Hegemonia dos EUA e diplomacia brasileira
O jornal O Estado de São Paulo traz em sua edição deste domingo, 30 de novembro de 2008, uma entrevista do jornalista Cristiano Dias com o cientista político indiano Parag Khanna, pesquisador da New America Foundation, por ocasião do lançamento da edição brasileira de seu livro O Segundo Mundo: impérios e influência na nova ordem global (Editora Atlas, 560 p.)", sob o título "Hegemonia dos EUA chegou ao fim" (o que me parece um certo exagero).
No único trecho da entrevista que se refere especificamente ao Brasil, Khanna é perguntado sobre o papel que o Brasil terá na nova ordem global. Sua resposta:
"Estou muito otimista quanto ao Brasil por causa de sua economia diversificada, de seu corpo diplomático altamente treinado e muitas outras razões. Acho que o Brasil será protagonista em muitas áreas, como meio ambiente, comércio e desenvolvimento.'
Lendo a edição original do livro de Parag Khanna, The Second World: empires and influence in the new global order (New York: Random House, 2008), verifico que estou citado em nota de referência bibliográfica relativamente a uma passagem do capítulo 18, "Brazil, the Southern Pole" (p. 152-158), exatamente num trecho que diz o seguinte:
"Guided by its national methodology of coequal status with the United States, Brazil has always looked multidirectionally, persereving in its quest to become the anchor of Latin diplomacy (despite its Portuguese language)". (p. 154)
O trecho então remete à nota 5, que consta à p. 402, Notes, que cita como fonte esta apresentação minha de 2004, num seminário da Universidade Internacional da Florida, em Miami:
"See Paulo Roberto de Almeida, "Two Foreign Policies: from Cardoso to Lula", presentation at Florida International University, March 4, 2004.
Os interessados em conferir este pequeno texto (que foi retirado de artigo maior comparando as duas políticas externas), podem conferir a aversão pdf neste link.
Os links do final do arquivo provavelmente não correspondem mais à realidade, em vista de reorganização de meu site pessoal (www.pralmeida.org).
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
domingo, 30 de novembro de 2008
sábado, 29 de novembro de 2008
952) Paquistao: um hotbed de terroristas
Muito informativo, até mesmo detalhadamente acurado o artigo do Ely Karmon, abaixo transcrito.
A análise é cuidadosa, quase reticente em acusar o Paquistão de ser o Afeganistão do momento, ou seja, o hotbed da maior parte dos grupos terroristas que atuam mesmo sem uma franquia especifica do Al-Qaeda. Vamos conviver durante muito tempo com esse tipo de ação, pois que esses grupos ainda dispoem de milhares de voluntários e a conjuntura psicossocial nos países islamicos ainda permanece fortemente anti-ocidental, especificamente anti-americana, o que promete talvez algumas décadas de conflitos desse tipo, sem alcance estratégico, mas custoso em vidas humanas e deletério do ponto de vista do desenvolvimento economico-social desses povos.
Trata-se de uma protracted war que vai mobilizar corações e mentes durante algumas décadas provavelmente.
Nessas horas, ao fazer-se uma reflexão do tipo "what if?", a gente se pergunta, quase 500 anos depois da batalha de Lepanto: o que teria acontecido se a Turquia não tivesse se modernizado do ponto de vista ocidental sob o comando de Ataturk? Teriamos, talvez, um "Paquistao" nas portas da Europa...
The attacks in Mumbai: is there a Pakistani connection?
By Ely Karmon
This article has been published as op-ed in the Spanish daily ABC of 29 November 2008
After a long series of Islamist bombing campaigns in big Indian cities in the last two years, including Mumbai where 209 people were killed in July 2006, the multiple Mumbai terrorist attacks could signify a major escalation in the conflict between India and Pakistan.
In his statement to the nation, the Indian Prime Minister, Manmohan Singh, said that the attacks probably had “external linkages,” and were carried out by a group “based outside the country.” The prime minister did not name Pakistan but he threatened that there would be a “cost” to “our neighbors,” if their territory was found to have been used as a launching pad. The Indian special secretary at the Home Affairs Ministry, M. L. Kumawat, said that Lashkar-e-Toiba, an Islamic militant group operating out of Pakistan, was a “distinct possibility” as responsible for the attack.
One should consider this major terrorist operation in the framework of the three levels of conflict between India, and Pakistan and Islamist extremists in Pakistan and India itself: the old nationalist conflict of the Muslim separatists in the Indian Kashmir, which Pakistan helped develop into a religious conflict since the military coup by General Zia ul-Haq in 1977; the support of terrorism inside India after 9/11 by the Pakistani intelligence (ISI) via Lashkar e-Toiba and other groups; and the violent conflict between Hindu nationalists and Muslim extremists fueled by the killing of Muslims in India and the demolition of the Babri Masjid mosque (in Ayodhya) in December 1992.
The India-Pakistan relations have lately been exacerbated by two strategic issues: the close relations of India with the Karzai government in Afghanistan, seen by Pakistan as a major battle ground for regional strategic dominance; the noticeable improvement in the relations between India and the United States, especially in the nuclear field, detrimental to the Pak-US relations.
The attacks, which involved for the first time the hostage taking of numerous American, British, Israeli and other Western citizens, were clearly devised to provoke political and economic instability, worsen the already tense relations with Pakistan and increase the tension between Hindus and Muslims in India. From this point of view it was probably a success.
The decision to stage the attacks several days before the state elections scheduled next week in India, remind us of the 11 March 2004 Madrid bombings.
Interestingly, terrorists holed up inside Mumbai's Taj and Trident-Oberoi hotels allowed 17 Russian hostages to leave after checking their passports, in spite of the known grudge of the Islamists against Russia because of the Chechen conflict. Is this related somehow to the new "honeymoon" between Russia and the Arab world?
Pakistan Prime Minister Yousuf Raza Gilani on Friday accepted a request from his Indian counterpart Manmohan Singh to send the ISI chief to India to "cooperate in the investigation of the Mumbai attacks and for sharing certain information."
It is not sure that this noteworthy gesture (which was meanwhile downgraded by the Pakistanis to the visit of "a senior" intelligence officer) will prevent a serious crisis in the Indo-Pakistan relations, the two big, hostile nuclear nations. Everything depends on the results of the investigation of the identity of the terrorists and the support they received for the attacks.
During the last years, Pakistanis or European citizens of Pakistani origin have been involved in the 7 July 2005 suicide bombings in the London underground after training in Pakistan, dozens others have been arrested in the UK, and Spain, for preparing major international terrorist attacks. On this background, European countries should be more aware of the threat coming from Pakistan, whose great political instability represents a clear present and future threat to its own people, neighboring countries, and the world at large.
Ely Karmon, Ph.D.
