eu fazia pelo Brasil. Mas eu me encontrava em grande medida preparado para a maior parte das questões, pois tendo vivido sete anos no exterior, estudando intensamente, eu dominava naturalmente praticamente todas as matérias do concurso, menos direito e inglês (que estudei apressadamente em poucos dias). Uma questão de oportunidade e do momento vivido pela carreira diplomática naquela conjuntura, pois esses concursos diretos, paralelamente aos vestibulares do Curso Preparatório à Carreira Diplomática, do IRBr, existiram apenas por poucos anos, voltando-se depois ao sistema normal de recrutamento por meio de vestibular, e curso regular. Escapei de voltar a ser aluno.
As circunstâncias de meu ingresso na carreira diplomática e algumas outras questões pertinentes a essa decisão eu já expliquei em muitos outros textos que elaborei ao longo dos anos, justamente para responder à curiosidade de jovens candidatos, que estão listados no Apêndice, a partir do que eu me permitiria citar estes trabalhos: 
(a)  “Uma carreira diplomática: Paulo Roberto de Almeida” (Brasília, 11-27 maio 2016, 16 p.; n. 2984);entrevista redigida para o site “Diplowife, Diplolife”. (link: http://diplowife-diplolife.blogspot.com.br/2016/05/entrevista-com-paulo-roberto-de-almeida.html). Transcrito no blog Diplomatizzando(http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/entrevista-sobre-carreira-atividades.html). Relação de Publicados n. 1226.
(b)  Questionário sobre a carreira diplomática” (Brasília, 25 junho 2008, 3 p.; n. 1901); respostas a questionário submetido por candidato à carreira diplomática, disponível em meu blog Diplomatizzando(28.05.2011; linkhttp://diplomatizzando.blogspot.com/2011/05/um-questionario-sobre-carreira.html). 
(c)  “Mais um questionário sobre o trabalho diplomático” (Shanghai, 9 abril 2008, 6 p.; n. 2129); respostas a questões colocadas por estudante de Relações Internacionais; blog Diplomatizzando(http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/04/2044-mais-um-questionario-sobre.html). 
(d) “Carreira Diplomática: um questionário acadêmico” (Florença (Itália), 28 março 2010, 3 p.; n. 2126); respostas a perguntas de alunos de curso de Relações Internacionais da USP. Postado no blogDiplomatizzando(3/04/2010; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/04/1016-carreira-diplomatica-um.html).

2) Como é o seu cotidiano profissional? O que é um dia normal na sua vida?
PRA:Já escrevi bastante sobre o que é o “dia normal” na vida de um diplomata, na Secretaria de Estado, ou nas missões e representações no exterior. Ao final deste texto, listo alguns dos meus trabalhos a respeito, que podem servir de referência aos desejosos de saber mais sobre o desempenho típico na carreira, o que aliás deve poder ser obtido também nas páginas do Instituto Rio Branco e do próprio Itamaraty. A partir de um antigo trabalho meu, descrevo rapidamente o que seria um dia habitual de trabalho na vida de um diplomata e depois remeto ao trabalho completo. 
“Na Secretaria de Estado (Brasília), processamento de papéis, que tipicamente são telegramas de embaixadas e missões no exterior, com alguma questão de negociação na qual o Brasil encontra-se envolvido; a partir do insumo inicial, o trabalho constitui uma elaboração da demanda no sentido de se dispor de informações adequadas para elaborar alguma instrução negociadora, a partir da memória existente e da consulta a outras agências públicas envolvidas no tratamento daquela matéria (comercial, financeira, de cooperação técnica, segurança etc.). No exterior, se assegura a interface entre o Brasil e governos estrangeiros ou organizações internacionais, com os quais se pode negociar diretamente (no plano bilateral) ou conjuntamente (no caso de atuação multilateral); ou seja, além do processamento da informação, há típicas situações negociais, que envolvem o recebimento de instruções precisas da Secretaria de Estado, sem o que o diplomata teria de agir segundo seu conhecimento anterior de assuntos similares e em função de uma percepção própria do interesse nacional.”
Remeto, portanto, ao trabalho de onde foi tirando essa resposta a uma das muitas questões a mim formuladas anos atrás: “Questionário sobre a carreira diplomática” (Brasília, 10 maio 2008, 5 p.; n. 1885); respostas a questões colocadas por estudante de administração, sobre a carreira diplomática; postado no Blog DiplomataZ (2.07.2009; link: http://diplomataz.blogspot.com/2009/07/19-mais-um-questionario-sobre-carreira.html#links), inclusive com respostas a questionamentos adicionais. 
No Apêndice a este Questionário, existem várias outras referências a outros trabalhos meus sobre aspectos diversos da carreira diplomática, sobre a preparação e desempenho, todos eles contendo muitas opiniões pessoais e referentes a minha própria experiência em todas essas áreas.

3) Há alguma figura diplomática ou até mesmo política que lhe inspira?
PRA:Sou pouco propenso, por características pessoais, a manter alguma atitude reverencial a qualquer pessoa que seja, de qualquer carreira, formação ou atividade. Inspiração eu retiro dos livros, do estudo aplicado, da observação atenta da realidade e, obviamente, também do exemplo de personalidades que tiveram oportunidade, nem sempre com sucesso, de contribuir para o progresso espiritual e material da humanidade e também do Brasil obviamente. Já escrevi sobre algumas dessas personalidades que, sem descurar traços pessoais, filosóficos ou políticos que possam ser vistos de maneira crítica, como sempre devemos fazer (consoante minha atitude de ceticismo sadio), mas personalidades que certamente tentaram melhorar o Brasil no limite das possibilidades de seu tempo e de suas capacidades individuais. Eu os chamei, por simples provocação, de “dez grandes derrotados de nossa história”, mas está claro que não foram derrotados no sentido estrito, uma vez que permanecem na memória coletiva, e em nossa história, como grandes construtores da nação, sem ter tido necessariamente a felicidade de ter podido completar projetos pessoais e coletivos nesse sentido. O trabalho é este aqui: 
2929. “Dez grandes derrotados da nossa história (ou, como o Brasil poderia ter dado certo mas não deu)”, Brasília 7-9 fevereiro 2016, 14 p. Relatos breves sobre dez grandes derrotados na história do Brasil: 1) Hipólito José da Costa Pereira; 2) José Bonifácio; 3) Irineu Evangelista de Souza; 4) Joaquim Nabuco; 5) Rui Barbosa; 6) Monteiro Lobato; 7) Oswaldo Aranha; 8) Eugênio Gudin; 9) Roberto Campos; 10) Gustavo Franco. Publicado em Spotniks(14/02/2016; link: http://spotniks.com/dez-grandes-derrotados-da-nossa-historia-ou-como-o-brasil-poderia-ter-dado-certo-mas-nao-deu/); reproduzido no blog Diplomatizzando(link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/02/dez-grandes-derrotados-de-nossa.html). Relação de Publicados n. 1211.

