segunda-feira, 18 de maio de 2009

1108) O mundo, 20 anos apos a queda do muro de Berlim; Unisul - Florianopolis, SC

O mundo, 20 anos apos a queda do muro de Berlim
Unisul - Florianopolis, SC

Apresentação
Data de realização: dias 22 a 24 de junho de 2009.

O I Seminário de Pesquisa Interdisciplinar – I SPI é o mais novo evento técnico-científico regional do Brasil que reúne os Cursos de Administração, Relações Internacionais e Turismo da UNISUL (Universidade do Sul de Santa Catarina).

Trata-se de um evento público-privado, que tem por objetivo estimular a produção científica de qualidade, oportunizando e socializando o conhecimento por meio de conferências, debates, apresentações de trabalhos técnico-científicos.

Em sua 1ª edição, o tema geral do evento é "20 anos após a queda do Muro de Berlim”. O objetivo é difundir pesquisas e debates interdisciplinares na região sul do Brasil acerca das visões das áreas da Administração, Relações Internacionais e Turismo sobre o mundo 20 anos após a queda do muro de Berlim.

Não perca a oportunidade você, estudante de graduação ou pós graduação, pesquisador ou profissional da Administração, de Relações Internacionais e do Turismo, assim como demais interessados venham compartilhar o conhecimento conosco.

Submissão de trabalhos

Local: Dependências do Campus Norte da Ilha da UNISUL
Florianópolis-SC

Mais informações com a coordenação:
Prof. Dr. Nilzo Ivo Ladwig
Prof. Msc. Rogério Santos da Costa

Comissão Técnico-Científica
. Prof. Msc. Alvaro Jose Souto - Administração
. Profª. Msc. Kristiane Rico Sanchez - Administração
. Prof. Msc. Márcio Roberto Voigt – Relações Internacionais
. Prof. Dr. Nilzo Ivo Ladwig – Turismo
. Prof. Msc. Rogério Santos da Costa - Relações Internacionais
. Prof. Msc. Victor Henrique Moreira Ferreira – Turismo

1107) Cronica de um assassinato anunciado: Guatemala

Impressionante video de um advogado anunciando seu assassinato pelo presidente da Guatemala, no site da vevista Foreign Policy:

The YouTube video that could bring down Guatemala's government
Thu, 05/14/2009 - 7:50pm

Days before his murder, Guatemalan lawyer Rodrigo Rosenberg recorded this video predicting that he would soon be killed and that the Guatemala's President Alvaro Colom would be responsible:

Rosenberg was shot and killed while riding his bicycle on Sunday. He had been representing a financial expert named Khalil Musa who was himself murdered along with his daughter after accusing a state-owned bank of corruption. Rosenberg had publicly accused the government of conspiring the kill Musa. The video quickly went viral after Rosenberg's death, sparking anti-government demonstrations with thousands of angy protesters demanding Colom's resignation and calling for an international investigation.

Agora o artigo de Moises Naim, editor da Foreign Policy, no jornal El Pais:

¿Cómo se pelea contra un muerto en YouTube?
MOISÉS NAÍM 17/05/2009

Esto es lo que se debe estar preguntando Álvaro Colom, el presidente de Guatemala. Como se sabe, un abogado ha acusado al mandatario, a su secretario privado y a la primera dama de asesinato. El abogado acusador y el muerto son la misma persona: "Mi nombre es Rodrigo Rosenberg Marzano, y lamentablemente, si usted está en este momento oyendo o viendo este mensaje, es porque fui asesinado por el señor presidente Álvaro Colom...", dice con espeluznante calma el prestigioso abogado guatemalteco en un vídeo que ya ha sido visto por millones de personas en todo el mundo gracias a Internet.

Centroamérica no está inexorablemente destinada a convertirse en un infierno de corrupción, crimen y muerte

Rosenberg grabó este vídeo cuatro días antes de su muerte, al convencerse de que un atentado contra su vida era inevitable. En el vídeo también explican los motivos de sus asesinos: era el abogado de un empresario que, al negarse a ser cómplice de negocios sucios en un banco controlado por el Estado, fue asesinado. Y su hija también.

En el vídeo de 18 minutos Rosenberg denuncia que, a través del banco, se financian proyectos inexistentes de la esposa del presidente, se lava dinero de narcotraficantes y se financian negocios turbios del entorno presidencial.

"Yo no soy narcotraficante, no soy asesino, ni todo lo que esa porquería dice", respondió el presidente Colom refiriéndose al vídeo. También enfatizó que tiene la conciencia limpia y que no va a renunciar: "Sólo muerto me sacarán del palacio". Según Colom, todo esto forma parte de una conspiración para desestabilizar a su Gobierno. "Las acusaciones en mi contra son parte de un plan", dijo el mandatario. La primera dama, Sandra Torres, está de acuerdo: "Hay muchos tentáculos detrás del caso Rosenberg".

