domingo, 15 de abril de 2007

721) Uma definicao de equilibrio...

Perguntaram-me, recentemente, o que seria uma definição de "equilíbrio", para mim.
Respondi da seguinte maneira:

"Equilíbrio é o estado de permanência de uma situação, uma espécie de status quo, no qual as diferentes partes de um sistema podem conviver harmoniosamente na medida em que seus interesses sejam contemplados de maneira relativamente equânime. Como a situação física indica (isto é, o ponto da balança no qual os pesos se anulam), ninguém consegue ter preeminência absoluta sobre as outras partes, resultando assim numa situação satisfatória para todos os participantes do sistema.
Nesse sentido, o equilíbrio pode ser paralisador, pois "congela" posições e impede o avanço de alguns para novas posições ou novas situações de melhor bem estar. Melhor, em consequência, uma situação de equilíbrio dinâmico, na qual todos concorrem para a elevação geral dos padrões.
Em termos sociais, isso siginificaria perseguir uma situação de progresso contínuo, que pode ser representado pelo crescimento econômico sustentável, com transformações produtivas obtidas a partir da maior produtividade do trabalho humano (o que implica em melhor educação dos agentes econômicos), com distribuição dos benefícios do crescimento para todas as partes envolvidas no processo".

Esta é a minha melhor definição de equilíbrio que posso encontrar...

quarta-feira, 11 de abril de 2007

720) O mundo em 2037, segundo os britanicos...

O mundo em 2037
Um relatório da Defesa do Reino Unido prevê armas mais baratas, atentados espetaculares e um choque entre a China e o Islã
Walter Oppenheimer, Londres
UOL, 11/04/2007

Dentro de 30 anos o mundo poderá ver o renascimento do marxismo, a transformação do Irã em uma democracia cheia de vitalidade, o surgimento da China como potência econômica e militar, o aumento das tensões entre a China e o mundo muçulmano, um nível de terrorismo parecido com o atual, mas com atentados cada vez mais espetaculares, o aumento das migrações mundiais, a implantação de chips nos cérebros humanos ou a existência de armas terríveis a partir do desenvolvimento da bomba de nêutrons e o uso de máquinas não pilotadas pelo homem.

Esses são alguns cenários possíveis, embora não uma previsão, elaborados pelo Centro de Desenvolvimento, Conceitos e Doutrina do Ministério da Defesa (DCDC na sigla em inglês) do Reino Unido. É o terceiro relatório de perspectivas para 30 anos vistas pelo órgão desde 2001. Embora seja um informe oficial, não representa a posição do governo britânico, mas um documento de análise para preparar a tomada de decisões, sobretudo em termos de defesa.

O relatório estima que continuarão as mudanças provocadas pela globalização econômica. Os EUA seguirão sendo o poderio econômico e militar predominante e guardião do sistema de regras internacionais, mas haverá uma "transição possivelmente desequilibrada de um mundo unipolar para um mundo progressivamente multipolar".

A China e em menor medida a Índia constituirão parte desse sistema de pólos múltiplos. A economia chinesa vai superar a japonesa até 2020 e pesará mais que a dos EUA até 2040. "A futura direção política da China será crucial não só para sua própria expansão econômica, prosperidade e estabilidade, como para a do mundo inteiro", adverte o texto. No entanto, a China enfrenta desafios ambientais, sociais, políticos, financeiros e demográficos que "podem acabar provocando colapso econômico, instabilidade política, desordem social e tumulto, com repercussões regionais e globais".

Serão tempos de "extremismo político", talvez inclusive com o retorno do marxismo, devido à crescente vulnerabilidade das classes médias no mundo globalizado e à crescente diferença entre os muito ricos e os muito pobres.

Os avanços tecnológicos que fomentam o desenvolvimento das telecomunicações, com a explosão da Internet e a informação em tempo real, "provavelmente vão reduzir a integridade das funções editoriais, com pressões para publicar histórias, narrativas e opiniões em prejuízo dos fatos".

Em 2035 poderão ser implantados chips conectados diretamente ao cérebro, desenvolvendo-se a telepatia sintética, o que terá "óbvias repercussões militares e de segurança", além de implicações éticas e legais.