Mas, ao falarmos de figuras diplomáticas que podem servir de inspiração, mesmo decorridos longos anos de suas carreiras respectivas, é inevitável termos algumas personalidades em vista, algumas que podem já ter sido citadas na minha pequena lista de “derrotados” acima (como José Bonifácio, ou Oswaldo Aranha, ou mesmo Rui Barbosa, que foi um “diplomata acidental”), outras que merecem referência em qualquer trabalho historiográfico nesse campo. Permito, assim, citar os dois Rio Branco, e até mesmo o pai, Visconde de Rio Branco, José Maria da Silva Paranhos, e o Barão, Paranhos Jr., ambos por uma dedicação exemplar (o pais mais até do que o filho, até uma fase já madura da vida, quase que por acidente) não só ao Estado e à diplomacia à qual ambos serviram, como ao Brasil, em seu conjunto. Outro que poderia ser citado nesse rol, e que foi também um “derrotado”, foi San Tiago Dantas, um jurista avançado, que serviu por diversas vezes à diplomacia brasileira antes de se tornar chanceler e depois ministro da Fazenda. 
Na área econômica, que é também política e muitas vezes diplomática (por algumas negociações externas que exigem certas habilidades próprias da carreira), eu me permitiria citar os “pais” do Plano Real, os homens que salvaram o Brasil de si mesmo. Não me refiro particularmente ao chanceler, depois ministro da Fazenda e posteriormente presidente Fernando Henrique Cardoso, ainda que ele possa ter tido um papel crucial na aceitação, pelo vice-presidente assumido Itamar Franco, do Plano Real que ele nunca entendeu muito bem (o Itamar), mas aos verdadeiros “pais”, o pequeno grupo de economistas que lutou bravamente para tornar o Brasil um pouco menor irracional, um pouco mais normal, do que ele tinha sido nos anos e décadas anteriores de políticas econômicas erráticas e de inflacionismo construído pelo próprio Estado. Esses “pais”, e provavelmente estou esquecendo alguns, se chamam Pedro Malan, Edmar Bacha, Gustavo Franco, Winston Fritsch, André Lara Resende, Pérsio Arida, Clovis Carvalho, Francisco Lopes, e alguns outros que já tinham participado de planos anteriores (frustrados) e que tinham adquirido experiência no trato do monstro muito pouco metafísico que enfrentamos durante décadas: os gastos públicos excessivos por parte do Estado, os desequilíbrios fiscais e os déficits orçamentários, o emissionismo irresponsável, o protecionismo, o estatismo, o dirigismo anacrônicos e prejudiciais, enfim, muitos dos males que já tinham sido diagnosticados décadas antes por homens como Eugênio Gudin e Roberto Campos, e que eles não tinham conseguido vencer.
Creio que cabe essa homenagens aos “pais do Real”, pois eles construíram parte do Brasil de hoje: não conseguiram terminar a obra (depois continuada por Armínio Fraga, por exemplo), por circunstâncias políticas, assim como creio que cabe uma palavra de repúdio aos economistas aloprados alinhados com as teses espúrias, anacrônicas e prejudiciais do Partido dos Trabalhadores, e sobretudo de repúdio a seus líderes políticos, Lula e Dilma à frente, por terem colocado as bases daquilo que eu chamo de A Grande Destruição, a obra de desmantelamento de tudo o que os “pais do Real” tanto se esforçaram por preservar. Vale, portanto, o registro.

4) O senhor é diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, o IPRI. Para os acadêmicos que têm dúvida, qual a diferença entre o IPRI e a Fundação Alexandre de Gusmão, a FUNAG?
PRA:O IPRI é um dos órgãos subordinados, junto com o CHDD – o Centro de História e Documentação Diplomática, sediado no Rio de Janeiro –, à Funag, que é por sua vez vinculada ao Ministério das Relações Exteriores. Teoricamente o IPRI se destina a fazer pesquisas, divulgação, informação e publicações nas grandes áreas que são as suas, que se confundem, grosso modo, com o trabalho do Itamaraty, ou seja, a agenda corrente da política externa brasileira, e também os grandes temas da política internacional, dos problemas que envolvem nossa participação nos grandes foros de negociação internacionais. Eu disse teoricamente porque o IPRI não dispõe de um orçamento próprio, praticamente não tem pesquisadores, a não ser alguns poucos, e depende, para o essencial de suas atividades, dos recursos, possibilidades e da boa disposição da Funag, e do Itamaraty obviamente, para desenvolver essas atividades. Eu procuro sugerir atividades nas áreas descritas acima, mas também tomar iniciativas nos meios diplomáticos e acadêmicos para promover uma intensa agenda de atividades ao menor custo possível, ou seja, convidando pessoas de passagem por Brasília para falar em nossos auditórios e salas de reuniões sobre os mesmos temas de que se ocupam os diplomatas e os acadêmicos, o que poderia ser resumido nos meus dois princípios de trabalho: tudo o que me dá prazer intelectual (e tem muita coisa nesse universo) e tudo o que o Itamaraty não faz, ou seja, aquilo que foge, habitualmente, à agenda diplomática corrente, que é bastante bem coberta pela própria Funag. 
Um pouco do que eu fiz, neste ano em que estou à frente do IPRI está resumido em algumas postagens do meu blog Diplomatizzando, especificamente nesta aqui: 
Retomada do trabalho no Itamaraty, depois de 13 anos de regime companheiro: um relatório das atividades desde a volta do exterior”, Brasília, 6 agosto 2017, 21 p.; n. 3147); junção dos dois trabalhos, 3145 e 3146, num único arquivo para fins de informação; postado parcialmente no blog Diplomatizzando(link: https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/retomada-do-trabalho-no-itamaraty.html); disponível integralmente na plataforma Academia.edu (link: (https://www.academia.edu/34143789/Retomada_do_trabalho_no_Itamaraty_depois_de_13_anos_de_regime_companheiro_um_relatorio_das_atividades_desde_a_volta_do_exterior).


5) Que trabalho o IPRI desempenha e como o mesmo se relaciona e contribui para com a academia de Relações Internacionais? E como área acadêmica contribui para o IPRI?
PRA:A Funag, como um todo, e também seus órgãos subordinados, o IPRI e o CHDD, foram justamente criados para estabelecer pontes, diálogo, cooperação entre a chamada sociedade civil e o MRE, especificamente entre os meios acadêmicos e o ambiente diplomático, em suas diferentes vertentes: pesquisa, seminários, eventos diversos e iniciativas conjuntas que possam aproximar e explorar as interfaces e as possibilidade de cooperação nesses meios. Creio que, num julgamento pessoal, o espírito e a letra dos instrumentos e das instituições dedicadas a esses intercâmbios têm sido amplamente atendidos, desde a criação da Funag, ainda no regime militar (1971) e depois do IPRI (1987, celebrando, portanto, 30 anos em 2017) e pouco depois o CHDD. As publicações – livremente disponíveis, quase todas, na Biblioteca Digital da Funag – estão aí para provar o que digo, mas isso é apenas uma parte dos milhares de eventos e empreendimentos registrados ao longo dessas décadas, pois a maior parte dos trabalhos é justamente constituída por seminários organizados pelo IPRI ou pela Funag, abertos geralmente ao público externo (especialistas, acadêmicos, burocratas de outros órgãos), ou eventualmente fechados ao próprios diplomatas, quando se trata de discutir temas sensíveis vinculados a negociações internacionais. 
O IPRI é parte desse mesmo ambiente e propósitos, mas como disse, ele dispõe de poucas ferramentas e recursos (se algum), pois conta com pessoal reduzido na parte de pesquisas, e praticamente nenhum na parte de organização de eventos, o que fica a cargo da Funag. Mas, pode-se dizer que nossos “pesquisadores” são todos os diplomatas da Casa, pois normalmente publicamos os trabalhos do Instituto Rio Branco, com destaque para as teses do Curso de Altos Estudos que se supõe constituam matéria prima para a comunidade acadêmica de RI e de áreas afins. Por outro lado, essa vasta comunidade – atualmente, pois antes era muito reduzida – também colabora com os eventos, publicações e outras iniciativas do IPRI, como do CHDD e da Funag, de maneira geral. Esse é o nosso trabalho, e creio que, na modéstia de meios que são os do Itamaraty no orçamento global do Estado, e os da própria Funag, desempenhamos essas funções de modo altamente satisfatório. 
Eu, pelo menos, não posso dizer que tenho muito tempo livre no IPRI para deleite pessoal ou para empreender minhas próprias “afinidades eletivas”, que nem sempre coincidem com a agenda oficial do MRE, da Funag, ou mesmo do IPRI. De toda forma, meus trabalhos pessoais eu os desenvolvo em casa, ainda que reconhecendo que existe, atualmente, uma enorme interface de identidade entre o que eu pesquiso, em caráter pessoal, e o que eu faço no próprio IPRI.