En su vídeo, el abogado Rodrigo Rosenberg había anticipado que el presidente de Guatemala y sus allegados lo acusarían de formar parte de una conspiración: "Hay algo que siempre oímos, que hay un compló en contra del Gobierno, que es una hipótesis... Esto no es una hipótesis, no tiene nada de hipótesis, esto es una realidad". Y así es. La realidad que tiene que explicar el presidente Colom es por qué Rodrigo Rosenberg está muerto.

Naturalmente, el presidente de Guatemala ha prometido una investigación a fondo sobre este caso. Es interesante notar, sin embargo, que nadie parece creer que el Gobierno o el poder judicial guatemalteco estén capacitados para llevar a cabo una investigación independiente y creíble. Quizás por esto, el presidente Colom solicitó la ayuda del FBI, la Organización de Estados Americanos, la ONU y de otros organismos internacionales para resolver el crimen. De nuevo, Rosenberg adelantó algo de esto en su vídeo: "Hemos caído en una Guatemala que ya no es nuestra; una Guatemala que es de los narcos, de los asesinos y de los ladrones".

En efecto, en las conferencias internacionales ya se ha convertido en algo común oír que Guatemala es un narco-Estado en el cual redes de narcotraficantes y criminales de todo tipo se han infiltrado y ejercen un enorme control sobre importantes instituciones públicas y privadas.

Y el problema trasciende a Guatemala, aunque es en ese país donde se evidencia con más gravedad. En toda Centroamérica, políticos y policías, militares y periodistas, banqueros y congresistas forman parte de los instrumentos que estas redes criminales utilizan para operar a sus anchas.

De hecho, una nueva e importante amenaza para esta región de economías débiles e instituciones más débiles aún es el progreso que México, ahora muy apoyado por Estados Unidos, tendrá en su lucha contra los carteles de la droga.

A medida que las cosas se le pongan más difíciles a las organizaciones de narcotraficantes que tienen sus bases de operaciones en México, los incentivos para trasladarlas a países como Guatemala, Costa Rica, Panamá, El Salvador, Honduras o Nicaragua serán cada vez mayores. Pero Centroamérica no está inexorablemente destinada a convertirse en un infierno de corrupción, crimen y muerte. Hay sociedades que logran producir anticuerpos que repelen estas tendencias. Algunos de estos anticuerpos ahora vienen armados con cámaras de vídeo.

mnaim@elpais.es

domingo, 17 de maio de 2009

1106) Petrobras: um depoimento de um ex-empregado

Recebido por e-mail, de uma lista de informação. Trata-se da opinião de um ex-empregado, que pode ser contestado em suas afirmações, mas certamente não ignorado, já que conheceu a máquina por dentro...

O DRAMA DA PETROBRÁS
Waldo Luís Viana*

Pouca gente sabe, mas já fui empregado da Petrobrás. Não terceirizado, mas por concurso. E pedi demissão, dez meses depois, sendo entrevistado por quatro psicólogas que, naturalmente, me olhavam atônitas. Saí, porque queria completar o curso de Economia na Gama Filho, chegava em casa à meia-noite, atravessando toda a cidade, do bairro de Piedade ao Leme, jantava, dormia de madrugada e acordava às seis e trinta da manhã para estar às oito no Edifício-sede.

Em minha época, 1976, não havia auxílio-refeição, vale-transporte, nem nada. Era só o salário-seco, mais auxílio-periculosidade (para subir e descer de elevador) e cartão de ponto. Ah, como detesto cartão de ponto, mas agradeço a Deus, porque foi o pavor dele que me fez poeta: “sou um homem que vive nos interlúdios concedidos pelo relógio de ponto...” – dizia, nos versos trôpegos da mocidade...

Queria ser escritor – imagina?, no Brasil de Paulo Coelho e José Sarney – e as psicólogas me perguntavam, sofridas, o motivo de eu querer ir embora. Sem muita paciência – já tinha pavio curto naquela época – redargui: “quero ver o sol nascer...”. Elas não entenderam nada, tadinhas, mas eu chegava em casa tarde, saía cedo e não via o sol subir no horizonte. Coisa de poeta.

Fui colocado no serviço de pessoal e era tão bom datilógrafo que me puseram para compulsar documentos sigilosos sobre a empresa. Impressionou-me a quantidade de internações psiquiátricas entre os petroleiros, mas isso não podia comentar com ninguém. Internavam-me em sala sem janela e fui dos únicos datilógrafos a utilizar máquinas elétricas com pedais, já extintas, para confeccionar tabelas de relatórios “top-secret” para a diretoria. Minha curiosidade era imensa e, como era muito rápido, lia tudo e anotava os detalhes escabrosos num bloquinho. Tudo isso eu já destruí, mas de memória, na época, o maior número de internamentos eram os do serviço de contabilidade. Fora a incidência de alcoolismo que era muito grande. Segredo maior do que o da Igreja Católica em relação aos padres...

Há trinta e dois anos, com Shigeaki Ueki na presidência, vivíamos as consequências do choque do petróleo, que fizeram o japonezinho desligar a sua piscina de água quente para poupar energia. Como fazia parte da “peãozada”, fingia-me de morto e não tocava em política, assunto proibido. A Petrobrás já era, então, orgulho nacional e não havia pai de família que não estufasse o peito de orgulho, quando afirmava que o filho trabalhava na empresa.