As novas tecnologias vão revolucionar e baratear o mercado de armas. O desenvolvimento de armas de nêutrons, que podem matar seres humanos sem destruir as infra-estruturas, poderá facilitar as limpezas étnicas. Vão continuar as tensões entre o mundo islâmico e o Ocidente e poderão aumentar as tensões entre o Islã e a China. O Irã, por outro lado, poderá se transformar gradualmente em "uma democracia cheia de vitalidade" na medida em que sua população jovem quiser se incorporar à globalidade e à diversidade.

Todas essas probabilidades poderão ir pelos ares se ocorrerem grandes fenômenos imprevistos, como o vulcão que destruiu a civilização minoana em 1450 a.C., a peste que assolou a Europa no século 14 ou os atentados de 11 de setembro de 2001. Esse terceiro relatório de tendências estratégicas cobre o período 2007-2036 e leva em conta as tendências em cinco aspectos: recursos, mudança social, evolução política, avanço científico e tecnológico e implicações militares. O relatório parte da premissa de que a evolução mundial será condicionada por três elementos: mudança climática, globalização e desigualdades globais. Não expressa vaticínios, mas probabilidades.

terça-feira, 10 de abril de 2007

719) Argentina: diplomacia sui-generis

Kirchner privilegia Chávez e isola a Argentina do mundo
Janes Rocha
Valor Econômico, 10/04/2007

O primeiro-ministro do Canadá, Stephen Harper, está planejando uma viagem pela América Latina para a metade deste ano. Será sua primeira visita oficial à região desde que foi assumiu, em janeiro passado. A agenda inclui passagens pelo Brasil, Chile, Uruguai, Colômbia e México. Ainda não está confirmado oficialmente, mas a chancelaria do Canadá cogita também uma rápida passagem pelo Haiti, segundo informou o jornal canadense "Globe and Mail". Se confirmado esse roteiro, Harper será mais um dos líderes de países industrializados a deixar a Argentina fora de seu roteiro.

Este ano já visitaram a América do Sul o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, o primeiro ministro italiano, Romano Prodi, e o presidente alemão, Horst Köhler. Nenhum deles passou por Buenos Aires. O caso de Prodi surpreende, pois a Argentina, com uma das maiores comunidades italianas no mundo, tem até um senador no Parlamento italiano.

Em 2006, o presidente francês, Jacques Chirac, visitou o Brasil e também evitou a Argentina.

O único chefe de Estado a visitar a Argentina em 2007 foi o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, também o único a receber a visita do presidente argentino Nestor Kirchner recentemente. A agenda de Chávez, porém, não se destacou por assuntos bilaterais, mas pelo espetáculo financiado por seu governo no Estádio Ferrocarril, a manifestação contra a visita de Bush ao Uruguai, no mesmo dia e hora.

"Há um crescente isolamento da Argentina do sistema internacional", constata o analista de relações internacionais Jorge Castro, diretor do Instituto de Planejamento Estratégico (IPE). Para ele, esse isolamento tem a ver com a falta de um posicionamento claro frente ao exterior por parte do governo Kirchner, que sempre subordinou as decisões em matéria de política externa às necessidades da política interna.

"É isso que faz com que a Argentina mantenha um conflito de envergadura com o Uruguai [por causa da construção de uma fábrica de papel às margens do rio que separa os dois países] e também com o governo do Chile [devido à suspensão das exportações de gás]. Houve agora um agravamento do conflito com o Reino Unido pelo tema das ilhas Malvinas, algo também vinculado a uma situação de política doméstica, que é o aniversário de 25 anos da guerra", afirmou Castro.

O presidente Kirchner vem demonstrando, em seus quatro anos de mandato, que o mundo fora da Argentina lhe interessa muito pouco. Ele fez 26 viagens ao exterior desde que assumiu seu mandato, comparado ao dobro realizado pelo presidente Lula, por exemplo. E recebeu apenas cinco chefes de Estado nestes quatro anos, enquanto o presidente Lula recebeu 23.

Ficou famosa a sua desfeita ao presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, em 2005. Às vésperas de uma visita oficial de Mbeki à região, Kirchner mandou avisar que não poderia recebê-lo, obrigando-o a prolongar sua estadia no Brasil e no Chile.