Senior Research Scholar
International Institute for Counter-Terrorism (ICT) and
The Institute for Policy and Strategy (IPS) at
The Interdisciplinary Center (IDC)
Herzlyia, Israel
A análise é cuidadosa, quase reticente em acusar o Paquistão de ser o Afeganistão do momento, ou seja, o hotbed da maior parte dos grupos terroristas que atuam mesmo sem uma franquia especifica do Al-Qaeda. Vamos conviver durante muito tempo com esse tipo de ação, pois que esses grupos ainda dispoem de milhares de voluntários e a conjuntura psicossocial nos países islamicos ainda permanece fortemente anti-ocidental, especificamente anti-americana, o que promete talvez algumas décadas de conflitos desse tipo, sem alcance estratégico, mas custoso em vidas humanas e deletério do ponto de vista do desenvolvimento economico-social desses povos.
Trata-se de uma protracted war que vai mobilizar corações e mentes durante algumas décadas provavelmente.
Nessas horas, ao fazer-se uma reflexão do tipo "what if?", a gente se pergunta, quase 500 anos depois da batalha de Lepanto: o que teria acontecido se a Turquia não tivesse se modernizado do ponto de vista ocidental sob o comando de Ataturk? Teriamos, talvez, um "Paquistao" nas portas da Europa...
The attacks in Mumbai: is there a Pakistani connection?
By Ely Karmon
This article has been published as op-ed in the Spanish daily ABC of 29 November 2008
After a long series of Islamist bombing campaigns in big Indian cities in the last two years, including Mumbai where 209 people were killed in July 2006, the multiple Mumbai terrorist attacks could signify a major escalation in the conflict between India and Pakistan.
In his statement to the nation, the Indian Prime Minister, Manmohan Singh, said that the attacks probably had “external linkages,” and were carried out by a group “based outside the country.” The prime minister did not name Pakistan but he threatened that there would be a “cost” to “our neighbors,” if their territory was found to have been used as a launching pad. The Indian special secretary at the Home Affairs Ministry, M. L. Kumawat, said that Lashkar-e-Toiba, an Islamic militant group operating out of Pakistan, was a “distinct possibility” as responsible for the attack.
One should consider this major terrorist operation in the framework of the three levels of conflict between India, and Pakistan and Islamist extremists in Pakistan and India itself: the old nationalist conflict of the Muslim separatists in the Indian Kashmir, which Pakistan helped develop into a religious conflict since the military coup by General Zia ul-Haq in 1977; the support of terrorism inside India after 9/11 by the Pakistani intelligence (ISI) via Lashkar e-Toiba and other groups; and the violent conflict between Hindu nationalists and Muslim extremists fueled by the killing of Muslims in India and the demolition of the Babri Masjid mosque (in Ayodhya) in December 1992.
The India-Pakistan relations have lately been exacerbated by two strategic issues: the close relations of India with the Karzai government in Afghanistan, seen by Pakistan as a major battle ground for regional strategic dominance; the noticeable improvement in the relations between India and the United States, especially in the nuclear field, detrimental to the Pak-US relations.
The attacks, which involved for the first time the hostage taking of numerous American, British, Israeli and other Western citizens, were clearly devised to provoke political and economic instability, worsen the already tense relations with Pakistan and increase the tension between Hindus and Muslims in India. From this point of view it was probably a success.
The decision to stage the attacks several days before the state elections scheduled next week in India, remind us of the 11 March 2004 Madrid bombings.
Interestingly, terrorists holed up inside Mumbai's Taj and Trident-Oberoi hotels allowed 17 Russian hostages to leave after checking their passports, in spite of the known grudge of the Islamists against Russia because of the Chechen conflict. Is this related somehow to the new "honeymoon" between Russia and the Arab world?
Pakistan Prime Minister Yousuf Raza Gilani on Friday accepted a request from his Indian counterpart Manmohan Singh to send the ISI chief to India to "cooperate in the investigation of the Mumbai attacks and for sharing certain information."
It is not sure that this noteworthy gesture (which was meanwhile downgraded by the Pakistanis to the visit of "a senior" intelligence officer) will prevent a serious crisis in the Indo-Pakistan relations, the two big, hostile nuclear nations. Everything depends on the results of the investigation of the identity of the terrorists and the support they received for the attacks.
During the last years, Pakistanis or European citizens of Pakistani origin have been involved in the 7 July 2005 suicide bombings in the London underground after training in Pakistan, dozens others have been arrested in the UK, and Spain, for preparing major international terrorist attacks. On this background, European countries should be more aware of the threat coming from Pakistan, whose great political instability represents a clear present and future threat to its own people, neighboring countries, and the world at large.
Ely Karmon, Ph.D.
Senior Research Scholar
International Institute for Counter-Terrorism (ICT) and
The Institute for Policy and Strategy (IPS) at
The Interdisciplinary Center (IDC)
Herzlyia, Israel
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
951) I Seminário sobre Pesquisa em Relações Econômicas Internacionais (Rio de JAneiro)
I Seminário sobre Pesquisa em Relações Econômicas Internacionais
A Fundação Alexandre de Gusmão, o IPRI e o Departamento Econômico informam sobre a realização, no dia 5 de dezembro de 2008, no Palácio do Itamaraty no Rio de Janeiro, do I Seminário sobre Pesquisa em Relações Econômicas Internacionais. Participarão do seminário alguns dos principais pesquisadores dessa área com o objetivo de divulgar estudos recentes sobre o tema. Maiores informações sobre o evento podem ser obtidas
junto ao PS João Paulo Alsina, do DEC.
FUNAG/IPRI/DEC
A Fundação Alexandre de Gusmão, o IPRI e o Departamento Econômico informam sobre a realização, no dia 5 de dezembro de 2008, no Palácio do Itamaraty no Rio de Janeiro, do I Seminário sobre Pesquisa em Relações Econômicas Internacionais. Participarão do seminário alguns dos principais pesquisadores dessa área com o objetivo de divulgar estudos recentes sobre o tema. Maiores informações sobre o evento podem ser obtidas
junto ao PS João Paulo Alsina, do DEC.
FUNAG/IPRI/DEC
950) Um livro sobre a crise: a lei das consequencias involuntarias
Geralmente não costumo postar simples artigos de jornal neste espaço, e ainda menos fazer uma simples "propaganda" de livros publicados (para isso uso um outro blog especializado, Book Reviews), mas acredito que o artigo abaixo é suficientemente importante para justificar a ruptura eventual desta regra.
Não vou comentar agora, apenas dizer que o artigo e o livro que ele comenta são bastante importantes para a conjuntura que vivemos atualmente.
Crise e oportunidade
Merval Pereira
O GLOBO – 27/11/08
NOVA YORK. A dívida externa americana, que chegou a US$10 trilhões antes da crise financeira iniciada no meio de setembro, está a ponto de atingir 100% do PIB com os sucessivos pacotes de liquidez já aprovados no valor total de cerca de US$2,5 trilhões, e mais um provável programa de US$700 bilhões para a criação de 2,5 milhões de empregos em obras de infra-estrutura a ser anunciado pelo presidente Barack Obama em seus primeiros dias na Casa Branca. E é previsível que outros pacotes de estímulos ainda virão. O outro déficit, o público, se ampliará para o recorde de aproximadamente US$490 bilhões no ano que vem, e caberá ao novo diretor de Orçamento, Peter Orzag, fechar o grande buraco orçamentário que será herdado.
