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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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quarta-feira, 20 de abril de 2022

A guerra da Ucrânia e as sanções econômicas multilaterais - Paulo Roberto de Almeida

 Um paper para subsidiar uma palestra-debate, no dia 21/04/2022, 16hs

 
“A guerra da Ucrânia e as sanções econômicas multilaterais”, com sumário, anexo e bibliografia. Divulgado preliminarmente na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/77013457/A_guerra_da_Ucrânia_e_as_sanções_econômicas_multilaterais_2022_).

Palestra no Instagram: Transmissão via Instagram (21/04/2022; 16:00-17:06; link:

A guerra da Ucrânia e as sanções econômicas multilaterais 

 

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

Notas para palestra-debate, em 21/04/2022, com membros do Instituto Direito e Inovação, dirigido pelo Prof. Vladimir Aras (www.idinstituto.com.br), via Instagram.  

 

Sumário: 

1. Introdução: dos motivos das guerras e suas consequências

2. O custo econômico das guerras e as sanções materiais que delas decorrem

3. A agressão da Rússia contra a Ucrânia e a postura do Brasil a esse respeito

4. O paradoxo das sanções econômicas contra a Rússia

Anexo: Tabela cronológica das sanções econômicas multilaterais: Liga das Nações e Conselho de Segurança das Nações Unidas

Bibliografia de referência 

 

1. Introdução: dos motivos das guerras e suas consequências

Como diria um filósofo brasileiro, mais para a via do humorismo sarcástico, o Barão de Itararé, “as consequências sempre vêm depois”. No caso da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, elas vieram quase simultaneamente, e praticamente no mesmo ritmo da invasão das tropas agressoras, ordenadas pelo déspota neoczarista Vladimir Putin. Não foi por falta de aviso: tanto o presidente Joe Biden, dos EUA, quanto diferentes líderes da União Europeia haviam alertado, por diferentes meios, diversas vezes e de maneira insistente, que se Putin concretizasse aquilo que ela anunciava que NÃO iria fazer, mas que já estava transparente em seu planejamento pré-invasão, os países ocidentais responderiam com fortes sanções ao agressor. Putin preferiu apostar na relativa inação das sanções anunciadas, ou viu nesses anúncios uma repetição das reações moderadas adotadas quando da invasão-surpresa da península da Crimeia, em 2014, e insistiu nessa postura mesmo quando o presidente americano praticamente anunciou a invasão algumas semanas antes que ela efetivamente ocorresse. Pois então, as consequências chegaram, e elas são relevantes.

Sanções econômicas e, de forma geral, os custos econômicos das guerras, em suas diversas formas, são especialmente significativos, para quaisquer economias envolvidas, pequenas, médias ou grandes. Tais questões devem, ou deveriam, fazer parte do cálculo econômico – em homens, em materiais, em recursos financeiros – dos dirigentes de um país, ao decidir empreender uma aventura militar, não importando muito o cálculo econômico para a parte agressora, uma vez que a intenção é a de, em primeiro lugar, vencer a capacidade de resistência do alvo visado, destruir sua vontade de se defender, em segundo lugar, e lograr, em terceiro lugar, os objetivos estabelecidos no planejamento iniciais. Independentemente, porém, de tais cálculos, o fato é que o custo econômico de qualquer guerra dever ser sempre confrontado à obtenção dos mesmos objetivos estratégicos por outras vias, se disponíveis. É por isso que os mais importantes estrategistas e teóricos da Arte da Guerra – de Sun Tzu a Clausewitz, sempre consideraram a guerra a continuidade da política por outros meios. 