O único país com o qual a Argentina mantém uma intensa relação é a Venezuela. É inegável que o presidente Hugo Chavez tem dado à Argentina um importante apoio. Obrigou o Tesouro venezuelano a comprar mais de US$ 3,6 bilhões em títulos argentinos, rejeitados no mercado internacional devido à renegociação da dívida externa de 2005.

Além disso, ajudou Kirchner com sua política de apoio a empresas argentinas, oferecendo US$ 135 milhões em empréstimos à cooperativa leiteira SanCor para que pudesse recusar uma oferta de compra do investidor George Soros. Isso sem contar acordos estratégicos na área de petróleo, gás, soja e maquinário agrícola.

Um relatório produzido pela pesquisadora Milagros López Belsué, do Centro de Estudos Nueva Mayoría, mostra que, de 2003 até agora, do total de tratados assinados pelo governo argentino com outros países, a maior quantidade (13%), proporcionalmente, foi com a Venezuela (veja quadro).

O ex-secretário geral do Ministério das Relações Exteriores da Argentina, Andrés Cisneros, esclarece que o isolamento argentino não é um fenômeno novo e tem fortes raízes culturais, que perpassam todas as tendências políticas. Desde que a relação do país como provedor da Inglaterra, entre o fim do Século XIX e a década de 1930 - que a tornou a mais rica nação da América do Sul -, a Argentina nunca mais encontrou um equilíbrio em suas relações externas, "com exceção dos anos 90" quando, segundo ele, o presidente Carlos Menem tentou reverter esse processo. "Em geral a Argentina vê uma conspiração de fora", diz Cisneros. E argumenta: "O Brasil tem com os EUA diferenças iguais ou maiores que as nossas, mas sabe quais são seus interesses. E nós temos políticas exteriores demasiado ideológicas e pouco realistas".

Este posicionamento não tem ajudado o país a resolver questões relevantes como, por exemplo, a renegociação da dívida com o Clube de Paris (que reúne 19 países do mundo industrializado). A dívida, no valor aproximado de US$ 6 bilhões, está em default desde a crise e impede que a Argentina tenha acesso a recursos dos organismos multilaterais e à cobertura das agências multilaterais de seguro de crédito à exportação.

"No caso do Clube de Paris, existe uma posição negativa da parte dos principais países integrantes desse organismo [França, Itália e Japão], que exigem que a Argentina chegue a um acordo prévio com o Fundo Monetário Internacional ou, do contrário pague a totalidade da dívida com o Clube, usando suas reservas", diz Jorge Castro.

718) Respeito ao islamismo e direitos humanos...

Brasil é criticado por se abster em votação na ONU
Jamil Chade, correspondente, Genebra
OESP, 08/04/2007

Texto contra difamação ao islamismo é alvo de ONGs na Europa e EUA

No polêmico debate sobre a liberdade da imprensa e o respeito às religiões, o Brasil opta por ficar em cima do muro. O Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou resolução pedindo a proibição da difamação pública de religiões e reivindicando que a liberdade de expressão “seja exercida com responsabilidade” e, portanto, esteja “sujeita às limitações da lei”.
A proposta foi feita pelos países islâmicos e, mesmo com a oposição dos europeus, foi aprovada. O Brasil, que sofreu forte lobby dos países árabes para se unir ao projeto, preferiu a abstenção. O voto foi dado no final da semana passada, mas vem ganhando repercussão cada vez maior. Para organizações não-governamentais que combatem a resolução, os países que se abstiveram ajudaram indiretamente a aprovar a medida.
A polêmica começou em 2005, depois que um jornal dinamarquês publicou caricaturas do profeta Maomé, consideradas difamatórias por seus seguidores. A Organização da Conferência Islâmica pediu então uma resolução que tratasse do que consideram uma campanha contra a religião muçulmana. No texto, os países pedem “ações para proibir a disseminação de idéias racistas e xenófobas contra qualquer religião”.
A resolução se limita a citar apenas o islamismo, alertando para a tendência cada vez maior de “tentativas de identificar o Islã com terrorismo”. Canadá, Japão, Coréia e os governos europeus votaram contra, alegando que o texto era focado só no islamismo e incompatível com os direitos de liberdade de expressão e de pensamento.
Países árabes, Cuba, Rússia e China defenderam a aprovação. Nove países, incluindo Brasil, Argentina e Uruguai, optaram pela abstenção. No final, o texto foi aprovado por 24 votos a favor e 14 contra.

