The Global Subsidies Initiative
Uma iniciativa certamente meritoria de quem está preocupado com os estimulos errados que os subsidios representam na atividade economica.
The International Institute for Sustainable Development’s Global Subsidies Initiative (GSI) is a project designed to put the spotlight on subsidies and the corrosive effects they can have on environmental quality, economic development and governance.
Recomendo a consulta ao site: http://www.globalsubsidies.org/
Dois relatorios recentes:
Biofuels — At What Cost?
Government Support for Ethanol and Biodiesel in Selected OECD Countries
This report provides an overview and analysis of subsidies to biofuels in Australia, Canada, the European Union, Switzerland and the United States. Read more.
Biofuels At What Cost?
Government Support for Ethanol and Biodiesel in the European Union
Total annual support for biofuels provided by EU governments reached € 3.7 billion in 2006. Considering that many subsidies are difficult to track down, this is probably an under-estimate. Read more.
About the Global Subsidies Initiative
The Global Subsidies Initiative (GSI) is the next stage of the Van Lennep Program, named after Emile van Lennep, the distinguished Dutch economist and Minister, and former Secretary-General of the Organization for Economic Cooperation and Development. A collaborative effort of International Institute for Sustainable Development and the Earth Council, the Van Lennep Program focused on four sectors in its initial phase: energy, road transport, water and agriculture. Following a detailed review of subsidies applied in these sectors, its report, Subsidizing Unsustainable Development: Undermining the Earth with Public Funds, offered a dramatic demonstration of how subsidies serve as disincentives to sustainable development.
In December 2005 the GSI was launched to put a spotlight on subsidies—transfers of public money to private interests—and how they undermine efforts to put the world economy on a path toward sustainable development. Subsidies are powerful instruments. They can play a legitimate role in securing public goods that would otherwise remain beyond reach. But they can also be easily subverted. The interests of lobbyists and the electoral ambitions of office-holders can hijack public policy. Therefore, the GSI starts from the premise that full transparency and public accountability for the stated aims of public expenditure must be the cornerstones of any subsidy program.
But the case for scrutiny goes further. Even when subsidies are legitimate instruments of public policy, their efficacy—their fitness for purpose—must still be demonstrated. All too often, the unintended and unforeseen consequences of poorly designed subsidies overwhelm the benefits claimed for these programs. Meanwhile, the citizens who foot the bills remain in the dark.
When subsidies are the principal cause of the perpetuation of a fundamentally unfair trading system, and lie at the root of serious environmental degradation, the questions have to be asked: Is this how taxpayers want their money spent? And should they, through their taxes, support such counterproductive outcomes?
Eliminating harmful subsidies would free up scarce funds to support more worthy causes. The GSI's challenge to those who advocate creating or maintaining particular subsidies is that they should be able to demonstrate that the subsidies are environmentally, socially and economically sustainable—and that they do not undermine the development chances of some of the poorest producers in the world.
To encourage this, the GSI, in cooperation with a growing international network of research and media partners, seeks to lay bare just what good or harm public subsidies are doing; to encourage public debate and awareness of the options that are available; and to help provide policy-makers with the tools they need to secure sustainable outcomes for our societies and our planet.
Funding
The GSI receives core funding from three governments: the Government of The Netherlands, the Government of New Zealand, and the Government of Sweden. The William and Flora Hewlett Foundation also provides funding that supports the GSI’s research and communications activities.
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
quinta-feira, 25 de outubro de 2007
domingo, 21 de outubro de 2007
787) Um seminario sobre integracao sul-americana, na USP (em tres dias)
INTERNACIONAL: OS DESAFIOS PARA A INTEGRAÇÃO POLÍTICA E ECONÔMICA DA AMÉRICA DO SUL
Fonte: Portal do IEA
De 23 a 25 de outubro, acontece no IEA o seminário internacional "Integração Política e Econômica da América do Sul, com a participação de pesquisadores brasileiros, chilenos e franceses. Serão 34 expositores, divididos em cinco sessões temáticas: "Espaços de Integração", "Energia e Comércio", "Aspectos Jurídicos e Políticos", "Sociedade Civil e Relações Internacionais" e "Perspectivas de Integração" (leia programa abaixo).
O seminário é uma realização do IEA, do Centro de Pesquisa e Documentação sobre a América Latina (Credal) — vinculado ao CNRS e à Universidade de Paris 3 — e da Coordenadoria de Comunicação Social (CCS) da USP. Os coordenadores são: Wanderley Messias da Costa, professor do Departamento de Geografia da FFLCH/USP e coordenador da CCS/USP; Hervé Théry, professor visitante da Cátedra Pierre Monbeig do Departamento de Geografia da FFLCH/USP e pesquisador do Credal; e Christian Girault, diretor de pesquisa do Credal.
O encontro será realizado no Auditório Alberto Carvalho da Silva, sede do IEA, Av. Prof. Luciano Gualberto, Travessa J, 374, Cidade Universitária, São Paulo. Haverá transmissão ao vivo pela internet em www.iea.usp.br/aovivo. As exposições serão feitas em português, espanhol e francês e não haverá serviço de tradução.
Informações: com Cláudia Regina (clauregi@usp.br), telefone 11) 3091-1686 .
PROGRAMA
Dia 23 de outubro, terça-feira
9h-9h45 Abertura: com Hernan Chaimovich (vice-diretor do IEA) e Christophe de Beauvais (representante do CNRS, França)
SESSÃO "ESPAÇOS DE INTEGRAÇÃO"
Moderador: Wanderley Messias da Costa (FFLCH e CCS/USP)
9h45-10h15 Wanderley Messias da Costa (FFLCH e CCS/USP) e Hervé Théry (Credal/CNRS e Cátedra Pierre Monbeig/FFLCH/USP)
10h15-10h45 Raúl González Meyer (Academia de Humanismo Cristão, Chile)
10h45-11h Intervalo
11h-11h30 Paulo Roberto de Almeida (UniCEUB)
11h30-12h Claudio Jedlicki (CNRS, França)
12h-12h30 Debate
SESSÃO "ENERGIA E COMÉRCIO"
Moderador: Paulo Roberto de Almeida (UniCEUB)
14h-14h30 Aude Sztulman e Marta Menéndez (Universidade de Paris-Dauphine, França)
14h30-15h Sébastien Velut (Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento, Chile)
15h15h30 Claudio Egler (UFRJ)
15h30-15h45 Intervalo
16h-16h30 Philippe Barbet (Universidade de Paris 13) e Marta dos Reis Castilho (UFF)
16h30-17h Claudio Lara (Universidade de Artes e Ciências Sociais, Chile)
17h-17h30 Jean-Marc Siroën (Universidade de Paris-Dauphine) e Alexandrine Brami-Celentano (Instituto de Estudos Políticos de Paris)
17h30-18h Debate
Dia 24, quarta-feira
SESSÃO "ASPECTOS JURÍDICOS E POLÍTICOS"
Moderador: Gilberto Dupas (GACint/IRI/USP e IEEI)
9h-9h30 Fernando Dias Menezes de Almeida (Fadusp)
9h30-10h Ricardo Gamboa Valenzuela (Universidade do Chile)
10h-10h30 Deisy Ventura (Unisinos e Cepedisa/USP)
10h30-11h Intervalo
11h-11h30 Guy Mazet (CNRS, França)
11h30-12h Luiz Fernando Martins Castro (Associação dos Advogados de São Paulo)
12h-12h30 Debate
SESSÃO "SOCIEDADE CIVIL E RELAÇÕES INTERNACIONAIS"
Moderadores: Celso Lafer (Fapesp e Fadusp) e Manuel Antonio Garretón (Universidade do Chile)
14h-14h30 Cécile Blatix (Universidade de Paris 13)
14h30-15h Manuel Antonio Garretón (Universidade do Chile)
15h-15h30 Renée Fregosi (Universidade de Paris 3)
15h30-15h45 Intervalo
15h45-16h30 Gilberto Dupas (GACint/IRI/USP e IEEI)
16h30-17h Christian Girault (Credal/CNRS, França)
17h-17h30 Debate
Dia 25, quinta-feira
SESSÃO "PERSPECTIVAS DA INTEGRAÇÃO"
Moderador: Carlos Henrique Cardim (Ipri/Ministério das Relações Exteriores)
14h-14h30 André Roberto Martins (FFLCH/USP) e Hervé Théry (Credal/CNRS e Cátedra Pierre Monbeig/FFLCH/USP) [Síntese]
14h30-15h Eliézer Rizzo de Oliveira (Memorial de América Latina)
15h-15h30 Patrick Séchet (Ministério do Exterior, França) e Miriam Cué (Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento, França)
15h30-15h45 Intervalo
15h45-16h15 Carlos Henrique Cardim (Ipri/Ministério das Relações Exteriores)
16h15-16h45 Edgar Vieira Posada (Pontifícia Universidade Javeriana, Colômbia)
16h45-17h15 Roberto Pizarro (Universidade de Artes e Ciências, Chile)
17h15-17h30 Christian Girault (Cradal/CNRS, França) [Encerramento
Fonte: Portal do IEA
De 23 a 25 de outubro, acontece no IEA o seminário internacional "Integração Política e Econômica da América do Sul, com a participação de pesquisadores brasileiros, chilenos e franceses. Serão 34 expositores, divididos em cinco sessões temáticas: "Espaços de Integração", "Energia e Comércio", "Aspectos Jurídicos e Políticos", "Sociedade Civil e Relações Internacionais" e "Perspectivas de Integração" (leia programa abaixo).