As guerras são travadas por diferentes motivos, inclusive econômicos, visando conquista e dominação de novos territórios e seus recursos econômicos, vingança por algum diferendo político do passado, por motivos defensivos ou preventivos, ou por mais prosaicos motivos pessoais, de interesse restrito às lideranças, ou ao líder exclusivo, da potência agressora. Talvez se possa enquadrar neste último caso a famosa guerra de Troia, embora não seja nada provável que os gregos tenham cercado a fortaleza de seus vizinhos gregos, na Ásia Menor, durante dez anos contínuos, apenas devido ao rapto de Helena, a mulher do rei Menelau, da Lacedemônia (Esparta), por Paris. O mais provável é que a Helena não tenha tido nada a ver com o longo conflito, e que motivos mais propriamente econômicos tenham impulsionado Menelau e seus compatriotas gregos a se vingar de um antigo entreposto grego, fruto da expansão colonial dos desbravadores marítimos da península que projetou bases bem além do Helesponto e na direção das colunas de Hércules, criando com isso novos competidores no dinâmico comércio mediterrâneo, já explorado por fenícios e outros povos. O fato é que os gregos cercaram a cidade-fortaleza de Troia durante dez anos, sem sucesso, até que a astúcia de Ulisses permitiu romper as portas da cidade-murada, que foi então totalmente saqueada pelos ardilosos combatentes. 

Um dos primeiros exemplos históricos de sanções econômicas está relatado na história da guerra do Peloponeso, por Tucídides: ele se refere ao banimento de mercadores da cidade-porto de Megara de comerciar com Atenas, em 432 AC, o que foi um dos vários exemplos de iniciativas infelizes da grande cidade-Estado democrática que lhe acarretaram reveses diplomáticos que contribuíram para a vitória final de Esparta naquela longa guerra. Aliás, independentemente da especulação despropositada que fazem, atualmente, alguns acadêmicos americanos afetados pela paranoia dos generais do Pentágono, como Graham Allison, proclamando uma nova guerra do Peloponeso, desta vez entre a Esparta-China e a Atenas-EUA, o fato é que erros diplomáticos e sanções econômicas podem, realmente, produzir resultados catastróficos para partes em conflito. Em qualquer hipótese, considero esse livro, Destined for War: Can America and China Escape Thucydides’s Trap? (2015), um dos maiores desserviços à causa da globalização contemporânea (ver a versão brasileira: Allison, 2020). Pretendo dedicar uma resenha-artigo para discutir o tremendo equívoco conceitual e histórico desse acadêmico – mais conhecido pela sua análise da crise dos mísseis soviéticos em Cuba em 1962, The Essence of Decision(1971) – na avaliação das relações atuais entre os dois gigantes econômicos da contemporaneidade, que ele imagina que pode levar a uma nova guerra entre impérios.

 

2. O custo econômico das guerras e as sanções materiais que delas decorrem

Todas as guerras possuem, acarretam, exigem custos econômicos, para todas as partes em conflito, as agressoras e as agredidas. Esses custos podem ser identificados em três conjuntos de encargos ou perdas: pela mobilização inicial em função da estratégia militar, ou seja, o desvio de recursos orçamentários e outros para fins unicamente destrutivos, o que implica a retirada de capital humano das tarefas produtivas para as finalidades destrutivas; o “consumo” de meios militares para o ataque ou a defesa de bens, equipamentos, população e patrimônio social ou natural, ou seja, no curso das atividades militares; o “resultado” final ou intermediário dessas operações, em termos de destruição, eliminação ou impedimento parcial ou temporário dos recursos materiais e humanos, bens materiais destruídos, vidas perdidas ou levadas a tratamento hospitalar e possível incapacitação temporária ou permanente. 

(...)


Ler a íntegra neste link: 

https://www.academia.edu/77013457/A_guerra_da_Ucrânia_e_as_sanções_econômicas_multilaterais_2022_


sábado, 20 de julho de 2019

A Century of Internationalisms: The Promise and Legacies of the League of Nations (Lisbon, September 2019)

ANN: A Century of Internationalisms: The Promise and Legacies of the League of Nations (Lisbon, September 2019)


Type: Conference
Date: September 18, 2019 to September 20, 2019
Location: Portugal
Subject Fields: Contemporary History, Diplomacy and International Relations, Political History / Studies

A Century of Internationalisms:

The Promise and Legacies of the League of Nations 

Lisbon — National Library of Portugal and ISCTE-IUL — 18 to 20 September 2019


This international conference aims to contribute to renew the interest and improve the knowledge of the League of Nations (LoN) and its impact in this last century marked by strong waves of internationalism and globalization, but also of crisis and nationalist reactions.
A multilateral institution such as the LoN is the ideal object for a truly global and connected history that goes beyond national historiographical traditions. That is what we intend to do with this conference, through presentations on these themes by 65 speakers affiliated with 60 institutions from 18 different countries.
The death toll of millions in World War I (1914-1918) led to an effort at the 1919 Paris peace conference to design a new international order with new norms and institutions. The creation in 1920 of the first permanent multilateral organization in the form of the League of Nations, the direct predecessor of the UN, was the most ambitious and controversial result of this effort. Although the LoN eventually failed to achieve its main goal of preventing a World War II, it did imprint, and does help to better understand the multiple dimensions of global life in the two decades of its existence. Many of these issues, which will be dealt with in the different panels of this conference, continued to be of great relevance up to today: from refugees to gender issues, from empires to their complex legacies, from territorial conflicts to terrorism, from workers’ rights to global financial system.

FREE ADMISSION

Keynote speakers:

Colin Wells (United Nations Library at Geneva)
Nicholas Werth (Institut d’Histoire du Temps Présent — CNRS)
Philippe Rygiel (École Normale Supérieure de Lyon)
Patricia Clavin (University of Oxford)
Patrick Finney (Aberystwyth University) 

Organisation

Aurora Almada e Santos (IHC – NOVA FCSH)
Cristina Rodrigues (IHC – NOVA FCSH)
Bruno Cardoso Reis (ISCTE-IUL)
João Paulo Avelãs Nunes (CEIS20 – University of Coimbra)
Pedro Aires Oliveira (IHC – NOVA FCSH)
Yvette Santos (IHC – NOVA FCSH)

Contact Info: Any inquiries should be directed to the organising committee via the following email

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Liga das Nações: conferencia internacional - Lisboa, setembro 2019

by Aurora Almada e Santos
Call for Papers
Lisbon, 19-20 September 2019
Intergovernmental organizations – understood as multilateral institutions created by sovereign states, with their own permanent structures and charged with the long-term pursuit of common goals – are tools for promoting the peaceful resolution of conflicts and facilitating cooperation. By establishing permanent dialogue between governments and trying to promote cooperative relations between peoples at a global level, intergovernmental organizations are a fundamental new element of global politics in the contemporary era. The genealogy and nature of intergovernmental organizations has therefore been the subject of highly relevant political controversy as well as significant debate in academia.
Established in January 1920, at the end of the First World War, the League of Nations was the first permanent multilateral organization set up to maintain peace and collective security, aiming at promoting a new stable and prosperous international order. Although it was meant to be in principle a global organization, European states de facto were the central core of founding members. After a decade, it became increasingly clear that the League’s performance in addressing major conflicts did not live up to the expectations of guarantying the collective security of member states. Resolutions and sanctions were ineffective against increasingly violent conflicts. In the functional areas, regarding minority rights and in the oversight of the role of imperial powers in mandate territories, the League of Nations created an important precedent but also showed important limitations.
With the suspension of the activities of the League of Nations with the beginning of the Second World War and its subsequent replacement came the idea of a total failure of the League of Nations. But current studies have pointed in new directions in the analysis of the knowledge of the organization. This rehabilitation of the importance of the critical study of the League of Nations has led to new and different readings of its various facets. It is, nevertheless, important to pursue these new approaches not only from an institutional perspective, but also by a more multidimensional and comparative analysis that does greater justice to the rich and important history of the organization. The tools of International History, Global and Transnational History, History of Ideas, Comparative History, Social History, Labour History, History of Communications, History of Health, History of Migration and others allow us to consider the presence and the role of the League of Nations in various scales and spaces, as well as its relationship with a diversity of actors and themes.
The relevance of the League of Nations is also justified by how topical and important many of the issues with which it struggled still are. The growing globalization and mobility of the contemporary era, voluntary or not, generates global problems and norms with enormous national and local impact. It has been in and through intergovernmental organizations that global regimes have been defined in a variety of areas – human rights, drug trafficking, terrorism and refugees. This brings us to the controversial but arguably indispensable role of multilateral organizations in international governance, as standards-makers and managers of the problems and challenges of contemporary societies which require a global response.
To promote the debate between those who study the League of Nations and connected topics we will organize an interdisciplinary conference to be held in Lisbon on 19 and 20 September 2019.
The keynote speakers are:
- Erez Manela (Harvard University) 
- Mark Mazower (Columbia University) – to be confirmed 
- Nicolas Werth (CNRS) 
- Patricia Clavin (University of Oxford) 
- Patrick Finney (Aberystwyth University) 
- Philippe Rygiel (École Normale Supérieure - Lyon) 
- William Mulligan (University College Dublin) 