CRÍTICAS
A Human Rights Watch, que criticou a decisão, alerta que a resolução é uma ameaça aos direitos fundamentais. Para a British Humanist Association, a resolução é “perigosa”.
“Incitar a violência é sempre deplorável. Mas, em uma sociedade livre, temos de ter permissão para criticar as doutrinas e práticas religiosas, mesmo que isso ofenda as pessoas que consideram que as críticas são difamatórias”, disse Hanne Stinson, diretora da entidade britânica.
A entidade americana Freedom House alegou que “o fato de tantas democracias votarem em abstenção” é motivo de preocupação. “Não é de se surpreender que China, Rússia, Arábia Saudita, Argélia e Azerbaijão tenha votado a favor da resolução. Mas é decepcionante ver democracias como Argentina, Brasil, Gana, Índia, Nigéria e Uruguai adotando um voto de abstenção”, afirmou a diretora Jennifer Windsor.

sexta-feira, 6 de abril de 2007

717) Etiqueta para listas de discussao

Como sabem, talvez, os que frequentam este blog, eu animo, por pura temeridade e inconsciência, uma lista de discussão sobre temas de relações internacionais: isto sempre permite ter acesso a um volume maior de informações e, por vezes, as discussões são animadas e interessantes e nos dão a oportunidade de aprender algo de novo.
Mas, por vezes, elas também descambam para disputas pessoais, problemas corroqueiros nas relações humanas.
Por isso, a frequentadora Aline MacCord preparou, com base em sua vasta experiencia de listas, entreveros e outros golpes de alto calão, um conjunto de regras que todos fariamos bem em ler, digerir, refletir e depois usar, nesta e em outras listas...
Ela possui 100 por cento do copyright pelo texto e pelas recomendações, que eu endosso a 150 por cento...
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Paulo Roberto de Almeida
pralmeida@mac.com www.pralmeida.org
http://diplomatizzando.blogspot.com/

NETIQUETA DO GRUPO DIPLOMATIZANDO


Por favor leia com atenção estas simples recomendações. Elas são importantes para tornar o convívio nesta lista mais eficiente e prazeroso para todos nós. Gaste um pouco de seu tempo para economizar o de todos!
DESCRIÇÃO:
· Este fórum é composto por pessoas de diversas áreas que se interessam pela circulação de informações e discussão de temas voltados para as relações internacionais, para a política externa do Brasil e para questões de diplomacia e de política internacional de modo geral.

· O que se busca aqui é a maior informação possível, se possível isenta, sobre temas de relações internacionais, e depois um debate sério sobre os mesmos problemas, não isento, por certo, de preferências pessoais, mas sempre no maior respeito pelo "contendor" ou parceiro no dialogo.

· Expressões que buscam atingir pessoalmente algum outro membro devem ser simplesmente banidas

· Não está em causa (e não constitui objeto desta lista) as posições pessoais que seus membros possam ter a respeito de religião, política, gastronomia, futebol et cetera.

· O responsável pelo grupo é o diplomata e pesquisador Paulo Roberto de Almeida (pralmeida@mac.com). Mais informações em www.pralmeida.org.



FERRAMENTAS:
· Aprenda a usar o seu programa de email, com filtros automáticos para organizar a informação recebida. O espaço dedicado ao "Subject" ou "Assunto", é um instrumento importante para a organização das caixas postais de todos, principalmente se há um grande fluxo de mensagens.

· Preencha o Assunto (Subject) das mensagens com textos objetivos. Assim as pessoas podem decidir se a mensagem é ou não de seu interesse antes de lê-las. Mude o assunto quando a conversa tomar outro rumo.



Conteúdo:
· Mantenha-se no assunto da lista.

