quarta-feira, 25 de abril de 2007

724) Como fazer um bom parecer

Como fazer um bom parecer - ou como parar de se preocupar e amar a arbitragem científica
Publicado por Rogério Farias 25 de Abril de 2007 em Visão de Mundo.
Relnet

Uma das atividades que uma pessoa envolvida no mundo acadêmico tem que se debruçar de tempos em tempos é a de dar pareceres para artigos submetidos para publicação em periódicos. Mas como realizar essa atividade de forma mais eficiente? Na área de Relações Internacionais no Brasil isso é muito relevante, principalmente se considerarmos o estágio atual do campo. O que torna o exercício mais importante ainda é que, na maioria das vezes, não há orientação para esse tipo de atividade nem mesmo em programas de mestrado e doutorado - ou seja, a probabilidade de cometer deslizes é grande.

Mas fiquem tranquilos. O The Academic Observer, periódico da Association for Psychological Science, traz um artigo de Henry L. Roediger com 12 dicas para pareceristas, elas são:

1. Saiba sua missão: o trabalho de um parecerista não é necessariamente criticar um trabalho.
2. Seja ligeiro: bons pareceres entregues antes do prazo são muito apreciados;
3. Leia cuidadosamente: velocidade deve ser acompanhada de exame profundo das seguintes questões:
(a) O problema endereçado no artigo é importante no contexto da disciplina?
(b) O trabalho avança o conhecimento na área de forma substantiva de forma que mereça ser publicado?
4. Diga coisas positivas no parecer: até o pior trabalho tem aspectos interessantes. No entanto, não seja excessivamente esbanjador nos elogios;
5. Não exiba traços de hostilidade: se precisar ser crítico não seja rude;
6. Seja breve: o editor é uma pessoa ocupada. Não é adequado redigir um parecer de tamanho equivalente ao artigo;
7. Foque aspectos gerais: não fique procurando no trabalho erros de ortografia e gramática. Se atenha ao big picture;
8. Desenvolva um bom estilo de parecer: não há estilo universal de parecer, desenvolva um que seja confortável;
9. Seja cuidadoso em recomendar modificações: é muito perigoso recomendar mais pesquisa antes que o trabalho seja publicado. Muitas vezes, mais pesquisa não conseguirá escoimar o trabalho de seus problemas;
10. Tome cuidado com o egocentrismo: você pode saber que o seu trabalho é melhor do que o de qualquer um, mas tente resistir à tentação de recomendar ao autor a citação ao seu trabalho;
11. Faça a recomendação sobre o trabalho, a não ser que o editor o instrua a não fazer: ele merece ser publicado, afinal?;
12. Assine seu parecer: o autor deve saber quem você é. O anonimato aumenta probabilidade de ocorrer diversas patologias - como o egocentrismo e a rudez. Muitos periódicos, no entanto, preferem pareceres anônimos.

723) Definicoes de Politica

Do ex-Blog de Cesar Maia, em 25 de abril de 2007?

DEFINIÇÕES DE “POLÍTICA” A PEDIDOS!
Política é reunir pessoas em torno de idéias.
Partido é organizar pessoas em torno de idéias.
Populismo é reunir pessoas em torno de pessoas.
Demagogia é reunir pessoas em torno de quaisquer idéias.

domingo, 15 de abril de 2007

722) Estudos sobre Defesa: chamada de trabalhos

Chamada de trabalhos
Encontro Nacional da Associação Brasileira de Estudos de Defesa (ABED)
Universidade Federal de São Carlos
20 e 21 de setembro de 2007

A ABED convida professores e pesquisadores a apresentar propostas de comunicação para seu primeiro encontro anual, a ser realizado no campus da UFSCar, em São Carlos, SP, nos dias 20 e 21 de setembro de 2007. As propostas devem ser encaminhadas até às 18hs do dia 20 de abril p.f. e deverão conter título, resumo com dez a quinze linhas, filiação e tema geral, segundo a lista abaixo:

1. Relações civis-militares
2. Políticas de Defesa e Segurança Internacional
3. Forças Armadas, tecnologia e sociedade
4. História militar

Além das comunicações, o congresso terá espaço para apresentação de posters, para os quais faremos chamada específica.
O Congresso prevê a realização de, no máximo, oito mesas-redondas com apresentação de três trabalhos em cada uma.
Há possibilidade de financiamento, mas a aceitação de uma proposta não implica em qualquer obrigação da ABED nesse sentido.
As propostas deverão ser enviadas para os emails samuel_soares@uol.com.br e djrm@power.ufscar.br.
Para a apresentação de trabalho ou poster será obrigatória a filiação à ABED, que, no entanto poderá ser feita até a data de início do evento. A inscrição no congresso, sem apresentação de trabalhos será gratuita e será regulamentada posteriormente.