Proposals for 20-minute presentations on issues related to the League of Nations will be accepted, including but not limited to the following topics:
- The genealogy of the concept of intergovernmental organizations; 
- Concepts and methodologies for the study of intergovernmental organizations; 
- History of intergovernmental organizations; 
- The Paris peace talks, the Peace Treaties and the creation of the League of Nations; 
- Institutional structure and dynamics of the League of Nations; 
- The League of Nations and the relationship with its member states; 
- The League of Nations and international civil service; 
- The League of Nations and international peace and security; 
- The League of Nations and the rights of minorities and refugees; 
- The League of Nations, empires and international mandates; 
- The League of Nations, social issues and the International Labour Organization (ILO); 
- The League of Nations and technical areas; 
- The League of Nations and non-state actors; 
- The League of Nations and other international organizations; 
- The League of Nations, international law and justice; 
- The transition from the League of Nations to the United Nations (UN). 

Abstracts of presentations (300 words) and biographical notes (250 words) should be sent in English or French or Portuguese to: sdnconferencialisboa@gmail.com

Deadline for submission of abstracts: 31 October 2018

Date of notification of acceptance: 15 December 2018.
N.B. Submissions can be made in English, French or Portuguese. However, to facilitate debate the organizers encourage participants to use English in their oral presentation.
A publication of some of the papers presented at the conference is a future aim.
The registration will have a fee of 25 EUR. 

Organizing Committee
Aurora Almada e Santos (IHC – NOVA FCSH) 
Cristina Rodrigues (IHC – NOVA FCSH) 
Bruno Cardoso Reis (ISCTE-IUL) 
João Paulo Avelãs Nunes (CEIS20 – Universidade de Coimbra) 
Pedro Aires Oliveira (IHC – NOVA FCSH) 
Yvette Santos (IHC – NOVA FCSH)

Scientific Committee
Álvaro Garrido (CEIS20 – Universidade de Coimbra) 
Aurora Almada e Santos (IHC – NOVA FCSH) 
Bruno Cardoso Reis (ISCTE-IUL) 
Cristina Rodrigues (IHC – NOVA FCSH) 
Erez Manela (Harvard University) 
Fernando Tavares Pimenta (IPRI – NOVA FCSH) 
Filipe Ribeiro Meneses (Maynooth University) 
Hipolito de la Torre Gómez (UNED) 
Luís Nuno Rodrigues (ISCTE-IUL) 
Maria Manuela Tavares Ribeiro (CEIS20 – Universidade de Coimbra) 
Mark Mazower (Columbia University) 
Nicolas Werth (CNRS) 
Patricia Clavin (University of Oxford) 
Patrick Finney (Aberystwyth University) 
Pedro Aires Oliveira (IHC – NOVA FCSH) 
Philippe Rygiel (École Normale Supérieure - Lyon) 
William Mulligan (University College Dublin) 
Yvette Santos (IHC – NOVA FCSH)

Institutional Sponsorship 

Diplomatic Institute / Portuguese Ministry for Foreign Affairs