O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sábado, 20 de julho de 2019

No limiar de uma nova etapa da diplomacia brasileira: da miséria para o renascimento

No dia 4 de março passado, redigi um texto para introduzir três textos sobre a diplomacia brasileira, para convidar a um debate sério sobre as novas orientações da política externa brasileira. Eram eles uma palestra do embaixador Rubens Ricupero na Casa das Garças, no dia 25 de fevereiro, um artigo do ex-presidente e ex-chanceler FHC sobre a questão da Venezuela, no domingo de Carnaval, 3 de março, e, finalmente, um raivoso artigo do chanceler acidental respondendo acerbamente aos dois primeiros, colocado em seu bizarro blog, "Metapolítica 17: contra o globalismo", cerca de 23hs desse mesmo dia.
Juntei os três num arquivo, fiz a introdução que segue abaixo, e coloquei no meu blog cerca de 1h30 da madrugada da segunda-feira de Carnaval, 4 de março. Não durou muito o meu sono; cerca de 8hs da manhã, fui despertado pelo Torquemada do chanceler, para dizer que meus dias, na verdade horas, estavam contados à frente do IPRI. [In fine, transcrevo a nota que elaborei no dia de minha exoneração.]
Os três textos referidos estão aqui: 
https://www.academia.edu/38480507/A_politica_externa_brasileira_em_debate_Ricupero_FHC_e_Araujo

Na sequência de minha exoneração, publiquei o livro "Contra a Corrente: ensaios contrarianistas...", e fui cuidar da vida, como sempre na biblioteca. Fiquei lendo, como sempre faço, e daí resultou este meu novo livro: "Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty", pois é isso que os novos guardiães do pensamento único estão cumprindo zelosamente.
A partir de agora, vou tratar de escrever coisas mais positivas sobre a política externa e a história diplomática brasileira, deixando a mediocridade de lado.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 20 de julho de 2019


A política externa brasileira em debate: Ricupero, FHC e Araujo

Paulo Roberto de Almeida
 [Objetivo: textos para debate; finalidade: discutir as orientações da diplomacia]


Sumário
1) Introdução: Paulo Roberto de Almeida, 4 de março de 2019                    1
2) Rubens Ricupero, 25 de fevereiro de 2019                                                            2
3) Fernando Henrique Cardoso, 3 de março de 2019                                     13
4) Ernesto Araujo, 3 de março de 2019                                                          15


1) Introdução: Paulo Roberto de Almeida, 4 de março de 2019
Em toda a minha carreira diplomática, sempre defendi ideias próprias sobre as orientações de nossa política externa, o que aliás foi objeto de algumas controvérsias e umas tantas advertências de superiores quanto a certas posturas que mantive e mantenho em discordância eventual com as orientações oficiais. Nunca me abstive de expressar minhas opiniões a esse respeito, inclusive por escrito, o que aliás suscitou uma ou outra “punição” em certas ocasiões, e um longo ostracismo sob o lulopetismo, que sempre considerei a deformação maior de nossa política, não apenas pela sua extraordinária inépcia administrativa e formidável corrupção, mas também pelos equívocos de política econômica, que nos levaram ao que já chamei de “Grande Destruição”, a inédita recessão que ainda penaliza o povo brasileiro até muitos anos à frente.
Na área da política externa – justamente a que motivou a minha longa travessia do deserto durante toda a duração do criminoso regime –, minhas discordâncias eram conceituais, operacionais, metodológicas, substantivas e de estilo, ou seja, em toda a linha. Em qualquer hipótese, numa me eximi de manifestar essas discordâncias, de forma mais discreta ao início, de maneira aberta ao final, e atualmente. Mas, já estamos em outro regime, supostamente oposto em toda a linha ao regime lulopetista anterior.
Isso não me exime, no entanto, de continuar seguindo a política externa do atual governo, e de formular eventualmente a minha opinião sobre as orientações em curso. No momento, não disponho de nenhum texto estruturado sobre a atual diplomacia, inclusive porque não tivemos, até o presente momento, nenhuma exposição abrangente, sistemática e completa sobre os fundamentos políticos, as orientações conceituais, as prioridades e as preferências táticas da política externa do governo Bolsonaro, a não ser a emissão de alguns grandes slogans, que não constituem um documento de política, mas apenas conceitos gerais, que revelam intenções, mais do que uma estratégia precisa.
Mas, o debate já está aberto, aliás desde antes das eleições, e desde antes da posse do novo governo, em função de declarações do chanceler designado, o que suscitou uma série de reações, favoráveis e contrárias, na comunidade interessada em política externa. De minha parte não me pronunciei a respeito, mas venho seguindo atentamente essas manifestações, e postando no meu blog Diplomatizzando os textos mais relevantes. É o caso agora, com três exposições razoavelmente abrangentes sobre essas orientações gerais em política externa, e mais especificamente sobre a Venezuela; possivelmente o caso que servirá de teste para a diplomacia brasileira na presente conjuntura. Além desse test-case, permanecem questões de fundo que ainda serão mais debatidas. Transcrevo aqui os três textos mais significativos do debate atual, os dois primeiros nominalmente mencionados no terceiro, do próprio chanceler, que os acusa, de forma direta e nominal, de serem parte de uma diplomacia que ele rejeita e abomina.
O debate está aberto, e certamente teremos outros textos e outras polêmicas.
Minha função é esta: abrir meu espaço público a ideias inteligentes para o debate de pessoas inteligentes.
Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4 de março de 2019

(...)
Ler o arquivo de debate e comentários neste link: 
 https://www.academia.edu/s/70710c9869/a-politica-externa-brasileira-em-debate-ricupero-fhc-e-araujo