O seminário é uma realização do IEA, do Centro de Pesquisa e Documentação sobre a América Latina (Credal) — vinculado ao CNRS e à Universidade de Paris 3 — e da Coordenadoria de Comunicação Social (CCS) da USP. Os coordenadores são: Wanderley Messias da Costa, professor do Departamento de Geografia da FFLCH/USP e coordenador da CCS/USP; Hervé Théry, professor visitante da Cátedra Pierre Monbeig do Departamento de Geografia da FFLCH/USP e pesquisador do Credal; e Christian Girault, diretor de pesquisa do Credal.
O encontro será realizado no Auditório Alberto Carvalho da Silva, sede do IEA, Av. Prof. Luciano Gualberto, Travessa J, 374, Cidade Universitária, São Paulo. Haverá transmissão ao vivo pela internet em www.iea.usp.br/aovivo. As exposições serão feitas em português, espanhol e francês e não haverá serviço de tradução.
Informações: com Cláudia Regina (clauregi@usp.br), telefone 11) 3091-1686 .
PROGRAMA
Dia 23 de outubro, terça-feira
9h-9h45 Abertura: com Hernan Chaimovich (vice-diretor do IEA) e Christophe de Beauvais (representante do CNRS, França)
SESSÃO "ESPAÇOS DE INTEGRAÇÃO"
Moderador: Wanderley Messias da Costa (FFLCH e CCS/USP)
9h45-10h15 Wanderley Messias da Costa (FFLCH e CCS/USP) e Hervé Théry (Credal/CNRS e Cátedra Pierre Monbeig/FFLCH/USP)
10h15-10h45 Raúl González Meyer (Academia de Humanismo Cristão, Chile)
10h45-11h Intervalo
11h-11h30 Paulo Roberto de Almeida (UniCEUB)
11h30-12h Claudio Jedlicki (CNRS, França)
12h-12h30 Debate
SESSÃO "ENERGIA E COMÉRCIO"
Moderador: Paulo Roberto de Almeida (UniCEUB)
14h-14h30 Aude Sztulman e Marta Menéndez (Universidade de Paris-Dauphine, França)
14h30-15h Sébastien Velut (Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento, Chile)
15h15h30 Claudio Egler (UFRJ)
15h30-15h45 Intervalo
16h-16h30 Philippe Barbet (Universidade de Paris 13) e Marta dos Reis Castilho (UFF)
16h30-17h Claudio Lara (Universidade de Artes e Ciências Sociais, Chile)
17h-17h30 Jean-Marc Siroën (Universidade de Paris-Dauphine) e Alexandrine Brami-Celentano (Instituto de Estudos Políticos de Paris)
17h30-18h Debate
Dia 24, quarta-feira
SESSÃO "ASPECTOS JURÍDICOS E POLÍTICOS"
Moderador: Gilberto Dupas (GACint/IRI/USP e IEEI)
9h-9h30 Fernando Dias Menezes de Almeida (Fadusp)
9h30-10h Ricardo Gamboa Valenzuela (Universidade do Chile)
10h-10h30 Deisy Ventura (Unisinos e Cepedisa/USP)
10h30-11h Intervalo
11h-11h30 Guy Mazet (CNRS, França)
11h30-12h Luiz Fernando Martins Castro (Associação dos Advogados de São Paulo)
12h-12h30 Debate
SESSÃO "SOCIEDADE CIVIL E RELAÇÕES INTERNACIONAIS"
Moderadores: Celso Lafer (Fapesp e Fadusp) e Manuel Antonio Garretón (Universidade do Chile)
14h-14h30 Cécile Blatix (Universidade de Paris 13)
14h30-15h Manuel Antonio Garretón (Universidade do Chile)
15h-15h30 Renée Fregosi (Universidade de Paris 3)
15h30-15h45 Intervalo
15h45-16h30 Gilberto Dupas (GACint/IRI/USP e IEEI)
16h30-17h Christian Girault (Credal/CNRS, França)
17h-17h30 Debate
Dia 25, quinta-feira
SESSÃO "PERSPECTIVAS DA INTEGRAÇÃO"
Moderador: Carlos Henrique Cardim (Ipri/Ministério das Relações Exteriores)
14h-14h30 André Roberto Martins (FFLCH/USP) e Hervé Théry (Credal/CNRS e Cátedra Pierre Monbeig/FFLCH/USP) [Síntese]
14h30-15h Eliézer Rizzo de Oliveira (Memorial de América Latina)
15h-15h30 Patrick Séchet (Ministério do Exterior, França) e Miriam Cué (Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento, França)
15h30-15h45 Intervalo
15h45-16h15 Carlos Henrique Cardim (Ipri/Ministério das Relações Exteriores)
16h15-16h45 Edgar Vieira Posada (Pontifícia Universidade Javeriana, Colômbia)
16h45-17h15 Roberto Pizarro (Universidade de Artes e Ciências, Chile)
17h15-17h30 Christian Girault (Cradal/CNRS, França) [Encerramento
sexta-feira, 19 de outubro de 2007
786) Relatorio sobre o Desenvolvimento Mundial 2008 do Banco Mundial
RELATÓRIO SOBRE O DESENVOLVIMENTO MUNDIAL
Banco Mundial, 2008 (neste link)
AMÉRICA LATINA: SUBSÍDIOS DOS PAÍSES
RICOS SÃO OBSTÁCULO PARA O DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA
O agronegócio e os biocombustíveis estão transformando o setor
WASHINGTON, DC, 19 de outubro de 2007 – Embora os subsídios dos países da OCDE representem um obstáculo para as exportações agrícolas da América Latina, o setor tem demonstrado grande sucesso no desenvolvimento de agronegócios e biocombustíveis, segundo o Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial 2008 “Agricultura para o Desenvolvimento”, lançado hoje. Além disso, na última década a agricultura para o desenvolvimento teve pouco impacto na redução da pobreza na região.
Embora a agricultura represente uma pequena parcela do crescimento econômico da América Latina e Caribe – 7% entre 1993 e 2005 –, diversos subsetores com grandes vantagens comparativas tiveram crescimento espetacular – por exemplo, soja nos países do Cone Sul, biocombustíveis no Brasil, frutas e salmão no Chile, verduras na Guatemala e Peru, flores na Colômbia e Equador e bananas no Equador – e os serviços de agronegócios e alimentos têm grande representação nos PIBs nacionais.
Exportações tradicionais permanecem relevantes e respondem por 80% das exportações agrícolas da região, oferecendo novos mercados à medida que se livram crescentemente da dependência das commodities para ajustar-se a demandas de consumo diferenciadas, como por exemplo, café orgânico e Comércio Justo.
Exportações de alto valor têm se expandido rapidamente, com pequenos proprietários entrando em nichos de mercado, tais como a produção especializada de verduras e orgânicos na América Central.
A agricultura na América Latina e Caribe emprega 30% da população produtiva e gera 7% do crescimento do PIB.
