domingo, 10 de maio de 2009

1095) Bacalhau de dia das maes (receita pessoal)

Bem, poderia ser de qualquer dia, na verdade, e eu já o fiz em outras ocasiões. Constitui, junto com risoto de camarões, um dos dois únicos pratos que me permito preparar, incapaz que sou de desenvolver as artes culinárias, embora eu seja muito mais um gourmand -- e, portanto, supostamente orientado para a cozinha -- do que um gourmet (mas sei apreciar as boas ofertas da haute gastronomie).
Vou apenas reproduzir o que fiz, sendo que os eventuais candidatos podem introduzir variações em suas tentativas respectivas, com outros elementos ou de outra forma.

Bacalhau, obviamente, de boa qualidade (e que não é barato): comprei quase dois quilos de filé de bacalhau numa casa especializada, e deve ter custado acima de 140 reais (sorry, sou distraido completamente em coisas de dinheiro, em várias outras coisas também).
Batatas, cebolas, pimentões (de várias cores, para ficar bonito), ovos, azeitona, temperos e, à parte, arroz e salada, sem esquecer azeite de oliva, um pouco na preparação e muito na hora de servir, individualmente.

Comecei deixando o bacalhau de molho 24 horas antes, trocando várias vezes a água, para retirar o excesso de sal.
Domingo de manhã (dá para fazer tudo sozinho em duas horas, mas comecei mais cedo, para fazer com calma, ler jornal no meio, consultar e-mails, etc), comecei por cozinhar o bacalhau num panelão fundo, sem me preocupar em contar o tempo, digamos por meia hora, pelo menos (deve ter uma maneira mais científica de se cozinhar um bacalhau, mas eu sou contra manuais de instruções). Depois deixei o bacalhau descansando, e esfriando, numa travessa e não me ocupei dele (ele não reclamou).

Cozinhei, separadamente (mas tem gente que recomenda cozinhar na própria água do bacalhau), batatas e pimentões. Enquanto isso chorei ao descascar as cebolas. Não fervi as cebolas na água, como da vez precedente, mas preferi fritá-las, em finas rodelas que foram se dissolvendo, numa grande frigideira (teflon, mas com um pouco de azeite e dois dentes de alho, apenas). Também cozinhei separadamente cinco ovos comuns, e mais sete ovos de codorna (estes para a salada).
Com o bacalhau já frio (mas no meio eu fui fazer outras coisas), separei todas as postas, em gomos e pedaços, retirando o que havia de espinhas, cartilagens e peles ainda remanescentes no que era um filé razoavelmente bom. Deixei os belos gomos para o prato principal e os pedaços irregulares para uma travessa complementar.

Bem, aí começa a montagem, muito simples, na verdade.
Cortei lascas finas, e transversais, de batata, que fui colocando numa grande travessa previamente untada de azeite de oliva. "Forrei" o fundo, se ouso dizer. Coloquei um pouco de cebola nos intersticios. Aí fui colocando os grandes gomos do bacalhau, e alguns pedaços nos intervalos. Coloquei pimentão alternado nas cores, ovo duro em fatias e azeitonas verdes sem caroço (tem quem prefira pretas), com temperos (basicamente orégano e manjericão, com um pouco de sal na batata e no pimentão).

Fiz nova camada de batatas, pimentão, e mais bacalhau em pedaços grandes, com mais ovo e azeitonas e um pouco de azeite de oliva. Voilà, a primeira travessa estava pronta.

A segunda travessa, um pouco menor, seguiu basicamente o mesmo ritual, com o acréscimo de tomates frescos em pedaços, pois nem todo mundo aprecia tomate no bacalhau. Na verdade, essa travessa ficou com pedaços menores de bacalhau, digamos orfã das grandes lascas branquinhas da travessa maior. Azeite por cima, mas não muito, azeitonas.