Será possível à nova administração democrata montar uma arquitetura financeira que combine uma política monetária bastante frouxa no curto prazo, e que em longo prazo mantenha o interesse dos investidores nos papéis do Tesouro, diante de um déficit dessa magnitude? É real a possibilidade de os títulos do Departamento do Tesouro sofrerem uma desvalorização por conta do agudo crescimento do endividamento do governo?
As agências de classificação de riscos, das grandes culpadas pela crise financeira, considerarão rebaixar a classificação dos Estados Unidos, hoje considerados AAA? Se isso vier a acontecer um dia, o reflexo se verificará por toda a economia globalizada, já que os títulos do Tesouro americano são a referência internacional e o dólar é o padrão monetário.
O economista Paulo Rabello de Castro lançou um livro ontem cujo título já diz tudo: "A grande bolha de Wall St. - Como ela pegou o mundo, como ela pode afetar você". Ele está convencido de que "as autoridades estão perdidas diante de uma economia real que se dissolve". Paulo Rabello acha que "estamos diante de uma completa dissolução dos princípios econômicos. Será que serão torneiras de liquidez abertas que darão mais competição e competitividade à economia norte-americana?", pergunta, cético.
Ele vê "um excesso de questões mal respondidas pelo governo dos EUA", e ressalta que o "caminho para o qual estão levando a confiança no dólar é trágico". Por isso, ele diz que "é preciso acompanhar de perto a trajetória do Federal Reserve, com total atenção".
Os pacotes multibilionários de ajuda, neste caso, analisa Paulo Rabello, podem ter efeito contraditório, voltando-se contra o regime monetário dos países, expondo a fragilidade de suas moedas. "O grande desafio hoje é como reverter a grande fragilidade do regime monetário norte-americano. Para o resto do mundo, a pergunta é: haveria um substituto claro a ocupar o lugar de lastro internacional de transações?".
Ele diz que "o uso e abuso do suprimento de liquidez já tem sido a arma secreta desde Greenspan (Alan Greenspan, ex-presidente do Banco Central dos Estados Unidos), cuja escola é a mesma do (Ben) Bernanke e agora de (Tim) Geithner e Larry Summers".
Paulo Rabello ressalta que a liquidez abusiva até funciona enquanto a demanda por títulos públicos é grande e crescente, como ocorreu enquanto a China, Brasil, Índia, os países árabes "compravam literalmente trilhões em bônus dos EUA, os quais assim financiavam a guerra de 2003, a redução de impostos dos ricos, os programas eleitoreiros domésticos do Bush, etc etc". Mas ele crê, "com realismo", que essa demanda "secou ou vai secar feio" devido ao ajuste, "que demandará que os chineses poupem menos e que os americanos poupem o que nunca pouparam antes".
Para ele, existe em marcha "um choque de riqueza com sinal trocado que é monstruoso" com a percepção de todo americano de que "seu fundo de pensão foi parcial ou totalmente para o brejo". Paulo Rabello dá o exemplo da fábrica de carros GM, "que não consegue mais arcar com contribuições, ao mesmo tempo em que o valor dos ativos da reserva do fundo caem de valor drasticamente". E também o do Estado de New Jersey, que não poderá pagar as pensões integrais.
Para ele, este é o "efeito-pobreza", que é agravado pela noção do contribuinte de que "a torneira fiscal de hoje é o imposto amanhã, e que, assim, ele tem que poupar mais para enfrentar o imposto", anulando o esforço de convite ao gasto feito pelos pacotes de estímulos econômicos dos governantes.
O economista acha que a solução dependeria "de fazer os credores privados afoitos pagarem ao descontar seus créditos radicalmente, mas, se o governo estatiza o crédito, livra o prejuízo de credores e acionistas". Ele considera essa situação espantosa e intrinsecamente má, "pois prolonga o custo total do ajuste em cima das classes menos favorecidas, bem ao contrário do que faz crer a sabedoria e a mídia convencionais".
Paulo Rabello de Castro acha que, dessa crise, a preferência pelo dólar vai recuar e novos regimes monetários poderão surgir com papéis relevantes, e o Real poderá ser um deles, dependendo das decisões a serem tomadas pelo governo brasileiro.
Uma política de fortalecimento do Real teria que atender aos seguintes princípios, segundo Paulo Rabello:
1- Redefinição e contenção de despesas públicas.
2- Reforma tributária arrojada
3- Política fiscal neutra
Alguns objetivos de longo prazo deveriam também ser definidos:
1- Déficit nominal zero
2- Aumento de 10% da Produtividade Pública
3- Meta de 30% de carga tributária em 2020
4- Fim da indexação pelo IGP
5- Aumento da Poupança Previdenciária
6- Taxa de investimento de 25% do PIB em 2011.
Não vou comentar agora, apenas dizer que o artigo e o livro que ele comenta são bastante importantes para a conjuntura que vivemos atualmente.
Crise e oportunidade
Merval Pereira
O GLOBO – 27/11/08
NOVA YORK. A dívida externa americana, que chegou a US$10 trilhões antes da crise financeira iniciada no meio de setembro, está a ponto de atingir 100% do PIB com os sucessivos pacotes de liquidez já aprovados no valor total de cerca de US$2,5 trilhões, e mais um provável programa de US$700 bilhões para a criação de 2,5 milhões de empregos em obras de infra-estrutura a ser anunciado pelo presidente Barack Obama em seus primeiros dias na Casa Branca. E é previsível que outros pacotes de estímulos ainda virão. O outro déficit, o público, se ampliará para o recorde de aproximadamente US$490 bilhões no ano que vem, e caberá ao novo diretor de Orçamento, Peter Orzag, fechar o grande buraco orçamentário que será herdado.
Será possível à nova administração democrata montar uma arquitetura financeira que combine uma política monetária bastante frouxa no curto prazo, e que em longo prazo mantenha o interesse dos investidores nos papéis do Tesouro, diante de um déficit dessa magnitude? É real a possibilidade de os títulos do Departamento do Tesouro sofrerem uma desvalorização por conta do agudo crescimento do endividamento do governo?
As agências de classificação de riscos, das grandes culpadas pela crise financeira, considerarão rebaixar a classificação dos Estados Unidos, hoje considerados AAA? Se isso vier a acontecer um dia, o reflexo se verificará por toda a economia globalizada, já que os títulos do Tesouro americano são a referência internacional e o dólar é o padrão monetário.
O economista Paulo Rabello de Castro lançou um livro ontem cujo título já diz tudo: "A grande bolha de Wall St. - Como ela pegou o mundo, como ela pode afetar você". Ele está convencido de que "as autoridades estão perdidas diante de uma economia real que se dissolve". Paulo Rabello acha que "estamos diante de uma completa dissolução dos princípios econômicos. Será que serão torneiras de liquidez abertas que darão mais competição e competitividade à economia norte-americana?", pergunta, cético.
Ele vê "um excesso de questões mal respondidas pelo governo dos EUA", e ressalta que o "caminho para o qual estão levando a confiança no dólar é trágico". Por isso, ele diz que "é preciso acompanhar de perto a trajetória do Federal Reserve, com total atenção".