Igualando as condições de competição
“Houve importantes resultados obtidos pelas reformas no comércio agrícola”, declarou Pamela Cox, Vice-Presidente do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe. “Contudo, esses resultados são distribuídos de forma desigual entre as diversas commodities e países. É urgente que a Rodada de Doha de negociações comerciais leve à remoção das políticas mais distorcivas que prejudicam os países pobres”. Igualar as condições de competição no comércio agrícola internacional na América Latina e Caribe, diz Pamela Cox, é crítico pois a proteção e os subsídios permanecem em patamares muito altos nos países desenvolvidos.
Houve relativamente pouco progresso na reforma das políticas agrícolas dos países desenvolvidos. A proteção e os subsídios aos produtores nos países da OCDE diminuiu de 37% do valor bruto da renda agrícola em 1986 a 1988 para 30% em 2003 a 2005. Embora essa diminuição de 7 pontos percentuais seja um progresso, o volume do apoio cresceu de US$242 bilhões por ano para US$273 bilhões no mesmo período.
Os países latino americanos, como o Brasil, teriam os maiores ganhos em crescimento estimado de produção em uma potencial liberalização agrícola.
Pesquisa e desenvolvimento trazem retornos aos investimentos
Os retornos aos investimentos em pesquisa e desenvolvimento em agricultura são altos na América Latina e Caribe. Os altos ganhos frente ao custo de capital também sugerem que a pesquisa agrícola está em grande parte sub-financiada, segundo o novo relatório. Os países latino americanos e do caribe investiram mais em pesquisa e desenvolvimento agrícola do que todas as outras regiões excetuada a Ásia e os países da OCDE. O Brasil aumentou rapidamente os investimentos em pesquisa e desenvolvimento nas ultimas duas décadas e desenvolveu conhecimento de ponta no setor.
Biocombustíveis: Promessas e riscos para a América Latina e Caribe
Com os preços do petróleo próximos de seu recorde histórico e com poucos combustíveis alternativos para o transporte, o Brasil Peru e outros países da região estão apoiando ativamente a produção de biocombustíveis agrícolas líquidos – normalmente milho ou cana de açúcar para o etanol, e diversas oleaginosas para o biodiesel. Possíveis benefícios ambientais e sociais, inclusive a redução das mudanças climáticas, e a contribuição à segurança energética, são mencionados como as principais razões para o apoio do setor público à indústria de biocombustíveis, em rápido crescimento.
No debate mais amplo sobre os efeitos econômicos, ambientais e sociais dos biocombustíveis, será necessário avaliá-los cuidadosamente – segundo o relatório – antes de estender apoio público a programas de biocombustíveis em grande escala. Estratégias nacionais de biocombustíveis precisam estar fundamentadas sobre uma análise sólida dessas oportunidades e custos.
A agenda latino americana
“Somos responsáveis por tornar a agricultura mais compatível com o meio ambiente e fazer com que exista uma alocação mais eficiente de despesas na região”, disse Laura Tuck, Diretora do banco Mundial para Desenvolvimento Sustentável. “O desmatamento está intimamente ligado à agricultura na América Latina e Caribe. Já vimos os efeitos disso em outras regiões, como a Ásia, e em países como a China, e há possíveis lições para a América Latina”.
O relatório aponta que, em média, 54% dos subsídios vão para o setor privado. Assim, um movimento em direção ao investimento público em agricultura, ou uma abordagem equilibrada, é necessária nos países da América Latina e Caribe. Além disso, os países da região gastam aproximadamente 4% do PIB ao passo que na China esse número é de 8%, o que sugere que a região pode e deve usar melhor seus recursos para a agricultura.
O consumo doméstico é a maior fonte de demanda para a agricultura, absorvendo três quartos da produção e com 60% das vendas domésticas realizadas pelas redes de supermercados. Uma transformação da agricultura tradicional, de baixa produtividade, para uma agricultura moderna e comercial seria necessária para criar crescimento e empregos. Aumentar a competitividade dos pequenos proprietários de terras nos dinâmicos mercados domésticos de alimentos requer abordar especialmente as profundas desigualdades em acesso a mercados, serviços públicos e instituições de apoio.
Segundo o relatório, a maior parte dos paises da América Latina e Caribe são considerados urbanizados, contudo a América Central e o Paraguai se caracterizam como agrícolas. O México tem estados com características agrícolas, e o Brasil tem o atributo único na região de estados que são tanto urbanos quanto altamente dependentes em agricultura para o seu crescimento.
Nas regiões urbanizadas, a agricultura contribui com apenas 5% ao crescimento do PIB em média. Contudo, as áreas rurais ainda abrigam 45% dos pobres, e o agronegócio e serviços alimentícios respondem por até um terço do PIB. A meta geral seria fazer a conexão entre os pequenos proprietários e os modernos mercados de alimentos e oferecer empregos remunerados nas áreas rurais.
“As economias em transformação rápida devem ir além da revolução verde e enfocar a nova agricultura de alto valor – com a renda urbana em crescimento acelerado e demanda por produtos de alto valor na cidades se tornando o impulso do crescimento agrícola e da redução da pobreza”, disse Alain de Janvry, co-autor do relatório.
Mudança climática e agricultura
As mudanças climáticas terão grandes conseqüência na agricultura que afetarão os pobres de maneira desproporcional, diz o relatório. Um número maior de perdas agrícolas e pecuárias já impõe prejuízos econômicos e reduz a segurança alimentar. O custo de modificar a esquemas de irrigação, especialmente os que dependem do degelo glacial no Andes, poderia custar milhões ou mesmo bilhões de dólares.
O apoio do Banco Mundial à agricultura e desenvolvimento rural no ano fiscal 2007 chega a $1,8 bilhão, com um total de 42 projetos na região.
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O relatório e os materiais relacionados estarão disponíveis na imediatamente
após o embargo na seguinte página:: http://www.worldbank.org/wdr2008
Banco Mundial, 2008 (neste link)
AMÉRICA LATINA: SUBSÍDIOS DOS PAÍSES
RICOS SÃO OBSTÁCULO PARA O DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA
O agronegócio e os biocombustíveis estão transformando o setor
WASHINGTON, DC, 19 de outubro de 2007 – Embora os subsídios dos países da OCDE representem um obstáculo para as exportações agrícolas da América Latina, o setor tem demonstrado grande sucesso no desenvolvimento de agronegócios e biocombustíveis, segundo o Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial 2008 “Agricultura para o Desenvolvimento”, lançado hoje. Além disso, na última década a agricultura para o desenvolvimento teve pouco impacto na redução da pobreza na região.
Embora a agricultura represente uma pequena parcela do crescimento econômico da América Latina e Caribe – 7% entre 1993 e 2005 –, diversos subsetores com grandes vantagens comparativas tiveram crescimento espetacular – por exemplo, soja nos países do Cone Sul, biocombustíveis no Brasil, frutas e salmão no Chile, verduras na Guatemala e Peru, flores na Colômbia e Equador e bananas no Equador – e os serviços de agronegócios e alimentos têm grande representação nos PIBs nacionais.
Exportações tradicionais permanecem relevantes e respondem por 80% das exportações agrícolas da região, oferecendo novos mercados à medida que se livram crescentemente da dependência das commodities para ajustar-se a demandas de consumo diferenciadas, como por exemplo, café orgânico e Comércio Justo.
Exportações de alto valor têm se expandido rapidamente, com pequenos proprietários entrando em nichos de mercado, tais como a produção especializada de verduras e orgânicos na América Central.
A agricultura na América Latina e Caribe emprega 30% da população produtiva e gera 7% do crescimento do PIB.
Igualando as condições de competição
“Houve importantes resultados obtidos pelas reformas no comércio agrícola”, declarou Pamela Cox, Vice-Presidente do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe. “Contudo, esses resultados são distribuídos de forma desigual entre as diversas commodities e países. É urgente que a Rodada de Doha de negociações comerciais leve à remoção das políticas mais distorcivas que prejudicam os países pobres”. Igualar as condições de competição no comércio agrícola internacional na América Latina e Caribe, diz Pamela Cox, é crítico pois a proteção e os subsídios permanecem em patamares muito altos nos países desenvolvidos.