==========
Transcrevo a nota que fiz no momento de minha exoneração: 

Nota sobre minha exoneração como diretor do IPRI
Paulo Roberto de Almeida
 [Objetivo: esclarecimento público; finalidade: informação preliminar] 

Durante os treze anos e meio do regime lulopetista, do início de 2003 até o impeachment de meados de 2016, permaneci à margem de qualquer cargo na Secretaria de Estado, por motivos que podem ser facilmente detectáveis por todos aqueles que acompanham meus escritos e minha atividade intelectual: nunca escondi minha postura em face de uma diplomacia que eu considerava, em termos objetivos, inadequada aos interesses do Brasil. Reflexos dessa grande travessia do deserto, um ostracismo até irregular no plano administrativo, apareceram em meu livro de 2014: Nunca antes na diplomacia...: a política externa brasileira em tempos não convencionais (Appris). 
Resgatado de um exílio totalmente involuntário, que durou o dobro de meu exílio voluntário durante o regime militar, assumi, em agosto de 2016, o cargo de diretor do IPRI, Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, e tudo o que fiz nestes dois anos e meio pode ser visto em meu blog Diplomatizzando(relatório e programa de trabalho: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/03/relatorio-de-atividades-do-diretor-do.html). Aparentemente, esse mesmo blog, que me serviu como quilombo de resistência intelectual durante os anos do lulopetismo diplomático, abriu a justificativa, agora, para minha exoneração, pelo fato de ter postado artigos críticos à política externa atual – do ex-ministro Rubens Ricupero, e ex-chanceler e ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – juntamente com um artigo do próprio chanceler atual, e convidando a um debate sobre a diplomacia corrente. Adicionalmente, meu blog trouxe críticas a uma personalidade bizarra do momento político brasileiro, totalmente inepta em matéria de relações internacionais, mas ao que parece grande eleitor nas circunstâncias atuais.
Voltarei a fazer da Biblioteca do Itamaraty o meu escritório de trabalho, como foi o caso durante os longos anos de ostracismo sob o lulopetismo. Aproveito para anunciar meu próximo livro: Contra a Corrente: ensaios contrarianistas sobre as relações internacionais do Brasil, 2014-2018 (Appris). A vida continua...
Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4 de março de 2019

Miséria da Diplomacia: edição da UFRR disponível (e-book e impresso)

Acabo de receber a informação: 
a edição "universitária" de meu mais recente livro encontra-se disponível: 



Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty
Boa Vista: Editora da UFRR, 2019, 165 p. 
Coleção “Comunicação e Políticas Públicas vol. 42. 
ISBN: 978-85-8288-201-6 (livro impresso); ISBN: 978-85-8288-202-3 (livro eletrônico). 
Disponível nos links: https://docs.wixstatic.com/ugd/6e2800_3e88aadf851b4b2ba4b54c6707fd9086.pdf e https://books.google.com.br/books?id=tvqjDwAAQBAJ&printsec=frontcover&hl=pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false : Google Books)
Incorporado à plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/39882114/Miseria_da_diplomacia_a_destruicao_da_inteligencia_no_Itamaraty_Ed._UFRR_2019_.

Sumário 
Prefácio: onde está a política externa do Brasil? 
1. Miséria da diplomacia, ou sistema de contradições filosóficas 
1. No reino das contradições filosóficas  
2. Quanto à forma de designação do chanceler 
3. Quanto à natureza do personagem designado 
4. Quanto à substância de alguns temas da agenda diplomática 

2. O Ocidente e seus salvadores: um debate de ideias
1. A decadência e o Ocidente: algum perigo iminente? 
2. Quais são as “teses” principais de “Trump e o Ocidente”? 
3. O grande medo do Ocidente cristão: realidade ou paranoia? 
4. Contradições insanáveis no projeto de salvamento do Ocidente cristão

3. O marxismo cultural: um útil espantalho?
1. O renascimento de uma tendência: a parábola do marxismo cultural 
2. A trajetória do socialismo: o elefante que voou, via opressão dos trabalhadores
3. O genérico substituto do gramscismo: em socorro do socialismo
4. O marxismo cultural salvo do declínio pela paranoia da direita?

4. A destruição da inteligência no Itamaraty: dialética da obscuridade
1. No começo era o verbo, depois fizeram-se as trevas... 
2. Nas origens da metapolítica: o romantismo alemão que derivou para o nazismo
3. Tribulações de um antiglobalista improvisado: supostas “ameaças” ao Brasil
4. Dialética da obscuridade: a diplomacia do antiglobalismo

5. O globalismo e seus descontentes: notas de um contrarianista
1. Fixando os termos do debate: a contracorrente do pensamento único 
2. Nota pessoal do ponto de vista de quem pratica ativamente o ceticismo sadio
3. Globalização real e globalismo surreal: da física à metafísica
4. Do lado da direita: todo globalismo será castigado, mesmo sem doutrina
5. Teorias conspiratórias sobre o globalismo: déjà vu, all over again
6. A contrafação dos neo-Illuminati no Brasil: globalismo, climatismo, marxismo

6. A revolução cultural na diplomacia brasileira: um exercício demolidor 
1. Euforia e tragédia das revoluções culturais
2. O pequeno salto para trás do chanceler
3. A revolução cultural na prática

Apêndices: Por que sou um contrarianista?
Breve nota biográfica: Paulo Roberto de Almeida
Livros e trabalhos de Paulo Roberto de Almeida

A versão impressa do livro pode ser adquirida no seguinte endereço, segundo informação dos editores:
* A compra é toda auto-instrutiva (3 opções de acabamento do livro, em brochura com orelha (automático) ou capa dura. 