Os pacotes multibilionários de ajuda, neste caso, analisa Paulo Rabello, podem ter efeito contraditório, voltando-se contra o regime monetário dos países, expondo a fragilidade de suas moedas. "O grande desafio hoje é como reverter a grande fragilidade do regime monetário norte-americano. Para o resto do mundo, a pergunta é: haveria um substituto claro a ocupar o lugar de lastro internacional de transações?".
Ele diz que "o uso e abuso do suprimento de liquidez já tem sido a arma secreta desde Greenspan (Alan Greenspan, ex-presidente do Banco Central dos Estados Unidos), cuja escola é a mesma do (Ben) Bernanke e agora de (Tim) Geithner e Larry Summers".
Paulo Rabello ressalta que a liquidez abusiva até funciona enquanto a demanda por títulos públicos é grande e crescente, como ocorreu enquanto a China, Brasil, Índia, os países árabes "compravam literalmente trilhões em bônus dos EUA, os quais assim financiavam a guerra de 2003, a redução de impostos dos ricos, os programas eleitoreiros domésticos do Bush, etc etc". Mas ele crê, "com realismo", que essa demanda "secou ou vai secar feio" devido ao ajuste, "que demandará que os chineses poupem menos e que os americanos poupem o que nunca pouparam antes".
Para ele, existe em marcha "um choque de riqueza com sinal trocado que é monstruoso" com a percepção de todo americano de que "seu fundo de pensão foi parcial ou totalmente para o brejo". Paulo Rabello dá o exemplo da fábrica de carros GM, "que não consegue mais arcar com contribuições, ao mesmo tempo em que o valor dos ativos da reserva do fundo caem de valor drasticamente". E também o do Estado de New Jersey, que não poderá pagar as pensões integrais.
Para ele, este é o "efeito-pobreza", que é agravado pela noção do contribuinte de que "a torneira fiscal de hoje é o imposto amanhã, e que, assim, ele tem que poupar mais para enfrentar o imposto", anulando o esforço de convite ao gasto feito pelos pacotes de estímulos econômicos dos governantes.
O economista acha que a solução dependeria "de fazer os credores privados afoitos pagarem ao descontar seus créditos radicalmente, mas, se o governo estatiza o crédito, livra o prejuízo de credores e acionistas". Ele considera essa situação espantosa e intrinsecamente má, "pois prolonga o custo total do ajuste em cima das classes menos favorecidas, bem ao contrário do que faz crer a sabedoria e a mídia convencionais".
Paulo Rabello de Castro acha que, dessa crise, a preferência pelo dólar vai recuar e novos regimes monetários poderão surgir com papéis relevantes, e o Real poderá ser um deles, dependendo das decisões a serem tomadas pelo governo brasileiro.
Uma política de fortalecimento do Real teria que atender aos seguintes princípios, segundo Paulo Rabello:
1- Redefinição e contenção de despesas públicas.
2- Reforma tributária arrojada
3- Política fiscal neutra
Alguns objetivos de longo prazo deveriam também ser definidos:
1- Déficit nominal zero
2- Aumento de 10% da Produtividade Pública
3- Meta de 30% de carga tributária em 2020
4- Fim da indexação pelo IGP
5- Aumento da Poupança Previdenciária
6- Taxa de investimento de 25% do PIB em 2011.
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
949) Joaquim Nabuco: cem anos do inaugural address na Universidade de Wisconsin
Nabuco and Madison: A Centennial Celebration
April 24-25, 2009
University of Wisconsin-Madison
Brazil’s first ambassador to the United States, Joaquim Nabuco (1849-1910) authored the commencement speech for the University of Wisconsin-Madison in the spring of 1909. The speech, referred to as ‘the Madison lecture,’ is titled “The Share of America in Civilization” (The American Historical Review 15.1 [1909] 54-65) and is considered one of Nabuco’s most important essays in the area of diplomacy and international relations.
This symposium aims to commemorate the centenary of Nabuco’s essay as well as the strong links between the University of Wisconsin and Brazil. It will also launch the Brazil Initiative, a series of events and collaborations between the University, private foundations and the Brazilian government.
We invite scholars representing a wide variety of disciplines to submit proposals for papers on any aspect of the writings and career of Nabuco, a notable abolitionist, memorialist, prolific author and one of the most influential political and intellectual figures of his time. We are particularly interested in papers dealing with the Madison lecture.
Inquiries and proposals should be sent to Severino Albuquerque (sjalbuqu@wisc.edu)
Deadline for paper proposals is December 1, 2008.
=========
Curiosamente, o Embaixador Nabuco, já doente, não compareceu pessoalmente a esse evento, tendo seu texto (posso mandar para os que desejarem) sido lido na ocasião pelo presidente da Universidade e depois publicado na American Historical Review. Ele morreu no ano seguinte, no seu posto em Washington.
De toda forma, este simpósio é importante, e todos aqueles que militam nesse campo da história diplomática teriam interesse em participar dele. Madison fica a mais ou menos uma hora, de carro, de Chicago...
-------------
Paulo Roberto de Almeida
April 24-25, 2009
University of Wisconsin-Madison
Brazil’s first ambassador to the United States, Joaquim Nabuco (1849-1910) authored the commencement speech for the University of Wisconsin-Madison in the spring of 1909. The speech, referred to as ‘the Madison lecture,’ is titled “The Share of America in Civilization” (The American Historical Review 15.1 [1909] 54-65) and is considered one of Nabuco’s most important essays in the area of diplomacy and international relations.
This symposium aims to commemorate the centenary of Nabuco’s essay as well as the strong links between the University of Wisconsin and Brazil. It will also launch the Brazil Initiative, a series of events and collaborations between the University, private foundations and the Brazilian government.
We invite scholars representing a wide variety of disciplines to submit proposals for papers on any aspect of the writings and career of Nabuco, a notable abolitionist, memorialist, prolific author and one of the most influential political and intellectual figures of his time. We are particularly interested in papers dealing with the Madison lecture.
Inquiries and proposals should be sent to Severino Albuquerque (sjalbuqu@wisc.edu)
Deadline for paper proposals is December 1, 2008.
=========
Curiosamente, o Embaixador Nabuco, já doente, não compareceu pessoalmente a esse evento, tendo seu texto (posso mandar para os que desejarem) sido lido na ocasião pelo presidente da Universidade e depois publicado na American Historical Review. Ele morreu no ano seguinte, no seu posto em Washington.
De toda forma, este simpósio é importante, e todos aqueles que militam nesse campo da história diplomática teriam interesse em participar dele. Madison fica a mais ou menos uma hora, de carro, de Chicago...