Tudo pronto, convidados chegados, comecei a fazer o arroz e a salada (na verdade pronta, combinação de dois tipos de alfaces, cenoura raspada e os ovos de codorna) e coloquei apenas a travessa maior no forno. A intenção seria fazer as duas, mas tivemos menos convivas do que o esperado (daí que coloquei na geladeira a segunda travessa, um estoque para os dias difíceis, digamos assim).
Em menos de vinte minutos, estava tudo pronto, mesa posta, música opcional.

Escolhi dois vinhos para desgustar, antes e durante, ambos chilenos: um Chardonnay Viñas del Mar (com perdão pela propaganda) e um Sauvignon Concha Y Toro (idem). Apenas o primeiro foi consumido, pois dois convivas, de ressaca da noite anterior, preferiram ficar no refrigerante (sem propaganda, desta vez). Tinha cerveja também (uma delas Heineken), que caii muito bem com bacalhau, mas ninguém quis.

Bem, não sei se estava realmente bom (pois sou muito exigente comigo mesmo), mas recebi elogios e todos comeram pelo menos duas vezes.

Sobremesas: um torta de dia das mães (de morango e creme, o que não faz exatamente o meu gosto, sobretudo o creme, mas aprecio o morango) e uvas tipo Red Globe. Espresso de máquina para quem pediu, e ninguém foi aos licores. Não tinha charuto, pois esta é uma casa tentativamente smoke free.

A travessa era grande, assim que ainda sobrou para a janta, para os mais famintos.
Ainda tem uma travessa inteira na geladeira, o que dispensará a empregada de fazer comida nesta segunda, e aí seremos "obrigados" a repetir o menu do domingo.
Acho que vou de cerveja, desta vez, mas se preferirem abro o Sauvignon para experimentar. Sobremesa, ainda torta e uvas, para não variar (e não desperdiçar).

Como visto, não há nada de especial na minha "receita", e qualquer ignaro em artes culinárias -- como eu mesmo -- pode se aventurar pela cozinha, poupando pelo menos as mães de fazer qualquer coisa no dia das mães. Sim, teve presentes, beijos e abraços.
Acrescentei às flores, compradas no próprio domingo de manhã, uma plaquetinha comprada nos EUA: "Missing: a cat and a husband; cat rewarded..."

Foi bom, simples, simpático e etílico (sim, não esquecer de fazer uma sesta, depois do almoço, sobretudo porque acordei cedo para preparar tudo). Agora vou terminar a leitura dos jornais e das revistas...

(Um dia ofereço uma receita de risoto de camarões, o único outro prato em que me arrisco, mas preciso de algum experimento antes).

1094) Um manifesto confuso-bolivariano

Transcrevo abaixo, a despeito de sua linguagem estapafúrdia, confusa, gramaticalmente deficiente, mas sobretudo preconceituosa, racialista, dotada de ódio de classe, enviesada ideologicamente, teor de mensagem que me foi enviada como comentário a meu post 1092 (vide abaixo, ou neste link), sobre as falácias acadêmicas.
Não publiquei este longo texto como comentário posto que não se trata absolutamente de um comentário, está claro, mas permito-me a liberdade de transcrevê-lo aqui em meu blog por razões puramente de "antropologia política", eu diria.
Desconheço seu autor, Antonio Jesus Silva, possivelmente um mero transmissor de idéias coletadas junto a um bizarro movimento "quilombolivariano", e a única coisa que eu poderia dizer sobre ele é que mereceria, em primeiro lugar, aulas de Português, de redação especificamente, e quem sabe até, aulas de lógica formal e, certamente, de história e de sociologia.
O manifesto abaixo, longe de expressar idéias políticas claras, traduz um confuso sentimento de despeito, preconceito e ódio contra o que poderíamos chamar de sociedade ocidental capitalista, mas não há propostas claras, a não ser um difuso sentimento ou desejo de vingança (inclusive, aparentemente, contra os judeus).
Transcrevo aqui apenas para que se possa dar conta de como o discurso chavista é, de fato, divisivo, confrontacionista, racialista (inclusive de forma equivocada) e absoltuamente deletério, nos planos político e econômico. Triste constatação, sem dúvida...