6) O senhor possui um blog "Diplomatizando", no qual faz posts relacionados às Relações Internacionais, política externa, cultura, etc.; além de obter diversas obras publicadas. O amor pela escrita se desenvolveu em que momento de sua vida?
PRA:Sempre fui um leitor voraz e um “escritor” compulsivo. Coloco essa palavra entre aspas, pois não me considero um “escritor profissional”, e certamente não um do gênero literário. Sempre escrevi porque, no início, queria resumir o que eu tinha lido e aprendido nos livros, e depois comecei a escrever o que eu mesmo pensava a respeito do que eu tinha lido, vivido, observado. Obviamente, os primeiros trabalhos foram resenhas de livros, depois evoluindo para “artigos” e mais adiante, já na vida universitária, para a produção de textos com pretensão “científica”. Bem mais tarde, já aos quarenta anos, vieram os livros, quando decidi coletar os muitos escritos resultando de aulas, seminários, trabalhos diversos da vida profissional (diplomática) e acadêmica, em volumes organizados oferecidos a editoras (as mais diversas).
Os blogs (eu tive vários, sendo que o Diplomatizzandoé o mais recente e o mais ativo) são o que eu chamo de “divertissement”, ou seja, não tão “sérios” quanto o meu site pessoal (ainda em organização: www.pralmeida.org), e apenas destinados a recolher, num mesmo ambiente, materiais os mais diversos: notícias, notas variadas sobre temas conjunturais ou de estudo, trabalhos meus ou referências de trabalhos de terceiros, de entidades oficiais, de outros colegas ou até desconhecidos, que eu julgo, sob critérios puramente pessoais ou aleatórios, como “interessantes” o suficientes para merecer registro e postagem. O Diplomatizzandoé uma espécie do que antigamente se chamava de “gabinete de curiosidades”, um repertório, uma biblioteca, um “museu”, um catálogo de publicações, ou seja, um espaço livre onde eu posso depositar tudo aquilo que eu julgo meritório intrinsecamente, o que é muita coisa (indo da história antiga à política contemporânea, e passando por todas as áreas do conhecimento humano). Ele pode ser descrito como uma pequena enciclopédia de meus interesses intelectuais.
Num determinado momento de nossa história recente, e aqui eu recorro à minha “historiografia” particular – o AC e DC, ou seja, Antes e Depois do regime dos Companheiros, durante o qual eu fui afastado de qualquer trabalho prático no exercício legítimo de minha carreira diplomática –, o Diplomatizzando se converteu numa espécie de “quilombo de resistência intelectual”, ou seja, onde eu tinha o meu pequeno espaço de liberdade, no qual eu me permitia postar todas as minhas críticas, veladas ou abertas, ao espetáculo que eu considerava lamentável de incompetência total no exercício das funções públicas pelos companheiros amestrados em seu partido “neobolchevique” e sobretudo suas distorções no exercício da diplomacia nacional, sem deixar de mencionar a corrupção evidente na condução de muitas das políticas públicas (eventualmente também na própria diplomacia). Acredito que o blog me granjeou certas inimizades na carreira – das quais nada tenho a objetar, pois que entendo que diplomatas “normais” são geralmente bem mais discretos e menos vocais do que eu fui durante todos esses anos – e também alguma admiração, dentro da carreira e fora dela, por justamente ter a coragem de romper o consenso (virtual, praticamente universal) sobre as “excelências” dos governos companheiros e até de sua diplomacia.
Devo ter granjeado, igualmente, alguma admiração, mas muito mais objeção nos meios acadêmicos, especialmente nos dedicados à diplomacia, pois o tom geral dos trabalhos acadêmicos era de aprovação, senão de admiração, pela chamada “diplomacia ativa e altiva”, quando eu simplesmente a considerava uma fraude e uma mistificação. Nunca me importei com as críticas, e nunca me deixei levar pelos elogios: eu sempre fiz o meu trabalho solitariamente, isoladamente, e o único meio de “comunicação” com o público foi justamente por meio do meu blog Diplomatizzando. Confesso não ter a menor ideia de sua eventual influência nos vários meios que o alcançam – o que ocorre, aliás, de forma passiva, pois jamais remeto trabalhos a listas pessoais, simplesmente os deixo à disposição dos interessados – pois não costumo seguir a linha dos acessos, apenas o fazendo indiretamente (pelos relatórios regulares, “Analytics”, da plataforma Academia.edu, por exemplo). Meu propósito não é o de disputar espaços com ninguém, não fazer publicidade indevida de minha produção, apenas ficar em paz com a minha própria consciência e oferecer ao público em geral, aos jovens estudantes em particular, uma visão crítica, “contrarianista”, de alguém que muito leu na vida, muito estudou, muito viajou, e que tem alguma experiência a transmitir, em termos das melhores práticas ou políticas que possam servir ao desenvolvimento do Brasil e de seu povo.
Vindo de uma família muito modesta, tendo ascendido socialmente pelo estudo e pelo trabalho, considero que o Brasil é atualmente um país muito injusto, pois não oferecer mais aos jovens da condição que era a minha nos anos 50 ou 60 as boas escolas que me permitiram galgar posições importantes na vida profissional e intelectual. Nem tudo eu credito às escolas públicas, obviamente, pois muito dependeu de meu próprio esforço, uma vez que, em lugar de ficar jogando futebol nas ruas ou me dedicar a qualquer outro lazer, eu passava horas e horas na biblioteca pública infantil que tive a sorte (e a iniciativa pessoal) de frequentar em minha infância e primeira adolescência, num ambiente de livros que sempre me cercou durante toda a vida. 
Tudo isso se reflete em meus escritos, inéditos, e nos trabalhos publicados, e constituem a minha razão de viver, como estou fazendo justamente agora, “perdendo” toda uma noite para compor um “texto-guia” (que não será lido, obviamente), em resposta a um roteiro para entrevista de jovens estudantes de RI e possivelmente candidatos à carreira diplomática. Faz parte de minha personalidade dedicar a obras deste gênero, que eventualmente vão terminar sendo divulgadas unicamente no meu blog Diplomatizzando, uma vez que não se prestam a nenhum outro meio ou veículo.

7) Há alguma diferença entre o Paulo Roberto diplomata e o Paulo Roberto escritor?
PRA:Eu não diria, pois como sempre repito, nunca deixei o cérebro em casa quando vou para o trabalho, ou nunca o deposito na portaria quando adentro no prédio da SERE, ou em qualquer outra instalação. Não quero com isso dizer que meus colegas abandonem sua individualidade ao iniciar uma rotina de trabalho na diplomacia, mas a verdade é que eu NUNCA me eximi de expressar minha opinião pessoal sobre quaisquer temas ou problemas da diplomacia apenas porque ela pudesse contrariar alguma postura oficial, ou os argumentos de quaisquer outros colegas, mesmo superiores. Ou seja, eu nunca deixe de ser quem eu sou, apenas por estar investido de funções oficiais na burocracia do Estado.
Mas é claro que podemos traçar uma diferença entre o Paulo Roberto de Almeida burocrata, que tem de cumprir suas obrigações funcionais, e o mesmo indivíduo, que conheço bem, obviamente, quando ele se encontra no recôndito do lar, como se diz, quando se permite emitir opiniões pessoais totalmente livres de quaisquer constrangimentos funcionais. Tenho procurado respeitar, razoavelmente, os ritos e obrigações a que somos adstritos, ou seja, não ficar emitindo opiniões pessoais sobre temas e agendas da diplomacia que possam contrariar a postura oficial, pois isso está regulado em nossos estatutos do serviço exterior (nos quais se requer autorização da Casa para manifestação pública sobre esses temas oficiais, o que acho basicamente correto, só discordando da famigerada “lei da mordaça”, uma circular de censura preventiva propriamente restritiva). Nem sempre cumpri esse ritual, sobretudo durante o regime companheiro, quando registrei diversos episódios contrários, não exatamente ao que eu pensava pessoalmente, mas contrários aos interesses nacionais do Brasil, pois que os companheiros conduziam uma miserável diplomacia partidária, mais identificada com os interesses cubanos (expressos nas reuniões do Foro de São Paulo, por exemplo) do que os nacionais. Não tive nenhuma hesitação em denunciar isso publicamente, e por isso mesmo paguei um alto preço pela minha atitude, ficando totalmente à margem do trabalho na Secretaria de Estado DURANTE TODO o reinado lulopetista no Brasil.
Aproveitei esse período, quando fiz da Biblioteca do Itamaraty o meu escritório de trabalho, para ler muito, escrever bastante, e publicar um pouco. Especificamente sobre essa questão das diferenças entre o diplomata escritor e o funcionário da ativa, tenho um pequeno texto sobre os diplomatas como memorialistas, o que não é ainda o meu caso (mas que talvez venha a ser). Este aqui: 
2187. “Memória e diplomacia: o verso e o reverso”, Shanghai, 23 Setembro 2010, 4 p. Notas sobre memórias e memorialistas da carreira. Postado no blog Diplomatizzando(link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/09/memorias-diplomaticas-paulo-r-de.html). Publicado em Boletim Mundorama(n. 37, setembro 2010, 23.09.2010; link:  http://mundorama.net/2010/09/23/memoria-e-diplomacia-o-verso-e-o-reverso-por-paulo-roberto-de-almeida/#more-6474). Relação de Publicados n. 992.