Congresso do Bicentenário da Revolução de 1820 (Lisboa) - inscrições até 30/09/2019


Congresso Internacional do Bicentenário da Revolução de 1820
Lisboa, Congresso da República, 12 a 14 de outubro de 2010
Call for papers
https://cbr1820.com/call-for-papers/
Os interessados em submeter uma proposta de comunicação ao Congresso do Bicentenário da Revolução de 1820 deverão preencher o formulário até 30 de Setembro de 2019.
As propostas deverão indicar o painel temático em que se enquadra a comunicação a apresentar.
Cada proponente só poderá apresentar uma proposta de comunicação.
A decisão sobre aceitação de propostas de comunicação será da responsabilidade dos coordenadores dos painéis temáticos, sendo informada até 2 de Dezembro de 2019.
Os autores de comunicações aceites deverão entregar o respetivo texto (de acordo com normas a fixar oportunamente) até 31 de Maio de 2020.
O programa final do Congresso será definido após receção dos textos das comunicações aprovadas.
Línguas do Congresso: português, espanhol e inglês.



A Century of Internationalisms: The Promise and Legacies of the League of Nations (Lisbon, September 2019)

ANN: A Century of Internationalisms: The Promise and Legacies of the League of Nations (Lisbon, September 2019)


Type: Conference
Date: September 18, 2019 to September 20, 2019
Location: Portugal
Subject Fields: Contemporary History, Diplomacy and International Relations, Political History / Studies

A Century of Internationalisms:

The Promise and Legacies of the League of Nations 

Lisbon — National Library of Portugal and ISCTE-IUL — 18 to 20 September 2019


This international conference aims to contribute to renew the interest and improve the knowledge of the League of Nations (LoN) and its impact in this last century marked by strong waves of internationalism and globalization, but also of crisis and nationalist reactions.
A multilateral institution such as the LoN is the ideal object for a truly global and connected history that goes beyond national historiographical traditions. That is what we intend to do with this conference, through presentations on these themes by 65 speakers affiliated with 60 institutions from 18 different countries.
The death toll of millions in World War I (1914-1918) led to an effort at the 1919 Paris peace conference to design a new international order with new norms and institutions. The creation in 1920 of the first permanent multilateral organization in the form of the League of Nations, the direct predecessor of the UN, was the most ambitious and controversial result of this effort. Although the LoN eventually failed to achieve its main goal of preventing a World War II, it did imprint, and does help to better understand the multiple dimensions of global life in the two decades of its existence. Many of these issues, which will be dealt with in the different panels of this conference, continued to be of great relevance up to today: from refugees to gender issues, from empires to their complex legacies, from territorial conflicts to terrorism, from workers’ rights to global financial system.

FREE ADMISSION

Keynote speakers:

Colin Wells (United Nations Library at Geneva)
Nicholas Werth (Institut d’Histoire du Temps Présent — CNRS)
Philippe Rygiel (École Normale Supérieure de Lyon)
Patricia Clavin (University of Oxford)
Patrick Finney (Aberystwyth University) 

Organisation

Aurora Almada e Santos (IHC – NOVA FCSH)
Cristina Rodrigues (IHC – NOVA FCSH)
Bruno Cardoso Reis (ISCTE-IUL)
João Paulo Avelãs Nunes (CEIS20 – University of Coimbra)
Pedro Aires Oliveira (IHC – NOVA FCSH)
Yvette Santos (IHC – NOVA FCSH)

Contact Info: Any inquiries should be directed to the organising committee via the following email

Ainda essa chatice do filhote tornado (sic) embaixador sem capacidade por presidente idem...

Diplomacia em família

No limite da lei, o presidente Jair Bolsonaro tenta emplacar seu filho de apenas 35 anos ao segundo posto de maior prestígio do Itamaraty, em Washington