-------------
Paulo Roberto de Almeida
948) Biocombustiveis: livro sobre o etanol de cana de acucar
Biocombustíveis - Conferência Internacional
CGEE e BNDES lançam livro durante a 1ª Conferência Internacional de Biocombustíveis
O livro Bioetanol de Cana-de-Açúcar: Energia para o Desenvolvimento Sustentável foi lançado no dia 18 deste mês, durante a 1ª Conferência Internacional de Biocombustíveis. O livro foi elaborado pelo CGEE em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e teve o apoio do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) e da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
O livro verde do bioetanol se propõe a contribuir ao desenvolvimento do potencial dos biocombustíveis e seus desafios de produção no Brasil e na América Latina, no médio prazo. A publicação destaca quais instituições, empresas e indivíduos têm avanços ou planos na pesquisa na área, além de tratar de temas como inovação, investimento, legislação e normativos nos diversos elos da cadeia produtiva e de distribuição do biodiesel e bioetanol. Marcelo Poppe, assessor do CGEE, além de coordenar a execução por parte do Centro, é um dos autores do livro, que será publicado em outras três línguas: espanhol, inglês e francês. A organização da publicação coube ao professor da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), Luiz Augusto Horta Nogueira.
A Conferência Internacional sobre Biocombustíveis cujo tema foi “Os Biocombustíveis como Vetor do Desenvolvimento Sustentável”, organizada pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE), realizou-se na cidade de São Paulo durante os dias 17 a 21 deste mês. Estiveram presentes no evento representantes de outros governos de 100 países, organismos internacionais, parlamentares, comunidade científica e acadêmica, iniciativa privada, sociedade civil e ONGs.
O evento abordou temas que contribuiem para a discussão internacional a respeito dos desafios e oportunidades apresentados pelos biocombustíveis, além de assuntos relacionados ao tema, como produção e uso sustentável, agricultura, mudança de clima e o futuro desses combustíveis. Dividida em dois segmentos, a conferência foi aberta ao público apenas nos dias 17 a 19, no segmento Sessões Plenárias. Na Sessão I, realizada no dia 17, os temas foram Biocombustíveis e Segurança Energética: transição da matriz energética; diversificação das fontes; e universalização de acesso. No dia 18, realizaram-se as sessões II e III. A sessão II teve como temas Biocombustíveis e Mudança do Clima: Mitigação das emissões de gases e efeitos estufa; mudança do uso da terra, análises comparativas de ciclo de vida. O tema da Sessão Plenária III foi Biocombustíveis e Sustentabilidade: segurança alimentar; geração de renda, desafios para os ecossistemas.
No dia 19, realizaram-se as duas últimas sessões. O tema da IV foi Biocombustíveis e Inovação: pesquisa e desenvolvimento; biocombustíveis de primeira e segunda geração; oportunidades para a ciência e tecnologia. Esta sessão contou com a participação como palestrante da presidenta do CGEE, Lucia Melo. Para finalizar, a sessão V trouxe assuntos relacionados ao tema Biocombustíveis e Mercado Internacional; regras comerciais; questões técnicas; padrões sócio-ambientais. Durante esses dias ainda ocorreram sessões especiais para o aprofundamento de temas específicos e a aproximação de atores envolvidos.
O segundo segmento do evento, Intergovernamental de Alto Nível, ocorreu durante os dias 20 e 21. Os debates aconteceram em forma de mesas redondas, cinco no total, que discutiram os mesmos temas das sessões plenárias dos dias anteriores.
Para mais informações sobre a Conferência, visite este hotsite.
Faça o Download do Livro:
Português
Inglês
Espanhol
Apresentação
CGEE e BNDES lançam livro durante a 1ª Conferência Internacional de Biocombustíveis
O livro Bioetanol de Cana-de-Açúcar: Energia para o Desenvolvimento Sustentável foi lançado no dia 18 deste mês, durante a 1ª Conferência Internacional de Biocombustíveis. O livro foi elaborado pelo CGEE em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e teve o apoio do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) e da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
O livro verde do bioetanol se propõe a contribuir ao desenvolvimento do potencial dos biocombustíveis e seus desafios de produção no Brasil e na América Latina, no médio prazo. A publicação destaca quais instituições, empresas e indivíduos têm avanços ou planos na pesquisa na área, além de tratar de temas como inovação, investimento, legislação e normativos nos diversos elos da cadeia produtiva e de distribuição do biodiesel e bioetanol. Marcelo Poppe, assessor do CGEE, além de coordenar a execução por parte do Centro, é um dos autores do livro, que será publicado em outras três línguas: espanhol, inglês e francês. A organização da publicação coube ao professor da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), Luiz Augusto Horta Nogueira.
A Conferência Internacional sobre Biocombustíveis cujo tema foi “Os Biocombustíveis como Vetor do Desenvolvimento Sustentável”, organizada pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE), realizou-se na cidade de São Paulo durante os dias 17 a 21 deste mês. Estiveram presentes no evento representantes de outros governos de 100 países, organismos internacionais, parlamentares, comunidade científica e acadêmica, iniciativa privada, sociedade civil e ONGs.
O evento abordou temas que contribuiem para a discussão internacional a respeito dos desafios e oportunidades apresentados pelos biocombustíveis, além de assuntos relacionados ao tema, como produção e uso sustentável, agricultura, mudança de clima e o futuro desses combustíveis. Dividida em dois segmentos, a conferência foi aberta ao público apenas nos dias 17 a 19, no segmento Sessões Plenárias. Na Sessão I, realizada no dia 17, os temas foram Biocombustíveis e Segurança Energética: transição da matriz energética; diversificação das fontes; e universalização de acesso. No dia 18, realizaram-se as sessões II e III. A sessão II teve como temas Biocombustíveis e Mudança do Clima: Mitigação das emissões de gases e efeitos estufa; mudança do uso da terra, análises comparativas de ciclo de vida. O tema da Sessão Plenária III foi Biocombustíveis e Sustentabilidade: segurança alimentar; geração de renda, desafios para os ecossistemas.
No dia 19, realizaram-se as duas últimas sessões. O tema da IV foi Biocombustíveis e Inovação: pesquisa e desenvolvimento; biocombustíveis de primeira e segunda geração; oportunidades para a ciência e tecnologia. Esta sessão contou com a participação como palestrante da presidenta do CGEE, Lucia Melo. Para finalizar, a sessão V trouxe assuntos relacionados ao tema Biocombustíveis e Mercado Internacional; regras comerciais; questões técnicas; padrões sócio-ambientais. Durante esses dias ainda ocorreram sessões especiais para o aprofundamento de temas específicos e a aproximação de atores envolvidos.
O segundo segmento do evento, Intergovernamental de Alto Nível, ocorreu durante os dias 20 e 21. Os debates aconteceram em forma de mesas redondas, cinco no total, que discutiram os mesmos temas das sessões plenárias dos dias anteriores.
Para mais informações sobre a Conferência, visite este hotsite.
Faça o Download do Livro:
Português
Inglês
Espanhol
Apresentação
terça-feira, 25 de novembro de 2008
947) Relato de uma reuniao cientifica no Brasil
Abaixo o relato feito pelo Assessor de Assuntos Internacionais do MCT de uma recente reunião realizada no Rio de Janeiro dessa área.