antonio jesus silva deixou um novo comentário sobre a sua postagem "1092) Falacias Academicas: a serie completa (até a...":

REVOLUÇÃO QUILOMBOLIVARIANA !
A COMUNIDADE NEGRA AFRO-LATINA BRASILEIRA
APOIA E É SOLIDARIA AO POVO PALESTINO.VIVA A PALESTINA!
Viva! Chàvez! Viva Che!Viva! Simon Bolívar! Viva! Zumbi!
Movimento Chàvista Brasileiro

Manifesto em solidariedade, liberdade e desenvolvimento dos povos afro-ameríndio latinos, no dia 01 de maio dia do trabalhador foi lançado o manifesto da Revolução Quilombolivariana fruto de inúmeras discussões que questionavam a situação dos negros, índios da América Latina, que apesar de estarmos no 3º milênio em pleno avanço tecnológico, o nosso coletivo se encontra a margem e marginalizados de todos de todos os benefícios da sociedade capitalista euro-americano, que em pese que esse grupo de países a pirâmide do topo da sociedade mundial e que ditam o que e certo e o que é errado, determinando as linhas de comportamento dos povos comandando pelo imperialismo norte-americano, que decide quem é do bem e quem do mal, quem é aliado e quem é inimigo, sendo que essas diretrizes da colonização do 3º Mundo, Ásia, África e em nosso caso América Latina, tendo como exemplo o nosso Brasil, que alias é uma força de expressão, pois quem nos domina é a elite associada à elite mundial é de conhecimento que no Brasil que hoje nos temos mais de 30 bilionários, sendo que a alguns destes dessas fortunas foram formadas como um passe de mágica em menos de trinta anos, e até casos de em menos de 10 anos, sendo que algumas dessas fortunas vieram do tempo da escravidão, e outras pessoas que fugidas do nazismo que vieram para cá sem nada, e hoje são donos deste país, ocupando posições estratégicas na sociedade civil e pública, tomando para si todos os canais de comunicação uma das mais perversas mediáticas do Mundo. A exclusão dos negros e a usurpação das terras indígenas criaram-se mais e 100 milhões de brasileiros sendo estes afro-ameríndios descendentes vivendo num patamar de escravidão, vivendo no desemprego e no subemprego com um dos piores salários mínimos do Mundo, e milhões vivendo abaixo da linha de pobreza, sendo as maiores vitimas da violência social, o sucateamento da saúde publica e o péssimo sistema de ensino, onde milhões de alunos tem dificuldades de uma simples soma ou leitura, dando argumentos demagógicos de sustentação a vários políticos que o problema do Brasil e a educação, sendo que na realidade o problema do Brasil são as péssimas condições de vida das dezenas de milhões dos excluídos e alienados pelo sistema capitalista oligárquico que faz da elite do Brasil tão poderosa quantos as do 1º Mundo. É inadmissível o salário dos professores, dos assistentes de saúde, até mesmo da policia e os trabalhadores de uma forma geral, vemos o surrealismo de dezenas de salários pagos pelos sistemas de televisão Globo, SBT e outros aos seus artistas, jornalistas, apresentadores e diretores e etc.
Manifesto da Revolução Quilombolivariana vem ocupar os nossos direito e anseios com os movimentos negros afro-ameríndios e simpatizantes para a grande tomada da conscientização que este país e os países irmãos não podem mais viver no inferno, sustentando o paraíso da elite dominante este manifesto Quilombolivariano é a unificação e redenção dos ideais do grande líder zumbi do Quilombo dos Palmares a 1º Republica feita por negros e índios iguais, sentimento este do grande líder libertador e construí dor Simon Bolívar que em sua luta de liberdade e justiça das Américas se tornou um mártir vivo dentro desses ideais e princípios vamos lutar pelos nossos direitos e resgatar a história dos nossos heróis mártires como Che Guevara, o Gigante Osvaldão líder da Guerrilha do Araguaia. São dezenas de histórias que o Imperialismo e Ditadura esconderam. Há mais de 160 anos houve o Massacre de Porongos os lanceiros negros da Farroupilha o que aconteceu com as mulheres da praça de 1º de maio? O que aconteceu com diversos povos indígenas da nossa América Latina, o que aconteceu com tantos homens e mulheres que foram martirizados, por desejarem liberdade e justiça? Existem muitas barreiras uma ocultas e outras declaradamente que nos excluem dos conhecimentos gerais infelizmente o negro brasileiro não conhece a riqueza cultural social de um irmão Colombiano, Uruguaio, Venezuelano, Argentino, Porto-Riquenho ou Cubano. Há uma presença física e espiritual em nossa história os mesmos que nos cerceiam de nossos valores são os mesmos que atacam os estadistas Hugo Chávez e Evo Morales Ayma,Rafael Correa, Fernando Lugo não admitem que esses lideres de origem nativa e afro-descendente busquem e tomem a autonomia para seus iguais, são esses mesmos que no discriminam e que nos oprime de nossa liberdade de nossas expressões que não seculares, e sim milenares. Neste 1º de maio de diversas capitais e centenas de cidades e milhares de pessoas em sua maioria jovem afro-ameríndio descendente e simpatizante leram o manifesto Revolução Quilombolivariana e bradaram Viva a,Viva Simon Bolívar Viva Zumbi, Viva Che, Viva Martin Luther King, Viva Osvaldão, Viva Mandela, Viva Chávez, Viva Evo Ayma, Viva a União dos Povos Latinos afro-ameríndios, Viva 1º de maio, Viva os Trabalhadores e Trabalhadoras dos Brasil e de todos os povos irmanados.
O.N.N.QUILOMBO –FUNDAÇÃO 20/11/1970
quilombonnq@bol.com.br