Crédito: Divulgação
Zero três: o presidente Bolsonaro e Donald Trump, em visita à Casa Branca, em março, na qual Eduardo foi elogiado (Crédito: Divulgação)
Quando tomou posse, em 1960, o presidente americano John F. Kennedy fez uma escolha não convencional: nomeou seu irmão mais novo, Robert, Procurador Geral dos Estados Unidos. Com 35 anos, Robert era advogado, mas nunca tinha trabalhado em cortes federais ou estaduais, como era costume ao cargo. Os jornais não perdoaram e enumeraram essas e outras críticas. No fim, tudo deu certo. Bobby, como era conhecido, teve um dos mandat os mais célebres na função, num momento em que os americanos discutiam feminismo, Guerra Fria e o fim da segregação racial. O sucesso foi tanto que ele se lançou candidato à presidência. Talvez até tivesse ganhado, não fosse o assassinato que tirou a sua vida em 1968, como acontecera com seu irmão.
Eduardo Bolsonaro, escolhido pelo seu pai para ser o novo embaixador em Washington, também tem 35 anos e pouca experiência em relações externas. Sua trajetória não traz semelhanças com a de Bobby. Ele formou-se em direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), não em Harvard. Passou no concurso de escrivão da Polícia Federal e elegeu-se deputado federal pelo Rio de Janeiro. O clã Bolsonaro também não possui o mesmo peso político que a família Kennedy nos Estados Unidos. Jair Bolsonaro passou a maior parte da sua carreira como um político anônimo, um integrante caricato do baixo clero. Ascendeu à Presidência com um discurso radical de direita e frases de efeito em temas polêmicos.
Como de costume, o presidente Bolsonaro lançou o nome do filho para o cargo para testar a opinião pública. O que parecia ser anedota logo ganhou ares de decisão e está próximo a se concretizar. O governo anunciou que já rascunhou um documento de consulta às autoridades americanas ­— pré-requisito para o escolhido — e parece se movimentar nos bastidores do Senado, que precisa sancionar o nome. A lei federal que impede a nomeação de parentes para cargos públicos não contempla o cargo de embaixador, mas gera ao menos um constrangimento. “A questão do nepotismo não é mais tão subjetiva assim. Está na Constituição”, afirma George Niaradi, professor de Relações Internacionais do Ibmec-Damásio. “O Senado não pode simplesmente ignorar o fato de ele ser filho do presidente.”
O Senado tem 45 dias após a indicação oficial para aprovar o nome. Não será tão simples convencer os senadores. A presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Simone Tebet (MDB-MS), disse que a escolha deve ser “o maior erro” de Bolsonaro. O presidente da casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), não se mostrou inclinado a ajudar. O filho 03, como é conhecido, saiu em defesa própria: “Não sou um filho de deputado que está, do nada, sendo alçado a essa condição”, afirmou Eduardo. “Sou presidente da Comissão de Relações Exteriores, tenho uma vivência pelo mundo, já fiz intercâmbio, já fritei hambúrguer lá nos Estados Unidos.”
Mais experiência: o diplomata Nestor Foster (à esq) era o favorito para a posição até a indicação de Eduardo. Sérgio Amaral, que deixa o posto, foi embaixador em Londres e Paris (Crédito:Divulgação)
Cargo de maior prestígio na carreira diplomática, com exceção do próprio ministro das Relações Exteriores, o embaixador nos EUA faz o meio de campo entre os dois governos, cria uma rede de contatos entre empresários dos dois países e ajuda a criar uma boa impressão do Brasil nos Estados Unidos, maior economia global e segundo parceiro comercial do País. O chanceler Ernesto Araújo se posicionou a favor da escolha. A indicação, aliás, demonstra o desprestígio que a pasta tem no Planalto. Nomes com muito mais experiência na área foram descartados, inclusive o de Nestor Foster, diplomata de carreira do entorno de Olavo de Carvalho, guru do clã Bolsonaro. Muito mais preparado do que Eduardo, Foster vinha sendo apontado como o favorito ao posto até então.
A embaixada de Washington está vaga há cerca de um mês. O último a ocupar o cargo, o embaixador Sérgio Amaral, era diplomata de carreira, já passara pelas embaixadas da França e da Inglaterra e tinha experiência em comércio internacional. A favor de Eduardo, pesa a empatia de Trump. Em visita oficial do presidente Bolsonaro à Casa Branca, em março, o americano elogiou publicamente o filho 03. Segundo o governo brasileiro, Trump teria ainda sinalizado com a indicação do filho Eric para a embaixada brasileira caso confirmado o nome de Eduardo na capital americana. A informação foi desmentida pelo porta-voz de Eric.
Outros nomes de fora do mundo diplomático já ocuparam o cargo, como o advogado Osvaldo Aranha e o magnata Walter Moreira Salles. Nem por isso com passagens avaliadas como mal-sucedidas. “Não há nada que diga que ele será um embaixador ruim, mas também nada que diz que ele será bom”, diz Marcos Azambuja, ex-embaixador do Brasil na França e conselheiro do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI). Euardo será capaz de deixar uma marca como Bobby Kennedy?

Bolsofamiglia quer dominar a política interna, a externa, a cultural, tudo...

Diplomacia em família

No limite da lei, o presidente Jair Bolsonaro tenta emplacar seu filho de apenas 35 anos ao segundo posto de maior prestígio do Itamaraty, em Washington