Houve relativamente pouco progresso na reforma das políticas agrícolas dos países desenvolvidos. A proteção e os subsídios aos produtores nos países da OCDE diminuiu de 37% do valor bruto da renda agrícola em 1986 a 1988 para 30% em 2003 a 2005. Embora essa diminuição de 7 pontos percentuais seja um progresso, o volume do apoio cresceu de US$242 bilhões por ano para US$273 bilhões no mesmo período.
Os países latino americanos, como o Brasil, teriam os maiores ganhos em crescimento estimado de produção em uma potencial liberalização agrícola.
Pesquisa e desenvolvimento trazem retornos aos investimentos
Os retornos aos investimentos em pesquisa e desenvolvimento em agricultura são altos na América Latina e Caribe. Os altos ganhos frente ao custo de capital também sugerem que a pesquisa agrícola está em grande parte sub-financiada, segundo o novo relatório. Os países latino americanos e do caribe investiram mais em pesquisa e desenvolvimento agrícola do que todas as outras regiões excetuada a Ásia e os países da OCDE. O Brasil aumentou rapidamente os investimentos em pesquisa e desenvolvimento nas ultimas duas décadas e desenvolveu conhecimento de ponta no setor.
Biocombustíveis: Promessas e riscos para a América Latina e Caribe
Com os preços do petróleo próximos de seu recorde histórico e com poucos combustíveis alternativos para o transporte, o Brasil Peru e outros países da região estão apoiando ativamente a produção de biocombustíveis agrícolas líquidos – normalmente milho ou cana de açúcar para o etanol, e diversas oleaginosas para o biodiesel. Possíveis benefícios ambientais e sociais, inclusive a redução das mudanças climáticas, e a contribuição à segurança energética, são mencionados como as principais razões para o apoio do setor público à indústria de biocombustíveis, em rápido crescimento.
No debate mais amplo sobre os efeitos econômicos, ambientais e sociais dos biocombustíveis, será necessário avaliá-los cuidadosamente – segundo o relatório – antes de estender apoio público a programas de biocombustíveis em grande escala. Estratégias nacionais de biocombustíveis precisam estar fundamentadas sobre uma análise sólida dessas oportunidades e custos.
A agenda latino americana
“Somos responsáveis por tornar a agricultura mais compatível com o meio ambiente e fazer com que exista uma alocação mais eficiente de despesas na região”, disse Laura Tuck, Diretora do banco Mundial para Desenvolvimento Sustentável. “O desmatamento está intimamente ligado à agricultura na América Latina e Caribe. Já vimos os efeitos disso em outras regiões, como a Ásia, e em países como a China, e há possíveis lições para a América Latina”.
O relatório aponta que, em média, 54% dos subsídios vão para o setor privado. Assim, um movimento em direção ao investimento público em agricultura, ou uma abordagem equilibrada, é necessária nos países da América Latina e Caribe. Além disso, os países da região gastam aproximadamente 4% do PIB ao passo que na China esse número é de 8%, o que sugere que a região pode e deve usar melhor seus recursos para a agricultura.
O consumo doméstico é a maior fonte de demanda para a agricultura, absorvendo três quartos da produção e com 60% das vendas domésticas realizadas pelas redes de supermercados. Uma transformação da agricultura tradicional, de baixa produtividade, para uma agricultura moderna e comercial seria necessária para criar crescimento e empregos. Aumentar a competitividade dos pequenos proprietários de terras nos dinâmicos mercados domésticos de alimentos requer abordar especialmente as profundas desigualdades em acesso a mercados, serviços públicos e instituições de apoio.
Segundo o relatório, a maior parte dos paises da América Latina e Caribe são considerados urbanizados, contudo a América Central e o Paraguai se caracterizam como agrícolas. O México tem estados com características agrícolas, e o Brasil tem o atributo único na região de estados que são tanto urbanos quanto altamente dependentes em agricultura para o seu crescimento.
Nas regiões urbanizadas, a agricultura contribui com apenas 5% ao crescimento do PIB em média. Contudo, as áreas rurais ainda abrigam 45% dos pobres, e o agronegócio e serviços alimentícios respondem por até um terço do PIB. A meta geral seria fazer a conexão entre os pequenos proprietários e os modernos mercados de alimentos e oferecer empregos remunerados nas áreas rurais.
“As economias em transformação rápida devem ir além da revolução verde e enfocar a nova agricultura de alto valor – com a renda urbana em crescimento acelerado e demanda por produtos de alto valor na cidades se tornando o impulso do crescimento agrícola e da redução da pobreza”, disse Alain de Janvry, co-autor do relatório.
Mudança climática e agricultura
As mudanças climáticas terão grandes conseqüência na agricultura que afetarão os pobres de maneira desproporcional, diz o relatório. Um número maior de perdas agrícolas e pecuárias já impõe prejuízos econômicos e reduz a segurança alimentar. O custo de modificar a esquemas de irrigação, especialmente os que dependem do degelo glacial no Andes, poderia custar milhões ou mesmo bilhões de dólares.
O apoio do Banco Mundial à agricultura e desenvolvimento rural no ano fiscal 2007 chega a $1,8 bilhão, com um total de 42 projetos na região.
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O relatório e os materiais relacionados estarão disponíveis na imediatamente
após o embargo na seguinte página:: http://www.worldbank.org/wdr2008
quinta-feira, 18 de outubro de 2007
785) Rui Barbosa na Conferencia da Haia, 1907: exposição no RJ
Rui e os segredos de Haia: Centenário da II Conferência Internacional de Haia
Exposição na Casa Rui Barbosa, RJ
A mostra é uma realização da Fundação Casa de Rui Barbosa.
Ficará aberta até 16 de dezembro deste ano:
de terça a sexta-feira, de 12 às 18h, e nos sábados e domingos, de 14 às 18h.
Local: Rua São Clemente, 134, Botafogo, Rio.
Para dar ao leitor uma idéia mais completa da importância da II Conferência da Paz de Haia, apresentamos a seguir o texto sobre o assunto Leon Frejda Szklarowsky, jurista residente em Brasília, que o publicou na “Revista Jurídica Consulex, 258, de 15 de outubro:
“A paz não pode ser mantida à força. Somente pode ser atingida pelo entendimento” (Albert Einstein)
Pode-se não gostar da História, mas o ser humano não pode ignorá-la. A História retrata os momentos importantes, desastrosos ou heróicos da existência do homem. É a medida exata do que acontece e deve ser transcrito e rememorado para sempre.
Comemora-se neste ano o centenário da II Conferência de Paz, realizada em Haia, na Holanda, em 1907, por convocação da Rainha da Holanda e do Czar da Rússia, a fim de evitar (o impossível!) a eclosão de uma guerra de proporções mundiais.
Em 15 de junho, instala-se solenemente a assembléia.
Afonso Pena sucedia a Rodrigues Alves, na presidência da República, marcando seu governo, pela participação do Brasil, nessa Conferência.
O Barão do Rio Branco, ministro do Exterior, indicara Rui Barbosa para representar o Brasil, nesse Conclave.
O Brasil comparecia como expressão anã, ante os poderosos da época, mas a presença de Rui alçou-o ao primeiro plano, portando-se como Davi ante o gigante Golias.
Por sua significativa intervenção na defesa das nações exploradas e da absoluta igualdade jurídica dos Estados Soberanos, qualquer que fosse seu tamanho, recebeu o título de Águia de Haia, saindo o país engrandecido com a atuação deste advogado e notável tribuno.
Naquele ano, coincidentemente, Ernesto Teodoro Moneta, militante pacifista italiano, recebe o prêmio Nobel da Paz.
Num dos inúmeros congressos de que participou, pronunciou as seguintes palavras:
“Quiçá não tarde o dia em que todos os povos, esquecendo os antigos ódios, se unam sob a bandeira da fraternidade universal e, deixando as disputas que os envolve, cultivem as relações pacifistas, estreitando sólidos laços entre si”.
Em 1887, doze anos antes da realização da primeira conferência de paz, em Haia, funda a União Lombarda para a Paz e Arbitragem.
Juntamente, com o pacifista Moneta, o eminente professor francês, Louis Renault, catedrático de Direito Internacional, da Universidade de Paris, também recebeu o prêmio Nobel da Paz, por seus esforços em prol da solução dos conflitos, pacificamente.