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Postado por antonio jesus silva no blog Diplomatizzando... em Domingo, Maio 10, 2009 7:11:00 PM

[Fim de transcrição]

sábado, 9 de maio de 2009

1093) O entendimento necessario entre os EUA e a China

O texto abaixo, reproduzido parcialmente (seguido de link para o texto completo), foi elaborado pelo Embaixador Amaury banhos Porto de Oliveira, um dos melhores especialistas brasileiros (se não o melhor) em temas da Ásia-Pacífico, bem como econômicos e tecnológicos.

O NECESSÁRIO E IMPRETERÍVEL ENTENDIMENTO EUA-CHINA
Amaury Porto de Oliveira

Em fins de janeiro, tive minha última reunião de trabalho com Gilberto Dupas. Ele me chamou ao IEEI, em São Paulo, para encontrar Clodoaldo Hugueney, recém-instalado na chefia da Embaixada do Brasil na China, e interessado em apoios acadêmicos para projetos de cooperação sino-brasileira. Hugueney mostrava-se impressionado com a amplitude e riqueza das análises da vida internacional, em curso na China, e com a seriedade e profissionalismo dos seus governantes, dando azo a que eu avançasse minha convicção de que a substância do jogo internacional, nas próximas duas ou três décadas, vai consistir num improrrogável entendimento entre americanos e chineses, em busca de novas definições para a ordem mundial. Dupas concordava com que uma dessas definições implicava em mudanças profundas na matriz energética da economia global.
Meu ponto de partida, nesta reflexão, é que o mundo está assistindo ao fim de quase três séculos de liderança anglo-americana, premido a encontrar novas soluções de valor paradigmático para as exigências sócio-econômicas do planeta. E o que distingue uma era, nesse nível, é antes de mais nada sua matriz energética. O governo Bush retardou perigosamente a aceitação, pelos EUA, da dura realidade de que a Terra está ameaçada no seu saudável funcionamento, em conseqüência das opções energéticas feitas na Idade Industrial. Pelos ingleses, inicialmente, com a queima do carvão fóssil para transporte e manufaturas e, mais tarde, a produção de eletricidade. Pelos americanos, no século XX, com o uso avassalante dos hidrocarbonetos na Sociedade do Motor. Na era que raia, a China vai-se tornando em termos absolutos (mercê da sua enorme população), um foco de poluição global ainda maior que Inglaterra ou EUA, embora em termos per capita os EUA sigam de longe imbatíveis. Mas o fato é que a China não tem escolha. Ou se resigna ao atraso ou adota os modelos dos anglo-americanos. Eles conceberam um sistema na medida das ambições de bem-estar deles próprios, sem deixar espaço para possíveis ambições do resto. A China tomou hoje a liderança desse resto, e não haverá saída efetiva para a crise que se abateu sobre o mundo, enquanto os EUA não abrirem espaço para a China e os emergentes.
(...)