Diretoria da ABED

721) Uma definicao de equilibrio...

Perguntaram-me, recentemente, o que seria uma definição de "equilíbrio", para mim.
Respondi da seguinte maneira:

"Equilíbrio é o estado de permanência de uma situação, uma espécie de status quo, no qual as diferentes partes de um sistema podem conviver harmoniosamente na medida em que seus interesses sejam contemplados de maneira relativamente equânime. Como a situação física indica (isto é, o ponto da balança no qual os pesos se anulam), ninguém consegue ter preeminência absoluta sobre as outras partes, resultando assim numa situação satisfatória para todos os participantes do sistema.
Nesse sentido, o equilíbrio pode ser paralisador, pois "congela" posições e impede o avanço de alguns para novas posições ou novas situações de melhor bem estar. Melhor, em consequência, uma situação de equilíbrio dinâmico, na qual todos concorrem para a elevação geral dos padrões.
Em termos sociais, isso siginificaria perseguir uma situação de progresso contínuo, que pode ser representado pelo crescimento econômico sustentável, com transformações produtivas obtidas a partir da maior produtividade do trabalho humano (o que implica em melhor educação dos agentes econômicos), com distribuição dos benefícios do crescimento para todas as partes envolvidas no processo".

Esta é a minha melhor definição de equilíbrio que posso encontrar...

quarta-feira, 11 de abril de 2007

720) O mundo em 2037, segundo os britanicos...

O mundo em 2037
Um relatório da Defesa do Reino Unido prevê armas mais baratas, atentados espetaculares e um choque entre a China e o Islã
Walter Oppenheimer, Londres
UOL, 11/04/2007

Dentro de 30 anos o mundo poderá ver o renascimento do marxismo, a transformação do Irã em uma democracia cheia de vitalidade, o surgimento da China como potência econômica e militar, o aumento das tensões entre a China e o mundo muçulmano, um nível de terrorismo parecido com o atual, mas com atentados cada vez mais espetaculares, o aumento das migrações mundiais, a implantação de chips nos cérebros humanos ou a existência de armas terríveis a partir do desenvolvimento da bomba de nêutrons e o uso de máquinas não pilotadas pelo homem.

Esses são alguns cenários possíveis, embora não uma previsão, elaborados pelo Centro de Desenvolvimento, Conceitos e Doutrina do Ministério da Defesa (DCDC na sigla em inglês) do Reino Unido. É o terceiro relatório de perspectivas para 30 anos vistas pelo órgão desde 2001. Embora seja um informe oficial, não representa a posição do governo britânico, mas um documento de análise para preparar a tomada de decisões, sobretudo em termos de defesa.

O relatório estima que continuarão as mudanças provocadas pela globalização econômica. Os EUA seguirão sendo o poderio econômico e militar predominante e guardião do sistema de regras internacionais, mas haverá uma "transição possivelmente desequilibrada de um mundo unipolar para um mundo progressivamente multipolar".

A China e em menor medida a Índia constituirão parte desse sistema de pólos múltiplos. A economia chinesa vai superar a japonesa até 2020 e pesará mais que a dos EUA até 2040. "A futura direção política da China será crucial não só para sua própria expansão econômica, prosperidade e estabilidade, como para a do mundo inteiro", adverte o texto. No entanto, a China enfrenta desafios ambientais, sociais, políticos, financeiros e demográficos que "podem acabar provocando colapso econômico, instabilidade política, desordem social e tumulto, com repercussões regionais e globais".

Serão tempos de "extremismo político", talvez inclusive com o retorno do marxismo, devido à crescente vulnerabilidade das classes médias no mundo globalizado e à crescente diferença entre os muito ricos e os muito pobres.

Os avanços tecnológicos que fomentam o desenvolvimento das telecomunicações, com a explosão da Internet e a informação em tempo real, "provavelmente vão reduzir a integridade das funções editoriais, com pressões para publicar histórias, narrativas e opiniões em prejuízo dos fatos".

Em 2035 poderão ser implantados chips conectados diretamente ao cérebro, desenvolvendo-se a telepatia sintética, o que terá "óbvias repercussões militares e de segurança", além de implicações éticas e legais.

As novas tecnologias vão revolucionar e baratear o mercado de armas. O desenvolvimento de armas de nêutrons, que podem matar seres humanos sem destruir as infra-estruturas, poderá facilitar as limpezas étnicas. Vão continuar as tensões entre o mundo islâmico e o Ocidente e poderão aumentar as tensões entre o Islã e a China. O Irã, por outro lado, poderá se transformar gradualmente em "uma democracia cheia de vitalidade" na medida em que sua população jovem quiser se incorporar à globalidade e à diversidade.