Nomeado árbitro da Corte Permanente de Arbitragem, de Haia, foi um dos grandes nomes deste Pretório e emprestou sua inteligência e talento em favor da arbitragem internacional e da paz.
Teve participação exemplar nas conferências de 1899 e 1907, contribuindo decisivamente para o desenvolvimento do Direito Internacional.
O Brasil e outros países, do hemisfério sul, estiveram ausentes, na primeira conferência, realizada, em 1899, por não haverem sido convidados. Os latino-americanos sentiram-se, então, desprezados.
Entretanto, graças à intervenção dos EUA, os países latino-americanos tiveram sua presença garantida, em 1907, como afirmação da Doutrina Monroe de defesa da soberania e integridade dessas repúblicas.
A humanidade sempre se pautou pelas guerras, desde a pré-história. O século XIX europeu caracterizou-se pelas trincheiras e valas bélicas, que semearam, entre seus povos, o ódio e a destruição.
Entretanto, no final desse século, reinava ironicamente relativa paz.
Havia terminado a guerra entre a França e a Alemanha.
Aqui e acolá brotavam pequenas lutas, embora as tensões estivessem sempre presentes, e que desencadeariam a I Grande Guerra Mundial (1914-1918) e, em seguida, a II Guerra Mundial e as guerras regionais permanentes, com ameaças de destruição total do planeta, perdurando até o presente este horrendo e apocalíptico vaticínio.
Paradoxalmente, as grandes descobertas, o progresso das ciências, as ferrovias, a eletricidade (uma das mais importantes invenções, matriz de todas demais), a industrialização, em oposição à decadente agricultura, a economia nascente, a massificação, a migração do campo para as cidades, produziram grandes transformações nas sociedades.
Seria o despertar para um mundo novo, jamais imaginado, não fossem a insensatez e as destruições trazidas pelas guerras.
Despontava, na década de 1870, um novo país que se tornaria, em breve, o mais poderoso da Terra e o sucessor dos grandes impérios de então: os EUA.
Neste panorama, a I Conferência da Paz palmilhava a criação de um foro internacional – corte arbitral – com o objetivo de mediar os conflitos entre os Estados, evitando, destarte, que estes resolvessem as disputas por meio das armas.
Na II conferência cristaliza-se a idéia da criação de uma Corte Internacional de Justiça. A arbitragem surgia, então, como a melhor forma de solução pacífica dos conflitos internacionais.
Desgraçadamente, não foi o que ocorreu. As guerras continuaram modelando o mundo de nossos avós, com requintes cada vez mais sofisticados e perversos, e assim prossegue o homem, sem se preocupar com o futuro daqueles que deverão sucedê-lo.
O Século XX trouxe revolucionárias e novas esperanças de momentos de felicidade que ficaram apenas nas intenções.
Com o fim da guerra fria, a sociedade humana vive, hoje, paradoxalmente, ranços de um fundamentalismo de todas as correntes religiosas se alastrando, desastradamente, por toda a parte, o que é verdadeiramente aterrador.
É tão nefasto quanto o era a discriminação político-ideológica e racial de tempos não tão longínquos.
O que parecia sepultado, para todo o sempre, nas cinzas do passado, recrudesce com mais intensidade, atingindo as raias do absurdo e da insanidade.
Os homens prosseguem se digladiando em nome da fé e os fundamentalistas de todos os credos, religiões e ideologias se dizem donos do Universo, como se a humanidade lhes houvesse outorgado o mandato e este lhes pertencesse.
No patamar em que se encontra a humanidade, somente o congraçamento e a solidariedade poderão afastá-la da tragédia de uma hecatombe, porque o ser humano ainda não aprendeu que, antes da guerra (e jamais esta), devem os homens sentar-se à mesa de conversações.
Nunca depois, quando a destruição terá arrasado a civilização, pouco ou nada restando dela.
Os seres humanos podem perfeitamente viver em paz, se quiserem. Basta a vontade política, única capaz de remover fronteiras, etnias, barreiras religiosas e sólidas e antigas desavenças. Ainda há tempo.
Ainda há pessoas lúcidas. Algumas vociferam. Outras, porém, – a maioria – encontram energia para o diálogo e para a diplomacia da palavra, da vida, e não da morte!
A diplomacia, e não a guerra, deve resolver as crises entre nações e povos. Haverá sempre a fé, a alegria de viver, a esperança.
Exposição na Casa Rui Barbosa, RJ
A mostra é uma realização da Fundação Casa de Rui Barbosa.
Ficará aberta até 16 de dezembro deste ano:
de terça a sexta-feira, de 12 às 18h, e nos sábados e domingos, de 14 às 18h.
Local: Rua São Clemente, 134, Botafogo, Rio.
Para dar ao leitor uma idéia mais completa da importância da II Conferência da Paz de Haia, apresentamos a seguir o texto sobre o assunto Leon Frejda Szklarowsky, jurista residente em Brasília, que o publicou na “Revista Jurídica Consulex, 258, de 15 de outubro:
“A paz não pode ser mantida à força. Somente pode ser atingida pelo entendimento” (Albert Einstein)
Pode-se não gostar da História, mas o ser humano não pode ignorá-la. A História retrata os momentos importantes, desastrosos ou heróicos da existência do homem. É a medida exata do que acontece e deve ser transcrito e rememorado para sempre.
Comemora-se neste ano o centenário da II Conferência de Paz, realizada em Haia, na Holanda, em 1907, por convocação da Rainha da Holanda e do Czar da Rússia, a fim de evitar (o impossível!) a eclosão de uma guerra de proporções mundiais.
Em 15 de junho, instala-se solenemente a assembléia.
Afonso Pena sucedia a Rodrigues Alves, na presidência da República, marcando seu governo, pela participação do Brasil, nessa Conferência.
O Barão do Rio Branco, ministro do Exterior, indicara Rui Barbosa para representar o Brasil, nesse Conclave.
O Brasil comparecia como expressão anã, ante os poderosos da época, mas a presença de Rui alçou-o ao primeiro plano, portando-se como Davi ante o gigante Golias.
Por sua significativa intervenção na defesa das nações exploradas e da absoluta igualdade jurídica dos Estados Soberanos, qualquer que fosse seu tamanho, recebeu o título de Águia de Haia, saindo o país engrandecido com a atuação deste advogado e notável tribuno.
Naquele ano, coincidentemente, Ernesto Teodoro Moneta, militante pacifista italiano, recebe o prêmio Nobel da Paz.
Num dos inúmeros congressos de que participou, pronunciou as seguintes palavras:
“Quiçá não tarde o dia em que todos os povos, esquecendo os antigos ódios, se unam sob a bandeira da fraternidade universal e, deixando as disputas que os envolve, cultivem as relações pacifistas, estreitando sólidos laços entre si”.
Em 1887, doze anos antes da realização da primeira conferência de paz, em Haia, funda a União Lombarda para a Paz e Arbitragem.
Juntamente, com o pacifista Moneta, o eminente professor francês, Louis Renault, catedrático de Direito Internacional, da Universidade de Paris, também recebeu o prêmio Nobel da Paz, por seus esforços em prol da solução dos conflitos, pacificamente.
Nomeado árbitro da Corte Permanente de Arbitragem, de Haia, foi um dos grandes nomes deste Pretório e emprestou sua inteligência e talento em favor da arbitragem internacional e da paz.
Teve participação exemplar nas conferências de 1899 e 1907, contribuindo decisivamente para o desenvolvimento do Direito Internacional.
O Brasil e outros países, do hemisfério sul, estiveram ausentes, na primeira conferência, realizada, em 1899, por não haverem sido convidados. Os latino-americanos sentiram-se, então, desprezados.
Entretanto, graças à intervenção dos EUA, os países latino-americanos tiveram sua presença garantida, em 1907, como afirmação da Doutrina Monroe de defesa da soberania e integridade dessas repúblicas.
A humanidade sempre se pautou pelas guerras, desde a pré-história. O século XIX europeu caracterizou-se pelas trincheiras e valas bélicas, que semearam, entre seus povos, o ódio e a destruição.
Entretanto, no final desse século, reinava ironicamente relativa paz.