Crédito: Divulgação
Zero três: o presidente Bolsonaro e Donald Trump, em visita à Casa Branca, em março, na qual Eduardo foi elogiado (Crédito: Divulgação)
Quando tomou posse, em 1960, o presidente americano John F. Kennedy fez uma escolha não convencional: nomeou seu irmão mais novo, Robert, Procurador Geral dos Estados Unidos. Com 35 anos, Robert era advogado, mas nunca tinha trabalhado em cortes federais ou estaduais, como era costume ao cargo. Os jornais não perdoaram e enumeraram essas e outras críticas. No fim, tudo deu certo. Bobby, como era conhecido, teve um dos mandatos mais célebres na função, num momento em que os americanos discutiam feminismo, Guerra Fria e o fim da segregação racial. O sucesso foi tanto que ele se lançou candidato à presidência. Talvez até tivesse ganhado, não fosse o assassinato que tirou a sua vida em 1968, como acontecera com seu irmão.
Eduardo Bolsonaro, escolhido pelo seu pai para ser o novo embaixador em Washington, também tem 35 anos e pouca experiência em relações externas. Sua trajetória não traz semelhanças com a de Bobby. Ele formou-se em direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), não em Harvard. Passou no concurso de escrivão da Polícia Federal e elegeu-se deputado federal pelo Rio de Janeiro. O clã Bolsonaro também não possui o mesmo peso político que a família Kennedy nos Estados Unidos. Jair Bolsonaro passou a maior parte da sua carreira como um político anônimo, um integrante caricato do baixo clero. Ascendeu à Presidência com um discurso radical de direita e frases de efeito em temas polêmicos.
Como de costume, o presidente Bolsonaro lançou o nome do filho para o cargo para testar a opinião pública. O que parecia ser anedota logo ganhou ares de decisão e está próximo a se concretizar. O governo anunciou que já rascunhou um documento de consulta às autoridades americanas ­— pré-requisito para o escolhido — e parece se movimentar nos bastidores do Senado, que precisa sancionar o nome. A lei federal que impede a nomeação de parentes para cargos públicos não contempla o cargo de embaixador, mas gera ao menos um constrangimento. “A questão do nepotismo não é mais tão subjetiva assim. Está na Constituição”, afirma George Niaradi, professor de Relações Internacionais do Ibmec-Damásio. “O Senado não pode simplesmente ignorar o fato de ele ser filho do presidente.”
O Senado tem 45 dias após a indicação oficial para aprovar o nome. Não será tão simples convencer os senadores. A presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Simone Tebet (MDB-MS), disse que a escolha deve ser “o maior erro” de Bolsonaro. O presidente da casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), não se mostrou inclinado a ajudar. O filho 03, como é conhecido, saiu em defesa própria: “Não sou um filho de deputado que está, do nada, sendo alçado a essa condição”, afirmou Eduardo. “Sou presidente da Comissão de Relações Exteriores, tenho uma vivência pelo mundo, já fiz intercâmbio, já fritei hambúrguer lá nos Estados Unidos.”
Mais experiência: o diplomata Nestor Foster (à esq) era o favorito para a posição até a indicação de Eduardo. Sérgio Amaral, que deixa o posto, foi embaixador em Londres e Paris (Crédito:Divulgação)
Cargo de maior prestígio na carreira diplomática, com exceção do próprio ministro das Relações Exteriores, o embaixador nos EUA faz o meio de campo entre os dois governos, cria uma rede de contatos entre empresários dos dois países e ajuda a criar uma boa impressão do Brasil nos Estados Unidos, maior economia global e segundo parceiro comercial do País. O chanceler Ernesto Araújo se posicionou a favor da escolha. A indicação, aliás, demonstra o desprestígio que a pasta tem no Planalto. Nomes com muito mais experiência na área foram descartados, inclusive o de Nestor Foster, diplomata de carreira do entorno de Olavo de Carvalho, guru do clã Bolsonaro. Muito mais preparado do que Eduardo, Foster vinha sendo apontado como o favorito ao posto até então.
A embaixada de Washington está vaga há cerca de um mês. O último a ocupar o cargo, o embaixador Sérgio Amaral, era diplomata de carreira, já passara pelas embaixadas da França e da Inglaterra e tinha experiência em comércio internacional. A favor de Eduardo, pesa a empatia de Trump. Em visita oficial do presidente Bolsonaro à Casa Branca, em março, o americano elogiou publicamente o filho 03. Segundo o governo brasileiro, Trump teria ainda sinalizado com a indicação do filho Eric para a embaixada brasileira caso confirmado o nome de Eduardo na capital americana. A informação foi desmentida pelo porta-voz de Eric.
Outros nomes de fora do mundo diplomático já ocuparam o cargo, como o advogado Osvaldo Aranha e o magnata Walter Moreira Salles. Nem por isso com passagens avaliadas como mal-sucedidas. “Não há nada que diga que ele será um embaixador ruim, mas também nada que diz que ele será bom”, diz Marcos Azambuja, ex-embaixador do Brasil na França e conselheiro do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI). Euardo será capaz de deixar uma marca como Bobby Kennedy?

De Gaulle: o segundo maior estadista europeu do século XX - biografia por Julian Jackson

Lion of France

A new, and likely definitive, biography of Charles de Gaulle

De Gaulle, by Julian Jackson (Belknap Press of Harvard University, 928 pp., $39.95)
Review by Daniel J. Mahoney
City Journal, July 19, 2019