8) O senhor foi citado na última prova de admissão à carreira diplomática, agora em 2017. Como foi a sensação?
PRA:De certo modo, foi uma completa surpresa, por dois motivos principais. Em primeiro lugar porque NUNCA escrevi pensando em servir de guia aos candidatos à carreira, inclusive porque os meus trabalhos, ainda que didáticos, muitos deles, não constituem propriamente materiais de estudos, ou manuais sistemáticos para uso nos concursos: eles são mais apropriadamente o reflexo de pesquisa bem mais especializadas do que gerais, servindo, portanto, a um público mais de pós-graduação, ou aos leitores cultos, do que a jovens iniciantes nos estudos ou “concurseiros”. Em segundo lugar porque como sempre mantive uma postura totalmente independente não só em relação à diplomacia companheira, aquilo que eu sempre chamei de “lulopetismo diplomático”, mas também, em muitos casos, em relação à próprias posições oficiais da diplomacia governamental (do Itamaraty, dos presidentes de plantão, etc.). Não tenho nenhum problema em afirmar isto, porque é a mais absoluta verdade: sou uma pessoa totalmente alheia a defender posturas oficiais de quaisquer governos, de quaisquer tendências que sejam, eu me guio apenas por certos critérios de racionalidade, que são os que adquiro com base no estudo, na pesquisa, na reflexão, na observação ponderada da experiência de outros povos e nações, sempre pensando no que seria melhor para o Brasil e seu povo, independentemente do que possam pensar os governantes do momento. Em resumo, nunca escrevi para diplomatas ou para quaisquer outro público: sempre escrevi o que eu mesmo penso dos problemas focados em meus trabalhos. 
Tanto é assim que meus livros nunca foram publicados pelo Itamaraty, nem eu desejei que fossem, para evitar qualquer acusação de “chapa branca”, ou defesa das posturas oficiais. O único livro publicado pelo Itamaraty é uma pesquisa sobre os fundamentos de nossa diplomacia econômica no século XIX, ou seja, um trabalho de investigação histórica (ainda assim com argumentos sobre a era republicana que não condizem com a “versão oficial”, como o nosso arraigado protecionismo, por exemplo). 
O fato de um trecho de um livro meu ser citado numa prova de ingresso à carreira (sem que eu saiba como isso se deu, nem vou procurar saber) talvez seja apenas o reconhecimento, por algum professor, do valor e da legitimidade de meus trabalhos. Mas registre-se que isso se deu apenas ao final, e ao término (que espero definitivo), do miserável regime companheiro que praticamente destruiu o Brasil, economicamente e moralmente, o que também afetou sua diplomacia, por mais que meus colegas não o queiram reconhecer. Nada disso afeta minha produção, ou a continuidade de meu trabalho: não vou aderir ao “mercado” (enorme e lucrativo) dos concursos, pois não tenho interesse em produzir para os outros, apenas em dar continuidade a meu trabalho de pesquisas e reflexões (que eventualmente poderão servir aos “concurseiros” e à própria diplomacia oficial, mas isso independentemente de minha vontade e propósitos). 

9) O senhor iniciou sua carreira diplomática em 1977. Desde lá, o que mudou no que tange ao modo de se fazer a diplomacia?
PRA:Pouco mudou, a não ser o uso, cada vez mais intenso, dos meios de comunicação social, mas eles são apenas ferramentas de trabalho. O essencial permanece exatamente como era: estudo, pesquisa, informação, preparação de posições que o Brasil deve defender nos foros bilaterais, plurilaterais e multilaterais; a defesa dessas posições, ou seja, negociações nesses ambientes; e a representação do país a serviço dos interesses nacionais, e em defesa da já imensa comunidade de brasileiros expatriados (muitos por motivos econômicos, ou de segurança, infelizmente levados a se deslocar ao exterior, para melhores oportunidades de emprego, de criação de riqueza, para segurança pessoal, para um futuro melhor para os filhos, pois devemos reconhecer que o Brasil se tornou um país muito difícil nos últimos tempos, inclusive no plano ético ou simplesmente moral). 
Nesses últimos 40 anos, o Brasil cresceu, entrou em crises, retomou sua trajetória de desenvolvimento, enfrentou desafios externos, mas sobretudo internos, pois devemos também reconhecer que praticamente TODOS os problemas e desafios que hoje enfrentamos derivam de nossos próprios erros, da inépcia ou corrupção de nossas “elites” (e todos os que governam são elites, mesmo sindicalistas mafiosos ou políticos vindos dos “meios populares”). Nesse percurso tivemos momentos, externamente, de grande receptividade internacional e outros de descrédito ou de desalento, como agora, por exemplo. Nada disso deve nos fazer perder o rumo que queremos imprimir ao país: uma nação democrática, fundada nas mais amplas liberdades, capaz de garantir um mínimo de segurança a seu povo, boas condições de estudo, de saúde e de infraestrutura e sobretudo podendo oferecer um ambiente aberto à livre iniciativa de seus cidadãos. Todos os países passam por fases mais felizes ou menos felizes numa longa trajetória histórica: o importante é que façamos o nosso trabalho sempre com esse objetivo, que é o de deixar aos nossos filhos e netos um país melhor do que aquele que recebemos de nossos pais e avós. 
A política externa tem um papel muito pequeno a desempenhar nesse processo, senão o de apontar as trajetórias “mais felizes”, os desempenhos mais propícios ao atingimento dos objetivos nacionais de desenvolvimento e de liberdades, que são os exemplos de outros povos e nações que prosperaram num ritmo mais rápido, e mais equilibrado, do que aquele que conhecemos até aqui. O Brasil certamente não é um país fracassado, mas também não é o de maior êxito no contexto internacional. Pois bem: devemos tomar inspiração nos exemplos de maior êxito – mas nunca existe um “modelo ideal” a ser seguido – e nos afastar nas experiências mais fracassadas, que são, deve-se dizer, exatamente essas que conhecemos recentemente: excesso de gastos públicos, políticas econômicas e setoriais equivocadas (talvez deliberadamente, feitas para roubar e corromper), incapacidade de conceber e implementar reformas (todos os países devem fazê-lo, o tempo todo), adaptação a um mundo globalizado, em lugar de se fechar num protecionismo tão ridículo quanto anacrônico. Devemos nos proteger sobretudo dos demagogos, dos falsos moralistas, dos mentirosos, dos ineptos e dos corruptos, que são, infelizmente muito numerosos nos meios políticos. 

10) Quais atributos um diplomata deve ter para contribuir de maneira significativa nas relações internacionais do Brasil?
PRA:Creio que já respondi abundantemente a essas questões (inclusive pelos muitos trabalhos que vão listados ao final), mas aqui vai um resumo do que penso. O diplomata deve ser não um burocrata acomodado na estabilidade do serviço público – o qual, aliás, eu julgo que não deveria existir, mesmo para diplomatas, pois essa situação conduz naturalmente a acomodações – mas um estudioso em tempo integral e em ritmo constante, sempre pesquisando o existe de melhor no mundo para eventualmente recomendar ao Brasil. É pelo estudo, antes, na preparação, durante o ingresso, e depois, no exercício da profissão, que o diplomata deve se pautar: um estudo no trabalho, mas também fora dele, pois nem tudo está na diplomacia, e sim na observação de todos os aspectos que fazem a vida no contexto contemporâneo, de profunda interpenetração dos povos, culturas, economia e política. Sendo um grande estudioso, um cidadão que pensa e que, de certa forma, foge da “normalidade”, o diplomata poderá ser um grande servidor do Brasil e de seu povo, no Brasil e no exterior. 

11) Como o senhor concilia todas as suas tarefas?
PRA:Com extremo sacrifício do lazer pessoal, por vezes do convívio familiar, uma vez que estou o tempo todo lendo, refletindo, estudando, escrevendo, ou seja, recolhido ao meu universo de leituras e escritas, o que nem sempre é saudável do ponto de vista social ou familiar. São vícios que se adquirem ao longo da vida, e que adquiri ainda na adolescência, dos quais é difícil se desfazer na vida adulta. 
Costumo dizer que só durmo nas horas vagas, como aliás estou fazendo agora mesmo, no momento em que escrevo estas linhas, já extensas demais. Em resumo: é difícil conciliar, e na maior parte dos casos é preciso sacrificar uma parte da vida, do lazer, da saúde até, para ter o que se deseja. Cada um decide quais são suas prioridades na vida: as minhas estão concentradas no estudo, na reflexão e na escrita. O importante é manter a sua integridade pessoal e a honestidade intelectual. 