Muito interessante o relato, e o apelo em favor de maior cooperação entre todos os cientistas do mundo, como condição para o desenvolvimento de todos os povos. A única observação que eu faria, a este tipo de colocação, seria a seguinte: os cientistas parecer ter a impressão de que a cooperação se faz num vácuo material e que bastaria ter vontade política para que ela se realizasse. Não cuidam de seu financiamento e quando o fazem parecem assumir o pressuposto de que o Estado, os estados em geral, deveriam simplesmente financiar, a fundo perdido, todo e qualquer projeto de cooperação científica, sem dizer exatamente de onde vai sair o dinheiro. Eles parecem acreditar que os governos produzem dinheiro incessantemente e impunemente, ou então de que ele dá em arvores.
A julgar, por outro lado, pelo posicionamento em relação à questão da propriedade intelectual, esses "cooperadores voluntários" parecem acreditar que as tecnologias proprietárias são um impedimento à cooperação no mundo, quando elas são, na verdade, uma forma de financiamento necessário ao principal vetor de inovação tecnológica (mas não necessariamente científica, que permanece nas universidades, financiadas com verbas públicas), sem a qual não teríamos tantos produtos inovadores nas áreas médicas, biológicas e técnicas, em geral. A propriedade intelectual é a pior forma de financiamento da pesquisa aplicada, à exceção de todas as demais, já que pesquisa fundamental, como ocorre na maior parte dos países, é feita em caráter público. Ora, essa parte da produção de conhecimento já não sofre qualquer restrição de divulgação, e quando sofre, é justamente para poder remunerar pesquisas que de outra forma não seriam feitas por insuficiência de fundos públicos.
Refiro-me, em especial, a esta passagem do texto transcrito mais abaixo:
"Há que verificar em profundidade o quanto de perdas, prejuízos e bloqueios certos regimes de propriedade intelectual causam à cooperação internacional relativa ao acesso a conhecimentos científicos essenciais, bem como aqueles com especial implicação no desenvolvimento tecnológico. Eis uma imensa pedra no caminho de cooperação internacional na era do conhecimento, quando é preciso abrir novas oportunidades de larga participação no avanço universal e multilateral da C&T."
Justamente, aqueles conhecimentos científicos essenciais ao desenvolvimento tecnológico precisam, de alguma maneira, ser remunerados pelo risco e pelo seu custo. Se o Assessor de Assuntos Internacionais do MCT julga que o Estado é uma cornucópia infinita de recursos, ou se ele pensa que os cientistas, eles mesmos, são abnegados servidores da ciência universal, buscando tão somente prestígio e reconhecimento científico, e que eles estão dispostos a passar noites em laboratórios fazendo pesquisas apenas para a glória da ciência e da cooperação universais, então estaria na hora de trazê-lo de volta à realidade deste nosso mundo, tal como ele é, não como ele gostaria que fosse.
A matéria, em todo caso, é importante pelo fato em si da articulação de órgãos brasileiros em favor da cooperação científica. Apenas se deve descontar o idealismo ingênuo de alguns servidores públicos...
O desafio da cooperação na Era do Conhecimento
José Monserrat Filho
Jornal da Ciência (JC E-Mail)
Edição 3647 - Notícias de C&T - Serviço da SBPC
"Os habitantes deste planeta começam a perceber que têm direitos e interesses comuns vitais a transformar em realidade concreta, e que simplesmente fora da cooperação não há salvação".=
José Monserrat Filho é chefe da Assessoria de Assuntos Internacionais do Ministério de Ciência e Tecnologia. Artigo enviado pelo autor ao JC e-mail:
Urge promover novos e amplos debates sobre as complexas questões que envolvem o tema da "Cooperação Internacional na Era do Conhecimento", pois muitos conceitos e práticas que têm orientado o relacionamento entre países e povos nesta área (mais estratégica do que nunca) já não atendem às necessidades e demandas de hoje e amanhã, e precisam ser atualizados.
Esta pode ter sido uma das principais conclusões do Seminário Internacional sobre o palpitante assunto, promovido e organizado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) por proposta do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), em 17, 18 e 19 de novembro, no Hotel Rio Othon Palace. Suas exposições e intervenções serão publicadas em livro em 2009.
A abertura do evento não poderia ter sido mais estimulante. A conferência inaugural foi proferida por Mohamed Hassan, diretor executivo da Academia de Ciência dos Países em Desenvolvimento (conhecida por sua antiga sigla TWAS, de Third World Academy of Sciences). Hassan mostrou com dados recentes e alguns até chocantes, baseados sobretudo na realidade africana, o quanto a cooperação tornou-se indispensável para superar os problemas globais que afetam e ameaçam a vida de bilhões de pessoas em nosso planeta.
Vale a pena conhecer detalhes dos cinco painéis que muito bem moldaram o workshop. O 1º Painel enfocou a "Cooperação International em C&T no Novo Quadro da Geopolítica Global" e teve como expositores: Rasigan Maharajh, da Universidade de Tecnologia de Tshwane, África do Sul; Jorge Grandi, diretor da Unesco para o Mercosul; e José Eduardo Cassiolato, do Instituto de Economia da UFRJ. Tive a honra de presidir essa sessão, relatada por Léa Velho, pesquisadora da área de políticas de C&T da Unicamp.
O 2º Painel, sobre "As Redes de Conhecimento e as Novas Configurações da Cooperação Internacional em Ciência e Tecnologia", contou com a participação de Hernan Chaimovich, diretor do Instituto de Químico da USP e vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), e de Manuel Heitor, secretário de Ciência, Tecnologia e Educação Superior de Portugal.
Presidiu a sessão Fabio Celso de Macedo Soares Guimarães, coordenador de Cooperação Internacional da Finep. Como relator atuou Alberto Passos Guimarães Filho, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas e diretor do Instituto Ciência Hoje.
O 3º Painel examinou os "Obstáculos e oportunidades na Circulação do Conhecimento nos Programas de Cooperação Internacional", com apresentações de Carlos Correa, pesquisador da Universidade de Buenos Aires, e Ronaldo Fiani, pesquisador da UFRJ dois grandes especialistas em questões de propriedade intelectual.
A sessão, presidida por Otávio Velho, antropólogo aposentado do Museu Nacional/UFRJ e vice-presidente da SBPC, teve como relatora Ingrid Sarti, do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) da UFRJ.
O 4º Painel discutiu "A Cooperação Internacional em Ciência e Tecnologia e o Desafio do Desenvolvimento Sustentado", com exposições de Gilberto Gallopín, argentino, doutor em Ecologia pela Universidade de Cornell, EUA, e membro da entidade "Iniciativa em Ciência e Tecnologia para a Sustentabilidade" (ISTS), e de Roberto Smeraldi, da organização "Amigos da Terra - Amazônia Brasileira".
O matemático Jacob Palis Júnior, presidente da ABC e da TWAS, conduziu a sessão, e Pedro Leitão, da Fundação Brasileira para a Biodiversidade, foi seu relator.
O 5º Painel abordou as "Políticas e Estratégias da Cooperação em C&T: Panorama Atual e Perspectivas Futuras", com base nas apresentações de Annalisa Primi, da CEPAL, e de Stephen Michalowski, secretário executivo do Global Science Forum, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Maria Lúcia Maciel, socióloga da UFRJ, presidiu a sessão, relatada por Paulo de Góes, chefe da Assessoria Internacional da ABC.