Charles de Gaulle was perhaps the most thoughtful and impressive statesman of the twentieth century. His only possible rival in this regard is Winston Churchill, another statesman-thinker, though Churchill presided over a longstanding, stable, and free political order in the United Kingdom, something on which de Gaulle could not depend in the French case. De Gaulle has been the subject of fine biographies in the past, among them a somewhat mythologizing three-volume work by Jean Lacouture, a well-researched but less than sympathetic account by Eric Roussel (who clearly prefers the supranationalist Jean Monnet to de Gaulle’s passionate partisanship for the nation), and a more popular and readable account in English by Jonathan Fenby. Added to these now is this superb and equitable portrait by the British historian of twentieth-century France, Julian Jackson. 
Jackson writes with verve, avoiding the turgidity of typical academic prose. He respects, even admires, de Gaulle but never succumbs to hagiography. He allows de Gaulle’s greatness to speak for itself and treats the general’s writings and military, political, and philosophical reflections with the seriousness that they deserve. His judgments on de Gaulle’s thought and action are almost always illuminating and always measured. Jackson’s is likely to be the authoritative biography of de Gaulle.  
Jackson recognizes that, for de Gaulle, “word” and “deed” were inseparable. De Gaulle’s prewar writings, especially The Enemy’s House Divided (1924) and The Edge of the Sword (1932), are important sources for understanding his thought and character. That he came from a dignified, Catholic, bourgeois background—one that was, to cite Jackson, “austere, traditionalist, suspicious of ostentation”—is also relevant. This milieu was nostalgic for monarchy without hating the Republic; wary of revolutionary excess; and open to a middle path between a liberalism that often ignored the needs of the soul and the dehumanizing tyranny that inevitably accompanied socialism. Yet if De Gaulle was influenced by these origins, he was not reducible to them.  
As a young man and officer, de Gaulle read widely, forming what would become his mature view of France, the world, politics, and the soul. From the French Catholic poet and philosopher Charles Péguy (“an author who mattered immensely to de Gaulle”), he learned a generous patriotism that tried to bring together the best of France, before and after 1789. Like Péguy, de Gaulle loathed pacifism and loved France. He drew upon Péguy’s admiration for Joan of Arc, the saint and warrior who loved God and France with almost equal fervor. For de Gaulle, again like Péguy, France had a “mystical vocation” to bring liberty, civilization, and enlightenment to humanity: in his words, it had “an eminent and exceptional destiny.” This Catholic patriot never succumbed to anti-Semitism, any more than he confused the martial virtues, noble within their own sphere, with hatred of other peoples and nations. Totalitarianism of the Left and Right was never a temptation for de Gaulle.
De Gaulle was committed to keeping grandeur and moderation together, to doing full justice to both. In his first book, The Enemy’s House Divided, which he began to research in prison libraries while a prisoner of war in Germany between 1916 and 1918, the future statesman explored the reasons for Wilhelmine Germany’s defeat in World War I. He admired the courage of the enemy but not its Nietzschean disdain for “the limits marked out by human experience, common sense and the law” that had permeated and corrupted German political and military culture before and during the Great War. At the beginning of the book, de Gaulle defended “a sense of balance, of what is possible, of measure” that “alone renders the works of energy durable and fecund.” This was to become his political creed, his animating political philosophy: grandeur must be informed by realism, restraint, and mesure.
In his subsequent interwar writings, de Gaulle expressed a mixed judgment about Napoleon Bonaparte. He admired his courage and military genius but faulted him for leaving “France smaller than he had found her.” Napoleon had little appreciation for restraint, and like the German military elite in World War I, he was undone by “outraged principles,” by the “tragic revenge of measure,” as de Gaulle so eloquently put it in his 1938 book France and Her Army.
The French conservative liberal Raymond Aron once feared “the shadow of Bonapartism,” as he put it in a 1943 article, that surrounded de Gaulle and the Free French movement during their days of wartime English exile. But in 1958, after de Gaulle’s return to power as the founder of the new French Fifth Republic, Aron differentiated the “classic ‘Bonapartist’ conjuncture” that paved the way for the general’s return to power (“a climate of national crisis, the discredit of parliament and politicians, the popularity of a man”) from any suggestion that de Gaulle aimed to be a new Bonaparte. As Aron framed it, Bonaparte was an “adventurer” and tyrant; Boulanger, who almost took part in a coup against the French Republic in 1889, was a “ditherer”; and Marshal Pétain, the hero of Verdun and leader of Vichy France, was “an old man.” By contrast, de Gaulle was “an authentically great man.” Those are the exact distinctions that needed to be made, and they are well borne out by Jackson’s nuanced narrative. 
The Edge of the Sword, de Gaulle’s most famous work—written between World Wars I and II—took aim at a facile pacifism that ignored the harsh realities of a world where conflict formed an essential part of the life of nations. De Gaulle knew that the Great War, bereft of humane and prudent political leadership, had highlighted many of the horrors of armed conflict. But de Gaulle could not imagine a political world—a human world—“without force.” He did not glorify war and never endorsed conflict or imperialism as ends in themselves. Still, he asked in his preface to the book: “How can one conceive of Greece without Salamis, Rome without her legions, Christianity without the sword, Islam without the scimitar, the Revolution without Valmy?” (Valmy was a French revolutionary battle well known to all French readers, at least in those days.) 
A reader might ask: How did de Gaulle’s opposition to pacifism cohere with his Christian faith? Like Péguy—and like the French Catholic novelist Georges Bernanos, whom he also admired—de Gaulle believed that the Christian, too, was called to the path of chivalry and personal and political honor. De Gaulle viewed the condition of his daughter Anne, born with Down syndrome, as a trial from God. He loved her dearly and saw a humble greatness in “poor Anne.” He wept with terrible grief (he told the parish priest he felt “annihilated”) when his daughter died at 20 in 1948. De Gaulle told one of his aides in 1946 that Christ’s sacrifice was at the center of universal history: “He opened up the horizons of religion beyond the hearts of men towards vast regions giving a place to human suffering, to human anguish, to human dignity.” Jackson’s de Gaulle is a croyant, a believer, whose personality, thought, and action were “impregnated” by his Christian faith. 