· Viemos aqui para debater temas de relações internacionais. Todos nós já temos pouquíssimo tempo livre, não ajude a acabar com o que dispomos. Nunca mande alertas de vírus, correntes de felicidade ou mensagens de caridade para a lista. Aliás, estas mensagens costumam ser falsas.

· Quaisquer informações de interesse geral referentes a divulgação de eventos, palestras, debates, lançamento de livros e afins são bem-vindas.
Nesse caso, recomenda-se a inclusão da palavra [INFO] no início da linha de ASSUNTO.

· Ao divulgar artigos e textos, procure adicionar também o endereço URL, a fim de identificar-se a fonte. Quando possível, cole não apenas o link, como também o texto no corpo da mensagem, pois nem todas as fontes são acessíveis a todos.

· É proibido enviar arquivos e piadas, a menos que sejam MUITO pertinentes ao assunto.
Nesse caso, recomenda-se a inclusão da palavra [FUN] no início da linha de ASSUNTO.

· Bate-papos sobre assuntos que fogem ao interesse dos outros participantes da lista devem ser tratados em particular. Isso inclui quaisquer diferenças pessoais que possam surgir entre os membros do grupo.



ETIQUETA:
· Não escreva mensagens somente com LETRAS MAIÚSCULAS.
Letras maiúsculas são entendidas como se você estivesse GRITANDO e dificultam a leitura.

· Não mande mensagens privadas para a lista.
Mande mensagens do tipo "Eu concordo", "Também quero" ou "Obrigado" apenas para a pessoa a que estiver respondendo. Quanto menos mensagens sem informação na lista, melhor ela será.

· Seja educado.
Lembre-se que existem outras pessoas do outro lado da rede, trate-as como gostaria de ser tratado. Você será (re)conhecido pelo que escreve, esta será sua imagem pública.

· Use emoticons, para realçar o tom do que estiver falando. Particularmente use o sinal :-) quando estiver brincando ou sendo irônico, isto costuma evitar mal-entendidos.

· Não reclame da ausência de determinado tema, escreva você mesmo a respeito.
Às vezes a lista pode passar muito tempo discutindo assuntos que não são de seu interesse. Em vez de reclamar, tome a iniciativa de novas discussões. No final estará contribuindo para que a lista fique mais interessante.

· Mais uma vez, lembro que NÃO SÃO ACEITOS na lista:
Ø SPAMS
Ø Piadinhas off-topic
Ø Conversas de baixo nível
Ø Brigas e discussões particulares


AJUDA:
· Visite este grupo em http://groups.google.com/group/Diplomatizando?hl=pt-BR
· O email do grupo é: Diplomatizando@googlegroups.com
· Se você quiser sair da lista, mande um email para: Diplomatizando-unsubscribe@googlegroups.com
· Tente você mesmo resolver seu problema a partir da página do Diplomatizando
· Se houver problemas, entre em contato com o administrador da lista. Não adianta enviar mensagens para a lista pedindo para solucionar algum problema que você tenha com a lista. Fale com o moderador responsável, Paulo Roberto de Almeida (pralmeida@mac.com).

· Seja elegante. Caso haja alguma queixa a respeito de outro membro do grupo, isso deve ser resolvido particularmente, afinal, somos todos adultos. Em casos mais sérios, qualquer queixa deve ser encaminhada diretamente ao moderador do grupo.

· Não tente ser o moderador informal deste grupo para que as mensagens não se multipliquem.

domingo, 25 de março de 2007

716) Bibliotecas digitais

Pequeno serviço de utilidade pública: livros no domínio público (alguns, nem tanto).

Livros digitais: algumas fontes
Retirado do site do Professor José Moreira Palazzo de Oliveira, neste link (em 25/03/2007).

Há uma série de serviços oferecendo livros digitalizados na Web. A seguir são apresentdadas algumas alternativas para o acesso à bibliografia já digitalizada. Os sites oferecem conteúdos em diferentes línguas, cabe ao usuário selecionar os mais adequados a seus interesses e capacidades linguísticas.