para ver o texto completo, clique este link.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

1092) Falacias Academicas: a serie completa (até aqui)

Falácias acadêmicas: a série
(ensaios publicados e sugestões futuras)

Paulo Roberto de Almeida

Lista dos ensaios já elaborados e publicados:

1) Falácias acadêmicas, 1: o mito do neoliberalismo, Brasília, 26 julho 2008, 9 p. Considerações em torno de equívocos conceituais, históricos e empíricos de acadêmico selecionado para avaliação crítica. Espaço Acadêmico (n. 87, agosto 2008; arquivo em pdf); 1912.

2) Falácias acadêmicas, 2: o mito do Consenso de Washington, Brasília, 3 setembro 2008, 16 p. Considerações em torno dos equívocos conceituais, históricos e empíricos de setores acadêmicos com respeito ao CW. Espaço Acadêmico (n. 88, setembro 2008; arquivo em pdf); 1922.

3) Falácias acadêmicas, 3: o mito do marco teórico, Buenos Aires-Brasília, 30 setembro 2008, 6 p. Da série programada, com algumas criticas a filósofos famosos. Espaço Acadêmico (n. 89, outubro 2008; arquivo em pdf); 1931.

4) Falácias acadêmicas, 4: o mito do Estado corretor dos desequilíbrios de Mercado, Brasília, 15 novembro 2008, 12 p. Da série programada, com críticas a economistas keynesianos. Espaço Acadêmico (n. 91, dezembro 2008; arquivo em pdf); 1952.

5) Falácias acadêmicas, 5: o mito do complô dos países ricos contra o desenvolvimento dos países pobres, Brasília, 21 janeiro 2009, 11 p. Continuação da série, tratando desta vez das teses do economista Ha-Joon Chang. Espaço Acadêmico (n. 93, fevereiro 2009; arquivo em pdf); 1976

6) Falácias acadêmicas, 6: o mito da Revolução Cubana, Brasília, 1 de março de 2009, 17 p. Continuidade do exercício, tocando nos problemas do socialismo em Cuba. Espaço Acadêmico (n. 94, março 2009). 1986.

7) Falácias acadêmicas, 7: os mitos em torno do movimento militar de 1964, Brasília-Rio de Janeiro, 20 março 2009, 23 p. Continuidade do exercício, tocando no maniqueísmo construído em torno do golpe ou da revolução de 1964, condenando a historiografia simplista que converteu-se em referência nos manuais didáticos e paradidáticos. Espaço Acadêmico (n. 95, abril 2009; arquivo em pdf). 1990.

8) Falácias acadêmicas, 8: os mitos da utopia marxista, Brasília, 3 maio 2009, 15 p. Continuidade da série proposta, enfocando os principais equívocos do pensamento marxista nos campos do materialismo histórico e da análise econômica. Espaço Acadêmico (n. 96, maio 2009; arquivo em pdf). 2002.

9) (ainda não decidido; aceito sugestões...)