Havia terminado a guerra entre a França e a Alemanha.
Aqui e acolá brotavam pequenas lutas, embora as tensões estivessem sempre presentes, e que desencadeariam a I Grande Guerra Mundial (1914-1918) e, em seguida, a II Guerra Mundial e as guerras regionais permanentes, com ameaças de destruição total do planeta, perdurando até o presente este horrendo e apocalíptico vaticínio.
Paradoxalmente, as grandes descobertas, o progresso das ciências, as ferrovias, a eletricidade (uma das mais importantes invenções, matriz de todas demais), a industrialização, em oposição à decadente agricultura, a economia nascente, a massificação, a migração do campo para as cidades, produziram grandes transformações nas sociedades.
Seria o despertar para um mundo novo, jamais imaginado, não fossem a insensatez e as destruições trazidas pelas guerras.
Despontava, na década de 1870, um novo país que se tornaria, em breve, o mais poderoso da Terra e o sucessor dos grandes impérios de então: os EUA.
Neste panorama, a I Conferência da Paz palmilhava a criação de um foro internacional – corte arbitral – com o objetivo de mediar os conflitos entre os Estados, evitando, destarte, que estes resolvessem as disputas por meio das armas.
Na II conferência cristaliza-se a idéia da criação de uma Corte Internacional de Justiça. A arbitragem surgia, então, como a melhor forma de solução pacífica dos conflitos internacionais.
Desgraçadamente, não foi o que ocorreu. As guerras continuaram modelando o mundo de nossos avós, com requintes cada vez mais sofisticados e perversos, e assim prossegue o homem, sem se preocupar com o futuro daqueles que deverão sucedê-lo.
O Século XX trouxe revolucionárias e novas esperanças de momentos de felicidade que ficaram apenas nas intenções.
Com o fim da guerra fria, a sociedade humana vive, hoje, paradoxalmente, ranços de um fundamentalismo de todas as correntes religiosas se alastrando, desastradamente, por toda a parte, o que é verdadeiramente aterrador.
É tão nefasto quanto o era a discriminação político-ideológica e racial de tempos não tão longínquos.
O que parecia sepultado, para todo o sempre, nas cinzas do passado, recrudesce com mais intensidade, atingindo as raias do absurdo e da insanidade.
Os homens prosseguem se digladiando em nome da fé e os fundamentalistas de todos os credos, religiões e ideologias se dizem donos do Universo, como se a humanidade lhes houvesse outorgado o mandato e este lhes pertencesse.
No patamar em que se encontra a humanidade, somente o congraçamento e a solidariedade poderão afastá-la da tragédia de uma hecatombe, porque o ser humano ainda não aprendeu que, antes da guerra (e jamais esta), devem os homens sentar-se à mesa de conversações.
Nunca depois, quando a destruição terá arrasado a civilização, pouco ou nada restando dela.
Os seres humanos podem perfeitamente viver em paz, se quiserem. Basta a vontade política, única capaz de remover fronteiras, etnias, barreiras religiosas e sólidas e antigas desavenças. Ainda há tempo.
Ainda há pessoas lúcidas. Algumas vociferam. Outras, porém, – a maioria – encontram energia para o diálogo e para a diplomacia da palavra, da vida, e não da morte!
A diplomacia, e não a guerra, deve resolver as crises entre nações e povos. Haverá sempre a fé, a alegria de viver, a esperança.
segunda-feira, 15 de outubro de 2007
784) Profusao embaixadorial, se ouso dizer...
Não mais se poderá falar que teremos embaixadores sem posto.
C'est l'embarras du choix:
Poder Executivo - Decreto nº 6.235/2007
Dispõe sobre a criação da Embaixada do Brasil na República do Congo, com sede em Brazzaville.
Poder Executivo - Decreto nº 6.236/2007
Dispõe sobre a criação da Embaixada do Brasil na República Islâmica da Mauritânia, com sede em Nouakchott.
Poder Executivo - Decreto nº 6.237/2007
Dispõe sobre a criação da Embaixada do Brasil na República do Burkina Faso, com sede em Uagadugu.
Poder Executivo - Decreto nº 6.238/2007
Dispõe sobre a criação da Embaixada do Brasil na República do Mali, com sede em Bamako.
C'est l'embarras du choix:
Poder Executivo - Decreto nº 6.235/2007
Dispõe sobre a criação da Embaixada do Brasil na República do Congo, com sede em Brazzaville.
Poder Executivo - Decreto nº 6.236/2007
Dispõe sobre a criação da Embaixada do Brasil na República Islâmica da Mauritânia, com sede em Nouakchott.
Poder Executivo - Decreto nº 6.237/2007
Dispõe sobre a criação da Embaixada do Brasil na República do Burkina Faso, com sede em Uagadugu.
Poder Executivo - Decreto nº 6.238/2007
Dispõe sobre a criação da Embaixada do Brasil na República do Mali, com sede em Bamako.
783) Vietnams na America do Sul?: é Chavez quem promete...
Chávez ameaça transformar Bolívia em "Vietnã" se Morales for derrubado
da Folha Online, 14/10/2007 - 20h55
O líder venezuelano, Hugo Chávez, ameaçou neste domingo transformar a Bolívia em um novo "Vietnã", se a oposição boliviana derrubar ou assassinar o presidente Evo Morales.
"Se a oligarquia boliviana, Deus não queira, derrubar Evo ou assassiná-lo, saibam vocês, oligarcas da Bolívia, que o governo da Venezuela e os venezuelanos não vão ficar de braços cruzados. Tenham muito cuidado, porque não verão o Vietnã das idéias, não será o Vietnã da Constituinte, será, e Deus não queira, o Vietnã das metralhadoras, o Vietnã da guerra", disse Chávez em tom enérgico.
O anúncio foi feito no programa "Alô, presidente", transmitido neste domingo da cidade cubana de Santa Clara para lembrar os 40 anos da morte do líder guerrilheiro Ernesto Che Guevara.
O presidente venezuelano, aliado de Cuba, Nicarágua e Bolívia, disse que "sabe das conspirações contra Evo Morales e das tentativas do Império (EUA) para derrubar Evo, porque Evo é dos que não se vendem".
Chávez destacou que seu aliado boliviano "não é bruto, é inteligente, tem coragem e valor". Segundo Chávez, a oposição boliviana, "valendo-se de artimanhas e terrorismo", está boicotando a Constituinte, que está por terminar "sem poder aprovar um artigo sequer".
O líder venezuelano revelou que conversou com seu colega do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, sobre a necessidade de se fazer algo "para evitar que na Bolívia ocorra o que aconteceu na Venezuela em 2002", em referência à tentativa de golpe que o tirou do poder durante 47 horas.
Já menos incisivo, Chávez lembrou que "estamos vendo a profecia de Che: um Vietnã, dois, três Vietnãs na América Latina. Equador, Venezuela, são povos rebelados. O que é a Bolívia hoje se não um Vietnã? Um povo que despertou, um líder à frente que está derrotando as forças do Império e os lacaios oligarcas, que arremetem contra Evo, Venezuela e Cuba".
Neste domingo, durante uma conversa "ao vivo" entre Chávez e o presidente cubano licenciado, Fidel Castro, os dois líderes lembraram que Che Guevara pensou em estabelecer uma guerrilha na Venezuela antes de seguir para a Bolívia, onde foi morto em 1967.
"Che tinha planos para ir à Venezuela, antes de ir à Bolívia", disse Chávez, antes de Castro responder que "depois da Revolução Cubana, na Venezuela estão se criando aceleradamente as condições para uma revolução".
"O mundo está repleto de Vietnãs contra o poder tirânico (os EUA), este Exército sobre o planeta", disse Castro, ao lembrar o sonho de Che de criar "um, dois, três, muitos Vietnãs" na América Latina.
da Folha Online, 14/10/2007 - 20h55
O líder venezuelano, Hugo Chávez, ameaçou neste domingo transformar a Bolívia em um novo "Vietnã", se a oposição boliviana derrubar ou assassinar o presidente Evo Morales.