O 6º Painel reuniu os relatores dos cinco painéis temáticos para a exposição do "Sumário, Conclusões e Recomendações" do evento. As exposições foram sucintas, mas os relatórios deverão ser elaborados de modo mais detalhado e divulgados em breve. Presidiu essa sessão final o diplomata Hadil da Rocha Vianna, diretor geral do Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT) do Ministério das Relações Exteriores.
Na sessão de abertura, Lúcia Melo, presidente do CGEE, entusiasta do seminário, observou que seus resultados certamente serão de grande utilidade para os formuladores de políticas, tanto nos vários níveis de governo, quanto nas universidades e centros de pesquisa, bem como no setor empresarial, que deve intensificar sua atuação internacional. Ela acertou em cheio.
Como frisei no ato de encerramento, este seminário talvez tenha aberto a garrafa e livrado o mago que lá estava preso e pouco discutido: o mago da cooperação internacional neste desafiador século 21. Ficou claro que as exposições e debates despiram e desconstruíram conceitos arraigados que precisam ser revistos, para se utilizarem melhor e de modo mais eqüitativo os meios de cooperação internacional.
A meta geral não pode ser outra: apressar o desenvolvimento sustentável de todos os países e povos, elevando sua qualidade de vida e seus níveis de progresso econômico, social e cultural, bem como de ativa participação no convívio mundial construtivo e democrático.
Há que verificar em profundidade o quanto de perdas, prejuízos e bloqueios certos regimes de propriedade intelectual causam à cooperação internacional relativa ao acesso a conhecimentos científicos essenciais, bem como aqueles com especial implicação no desenvolvimento tecnológico. Eis uma imensa pedra no caminho de cooperação internacional na era do conhecimento, quando é preciso abrir novas oportunidades de larga participação no avanço universal e multilateral da C&T.
Maria Lúcia Maciel e Sarita Albagli, pesquisadoras de alto bordo em inovação produtiva, souberam organizar um encontro eficiente e emblemático, com o apoio sempre atento de Antonio Carlos Figueiredo Galvão, do CGEE.
Parafraseando um dos trechos mais interessantes da memorável exposição de Gilberto Gallopín, os países precisam ser ainda mais sábios, mais hábeis e empenhados (cheios de vontade, sobretudo política), para desenvolver e desimpedir os caminhos das idéias, discussões, revelações e propostas criativas que levem a um novo e mais adequado patamar de cooperação internacional.
O momento é extremamente propício. Os habitantes deste planeta, cidadãos e súditos de mais de 200 países, começam a perceber que (1) têm direitos e interesses comuns vitais a transformar em realidade concreta, e que simplesmente (2) fora da cooperação não há salvação.
Muito interessante o relato, e o apelo em favor de maior cooperação entre todos os cientistas do mundo, como condição para o desenvolvimento de todos os povos. A única observação que eu faria, a este tipo de colocação, seria a seguinte: os cientistas parecer ter a impressão de que a cooperação se faz num vácuo material e que bastaria ter vontade política para que ela se realizasse. Não cuidam de seu financiamento e quando o fazem parecem assumir o pressuposto de que o Estado, os estados em geral, deveriam simplesmente financiar, a fundo perdido, todo e qualquer projeto de cooperação científica, sem dizer exatamente de onde vai sair o dinheiro. Eles parecem acreditar que os governos produzem dinheiro incessantemente e impunemente, ou então de que ele dá em arvores.
A julgar, por outro lado, pelo posicionamento em relação à questão da propriedade intelectual, esses "cooperadores voluntários" parecem acreditar que as tecnologias proprietárias são um impedimento à cooperação no mundo, quando elas são, na verdade, uma forma de financiamento necessário ao principal vetor de inovação tecnológica (mas não necessariamente científica, que permanece nas universidades, financiadas com verbas públicas), sem a qual não teríamos tantos produtos inovadores nas áreas médicas, biológicas e técnicas, em geral. A propriedade intelectual é a pior forma de financiamento da pesquisa aplicada, à exceção de todas as demais, já que pesquisa fundamental, como ocorre na maior parte dos países, é feita em caráter público. Ora, essa parte da produção de conhecimento já não sofre qualquer restrição de divulgação, e quando sofre, é justamente para poder remunerar pesquisas que de outra forma não seriam feitas por insuficiência de fundos públicos.
Refiro-me, em especial, a esta passagem do texto transcrito mais abaixo:
"Há que verificar em profundidade o quanto de perdas, prejuízos e bloqueios certos regimes de propriedade intelectual causam à cooperação internacional relativa ao acesso a conhecimentos científicos essenciais, bem como aqueles com especial implicação no desenvolvimento tecnológico. Eis uma imensa pedra no caminho de cooperação internacional na era do conhecimento, quando é preciso abrir novas oportunidades de larga participação no avanço universal e multilateral da C&T."
Justamente, aqueles conhecimentos científicos essenciais ao desenvolvimento tecnológico precisam, de alguma maneira, ser remunerados pelo risco e pelo seu custo. Se o Assessor de Assuntos Internacionais do MCT julga que o Estado é uma cornucópia infinita de recursos, ou se ele pensa que os cientistas, eles mesmos, são abnegados servidores da ciência universal, buscando tão somente prestígio e reconhecimento científico, e que eles estão dispostos a passar noites em laboratórios fazendo pesquisas apenas para a glória da ciência e da cooperação universais, então estaria na hora de trazê-lo de volta à realidade deste nosso mundo, tal como ele é, não como ele gostaria que fosse.
A matéria, em todo caso, é importante pelo fato em si da articulação de órgãos brasileiros em favor da cooperação científica. Apenas se deve descontar o idealismo ingênuo de alguns servidores públicos...
O desafio da cooperação na Era do Conhecimento
José Monserrat Filho
Jornal da Ciência (JC E-Mail)
Edição 3647 - Notícias de C&T - Serviço da SBPC
"Os habitantes deste planeta começam a perceber que têm direitos e interesses comuns vitais a transformar em realidade concreta, e que simplesmente fora da cooperação não há salvação".=
José Monserrat Filho é chefe da Assessoria de Assuntos Internacionais do Ministério de Ciência e Tecnologia. Artigo enviado pelo autor ao JC e-mail:
Urge promover novos e amplos debates sobre as complexas questões que envolvem o tema da "Cooperação Internacional na Era do Conhecimento", pois muitos conceitos e práticas que têm orientado o relacionamento entre países e povos nesta área (mais estratégica do que nunca) já não atendem às necessidades e demandas de hoje e amanhã, e precisam ser atualizados.
Esta pode ter sido uma das principais conclusões do Seminário Internacional sobre o palpitante assunto, promovido e organizado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) por proposta do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), em 17, 18 e 19 de novembro, no Hotel Rio Othon Palace. Suas exposições e intervenções serão publicadas em livro em 2009.
A abertura do evento não poderia ter sido mais estimulante. A conferência inaugural foi proferida por Mohamed Hassan, diretor executivo da Academia de Ciência dos Países em Desenvolvimento (conhecida por sua antiga sigla TWAS, de Third World Academy of Sciences). Hassan mostrou com dados recentes e alguns até chocantes, baseados sobretudo na realidade africana, o quanto a cooperação tornou-se indispensável para superar os problemas globais que afetam e ameaçam a vida de bilhões de pessoas em nosso planeta.