12) Quais são suas dicas para quem está querendo prestar o CACD?
PRA:Nada além do que já disse aqui: estudo, estudo, estudo, boas leituras, menos ferramentas sociais (ainda que elas ofereçam muito para os estudos, mas elas nos distraem também), e mais anotações, sínteses, pesquisa, concentração. Saber separar o que é prioritário do que é acessório, também é importante, pois como não podemos ler tudo, é preciso saber distinguir o que é relevante, importante, essencial, do que é puramente complementar ou secundário. Mas, no meio de tudo isso é preciso conservar a empatia pelo que se faz. Ser “concurseiro”, visando algum emprego público, qualquer um, é provavelmente a pior recomendação que se possa fazer a alguém. A diplomacia não é um “emprego”, ela é uma vocação, e só se tira prazer de um trabalho qualquer quando estamos nele por empatia profunda, não para preencher a carteira, viajar pelo mundo, ou garantir uma estabilidade para toda a vida. Fora de todo o charme e glamour que possam ter a diplomacia – e nisso vão muitos equívocos –, a diplomacia também pode ser difícil, pessoalmente ou no plano profissional, por implicar muitas mudanças na vida, postos nem sempre ideais (e mesmo difíceis), situações que aliás enfrentamos em todas as demais profissões: burocracia, chefia, insuficiência de meios, insatisfação temporária com o trabalho, cansaço, etc. Assim é a vida...

13) O que é diplomacia pra o senhor?
PRA:Existem muitas questões sobre a natureza da diplomacia, em geral, e diversos livros sobre o tema, de autores consagrados, estrangeiros e brasileiros. O embaixador Sérgio Bath, por exemplo, já escreveu um pequeno livro sobre o tema, publicado numa dessas coleções de introdução: O que é diplomacia(São Paulo: Brasiliense, 1989). Recomendo a leitura. 
Existem também questões sobre o próprio exercício da diplomacia, do ponto de vista pessoal, no trabalho, sobre como, por exemplo, ela poderia ser mais especializada, ou generalista, como ela de fato é (ou seja, alternando postos consulares com atividades bilaterais, multilaterais, administrativas, etc.). Já escrevi sobre isso também, podendo citar este meu trabalho: “Carreira Diplomática: Geral ou Especializada?: Respondendo a dúvidas legítimas” (Brasília, 16 janeiro 2010, 4 p.; n. 2102); respostas a questões colocadas por uma candidata à carreira diplomática. Postado no blog Diplomatizzando(link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/01/1700-carreira-diplomatica.html).
Muito eu já respondi nas questões anteriores, mas para evitar de me repetir, e para aproveitar respostas já feitas em questionamentos anteriores, remeto a estes meus trabalhos, divulgados em meu blog, e que podem satisfazer à curiosidade de alguns: 
2984. “Uma carreira diplomática: Paulo Roberto de Almeida”, Brasília, 11-27 maio 2016, 16 p. Entrevista redigida para o site “Diplowife, Diplolife” (link: http://diplowife-diplolife.blogspot.com.br/2016/05/entrevista-com-paulo-roberto-de-almeida.html). Transcrito no blog Diplomatizzando(http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/entrevista-sobre-carreira-atividades.html). Relação de Publicados n. 1226.
2222. “Respondendo a questões sobre a carreira diplomática”, Shanghai, 5 novembro 2010, 32 p. Introdução a compilação de respostas a questões colocadas por leitores do blog sobre a carreira diplomática, estudos preparatórios e o concurso de ingresso. Postado no blog Diplomatizzando(5/11/2010; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/11/carreira-diplomatica-respondendo.html), inclusive com as questões e comentários submetidos a seguir. 
2007. “Carreira Diplomática: respondendo a um questionário”, Brasília, 21 maio 2009, 8 p. Respostas a graduanda em administração na UFSC. Blog Diplomatizzando(8/01/2016; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/01/um-questionario-sobre-carreira.html).

No mais, eu diria apenas que a diplomacia não é tudo para mim, ainda que ela seja muito, ou seja, minha vida profissional em toda a minha fase adulta. Mas o exercício da profissão de burocrata da política externa sempre foi combinada às lides acadêmicas, que também exerci de modo quase contínuo ao longo de todos esses anos. Mas, o mais importante mesmo é a minha produção intelectual: é ela que me dá, de verdade, satisfação e cumpre o objetivo relevante de minha vida, que é a de me elevar pelo conhecimento e pelo prazer espiritual de estar sempre aprendendo (e ensinando, também, pois uma coisa faz parte da outra). O que eu recomendaria, portanto, é isto: sejam diplomatas, mas não apenas, ou só, diplomatas. Cultivem alguma arte do espírito e algum sentido pessoal, vocacional, além do trabalho, qualquer que seja essa outra atividade. A minha é ler, refletir, escrever, publicar, mas cada um saberá determinar aquilo que lhe dá mais prazer em sua vida, até não fazer mais nada além de ser um bom diplomata, o que já é muito.


Apêndice: trabalhos correlatos de Paulo Roberto de Almeida
Materiais pertinentes à carreira diplomática (em ordem cronológica inversa)
Nota: alguns dos links citados internamente aos trabalhos aqui listados podem estar defasados, pelo fato de remeterem à estrutura do site que mantive durante vários anos, o qual teve de ser reorganizado no período recente, tarefa ainda não concluída.