"Se a oligarquia boliviana, Deus não queira, derrubar Evo ou assassiná-lo, saibam vocês, oligarcas da Bolívia, que o governo da Venezuela e os venezuelanos não vão ficar de braços cruzados. Tenham muito cuidado, porque não verão o Vietnã das idéias, não será o Vietnã da Constituinte, será, e Deus não queira, o Vietnã das metralhadoras, o Vietnã da guerra", disse Chávez em tom enérgico.
O anúncio foi feito no programa "Alô, presidente", transmitido neste domingo da cidade cubana de Santa Clara para lembrar os 40 anos da morte do líder guerrilheiro Ernesto Che Guevara.
O presidente venezuelano, aliado de Cuba, Nicarágua e Bolívia, disse que "sabe das conspirações contra Evo Morales e das tentativas do Império (EUA) para derrubar Evo, porque Evo é dos que não se vendem".
Chávez destacou que seu aliado boliviano "não é bruto, é inteligente, tem coragem e valor". Segundo Chávez, a oposição boliviana, "valendo-se de artimanhas e terrorismo", está boicotando a Constituinte, que está por terminar "sem poder aprovar um artigo sequer".
O líder venezuelano revelou que conversou com seu colega do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, sobre a necessidade de se fazer algo "para evitar que na Bolívia ocorra o que aconteceu na Venezuela em 2002", em referência à tentativa de golpe que o tirou do poder durante 47 horas.
Já menos incisivo, Chávez lembrou que "estamos vendo a profecia de Che: um Vietnã, dois, três Vietnãs na América Latina. Equador, Venezuela, são povos rebelados. O que é a Bolívia hoje se não um Vietnã? Um povo que despertou, um líder à frente que está derrotando as forças do Império e os lacaios oligarcas, que arremetem contra Evo, Venezuela e Cuba".
Neste domingo, durante uma conversa "ao vivo" entre Chávez e o presidente cubano licenciado, Fidel Castro, os dois líderes lembraram que Che Guevara pensou em estabelecer uma guerrilha na Venezuela antes de seguir para a Bolívia, onde foi morto em 1967.
"Che tinha planos para ir à Venezuela, antes de ir à Bolívia", disse Chávez, antes de Castro responder que "depois da Revolução Cubana, na Venezuela estão se criando aceleradamente as condições para uma revolução".
"O mundo está repleto de Vietnãs contra o poder tirânico (os EUA), este Exército sobre o planeta", disse Castro, ao lembrar o sonho de Che de criar "um, dois, três, muitos Vietnãs" na América Latina.
sábado, 13 de outubro de 2007
782) Doris Lessing sobre o politicamente correto
Confesso que nunca li nada da Premio Nobel de literatura, a escritora inglesa Doris Lessing, ganhadora em 2007. Deve ter sido por essa mania de ficar sempre lendo material "sério" de ciências humanas ou sociais, ou economia e problemas de relações internacionais. e de deixar a boa literatura para "depois", para "quando tiver tempo", o que obviamente nunca aparece, sendo assim...
Ou melhor, nunca tinha lido nada até hoje. O New York Times publica um artigo antigo dela sobre a "incorreção" do politicamente correto, que ela vê como um dos muitos resultados do comunismo e do modo comunista de pensar. Vou procurar ler um dos seus romances. Agora apreciem sua prosa saborosa...
Op-Ed Contributor
New York Times, October 13, 2007
On Thursday, the novelist Doris Lessing won the 2007 Nobel Prize in Literature. Moments after the announcement, the literary world embarked on a time-honored post-Nobel tradition: assessing — and sometimes sniffing at — the work of the prizewinner. One of the most pointed criticisms of Ms. Lessing came from Harold Bloom, the Yale professor and literary critic, who told The Associated Press, “Although Ms. Lessing at the beginning of her writing career had a few admirable qualities, I find her work for the past 15 years quite unreadable.” He went on to add that the prize is “pure political correctness.” Interestingly, Ms. Lessing had some strong thoughts about political correctness, thoughts she expressed in this adapted article, which appeared on the Op-Ed page on June 26, 1992.
Questions You Should Never Ask a Writer
By DORIS LESSING
New York Times, Op-Ed page on June 26, 1992
WHILE we have seen the apparent death of Communism, ways of thinking that were either born under Communism or strengthened by Communism still govern our lives. Not all of them are as immediately evident as a legacy of Communism as political correctness.
The first point: language. It is not a new thought that Communism debased language and, with language, thought. There is a Communist jargon recognizable after a single sentence. Few people in Europe have not joked in their time about “concrete steps,” “contradictions,” “the interpenetration of opposites,” and the rest.
The first time I saw that mind-deadening slogans had the power to take wing and fly far from their origins was in the 1950s when I read an article in The Times of London and saw them in use. “The demo last Saturday was irrefutable proof that the concrete situation...” Words confined to the left as corralled animals had passed into general use and, with them, ideas. One might read whole articles in the conservative and liberal press that were Marxist, but the writers did not know it. But there is an aspect of this heritage that is much harder to see.
Even five, six years ago, Izvestia, Pravda and a thousand other Communist papers were written in a language that seemed designed to fill up as much space as possible without actually saying anything. Because, of course, it was dangerous to take up positions that might have to be defended. Now all these newspapers have rediscovered the use of language. But the heritage of dead and empty language these days is to be found in academia, and particularly in some areas of sociology and psychology.
A young friend of mine from North Yemen saved up every bit of money he could to travel to Britain to study that branch of sociology that teaches how to spread Western expertise to benighted natives. I asked to see his study material and he showed me a thick tome, written so badly and in such ugly, empty jargon it was hard to follow. There were several hundred pages, and the ideas in it could easily have been put in 10 pages.
Yes, I know the obfuscations of academia did not begin with Communism — as Swift, for one, tells us — but the pedantries and verbosity of Communism had their roots in German academia. And now that has become a kind of mildew blighting the whole world.
It is one of the paradoxes of our time that ideas capable of transforming our societies, full of insights about how the human animal actually behaves and thinks, are often presented in unreadable language.
The second point is linked with the first. Powerful ideas affecting our behavior can be visible only in brief sentences, even a phrase — a catch phrase. All writers are asked this question by interviewers: “Do you think a writer should...?” “Ought writers to...?” The question always has to do with a political stance, and note that the assumption behind the words is that all writers should do the same thing, whatever it is. The phrases “Should a writer...?” “Ought writers to...?” have a long history that seems unknown to the people who so casually use them. Another is “commitment,” so much in vogue not long ago. Is so and so a committed writer?
A successor to “commitment” is “raising consciousness.” This is double-edged. The people whose consciousness is being raised may be given information they most desperately lack and need, may be given moral support they need. But the process nearly always means that the pupil gets only the propaganda the instructor approves of. “Raising consciousness,” like “commitment,” like “political correctness,” is a continuation of that old bully, the party line.
A very common way of thinking in literary criticism is not seen as a consequence of Communism, but it is. Every writer has the experience of being told that a novel, a story, is “about” something or other. I wrote a story, “The Fifth Child,” which was at once pigeonholed as being about the Palestinian problem, genetic research, feminism, anti-Semitism and so on.
A journalist from France walked into my living room and before she had even sat down said, “Of course ‘The Fifth Child’ is about AIDS.”
An effective conversation stopper, I assure you. But what is interesting is the habit of mind that has to analyze a literary work like this. If you say, “Had I wanted to write about AIDS or the Palestinian problem I would have written a pamphlet,” you tend to get baffled stares. That a work of the imagination has to be “really” about some problem is, again, an heir of Socialist Realism. To write a story for the sake of storytelling is frivolous, not to say reactionary.
The demand that stories must be “about” something is from Communist thinking and, further back, from religious thinking, with its desire for self-improvement books as simple-minded as the messages on samplers.
The phrase “political correctness” was born as Communism was collapsing. I do not think this was chance. I am not suggesting that the torch of Communism has been handed on to the political correctors. I am suggesting that habits of mind have been absorbed, often without knowing it.
There is obviously something very attractive about telling other people what to do: I am putting it in this nursery way rather than in more intellectual language because I see it as nursery behavior. Art — the arts generally — are always unpredictable, maverick, and tend to be, at their best, uncomfortable. Literature, in particular, has always inspired the House committees, the Zhdanovs, the fits of moralizing, but, at worst, persecution. It troubles me that political correctness does not seem to know what its exemplars and predecessors are; it troubles me more that it may know and does not care.