Proposta parcial de temas para ensaios a serem elaborados gradualmente:
(sem nenhuma ordem específica programada)

O mito da especulação
O mito da exploração
O mito da deterioração dos termos do intercâmbio
O mito do desenvolvimentismo
O mito da mão invisível do mercado
O mito da mão visível do Estado
O mito da volatilidade financeira
O mito da concentração capitalista
O mito das crises terminais do capitalismo
O mito da reforma agrária
O mito do distributivismo
O mito do igualitarismo
O mito da justiça social
O mito do freudismo
O mito da objetividade acadêmica
Uma teoria das falácias acadêmicas

(sugestões são sempre bem-vindas...)

Primeira elaboração desta lista de sugestões:
Buenos Aires, 30.09.2008

1091) E agora um pouco de diversao: do, re, mi...

Talvez preparada (certamente ensaiada), mas espontaneo em sua simplicidade, um video que vai surpreender, e agradar, gregos e goianos, ou melhor, belgas flamengos e valões, se este foi o caso:

Estação Central de Trens de Antuérpia, na Bélgica, em 23 de março de 2009:

http://www.youtube.com/watch?v=0UE3CNu_rtY

Divirtam-se...

sábado, 2 de maio de 2009

1090) Turismo (pouco) acadêmico (25 e final): uma pequena contabilidade de viagem

Sem tempo, agora, de fazer uma descrição completa da viagem, o que prometo fazer assim que possível, registro apenas alguns dados.
Aluguei um carro médio, muito confortável, seguro e rápido (ainda que americano), com a milhagem registrada em 11.504.
Acabo de devolver na locadora (sorry, não faço propaganda, mas foi muito barato) com o marcador em 18.120.
Foram, portanto, 6.616 milhas, precisamente, ou 10,647 kms de estradas e cidades.
Foram 18 dias em que fiquei quase 'parado', em cidades, como Urbana, lendo, ou como Chicago e New York, visitando, com um total de 372 milhas (ou, cerca de 20,6 por dia).
Nas estradas, foram 19 dias de viagens, num total de 6.273 mi, o que daria uma média de 330 milhas por dia, o que me parece razoável para o meu ritmo viajeiro.
Depois faço um relato pormenorizado.

1089) Turismo (quase) acadêmico (24): ultimas visitas culturais

Last visits in a big trip

De Nova York até Miami, nossa última grande etapa de viagem, seriam, segundo o Google directions, 1.286 milhas, em 19 horas e 59 minutos, segundo uma precisão surpreendente: nem um minuto mais (para arredondar para 20hs), nem um a menos, se por acaso o motorista for do tipo rápido, como eu (por isso mesmo tomei uma multa de velocidade logo no primeiro dia de Flórida, depois me comportei).
Na verdade, eu vim no meu ritmo particular, por vezes acelerando, por vezes parando num Starbucks para refazer a disposição...

Na verdade, no primeiro dia, depois de viajar por 12hs, fiz 716 milhas até Santee, na Carolina do Sul. Na manha seguinte, entramos em Savannah, a primeira cidade costeira da Georgia (aliás são poucas, pois espremaram a Georgia entre a CS e a Flórida, e lhe deixaram uma nesga de Atlântico. Savannah, como várias outras cidades do Sul escravista, tem uma arquitetura senhorial muito interessante, feita de casas de dois andares, com sacadas, um passado de supostas glórias na conquista da terra (contra os índios) e uma quase indiferença em relação aos escravos. Diferente de uma ou duas décadas atrás, o número de negros bem vestidos, com carros elegantes -- sem qualquer laivo de preconceito, aqui -- é bastante impressionante, pois denota um progresso real no que se acreditava ser ainda uma das características da paisagem social americana.
Fiz umas fotos do fundador da cidade, em estilo conquistador no seu pedestal marcado por uma longa declaração típica do passado colonial e século 19 (guerra contra os selvagens...).