* O Portal de Domínio Público do Governo Brasileiro. Este portal constitui-se em um ambiente virtual que permite a coleta, a integração, a preservação e o compartilhamento de conhecimentos, sendo seu principal objetivo o de promover o amplo acesso às obras literárias, artísticas e científicas (na forma de textos, sons, imagens e vídeos), já em domínio público ou que tenham a sua divulgação devidamente autorizada, que constituem o patrimônio cultural brasileiro e universal.
* (en) A Biblioteca Européia: este portal oferece acesso unificado aos acervo digitalizadao de 43 bibliotecas nacionais européias. A busca aos acervos é gratuíta, o acesso pode ser cobrado.
* (en) A Biblioteca Gutenberg: esta foi a biblioteca pioneira na área, é alimentada por voluntários que digitalizam as obras, em meados de 2006 disponibilizava 15.000 obras.
* Wikilivros: é uma proposta para a disseminação coletiva de livros didáticos. O princípio é o mesmo da Wikipedia, a editoração e a revisão colaborativa de textos.
* (en) The Open-Access Text Archive: reúne um grande conjunto de bibliotecas internacionais para a oferta de de livros digitalizados em acesso livre.

Blog do Professor Palazzo

domingo, 18 de março de 2007

715) Um pequeno alerta para os mais jovens, a respeito do socialismo do seculo XXI

Socialismo para os incautos

Paulo Roberto de Almeida
(pralmeida@mac.com; www.pralmeida.org)