Does political correctness have a good side? Yes, it does, for it makes us re-examine attitudes, and that is always useful. The trouble is that, with all popular movements, the lunatic fringe so quickly ceases to be a fringe; the tail begins to wag the dog. For every woman or man who is quietly and sensibly using the idea to examine our assumptions, there are 20 rabble-rousers whose real motive is desire for power over others, no less rabble-rousers because they see themselves as anti-racists or feminists or whatever.
A professor friend describes how when students kept walking out of classes on genetics and boycotting visiting lecturers whose points of view did not coincide with their ideology, he invited them to his study for discussion and for viewing a video of the actual facts. Half a dozen youngsters in their uniform of jeans and T-shirts filed in, sat down, kept silent while he reasoned with them, kept their eyes down while he ran the video and then, as one person, marched out. A demonstration — they might very well have been shocked to hear — which was a mirror of Communist behavior, an acting out, a visual representation of the closed minds of young Communist activists.
Again and again in Britain we see in town councils or in school counselors or headmistresses or headmasters or teachers being hounded by groups and cabals of witch hunters, using the most dirty and often cruel tactics. They claim their victims are racist or in some way reactionary. Again and again an appeal to higher authorities has proved the campaign was unfair.
I am sure that millions of people, the rug of Communism pulled out from under them, are searching frantically, and perhaps not even knowing it, for another dogma.
Ou melhor, nunca tinha lido nada até hoje. O New York Times publica um artigo antigo dela sobre a "incorreção" do politicamente correto, que ela vê como um dos muitos resultados do comunismo e do modo comunista de pensar. Vou procurar ler um dos seus romances. Agora apreciem sua prosa saborosa...
Op-Ed Contributor
New York Times, October 13, 2007
On Thursday, the novelist Doris Lessing won the 2007 Nobel Prize in Literature. Moments after the announcement, the literary world embarked on a time-honored post-Nobel tradition: assessing — and sometimes sniffing at — the work of the prizewinner. One of the most pointed criticisms of Ms. Lessing came from Harold Bloom, the Yale professor and literary critic, who told The Associated Press, “Although Ms. Lessing at the beginning of her writing career had a few admirable qualities, I find her work for the past 15 years quite unreadable.” He went on to add that the prize is “pure political correctness.” Interestingly, Ms. Lessing had some strong thoughts about political correctness, thoughts she expressed in this adapted article, which appeared on the Op-Ed page on June 26, 1992.
Questions You Should Never Ask a Writer
By DORIS LESSING
New York Times, Op-Ed page on June 26, 1992
WHILE we have seen the apparent death of Communism, ways of thinking that were either born under Communism or strengthened by Communism still govern our lives. Not all of them are as immediately evident as a legacy of Communism as political correctness.
The first point: language. It is not a new thought that Communism debased language and, with language, thought. There is a Communist jargon recognizable after a single sentence. Few people in Europe have not joked in their time about “concrete steps,” “contradictions,” “the interpenetration of opposites,” and the rest.
The first time I saw that mind-deadening slogans had the power to take wing and fly far from their origins was in the 1950s when I read an article in The Times of London and saw them in use. “The demo last Saturday was irrefutable proof that the concrete situation...” Words confined to the left as corralled animals had passed into general use and, with them, ideas. One might read whole articles in the conservative and liberal press that were Marxist, but the writers did not know it. But there is an aspect of this heritage that is much harder to see.
Even five, six years ago, Izvestia, Pravda and a thousand other Communist papers were written in a language that seemed designed to fill up as much space as possible without actually saying anything. Because, of course, it was dangerous to take up positions that might have to be defended. Now all these newspapers have rediscovered the use of language. But the heritage of dead and empty language these days is to be found in academia, and particularly in some areas of sociology and psychology.
A young friend of mine from North Yemen saved up every bit of money he could to travel to Britain to study that branch of sociology that teaches how to spread Western expertise to benighted natives. I asked to see his study material and he showed me a thick tome, written so badly and in such ugly, empty jargon it was hard to follow. There were several hundred pages, and the ideas in it could easily have been put in 10 pages.
Yes, I know the obfuscations of academia did not begin with Communism — as Swift, for one, tells us — but the pedantries and verbosity of Communism had their roots in German academia. And now that has become a kind of mildew blighting the whole world.
It is one of the paradoxes of our time that ideas capable of transforming our societies, full of insights about how the human animal actually behaves and thinks, are often presented in unreadable language.
The second point is linked with the first. Powerful ideas affecting our behavior can be visible only in brief sentences, even a phrase — a catch phrase. All writers are asked this question by interviewers: “Do you think a writer should...?” “Ought writers to...?” The question always has to do with a political stance, and note that the assumption behind the words is that all writers should do the same thing, whatever it is. The phrases “Should a writer...?” “Ought writers to...?” have a long history that seems unknown to the people who so casually use them. Another is “commitment,” so much in vogue not long ago. Is so and so a committed writer?
A successor to “commitment” is “raising consciousness.” This is double-edged. The people whose consciousness is being raised may be given information they most desperately lack and need, may be given moral support they need. But the process nearly always means that the pupil gets only the propaganda the instructor approves of. “Raising consciousness,” like “commitment,” like “political correctness,” is a continuation of that old bully, the party line.
A very common way of thinking in literary criticism is not seen as a consequence of Communism, but it is. Every writer has the experience of being told that a novel, a story, is “about” something or other. I wrote a story, “The Fifth Child,” which was at once pigeonholed as being about the Palestinian problem, genetic research, feminism, anti-Semitism and so on.
A journalist from France walked into my living room and before she had even sat down said, “Of course ‘The Fifth Child’ is about AIDS.”
An effective conversation stopper, I assure you. But what is interesting is the habit of mind that has to analyze a literary work like this. If you say, “Had I wanted to write about AIDS or the Palestinian problem I would have written a pamphlet,” you tend to get baffled stares. That a work of the imagination has to be “really” about some problem is, again, an heir of Socialist Realism. To write a story for the sake of storytelling is frivolous, not to say reactionary.
The demand that stories must be “about” something is from Communist thinking and, further back, from religious thinking, with its desire for self-improvement books as simple-minded as the messages on samplers.
The phrase “political correctness” was born as Communism was collapsing. I do not think this was chance. I am not suggesting that the torch of Communism has been handed on to the political correctors. I am suggesting that habits of mind have been absorbed, often without knowing it.
There is obviously something very attractive about telling other people what to do: I am putting it in this nursery way rather than in more intellectual language because I see it as nursery behavior. Art — the arts generally — are always unpredictable, maverick, and tend to be, at their best, uncomfortable. Literature, in particular, has always inspired the House committees, the Zhdanovs, the fits of moralizing, but, at worst, persecution. It troubles me that political correctness does not seem to know what its exemplars and predecessors are; it troubles me more that it may know and does not care.
Does political correctness have a good side? Yes, it does, for it makes us re-examine attitudes, and that is always useful. The trouble is that, with all popular movements, the lunatic fringe so quickly ceases to be a fringe; the tail begins to wag the dog. For every woman or man who is quietly and sensibly using the idea to examine our assumptions, there are 20 rabble-rousers whose real motive is desire for power over others, no less rabble-rousers because they see themselves as anti-racists or feminists or whatever.
A professor friend describes how when students kept walking out of classes on genetics and boycotting visiting lecturers whose points of view did not coincide with their ideology, he invited them to his study for discussion and for viewing a video of the actual facts. Half a dozen youngsters in their uniform of jeans and T-shirts filed in, sat down, kept silent while he reasoned with them, kept their eyes down while he ran the video and then, as one person, marched out. A demonstration — they might very well have been shocked to hear — which was a mirror of Communist behavior, an acting out, a visual representation of the closed minds of young Communist activists.
Again and again in Britain we see in town councils or in school counselors or headmistresses or headmasters or teachers being hounded by groups and cabals of witch hunters, using the most dirty and often cruel tactics. They claim their victims are racist or in some way reactionary. Again and again an appeal to higher authorities has proved the campaign was unfair.
I am sure that millions of people, the rug of Communism pulled out from under them, are searching frantically, and perhaps not even knowing it, for another dogma.
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