At the same time, “the man of character,” the model of political magnanimity that de Gaulle embodied and presented in chapters two and three of The Edge of the Sword, was an ideal of heroic leadership marked by the most ascetic of stoicisms. Jackson compares de Gaulle with Corneille’s Augustus, a model of public service informed by solitude and some sacrifice of personal happiness. No Nietzschean overman, de Gaulle suffered as only the “born protector” of a great and free nation can suffer. He was pained, as was Churchill, by Munich and the democracies’ choice for dishonor and peace at any price. “Step by step,” he wrote in the fall of 1938, the French had chosen the path of “humiliation and retreat so it had become a second nature.” He would choose the path of personal and political honor, as a Frenchman, a Christian, and a good European. He had warned about Germany’s bellicose intentions in the years after 1933 and pushed for the modernization of the French armed forces with new tank and air capacities that could take the war to the enemy. The French instead hid naively behind the ineffectual Maginot Line. There was more than a little moral corruption hiding behind this passivity, as de Gaulle argues in the first volume of his War Memoirs
De Gaulle rose to the moment in June 1940. A terrible political, moral, intellectual, and military crisis called this “born protector” to lead a damaged France—at least that part of it that refused to surrender to a Germany far worse than the one of 1914. As Jackson observes, “without the fall of France, de Gaulle would undoubtedly have become a leading general in the French army, probably a minister of defense, perhaps even head of the government—but he would not have become ‘de Gaulle.’” De Gaulle, of course, was sensitive to the role of contingency, chance, and choice in the unfolding of human affairs, as all his writings suggest (the philosopher Henri Bergson was a key influence here). On these themes, Jackson quotes from one of de Gaulle’s most insightful prisoner-of-war lectures in 1917:
Without the Peloponnesian War, Demosthenes would have remained an obscure politician; without the English invasion, Joan of Arc would have died peaceably at Domrémy; without the Revolution, Carnot and Napoleon would have finished their existence in lowly rank; without the present war General Pétain would have finished his career at the head of a brigade.
In de Gaulle’s view, Providence, destiny, and chance act as restraints even upon a “prince” filled with the capacity for effective thought and action. De Gaulle was an unusually reflective man of action, contemplative far beyond the capacities of most of his military and political contemporaries. Like Churchill, he knew that he was a “man of destiny” meant to leave his mark on history. The two statesmen were “shepherds” obliged to do battle with totalitarian “wolves.” As Jackson demonstrates, “word” and “deed” converged in the great “appeal” to honor and resistance that de Gaulle delivered from the BBC studios in London on June 18, 1940. A new “adventure,” for de Gaulle, began at age 39, as he observed in his War Memoirs. On June 18, de Gaulle reminded his listeners (and posterity) that the war was a global conflict. What was lost by mechanized force—the planes and tanks of the Axis powers—could be won in the future by the combined mechanized strength of the Allied powers. He knew that Britain and France could rely on their extensive empires and “the immense industry” of a United States that would be inevitably drawn to the cause of European liberty. He spoke simply but eloquently for French independence, for honor, and for the nobility of continued resistance. De Gaulle will always be remembered as the “man of June 18th,” Jackson believes—even more than as the founder of the Fifth French Republic in 1958 (with its energetic, if distant and oligarchic, executive institutions) or as the statesman who reconciled France to the end of empire, if not to a radical diminishment of France’s continuing “rank” in the world. 
De Gaulle was not especially anti-American, as Richard Nixon and Henry Kissinger came to appreciate in the late 1960s. He worried about French, and European, dependence upon American military protection long before others became aware of this problem. He unhesitatingly sided with the West during the various Berlin crises from 1958 to 1961, and again during the Cuban Missile Crisis of October 1962. He may have been right about the imprudence of a long American military involvement in Indochina in the 1960s, but the man who warned Georges Pompidou in the early 1950s about a potential “Asian Munich” might have shown more respect for American efforts to stymie the totalitarian tide. Were Ho Chi Minh and the Viet Cong merely nationalists, as de Gaulle suggested at Phnom Penh in 1966? Jackson establishes that de Gaulle genuinely hated Communism and did not like what he saw in the Soviet Union when he visited in 1944 and 1966. He thought, rightly as it turned out, that Europe would outlast a Communist ideology so at odds with human nature and the wellsprings of European civilization. But he was wrong in the 1960s in thinking that leaders such as Alexei Kosygin, Władysław Gomulka, János Kádár, and Nicolae Ceausescu were beginning to think and act like nationalists, even patriots. These men combined Bolshevism, no small dose of cynicism, and a lust for power. None was an authentic patriot, and none could be said truly to love his country. This was wishful thinking on de Gaulle’s part, and Jackson is not sensitive to this point. It goes too far to say, as Jackson does, that de Gaulle was somehow vindicated by the antitotalitarian revolutions of 1989.
As Jackson makes clear, de Gaulle was a traditionalist in his social leanings and sensibilities. He hesitated to legalize contraception (what would happen when marriage was just about sex and not at all about fecundity, he asked?), and he thought that the Catholic Church had gone too far in accommodating the excesses of the modern world in the aftermath of Vatican II. Yet he presided over the rapid economic modernization and cultural liberalization of France. As Jackson notes, when people think of postwar France, figures like Jean-Paul Sartre, Claude Lévi-Strauss, and Jean-Luc Godard come to mind—men who hardly shared de Gaulle’s vision of French grandeur informed by moderation and respect for tradition. And the student-driven events of May 1968 unleashed a radical assault on everything de Gaulle held dear. But he remained the man of June 18.
Today, de Gaulle is an uncontested hero for the French, something he hardly was in his lifetime. Yet French elites owe more to the secular antinomianism of May 1968, with its utter contempt for Gaullist austerity (moral and political), than to an authentically Gaullist vision. Emmanuel Macron, the current resident of the Élysée Palace, praises de Gaulle and claims that his War Memoirs provide continuing political inspiration. Macron undoubtedly loves the monarchical trappings of the French presidency, but he is hardly a partisan of the “greatness,” “independence,” and “rank” of France in the manner of de Gaulle. De Gaulle probably would be appalled by Macron’s easygoing accommodation to the behemoth of the European Union and the dictates of a politically unaccountable Brussels Commission. He might even be a supporter of a “French exit” from Europe in its present form.
De Gaulle was an authentically great man, as revealed in his interwar writings, in his stoicism, in his passionate love for France, in his choice for honor and resistance in June 1940, and, above all, in the myriad ways he kept greatness and moderation together in his thought and action. But his efforts were somewhat Sisyphean. De Gaulle even feared that he had amused his contemporaries with flags, as he told André Malraux in a final conversation, recorded in that writer’s fascinating Fallen Oaks. Still, de Gaulle’s writings, and a stellar biography such as Jackson’s, provide enduring witness to a life lived in service to France and to the enduring verities that inform Western civilization.