Vale a pena conhecer detalhes dos cinco painéis que muito bem moldaram o workshop. O 1º Painel enfocou a "Cooperação International em C&T no Novo Quadro da Geopolítica Global" e teve como expositores: Rasigan Maharajh, da Universidade de Tecnologia de Tshwane, África do Sul; Jorge Grandi, diretor da Unesco para o Mercosul; e José Eduardo Cassiolato, do Instituto de Economia da UFRJ. Tive a honra de presidir essa sessão, relatada por Léa Velho, pesquisadora da área de políticas de C&T da Unicamp.
O 2º Painel, sobre "As Redes de Conhecimento e as Novas Configurações da Cooperação Internacional em Ciência e Tecnologia", contou com a participação de Hernan Chaimovich, diretor do Instituto de Químico da USP e vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), e de Manuel Heitor, secretário de Ciência, Tecnologia e Educação Superior de Portugal.
Presidiu a sessão Fabio Celso de Macedo Soares Guimarães, coordenador de Cooperação Internacional da Finep. Como relator atuou Alberto Passos Guimarães Filho, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas e diretor do Instituto Ciência Hoje.
O 3º Painel examinou os "Obstáculos e oportunidades na Circulação do Conhecimento nos Programas de Cooperação Internacional", com apresentações de Carlos Correa, pesquisador da Universidade de Buenos Aires, e Ronaldo Fiani, pesquisador da UFRJ dois grandes especialistas em questões de propriedade intelectual.
A sessão, presidida por Otávio Velho, antropólogo aposentado do Museu Nacional/UFRJ e vice-presidente da SBPC, teve como relatora Ingrid Sarti, do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) da UFRJ.
O 4º Painel discutiu "A Cooperação Internacional em Ciência e Tecnologia e o Desafio do Desenvolvimento Sustentado", com exposições de Gilberto Gallopín, argentino, doutor em Ecologia pela Universidade de Cornell, EUA, e membro da entidade "Iniciativa em Ciência e Tecnologia para a Sustentabilidade" (ISTS), e de Roberto Smeraldi, da organização "Amigos da Terra - Amazônia Brasileira".
O matemático Jacob Palis Júnior, presidente da ABC e da TWAS, conduziu a sessão, e Pedro Leitão, da Fundação Brasileira para a Biodiversidade, foi seu relator.
O 5º Painel abordou as "Políticas e Estratégias da Cooperação em C&T: Panorama Atual e Perspectivas Futuras", com base nas apresentações de Annalisa Primi, da CEPAL, e de Stephen Michalowski, secretário executivo do Global Science Forum, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Maria Lúcia Maciel, socióloga da UFRJ, presidiu a sessão, relatada por Paulo de Góes, chefe da Assessoria Internacional da ABC.
O 6º Painel reuniu os relatores dos cinco painéis temáticos para a exposição do "Sumário, Conclusões e Recomendações" do evento. As exposições foram sucintas, mas os relatórios deverão ser elaborados de modo mais detalhado e divulgados em breve. Presidiu essa sessão final o diplomata Hadil da Rocha Vianna, diretor geral do Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT) do Ministério das Relações Exteriores.
Na sessão de abertura, Lúcia Melo, presidente do CGEE, entusiasta do seminário, observou que seus resultados certamente serão de grande utilidade para os formuladores de políticas, tanto nos vários níveis de governo, quanto nas universidades e centros de pesquisa, bem como no setor empresarial, que deve intensificar sua atuação internacional. Ela acertou em cheio.
Como frisei no ato de encerramento, este seminário talvez tenha aberto a garrafa e livrado o mago que lá estava preso e pouco discutido: o mago da cooperação internacional neste desafiador século 21. Ficou claro que as exposições e debates despiram e desconstruíram conceitos arraigados que precisam ser revistos, para se utilizarem melhor e de modo mais eqüitativo os meios de cooperação internacional.
A meta geral não pode ser outra: apressar o desenvolvimento sustentável de todos os países e povos, elevando sua qualidade de vida e seus níveis de progresso econômico, social e cultural, bem como de ativa participação no convívio mundial construtivo e democrático.
Há que verificar em profundidade o quanto de perdas, prejuízos e bloqueios certos regimes de propriedade intelectual causam à cooperação internacional relativa ao acesso a conhecimentos científicos essenciais, bem como aqueles com especial implicação no desenvolvimento tecnológico. Eis uma imensa pedra no caminho de cooperação internacional na era do conhecimento, quando é preciso abrir novas oportunidades de larga participação no avanço universal e multilateral da C&T.
Maria Lúcia Maciel e Sarita Albagli, pesquisadoras de alto bordo em inovação produtiva, souberam organizar um encontro eficiente e emblemático, com o apoio sempre atento de Antonio Carlos Figueiredo Galvão, do CGEE.
Parafraseando um dos trechos mais interessantes da memorável exposição de Gilberto Gallopín, os países precisam ser ainda mais sábios, mais hábeis e empenhados (cheios de vontade, sobretudo política), para desenvolver e desimpedir os caminhos das idéias, discussões, revelações e propostas criativas que levem a um novo e mais adequado patamar de cooperação internacional.
O momento é extremamente propício. Os habitantes deste planeta, cidadãos e súditos de mais de 200 países, começam a perceber que (1) têm direitos e interesses comuns vitais a transformar em realidade concreta, e que simplesmente (2) fora da cooperação não há salvação.
Assinar:
Comentários (Atom)
Postagem em destaque
Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida
Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...
-
Uma preparação de longo curso e uma vida nômade Paulo Roberto de Almeida A carreira diplomática tem atraído número crescente de jovens, em ...
-
FAQ do Candidato a Diplomata por Renato Domith Godinho TEMAS: Concurso do Instituto Rio Branco, Itamaraty, Carreira Diplomática, MRE, Diplom...
-
Países de Maior Acesso aos textos PRA em Academia.edu (apenas os superiores a 100 acessos) Compilação Paulo Roberto de Almeida (15/12/2025) ...
-
Mercado Comum da Guerra? O Mercosul deveria ser, em princípio, uma zona de livre comércio e também uma zona de paz, entre seus próprios memb...
-
Reproduzo novamente uma postagem minha de 2020, quando foi publicado o livro de Dennys Xavier sobre Thomas Sowell quarta-feira, 4 de março...
-
Itamaraty 'Memórias', do embaixador Marcos Azambuja, é uma aula de diplomacia Embaixador foi um grande contador de histórias, ...
-
Israel Products in India: Check the Complete list of Israeli Brands! Several Israeli companies have established themselves in the Indian m...
-
Pequeno manual prático da decadência (recomendável em caráter preventivo...) Paulo Roberto de Almeida Colaboração a número especial da rev...
-
O Brics vai de vento em popa, ao que parece. Como eu nunca fui de tomar as coisas pelo seu valor de face, nunca deixei de expressar meu pen...