2984. “Uma carreira diplomática: Paulo Roberto de Almeida”, Brasília, 11-27 maio 2016, 16 p. Entrevista redigida para o site “Diplowife, Diplolife” (link: http://diplowife-diplolife.blogspot.com.br/2016/05/entrevista-com-paulo-roberto-de-almeida.html). Transcrito no blog Diplomatizzando(http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/entrevista-sobre-carreira-atividades.html). Relação de Publicados n. 1226.
2977. “O Itamaraty e a diplomacia profissional brasileira em tempos não convencionais”, Brasília, 15 maio 2016, 10 p. Entrevista concedida por escrito a graduando na Faculdade de Direito da USP, e animador do blog Jornal Arcadasum jornal independente totalmente produzido por estudantes do Largo de São Francisco (http://www.jornalarcadas.com.br/), sobre aspectos da carreira e do funcionamento do Itamaraty na fase recente. Publicado, sob o título de “Entrevista: a crise e o anarco-diplomata”, no blog Jornal Arcadas (15/05/2016; link: http://www.jornalarcadas.com.br/acriseeoanarcodiplomata/); reproduzido no Diplomatizando (http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/um-anarco-diplomata-fala-sobre.html). Relação de Publicados n. 1220.
2608. “Carreira diplomática e formação”, Hartford, 19 Maio 2014, 9 p. Respostas a questões colocadas por aluna de RI do IESB, com base em trabalhos anteriores sobre o mesmo assunto. Postado no blog Diplomatizzandoem 15/08/2015 (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2015/08/carreira-diplomatica-e-formacao-do.html).
2382. “Questionário sobre a carreira diplomática”, Paris, 10 abril 2012, 2 p. Respostas para trabalho universitário. Blog Diplomatizzando (19/08/2017; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/questionario-sobre-carreira-diplomatica.html)
2409. “Grande estratégia e idiossincrasias corporativas: uma reflexão baseada em George Kennan”, Brasília, 14 julho 2012, 7 p. Considerações sobre posturas na carreira diplomática, com base em trecho da biografia do diplomata e historiador americano por John Lewis Gaddis: George F. Kennan: An American Life(New York: The Penguin Press, 2011), lida na edição Kindle. Blog Diplomatizzando(4/01/2016; link: http://www.diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/01/george-kennan-era-um-contrarianista.html).
2328. “Carreira Diplomática e Carreira Acadêmica: vidas paralelas ou linhas que não se tocam?”, Brasília, 9 outubro 2011, 4 p. Respostas a questionário; postado, no blog Diplomatizzando(http://diplomatizzando.blogspot.com/2011/10/carreira-diplomatica-e-carreira.html). 
2222. “Respondendo a questões sobre a carreira diplomática”, Shanghai, 5 novembro 2010, 32 p. Introdução a compilação de respostas a questões colocadas por leitores do blog sobre a carreira diplomática, estudos preparatórios e o concurso de ingresso. Postado no blog Diplomatizzando(5/11/2010; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/11/carreira-diplomatica-respondendo.html), inclusive com as questões e comentários submetidos a seguir.
2136. “Entrevista sobre Minha Carreira Diplomática”, Shanghai, 25 abril 2010, 5 p. Respondendo a um aluno do curso médio. Postado no blog Diplomatizzando(http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/04/2076-mais-uma-entrevista-sobre-carreira.html). 
2129. “Mais um questionário sobre o trabalho diplomático”, Shanghai, 9 abril 2008, 6 p. Respostas a questões colocadas por estudante de Relações Internacionais. Postado no blog Diplomatizzando(http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/04/2044-mais-um-questionario-sobre.html). 
2126. “Carreira Diplomática: um questionário acadêmico”, Florença (Itália), 28 março 2010, 3 p. Respostas a perguntas de alunos de curso de Relações Internacionais da USP. Postado no blog Diplomatizzando(3.04.2010; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/04/1016-carreira-diplomatica-um.html). 
2102. “Carreira Diplomática: Geral ou Especializada?: Respondendo a dúvidas legítimas”, Brasília, 16 janeiro 2010, 4 p. Respostas a questões colocadas por uma candidata à carreira diplomática. Postado no blog Diplomatizzando(link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/01/1700-carreira-diplomatica.html). 
2007. “Carreira Diplomática: respondendo a um questionário”, Brasília, 21 maio 2009, 8 p. Respostas a graduanda em administração na UFSC. Blog Diplomatizzando(8/01/2016; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/01/um-questionario-sobre-carreira.html).
1901. “Questionário sobre a carreira diplomática”, Brasília, 25 junho 2008, 3 p. Respostas a questionário de candidata à carreira diplomática. Blog Diplomatizzando(28.05.2011; linkhttp://diplomatizzando.blogspot.com/2011/05/um-questionario-sobre-carreira.html).
1885. “Questionário sobre a carreira diplomática”, Brasília, 10 maio 2008, 5 p. Respostas a questões colocadas por estudante de administração, sobre a carreira diplomática. BlogDiplomataZ (2.07.2009; link: http://diplomataz.blogspot.com/2009/07/19-mais-um-questionario-sobre-carreira.html#links).
1893. “A importância do profissional de relações internacionais no setor público”, Brasília, 1 junho 2008, 1 junho 2008, 3 p. Respostas a questionário de estudante de RI da Unisul, Florianópolis, SC. Postado no Blog DiplomataZ(2.07.2009; link: http://diplomataz.blogspot.com/2009/07/18-o-profissional-de-ri-no-setor.html#links) e blog Diplomatizzando(28.05.2011; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2011/05/o-profissional-de-ri-no-setor-publico.html).
1837. “Cartas a um Jovem Diplomata: conselhos a quem já se iniciou na carreira e dicas para quem pretende ser um dia”, Brasília, 17 novembro 2007, 1 p. Esquema de livro, com base no trabalho n. 800 (“Novas Regras de Diplomacia”). Blog Diplomatizzando(19/08/2017; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/cartas-um-jovem-diplomata-como-seria-se.html).
1812. “Academia e diplomacia: um questionário sobre a formação e a carreira”, Brasília, 1 outubro 2007, 5 p. Respostas a questionário colocado por estudante da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). BlogDiplomatizzando(10.07.2010; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/07/academia-e-diplomacia-um-questionario.html).
1780. “Aspectos da carreira diplomática: algumas considerações pessoais”, Brasília, 10 de agosto de 2007, 1 p. Palestra em curso preparatório à carreira diplomática. Exposição desenvolvida oralmente em torno dos seguintes pontos: 1. O ingresso: estudos preparatórios e exames de entrada; 2. Estrutura da carreira e fluxos da mobilidade ascensional; 3. Trabalho na SERE e nos postos do exterior: nomadismo vertical e horizontal; 4. Gostosuras e travessuras: os bônus e malus da carreira diplomática; 5. Uma experiência pessoal: combinando diplomacia e academia.
1739. “Carreira diplomática: uma trajetória”, Brasília, 27 março 2007, 5 p. Respostas a perguntas para caderno especial sobre concursos. Publicado, sob o título “Minha trajetória como concursando”, na revista Carta Forense(ano 5, n. 47, abril 2007, Caderno de Concursos, p. C2-C3). BlogDiplomatizzando(12.07.2010; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/07/como-no-caso-de-textos-anteriores-que.html).
1723. “Concurso do Rio Branco: algumas dicas genéricas sobre o TPS”, Brasília, 7 fevereiro 2007, 2 p. Feito em caráter particular, tornado genérico; postado no blog Diplomatizzandosob n. 698 (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2007/02/698-concurso-do-rio-branco-algumas.html#links).
1722. “Aos formandos do curso de RI da Universidade Tuiuti do Paraná, turma 2007”, Brasília, 6 fevereiro 2007, 5 p. Palavras aos formandos que escolheram meu nome para designar o grupo de bacharelandos. Blog Diplomatizzando(link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2007/02/699-recomendacoes-jovens-formandos-em.html#links).
1706. “Retrato do diplomata, quando maduramente reflexivo”, Brasília, 31 dezembro 2006, 5 p. Reflexões pessoais em torno de uma vida dedicada aos livros, ao estudo e ao aperfeiçoamento da sociedade. Blog Diplomatizzando(link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2006/12/679-retrato-do-diplomata-quando.html#links).
1704. “Um autodidata na carreira diplomática”, Brasília, 26 dezembro 2006, 4 p. Respostas a questões colocadas por jovem candidato à carreira diplomática. Blog Diplomatizzando; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2006/12/667-um-autodidata-na-carreira.html#links.
1670. “Dez obras fundamentais para um diplomata”, Brasília , 29 setembro 2006, 6 p. Lista elaborada a pedido de aluno interessado na carreira diplomática: obras de Heródoto, Maquiavel, Tocqueville, Pierre Renouvin, Henry Kissinger, Manuel de Oliveira Lima, Pandiá Calógeras, Delgado de Carvalho, Marcelo de Paiva Abreu e Paulo Roberto de Almeida, para uma boa cultura clássica e instrumental. Blog Diplomatizzando(link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2006/09/625-dez-obras-fundamentais-para-um.html). Relação de Publicados n. 709.
1591. “O Ser Diplomata: Reflexões anárquicas sobre uma indefinível condição profissional”, Brasília, 2 maio 2006, 3 p. Reflexões sobre a profissionalização em RI. Blog Diplomatizzando(20/08/2017; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/o-ser-diplomata-2006-paulo-roberto-de.html).
1563. “As relações internacionais como oportunidade profissional”, Brasília, 23 março 2006, 9 p. Respostas a algumas das questões mais colocadas pelos jovens que se voltam para as carreiras de relações internacionais. Blog Diplomatizzando(14/09/2012; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2013/03/as-relacoes-internacionais-como.html). Relação de Publicados n. 627.
1558. “Ser um bom internacionalista, nas condições atuais do Brasil, significa, antes de mais nada, ser um bom intérprete dos problemas do nosso próprio País”, Brasília, 8 março 2006, 6 p. Alocução de paraninfo na turma de formandos do 2º Semestre de 2005 do curso de Relações internacionais do Uniceub, Brasília (/03/2006). Blog Diplomatizzando(link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/paraninfo-da-turma-de-ri-do-uniceub-em.html).
1535. “Alguns aspectos da cultura diplomática: respostas a questionário no âmbito de projeto sobre a mulher na diplomacia”, Brasília, 18 janeiro 2006, 17 p. Respostas a questionário, no quadro do projeto “Mulheres e Relação entre os Gêneros nas Diplomacias Brasileira e Portuguesa”. Blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/a-cultura-diplomatica-e-as-mulheres.html).
1529. “O que faz um diplomata, exatamente?”, Brasília, 11 janeiro 2006, 4 p. Resposta a indagações efetuadas sobre a natureza do trabalho diplomático, como remissão a meu trabalho sobre as “dez regras modernas de diplomacia”; Blog n. 153 (link: http://paulomre.blogspot.com/2006/01/153-o-que-faz-um-diplomata-exatamente.html).
1492. “Postura diplomática”, Brasília, 8 e 12 novembro 2005, 2 p. Comentários a questão colocada a propósito de situações difíceis enfrentadas no trabalho diplomático. Blog Diplomatizzando(2/07/2012; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2012/07/postura-diplomatica-o-contrarianista.html).
1481. “Recomendações bibliográficas para o concurso do Itamaraty”, Brasília, 13 out. 2005, 6 p. Indicações resumidas a partir do Guia de Estudos do Concurso de Admissão à Carreira Diplomática, versão 2005, para atender às demandas de candidatos à carreira diplomática. Circulada em listas de candidatos. 
1403. “Conselhos de um contrarianista a jovens internacionalistas”, Brasília, 5 março 2005, 6 p. Alocução de patrono na XI turma (2º semestre de 2004) de Relações internacionais da Universidade Católica de Brasília (10/03/2005). Mesmo texto aproveitado para alocução de paraninfo na turma de RI da Universidade do Sul de Santa Catarina, Unisul, Tubarão, SC, de 2004 (8/04/2005). Blog Diplomatizzando(link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/conselhos-de-um-contrarianista-jovens.html).
1377. “História Mundial Contemporânea”, Brasília, 23 janeiro 2005, 6 p. Nota de revisão e comentários ao programa de preparação ao concurso à carreira diplomática, encaminhada ao Diretor do IRBr. 
1374. “Concurso de Admissão à Carreira Diplomática: Comentários ao Guia de Estudos”, Brasília, 20 janeiro 2005, 8 p. Comentários ao programa do concurso do IRBr, para atender solicitação do Diretor do IRBr.
1345. “A caminho de Ítaca”, Brasília, 18 outubro 2004, 7 p. Sobre minha condição de professor. Blog DiplomataZ(link: http://diplomataz.blogspot.com/2009/11/24-por-que-sou-professor-uma-reflexao.html); blog Diplomatizzando(link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2015/10/a-caminho-de-itaca-como-e-por-que-sou.html).
1181. “A formação e a carreira do diplomata: uma preparação de longo curso e uma vida nômade”, Brasília, 14 janeiro 2004, 3 p. Reelaboração ampliada do trabalho 1156 – destinado originalmente ao Guia para a Formação de Profissionais do Comércio Exterior, das Edições Aduaneiras – para o jornal acadêmico da Faculdade de Direito da PUC-Campinas. Blog Diplomatizzando(27/05/2016; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/preparacao-para-carreira-diplomatica.html).
1089. “Aprenda diplomacia por sua própria conta (e risco), em apenas um dia”, Washington, 2 agosto 2003, 4 p. Paródia aos manuais de auto-aprendizado de economia, imaginando matérias e métodos para um self-made diplomat. Blog Diplomatizzando(link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/seja-diplomata-por-sua-propria-conta-e.html).
1080. “Relações Internacionais: profissionalização e atividades”, Washington, 15 julho 2003, 6 pp. Respostas a questões colocadas por estudantes de RI de MG, para subsidiar Mostra Profissional sobre relações internacionais. Blog Diplomatizzando(20/08/2017; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/relacoes-internacionais.html).
1073. “Mensagem aos formandos”, Washington, 4 julho 2003, 5 p. Texto de saudações elaborado para atender a convite da comissão de formatura do curso de Relações Internacionais da Universidade Tuiuti do Paraná. Blog Diplomatizzando(link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/saudacao-formandos-de-relacoes.html). 
1052. “Primeiro Emprego: depoimento pessoal e reflexões”, Washington: 22 maio 2003, 4 pp. Respostas a perguntas sobre formação e profissionalização, para elaboração do “Guia do Primeiro Emprego” (Editora Abril). Blog Diplomatizzando(20/08/2017; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/meu-primeiro-emprego-nao-foi-diplomacia.html).
915. “Profissionalização em relações internacionais: exigências e possibilidades”, Washington, 26 junho 2002, 6 p. Trecho das “Leituras complementares”, do capítulo 11: “A diplomacia econômica brasileira no século XX: grandes linhas evolutivas” do livro Os primeiros anos do século XXI: o Brasil e as relações internacionais contemporâneas(pp. 244-248), para divulgação pelo Centro de Serviços de Carreiras do Curso de RI da PUC-Minas. Blog Diplomatizzando(link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/profissionalizacao-em-relacoes.html).
866. “Diplomacia econômica brasileira: lições da história”, Washington, 14 fevereiro 2002, 10 p. Palestra no Instituto Rio Branco, em 2 de abril de 2002, enfocando as tarefas sociais e políticas do diplomata. Inédito. Blog Diplomatizzando(20/08/2017; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/um-outro-inedito-de-2002-palestra-no.html).
848. “Entrevista Internews Unisul”, Orlando, 11 janeiro 2002, 9 pp. Respostas a questões colocadas pelo Centro Acadêmico Paulo Roberto de Almeida, do Curso de Relações Internacionais da Unisul, para Boletim Internews. BlogDiplomatizzando(20/08/2017; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/uma-entrevista-sobre-carreira-de.html).
800. “Dez Regras Modernas de Diplomacia”, Chicago, 22 jul. 2001; São Paulo-Miami-Washington 12 ago. 2001, 6 p. Ensaio sobre novas regras da diplomacia, com inspiração a partir do livro de Frederico Francisco de la Figanière: Quatro regras de diplomacia (Lisboa: Livraria Ferreira, 1881, 239 p.). Espaço Acadêmico(Maringá: UEM, a. I, n. 4, set. de 2001 - ISSN: 1519.6186). Blog Diplomatizzando(16/08/2015, link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2015/08/dez-regras-modernas-de-diplomacia-paulo.html). Relação de Publicados n. 282.