Todas essas probabilidades poderão ir pelos ares se ocorrerem grandes fenômenos imprevistos, como o vulcão que destruiu a civilização minoana em 1450 a.C., a peste que assolou a Europa no século 14 ou os atentados de 11 de setembro de 2001. Esse terceiro relatório de tendências estratégicas cobre o período 2007-2036 e leva em conta as tendências em cinco aspectos: recursos, mudança social, evolução política, avanço científico e tecnológico e implicações militares. O relatório parte da premissa de que a evolução mundial será condicionada por três elementos: mudança climática, globalização e desigualdades globais. Não expressa vaticínios, mas probabilidades.

terça-feira, 10 de abril de 2007

719) Argentina: diplomacia sui-generis

Kirchner privilegia Chávez e isola a Argentina do mundo
Janes Rocha
Valor Econômico, 10/04/2007

O primeiro-ministro do Canadá, Stephen Harper, está planejando uma viagem pela América Latina para a metade deste ano. Será sua primeira visita oficial à região desde que foi assumiu, em janeiro passado. A agenda inclui passagens pelo Brasil, Chile, Uruguai, Colômbia e México. Ainda não está confirmado oficialmente, mas a chancelaria do Canadá cogita também uma rápida passagem pelo Haiti, segundo informou o jornal canadense "Globe and Mail". Se confirmado esse roteiro, Harper será mais um dos líderes de países industrializados a deixar a Argentina fora de seu roteiro.

Este ano já visitaram a América do Sul o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, o primeiro ministro italiano, Romano Prodi, e o presidente alemão, Horst Köhler. Nenhum deles passou por Buenos Aires. O caso de Prodi surpreende, pois a Argentina, com uma das maiores comunidades italianas no mundo, tem até um senador no Parlamento italiano.

Em 2006, o presidente francês, Jacques Chirac, visitou o Brasil e também evitou a Argentina.

O único chefe de Estado a visitar a Argentina em 2007 foi o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, também o único a receber a visita do presidente argentino Nestor Kirchner recentemente. A agenda de Chávez, porém, não se destacou por assuntos bilaterais, mas pelo espetáculo financiado por seu governo no Estádio Ferrocarril, a manifestação contra a visita de Bush ao Uruguai, no mesmo dia e hora.

"Há um crescente isolamento da Argentina do sistema internacional", constata o analista de relações internacionais Jorge Castro, diretor do Instituto de Planejamento Estratégico (IPE). Para ele, esse isolamento tem a ver com a falta de um posicionamento claro frente ao exterior por parte do governo Kirchner, que sempre subordinou as decisões em matéria de política externa às necessidades da política interna.

"É isso que faz com que a Argentina mantenha um conflito de envergadura com o Uruguai [por causa da construção de uma fábrica de papel às margens do rio que separa os dois países] e também com o governo do Chile [devido à suspensão das exportações de gás]. Houve agora um agravamento do conflito com o Reino Unido pelo tema das ilhas Malvinas, algo também vinculado a uma situação de política doméstica, que é o aniversário de 25 anos da guerra", afirmou Castro.

O presidente Kirchner vem demonstrando, em seus quatro anos de mandato, que o mundo fora da Argentina lhe interessa muito pouco. Ele fez 26 viagens ao exterior desde que assumiu seu mandato, comparado ao dobro realizado pelo presidente Lula, por exemplo. E recebeu apenas cinco chefes de Estado nestes quatro anos, enquanto o presidente Lula recebeu 23.

Ficou famosa a sua desfeita ao presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, em 2005. Às vésperas de uma visita oficial de Mbeki à região, Kirchner mandou avisar que não poderia recebê-lo, obrigando-o a prolongar sua estadia no Brasil e no Chile.

O único país com o qual a Argentina mantém uma intensa relação é a Venezuela. É inegável que o presidente Hugo Chavez tem dado à Argentina um importante apoio. Obrigou o Tesouro venezuelano a comprar mais de US$ 3,6 bilhões em títulos argentinos, rejeitados no mercado internacional devido à renegociação da dívida externa de 2005.

Além disso, ajudou Kirchner com sua política de apoio a empresas argentinas, oferecendo US$ 135 milhões em empréstimos à cooperativa leiteira SanCor para que pudesse recusar uma oferta de compra do investidor George Soros. Isso sem contar acordos estratégicos na área de petróleo, gás, soja e maquinário agrícola.