Depois foram mais 616 milhas até o hotel de Miami, onde pernoitamos.
Nesta sexta-feira, 1ro. de maio, que não é feriado nos EUA (como todos sabem), escapamos mais uma vez para o que seria o último passei: as Keys, no prolongamento da Flórida, entrando no Atlântico em direção de Cuba: foram mais 340 milhas, ida e volta, mas que valeram a pena.

Em Key West, onde a estrada número 1 acaba, por falta de mais terras (mas alguns pedaços são pontes no mar), visitamos a casa de Ernest Hemingway, que eu já conhecia, mas muito rapidamente, de um passeio precedente.
Ele viveu aqui nos anos 1930, mais exatamente de 1931 a 1939, com uma escapada no meio para acompanhar brevemente a guerra da Espanha.
Na sua casa de Key West, uma bela construção de um armador de navios de meados do século 19, Hemingway escreveu alguns de seus melhores romances, e dezenas de contos, convivendo com uma (ou duas) mulher(es) e muitos gatos.
Nosso guia, Stan (de Ohio), que talvez propositadamente manteve um look à la Hemingway (barba enbranquecida e chapéu), explicou que todos os 64 gatos que vivem tranquilamente na residência atualmente, estão devidamente identificados no site da casa na internet.
Ainda não tive tempo de conferir, mas os curiosos e os 'gatófilos' podem entrar no site para verificar: www.hemingwayhome.com.
Em todo caso, acreditei no nosso guia, que me parecia decididamente heminguiano: tinha até uma cartelinha de 'mojito' saindo do bolso da camisa, no que imaginei que fosse uma receita para se embebedar, como o personagem fazia, quando não estava escrevendo. Para conservar a atmosfera, acabei lhe pagando mais dois mojitos, quando ele estivesse precisando, claro.

Também revisitei o "Southernmost point of the United States", uma elevação de concreto, em forma de sino, marcando o ponto mais meridional dos EUA, a apenas 90 milhas de Cuba (o que deve interessar mais os cubanos candidatos a náufragos, do que propriamente os americanos). Ali por perto, os marketólogos aproveitam para anunciar "the Southernmost house of the USA", para fazer festas e casamentos, "the Southernmost hotel of the USA", para os fanáticos por geografia, e outras coisas mais. Como sempre, as lembranças são "made in China", mas tirei fotos e comprei um postal desse ponto apenas emblemático por causa da Guerra Fria: depois do fracasso da invasão da Baía dos Porcos pelos mercenários da CIA, em 1961, John Kennedy promoveu uma reunião com aliados da OTAN em Key West não apenas para acabar com a histeria de um confronto bipolar na região, como para demonstrar a solidariedade atlântica no momento mais tenso daquela era.

Em Key West também há um pequeno museu Truman (de quem ouvi a biografia em audio por David McCullough, na viagem), que costumava vir passar férias na base da Marinha (que agora leva o seu nome), mas não pudemos visitar o museu, porque tudo aqui fecha as 5hs da tarde (como se sabe, os americanos jantam as 6hs, e depois dormem com as galinhas, no horário das galinhas, quero dizer...).

A volta foi tranquila, sem mais necessidade de ficar parando para tirar fotos das paisagens marinhas e das pontes, que são realmente espetaculares (acho que muitos já viram um filme cujo nome agora me escapa, que se passa nessas autoestradas das Keys, com cenas hollywoodianas de perseguição em caros, helicópteros, foguetes e tudo o mais a que temos direito nesses crash-punk-bang da indústria cinematográfica americana).

Bem, agora vamos só terminar de arrumar as malas e verificar se o voo (sem acento agora) ainda existe... O avião vai ficar um bocado mais pesado com os os livros, sobretudo da Carmen Lícia: só espero que não me cobrem excesso, do contrário vai ultrapassar o alugue do carro, que foi até barato para tudo o que fizemos...

Bye bye Miami... (só amanha cedo).

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...