Daniel J. Mahoney holds the Augustine Chair in Distinguished Scholarship at Assumption College, where he has taught since 1986. He is the author of De Gaulle: Statesmanship, Grandeur, and Modern Democracy (revised paperback edition, Transaction/Routledge, 2000) and most recently of The Idol of Our Age: How the Religion of Humanity Subverts Christianity (Encounter Books, 2018). 

Embaixada em Washington: o possivel rebaixamento de nível

Estou aguardando o CV do novo embaixador, para colocar na sequência...

Como eram os currículos dos últimos embaixadores do Brasil nos EUA

Os últimos embaixadores do Brasil nos EUA

  • Letícia Moreira/Folhapress
    Imagem: Letícia Moreira/Folhapress

    Rubens Barbosa (1999-2004) 

    Único embaixador indicado por FHC, Barbosa ocupou diferentes cargos no governo e no Itamaraty, como a Secretaria de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda e a coordenação da Seção Brasileira do Grupo do Mercosul. Ingressou no Instituto Rio Branco em 1960 e tornou-se ministro de primeira classe, cargo mais alto da diplomacia brasileira, em 1985, quando foi chefe de gabinete do então ministro das Relações Exteriores, Olavo Setúbal. Antes de ir para Washington, foi embaixador do Brasil em Londres, no Reino Unido, por cinco anos (1994-1999). Na área acadêmica, Barbosa tem ainda mestrado pela LSE (London School of Economics and Political Science), em Londres. Hoje, é presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da FIESP membro do Grupo de Análise da Conjuntura Internacional (Gacint - USP). 
  • Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
    Imagem: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

    Roberto Abdenur (2004-2007) 

    Abdenur havia sido embaixador em outros quatro países quando foi para nomeado para assumir o cargo nos EUA. Formado em direito pela PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) e também mestre em economia pela LSE, ingressou na carreira diplomática em 1964. Tornou-se ministro de primeira classe em 1983 e, dois anos depois, assumiu a embaixada do Brasil em Quito, no Equador. A carreira internacional deslanchou: em 1986, foi para Pequim, onde ficou três anos, e em 1993 voltou ao Brasil para ser secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores. Em 1995, foi para a Alemanha, na embaixada de Berlim, e, sete anos depois, assumiu a embaixada de Viena, na Áustria, até ser designado por Lula para os Estados Unidos em abril de 2004. Atualmente, Abdenur é presidente do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO) e está aposentado da carreira diplomática. 
  • Antonio Patriota (2007-2009) 

    Segundo nome indicado por Lula, Patriota formou-se em filosofia pela Universidade de Genebra em 1975 e ingressou na carreira diplomática em 1978. Em 2003, tornou-se ministro de primeira classe depois te ter sido ministro-conselheiro da Missão Permanente em Genebra. Em 2004, tornou-se chefe de gabinete do então ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e, em 2005, assumiu a Subsecretaria-Geral Política do ministério. Patriota substituiu Abdenur em Washington em 2007 e ocupou o cargo por dois anos. Foi também ministro da Relações Exteriores por dois anos e meio (2011-2013) durante o governo Dilma Rousseff. Em 2019, já no governo Bolsonaro, Patriota assumiu a embaixada do Brasil no Egito.  Leia mais 
  • Alan Marques/ Folhapress
    Imagem: Alan Marques/ Folhapress

    Mauro Vieira (2010-2014) 

    Última indicação de Lula, Vieira formou-se em direito pela UFF (Universidade Federal Fluminense) e ingressou no Rio Branco em 1974. Com longa carreira no Itamaraty, foi promovido a ministro de primeira classe em dezembro de 1999 depois de quatro anos como ministro-conselheiro na embaixada brasileira em Paris. Ele também foi chefe de gabinete de Celso Amorim e, antes de ir para os Estados Unidos, ocupou por cerca de cinco anos (2004-2009) a embaixada do Brasil em Buenos Aires, uma das mais importantes do nosso corpo diplomático. Em Washington, ficou de 2010 a 2014, até ser escolhido por Dilma para assumir o Itamaraty. Vieira foi ministro de janeiro de 2014 a maio de 2016. 
  • Agência Brasil
    Imagem: Agência Brasil

    Luiz Alberto Figueiredo (2015-2016) 

    Figueiredo foi o único embaixador nos Estados Unidos indicado por Dilma. Formado em Direito pela UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) em 1977, ele ingressou no Instituto Rio Branco em 1979. Antes de ir para Washington, representou o Brasil em diversas missões internacionais, como na ONU, em Nova York, em Santiago (Chile), em Ottawa (Canadá) e na Unesco, em Paris. Também foi ministro das Relações Exteriores e representante permanente do Brasil na ONU entre 2013 e 2014. 
  • Igor Leal Pinto/Embaixada do Brasil em Washington
    Imagem: Igor Leal Pinto/Embaixada do Brasil em Washington

    Sérgio Silva do Amaral (2016-2019) 

    Indicado por Michel Temer, Amaral é formado em Direito pela USP (Universidade de São Paulo) e pós-graduado em Ciência Política Universidade de Paris (Panthéon-Sorbonne). Entrou para o Rio Branco em 1971 e ocupou cargos em Paris, Bonn e Genebra, até se tornar ministro de primeira classe e assumir as embaixadas de Londres e Paris antes de Washington. Amaral também ocupou cargos políticos de grande repercussão. Durante o governo FHC, foi Secretário de Comunicação Social, Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e presidente do BNDES. Atualmente, é sócio-diretor de uma empresa privada e membro do Conselho Diretor da WWF.