Existem, provavelmente, muitos outros textos similares ou funcionalmente equivalentes, tratando de questões paralelas, mas provavelmente não classificados sob as rubricas “carreira” ou “diplomacia”, antes, durante ou depois do período coberto nesta listagem, que deve ser considerada como parcial. Se possível organizarei todos os trabalhos em bases metodologicamente homogêneas, para discorrer de maneira sistemática sobre os diferentes aspectos da carreira, desde a preparação para o ingresso  até o desempenho ulterior, mas farei isso oportunamente. O blog Diplomatizzandooferece possibilidades de busca por palavras-chave, assim como as principais ferramentas de busca disponíveis. 

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 19-20 de agosto de 2017

Isaac Asimov: o mundo de 2019, visto 35 anos antes (The Star)

By ISAAC ASIMOV
Special to The Star,Thu., Dec. 27, 2018
Originally published Dec. 31, 1983

In 1983, American writer Isaac Asimov wrote that by 2019, “It is quite likely that society, then, will have entered a phase that may be more or less permanently improved over the situation as it now exists.” 
lf we look into the world as it may be at the end of another generation, let’s say 2019 — that’s 35 years from now, the same number of years since 1949 when George Orwell’s 1984was first published — three considerations must dominate our thoughts:

1. Nuclear war. 
2. Computerization. 
3. Space utilization.

If the United States and the Soviet Union flail away at each other at any time between now and 2019, there is absolutely no use to discussing what life will be like in that year. Too few of us, or of our children and grand· children, will be alive then for there to be any point in describing the precise condition of global misery at that time.
Let us, therefore, assume there will be no nuclear war — not necessarily a safe assumption — and carry on from there.
Computerization will undoubtedly continue onward inevitably. Computers have already made themselves essential to the governments of the industrial nations, and to world industry: and it is now beginning to make itself comfortable in the home.

An essential side product, the mobile computerized object, or robot, is already flooding into industry and will, in the course of the next generation, penetrate the home.
There is bound to be resistance to the march of the computers, but barring a successful Luddite revolution, which does not seem in the cards, the march will continue.
The growing complexity of society will make it impossible to do without them, except by courting chaos; and those parts of the world that fall behind in this respect will suffer so obviously as a result that their ruling bodies will clamour for computerization as they now clamour for weapons.
The immediate effect of intensifying computerization will be, of course, to change utterly our work habits. This has happened before.
Before the Industrial Revolution, the vast majority of humanity was engaged in agriculture and indirectly allied professions. After industrialization, the shift from the farm to the factory was rapid and painful. With computerization the new shift from the factory to something new will be still more rapid and in consequence, still more painful.
It is not that computerization is going to mean fewer jobs as a whole, for technological advance has always, in the past, created more jobs than it has destroyed, and there is no reason to think that won’t be true now, too.
However, the jobs created are not identical with the jobs that have been destroyed, and in similar cases in the past the change has never been so radical.