Um relatório produzido pela pesquisadora Milagros López Belsué, do Centro de Estudos Nueva Mayoría, mostra que, de 2003 até agora, do total de tratados assinados pelo governo argentino com outros países, a maior quantidade (13%), proporcionalmente, foi com a Venezuela (veja quadro).

O ex-secretário geral do Ministério das Relações Exteriores da Argentina, Andrés Cisneros, esclarece que o isolamento argentino não é um fenômeno novo e tem fortes raízes culturais, que perpassam todas as tendências políticas. Desde que a relação do país como provedor da Inglaterra, entre o fim do Século XIX e a década de 1930 - que a tornou a mais rica nação da América do Sul -, a Argentina nunca mais encontrou um equilíbrio em suas relações externas, "com exceção dos anos 90" quando, segundo ele, o presidente Carlos Menem tentou reverter esse processo. "Em geral a Argentina vê uma conspiração de fora", diz Cisneros. E argumenta: "O Brasil tem com os EUA diferenças iguais ou maiores que as nossas, mas sabe quais são seus interesses. E nós temos políticas exteriores demasiado ideológicas e pouco realistas".

Este posicionamento não tem ajudado o país a resolver questões relevantes como, por exemplo, a renegociação da dívida com o Clube de Paris (que reúne 19 países do mundo industrializado). A dívida, no valor aproximado de US$ 6 bilhões, está em default desde a crise e impede que a Argentina tenha acesso a recursos dos organismos multilaterais e à cobertura das agências multilaterais de seguro de crédito à exportação.

"No caso do Clube de Paris, existe uma posição negativa da parte dos principais países integrantes desse organismo [França, Itália e Japão], que exigem que a Argentina chegue a um acordo prévio com o Fundo Monetário Internacional ou, do contrário pague a totalidade da dívida com o Clube, usando suas reservas", diz Jorge Castro.

718) Respeito ao islamismo e direitos humanos...

Brasil é criticado por se abster em votação na ONU
Jamil Chade, correspondente, Genebra
OESP, 08/04/2007

Texto contra difamação ao islamismo é alvo de ONGs na Europa e EUA

No polêmico debate sobre a liberdade da imprensa e o respeito às religiões, o Brasil opta por ficar em cima do muro. O Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou resolução pedindo a proibição da difamação pública de religiões e reivindicando que a liberdade de expressão “seja exercida com responsabilidade” e, portanto, esteja “sujeita às limitações da lei”.
A proposta foi feita pelos países islâmicos e, mesmo com a oposição dos europeus, foi aprovada. O Brasil, que sofreu forte lobby dos países árabes para se unir ao projeto, preferiu a abstenção. O voto foi dado no final da semana passada, mas vem ganhando repercussão cada vez maior. Para organizações não-governamentais que combatem a resolução, os países que se abstiveram ajudaram indiretamente a aprovar a medida.
A polêmica começou em 2005, depois que um jornal dinamarquês publicou caricaturas do profeta Maomé, consideradas difamatórias por seus seguidores. A Organização da Conferência Islâmica pediu então uma resolução que tratasse do que consideram uma campanha contra a religião muçulmana. No texto, os países pedem “ações para proibir a disseminação de idéias racistas e xenófobas contra qualquer religião”.
A resolução se limita a citar apenas o islamismo, alertando para a tendência cada vez maior de “tentativas de identificar o Islã com terrorismo”. Canadá, Japão, Coréia e os governos europeus votaram contra, alegando que o texto era focado só no islamismo e incompatível com os direitos de liberdade de expressão e de pensamento.
Países árabes, Cuba, Rússia e China defenderam a aprovação. Nove países, incluindo Brasil, Argentina e Uruguai, optaram pela abstenção. No final, o texto foi aprovado por 24 votos a favor e 14 contra.

CRÍTICAS
A Human Rights Watch, que criticou a decisão, alerta que a resolução é uma ameaça aos direitos fundamentais. Para a British Humanist Association, a resolução é “perigosa”.
“Incitar a violência é sempre deplorável. Mas, em uma sociedade livre, temos de ter permissão para criticar as doutrinas e práticas religiosas, mesmo que isso ofenda as pessoas que consideram que as críticas são difamatórias”, disse Hanne Stinson, diretora da entidade britânica.
A entidade americana Freedom House alegou que “o fato de tantas democracias votarem em abstenção” é motivo de preocupação. “Não é de se surpreender que China, Rússia, Arábia Saudita, Argélia e Azerbaijão tenha votado a favor da resolução. Mas é decepcionante ver democracias como Argentina, Brasil, Gana, Índia, Nigéria e Uruguai adotando um voto de abstenção”, afirmou a diretora Jennifer Windsor.

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