Quem diria?!: o socialismo, temporariamente aposentado e relegado a um esquecido e remoto depósito de alternativas credíveis ao velho e duro capitalismo, parece estar voltando novamente à cena, agora travestido em sua nova roupagem “do século XXI”. Ele passou a ser oferecido, sobretudo, na América Latina, terra de todos os milenarismos.
Com efeito, depois de seu brilhante fracasso no final dos anos 1980, o socialismo tinha ido fazer companhia à roca de fiar e ao machado de bronze, no museu das antiguidades, como pretendia Engels em relação ao Estado. Surpreendentemente, ele parece ensaiar um retorno triunfal nos remakes que vem sendo servidos em tom triunfalista – e a grandes doses de subsídios petrolíferos – por alguns personagens diretamente retirados dos livros de história, ainda que de épocas que se imaginavam enterradas e esquecidas.
Seu retorno em grande estilo se deve, ao que parece, aos fracassos igualmente rotundos do “neoliberalismo” na região, no decorrer das duas décadas seguintes ao desmantelamento do socialismo real na Europa do leste (e um pouco em todas as outras partes do mundo). O fato é que o velho capitalismo continuava a ser, de fato, um sistema injusto e desigual, mas ele se impunha quase que naturalmente como forma de organização econômica e social, uma vez que não tinha sobrado quase nada de alternativo e que fosse factível, nas reduzidas prateleiras do supermercado da história. Tivemos passar a consumir capitalismo, em doses maciças, de forma praticamente obrigatória.
Para alguns, a experiência de ter de aceitar compulsoriamente o capitalismo deve ter sido traumática. Os órfãos do velho socialismo – tão mais numerosos quando nunca tiveram de viver a experiência do “socialismo real” – devem estar novamente esperançosos, ao assistir os anúncios triunfalistas que são atualmente feitos em nome do novo socialismo, cujos contornos são ainda em grande parte indefinidos, mas que envolvem as fórmulas habituais de estatização e os cacoetes culturais conhecidos em torno da criação do “homem novo”, como convém aos sistemas deliberadamente messiânicos e salvacionistas. Aos velhos socialistas se juntaram vários grupos de jovens idealistas, comumente referidos como antiglobalizadores ou altermundialistas, que acreditam, em grande medida sinceramente, que o capitalismo representa, de fato, a maior soma de iniquidades possíveis de todas as formas conhecidas de organização econômica e social, entre elas as comunidades primitivas e o feudalismo medieval.
Contemplo essa “nova marcha para a frente” no sentido da “redenção da humanidade” com o olhar cético de quem já assistiu esse filme antes, inclusive por ter me engajado, em outras eras, na luta contras as iniquidades do capitalismo latino-americano e sua submissão aos ditames do imperialismo colonizador e de ter tido, na seqüência, a oportunidade de conhecer os diversos socialismos reais disponíveis nas lojas de departamento da história, a maior parte nos países do leste europeu, do início até quase o final dos anos 1970. Estou portanto habilitado a pronunciar-me por experiência própria quanto às esperanças de se ter um “novo socialismo”, desta vez sem as habituais bulas marxianas ou leninistas, apenas com roupagens e cenários que me lembram, vagamente, as fórmulas mussolinianas.
Se isto pode servir de consolo aos jovens idealistas da antiglobalização – uma vez que eu considero os “velhos órfãos” do socialismo “irreformáveis” e “intransformáveis” –, eu diria o seguinte: aqueles que hoje condenam o capitalismo por todas as suas iniquidades, provavelmente nunca conheceram suas alternativas “reais”, que eram as do socialismo de tipo soviético e suas diversas variantes, algumas delas ainda sobrevivendo ainda numa pequena ilha do Caribe e num canto remoto da Ásia. Apenas a falta de informação e uma irracional recusa em se informar, a despeito da massa de conhecimento acumulada a respeito das experiências do socialismo real podem explicar essa demanda, atualmente crescente, por um “socialismo do século XXI”.
Eu, por ter conhecido pessoalmente, se ouso dizer, todos os socialismos reais e o seu modo de funcionamento interno, posso assegurar, com toda a candura de uma alma reconciliada com as supostas iniquidades do capitalismo, que não há maior miséria moral, maiores atentados à dignidade humana, do que os regimes socialistas que existiram na face da terra até bem pouco. Posso parafrasear o que disse o poeta e revolucionário cubano José Marti dos Estados Unidos, país no qual ele se exilou temporariamente, para escapar dos opressores coloniais de sua pátria: “eu conheci as entranhas do monstro”. De fato, pude conhecer o interior da “baleia socialista” e o que vi não era nada bonito, muito pelo contrário.
O mais chocante, justamente, não eram apenas as pequenas misérias materiais, o aspecto deteriorado dos equipamentos públicos, a falta habitual de produtos de primeira necessidade, as estantes sempre vazias nos comércios, a rudeza de apresentação e o caráter tosco da maior parte dos bens e serviços oferecidos nos “mercados” socialistas, tudo isso era habitual e esperado e não me surpreendeu mais do que a decepção dos primeiros contatos. O que estava por trás de tudo aquilo era muito mais importante, pois tinha a ver, não com a simples miséria material, mas com os comportamentos sociais, com o olhar furtivo das pessoas, com a contenção da linguagem, com a retenção do pensamento, com o permanente estado de vigilância policial, em uma palavra, com a miséria moral que só os verdadeiros regimes socialistas são capazes de exibir.
Não estou me referindo aqui ao Estado policial em estado quimicamente puro, se ouso dizer, uma amostra do qual pode ser conferido na grande “biografia” do Gulag da historiadora Anne Applebaum. Não tem a ver com a repressão direta, estilo Gestapo ou NKVD, apenas com a vida cotidiana num país socialista “normal” do Leste europeu em meados dos anos 1970. Aquilo deve ter me vacinado de maneira eficaz contra minha anterior inclinação revolucionária a querer implantar o socialismo a golpes de martelo, como pretendíamos na nossa juventude de opositores do regime militar brasileiro.
Por isso, quando ouço novamente os novos cantos de sereia sobre o “socialismo do século XXI”, permito-me retrucar modestamente: vamos ficar com as modestas iniquidades materiais do capitalismo – que permitem, ainda assim, o progresso individual baseado no mérito individual e no esforço próprio – e deixar de lado as tentações totalitárias de pretender implantar a igualdade na base do autoritarismo, o que só pode conduzir às grandes iniquidades morais do socialismo.
Não existem grandes virtudes no socialismo, apenas “heróis” do povo, devidamente fabricados por ditadores pouco esclarecidos que implantam regimes muito parecidos com os sistemas fascistas existentes na Europa do entre-guerras. Por experiência própria, eu constatei que a ditadura dos medíocres – que caracteriza quase sempre os regimes socialistas – é uma coisa terrível, e a miseria daí derivada é muito superior à eventual miséria material do capitalismo...

Brasília, 1733, 18 março 2007

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...