Destroying our minds
The jobs that will disappear will tend to be just those routine clerical and assembly-line jobs that are simple enough, repetitive enough, and stultifying enough to destroy the finely balanced minds of those human beings unfortunate enough to have been forced to spend years doing them in order to earn a living, and yet complicated enough to rest above the capacity of any machine that is neither a computer nor computerized.
It is these that computers and robots for which they are perfectly designed will take over.
The jobs that will appear will, inevitably, involve the design, the manufacture, the installation, the maintenance and repair of computers and robots, and an understanding of whole new industries that these “intelligent” machines will make possible.
This means that a vast change in the nature of education must take place, and entire populations must be made “computer-literate” and must be taught to deal with a “high-tech” world.
Again, this sort of thing has happened before. An industrialized workforce must, of necessity, be more educated than an agricultural one. Field hands can get along without knowing how to read and write. Factory employees cannot.
Consequently, public education on a mass scale had to be introduced in industrializing nations in the course of the 19th century.
The change, however, is much faster this time and society must work much faster; perhaps faster than they can. It means that the next generation will be one of difficult transition as untrained millions find themselves helpless to do the jobs that most need doing.
By the year 2019, however, we should find that the transition is about over. Those who can he retrained and re-educated will have been: those who can’t be will have been put to work at something useful, or where ruling groups are less wise, will have been supported by some sort of grudging welfare arrangement.
In any case, the generation of the transition will be dying out, and there will be a new generation growing up who will have been educated into the new world. It is quite likely that society, then, will have entered a phase that may be more or less permanently improved over the situation as it now exists for a variety of reasons.

First: Population will be continuing to increase for some years after the present and this will make the pangs of transition even more painful. Governments will be unable to hide from themselves the fact that no problem can possibly be solved as long as those problems continue to be intensified by the addition of greater numbers more rapidly than they can be dealt with.
Efforts to prevent this from happening by encouraging a lower birthrate will become steadily more strenuous and it is to be hoped that by 2019, the world as a whole will be striving toward a population plateau.

Second: The consequences of human irresponsibility in terms of waste and pollution will become more apparent and unbearable with time and again, attempts to deal with this will become more strenuous. It is to be hoped that by 2019, advances in technology will place tools in our hands that will help accelerate the process whereby the deterioration of the environment will be reversed.

Third: The world effort that must be invested in this and in generally easing the pains of the transition may, assuming the presence of a minimum level of sanity among the peoples of the world, again not a safe assumption, weaken in comparison the causes that have fed the time-honoured quarrels between and within nations over petty hatred and suspicions.
In short, there will be increasing co-operation among nations and among groups within nations, not out of any sudden growth of idealism or decency but out of a cold-blooded realization that anything less than that will mean destruction for all.
By 2019, then, it may well be that the nations will be getting along well enough to allow the planet to live under the faint semblance of a world government by co-operation, even though no one may admit its existence.
Aside from these negative advances — the approaching defeat of overpopulation, pollution and militarism — there will be positive advances, too.
Education, which must be revolutionized in the new world, will be revolutionized by the very agency that requires the revolution — the computer.
Schools will undoubtedly still exist, but a good schoolteacher can do no better than to inspire curiosity which an interested student can then satisfy at home at the console of his computer outlet.
There will be an opportunity finally for every youngster, and indeed, every person, to learn what he or she wants to learn. in his or her own time, at his or her own speed, in his or her own way.
Education will become fun because it will bubble up from within and not be forced in from without.

At the dawn of 1984, Isaac Asimov predicted that robots would be common by the year 2019. They are, in many forms, although silicone-covered sex companions may have been one step beyond his imagination. 

While computers and robots are doing the scut-work of society so that the world, in 2019, will seem more and more to be “running itself,” more and more human beings will find themselves living a life rich in leisure.
This does not mean leisure to do nothing, but leisure to do something one wants to do; to be free to engage in scientific research. in literature and the arts, to pursue out-of-the-way interests and fascinating hobbies of all kinds.
And if it seems impossibly optimistic to suppose that the world could be changing in this direction in a mere 35 years (only changing, of course. and not necessarily having achieved the change totally), then add the final item to the mix. Add my third phrase: space utilization.
It is not likely that we will abandon space, having come this far. And if militarism fades, we will do more with it than make it another arena for war. Nor will we simply make trips through it.
We will enter space to stay.
With the shuttle rocket as the vehicle, we will build a space station and lay the foundation for making space a permanent home for increasing numbers of human beings.

Mining the Moon
By 2019, we will be back on the moon in force. There will be on it not Americans only, but an international force of some size; and not to collect moon rocks only, but to establish a mining station that will process moon soil and take it to places in space where it can be smelted into metals, ceramics. glass and concrete — construction materials for the large structures that will be put in orbit about the Earth.
One such structure which very conceivably, might be completed by 2019 would be the prototype of a solar power station, outfitted to collect solar energy, convert it to microwaves and beam it to Earth.
It would be the first of a girdle of such devices fitted about Earth’s equatorial plane. It would the beginning of the time when a major part of Earth’s energy will come from the sun under conditions that will make it not the property of any one nation, but of the globe generally.
Such structures will be, in themselves guarantees of world peace and continued co-operation among nations. The energy will be so necessary to all and so clearly deliverable only if the nations remain at peace and work together, that war would become simply unthinkable — by popular demand.
In addition, observatories will be built in space to increase our knowledge of the universe immeasurably; as will laboratories, where experiments can be conducted that might be unsafe, or impossible, on Earth’s surface.
Most important, in a practical sense, would be the construction of factories that could make use of the special properties of space — high and low temperatures, hard radiation. Unlimited vacuum, zero gravity — to manufacture objects that could be difficult or impossible to manufacture on Earth, so that the world’s technology might be totally transformed.
In fact, projects might even be on the planning boards in 2019 to shift industries into orbit in a wholesale manner. Space, you see, is far more voluminous than Earth’s surface is and it is therefore a far more useful repository for the waste that is inseparable from industry.
Nor are there living things in space to suffer from the influx of waste. And the waste would not even remain in Earth’s vicinity, but would be swept outward far beyond the asteroid belt by the solar wind.
Earth will then be in a position to rid itself of the side-effects of industrialization, and yet without actually getting rid of its needed advantages. The factories will he gone, but not far. only a few thousand miles straight up.
And humanity, not its structures only. will eventually be in space. By 2019, the first space settlement should be on the drawing boards; and may perhaps be under actual construction.
It would be the first of many in which human beings could live by the tens of thousands, and in which they could build small societies of all kinds, lending humanity a further twist of variety.
In fact, although the world of 2019 will he far changed from the present world of 1984, that will only be a barometer of far greater changes planned for the years still to come.

EDITOR’S NOTE
How and why did the Star get Asimov to write for us back in 1983?
Vian Ewart, who was Insight editor then, says the idea for an Orwell series came naturally, and he recalls the project fondly to this day. He put together a team including a writer (Ellie Tesher), an illustrator and layout designer.
“Asimov was popular at the time” for his science fiction, Ewart says, “so I simply phoned him at his New York home and asked him. He loved the idea of a 1984 series and was pleased to be ‘the lead-off writer.’ He was a very gracious man and charged $1 a word.”

Congresso de Historia do Pensamento Economico na AL

Dear ALAPHE members,

Happy New Year!

The 7th Latin American Conference of the History of Economic Thought organized by the Latin American Society for the History of Economic Thought, Asociación Latinoamericana de Historia del Pensamiento Económico (ALAHPE) will occur on November 20th, 21st, and 22nd (Wednesday, Thursday, and Friday), 2019, at the Federal University of Paraná – Universidade Federal do Paraná (UFPR) – Curitiba, Brazil.

The title of the conference is “Promoting History of Economic Thought in Latin America: richness, limits and challenges”.

Jeremy Adelman will give the Subercaseaux Lecture and Mauro Boianovsky and Malcolm Rutherford will be keynote speakers.

Proposals for papers (500 words) and sessions (1000 words) will be received from March 30 to June 30.

Felipe Almeida
Universidade Federal do Paraná
Departamento de Economia 
Currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4245736E6
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