Quando pedi demissão descontentei meus pais. Resolvera seguir o destino pedregoso e íngreme da não burocracia. Para mim, era insuportável ver aqueles técnicos de administração, de gravatinha, batendo em meu ombro e dizendo a frase-modelo: “meu filho, quando eu me aposentar...”

A empresa articulava uma tecnologia mental no empregado, como se não funcionasse sozinha, dada a sua grandiosidade. Muitos trabalhavam com febre, com medo de ir ao serviço médico e serem mal vistos pelos chefetes de seção.

Naquela época, a empresa gastava 11% de seu orçamento com despesas de pessoal e, atualmente, reduziu esse “gasto” entregando algumas atividades-meio a terceirizados, aliás muito mal vistos pelos concursados, que detêm crachá autêntico. Não sei como está hoje, mas o cartão de ponto é exigido até para profissionais de curso superior, os horários são rígidos e a mega-empresa continua um quartel. De fazer inveja aos atuais militares que nem rancho têm para oferecer aos recrutas.

Os privilégios dos petroleiros existem, mas as benesses e salários-extras continuam em poder de uma elite muito bem estabelecida, estruturada e corporativa. São ciosos de seus privilégios e têm cabeça de funcionários públicos, ou seja, sabem que se mantiverem a cabecinha conservadora, não contestatória, se lamberem muito bem as botas dos chefes, permanecerão até a aposentadoria, quando como verdadeiros trapos humanos vão requerê-las, com complemento financeiro da fundação PETROS.

Essa empresa hoje é imensa, tentacular, um estado dentro do estado, e a União, apesar de todos os esforços do governo tucano para privatizá-la, no que foi impedido pelo Alto Comando do Exército, ainda detém 51% do capital das ações com direito a voto. Com a troca de governo, tornou-se a joia da coroa do PT e é administrada diretamente pelo Palácio do Planalto e pela Casa Civil, passando por cima, na prática, da natural hierarquia do Ministério das Minas e Energia.

Quem manda na Petrobrás é Lula e Lula desmanda na Petrobrás. Era para ser o paraíso petista, mas nunca o foi. Os petistas invadiram a empresa, de alto a baixo, como a KGB fazia na União Soviética com o controle dos bairros em Moscou. Nenhum cargo de confiança ficou incólume. O comissariado manda e desmanda mesmo. Todo mundo baixa a cabeça, naquela técnica de sabujice de quem quer sobreviver, esperando novos tempos. Precisaríamos de um Machado de Assis ou de um Lima Barreto para descrever o que acontece na mente dos chefes de seção e dos engenheiros de staff. Principalmente aqueles que assistem à farra das concessões orçamentárias a diversas ONGs desconhecidas...

Os controles e auditorias internos são draconianos, principalmente no varejo. Os gastos no atacado, em dólares e euros, sob responsabilidade das diretorias e do Conselho de Administração fogem à imaginação dos mortais da planície ou a qualquer vasculhador que não seja do meio. Para quem não conhece economia de petróleo, as tacadas são indetetáveis!

Como uma empresa de petróleo, mesmo mal administrada, é um supernegócio, bastaria uma vista d’olhos nas firmas fornecedoras da Petrobrás, muitas delas criadas por ex-funcionários, e os escritórios de advocacia, para os contenciosos surgidos com os que negociam diretamente com ela, para assuntar diversas surpresas. Isso seria matéria para os serviços de inteligência da Polícia Federal, da ABIN, do CADE e de outras agências, além da curiosidade atenta do que os petistas chamam de mídia golpista. Isso sem falar no Ministério Público, que tem tantos procuradores jovens e loucos para defender os altos interesses da sociedade. Aqui vai a todos eles um terno pedido do poeta: por favor, deem um passo à frente...

Agora vemos essa CPI montada no Senado, com cara e enredo de chantagem. Com a grana e os interesses em torno da empresa, é muito fácil que a Comissão não dê em nada, embora se o esterco for remexido, não venha a sobrar pedra sobre pedra. A Petrobrás é um dos sustentáculos da Pátria, assim como Jerusalém era a capital dos judeus e do cristianismo. Mesmo assim, a cidade um dia foi destruída e mudou a história do mundo.

Não admira que o drama da Petrobrás, orgulho nacional seja tão grande. Tão grande quanto uma plataforma! Aliás, tudo é gigantesco naquela empresa que tantos serviços têm prestado a ela mesma e a sua burocracia. Inclusive batendo às portas da corrupção. O povo brasileiro, seu pretenso proprietário, espera por explicações...

É claro que em 180 dias os senadores não irão apurar coisa alguma. Eles só querem desviar o foco dos escândalos sobre o Congresso e culpam o governo Lula por não os haver defendido, tal como o fez nos tempos dos hierarcas do mensalão.

Mesquinharia se paga com mesquinharia. Assim, nada como mexer com a joia da coroa e fazer a opinião pública esquecer logo das mordomias do Senado e outras futilidades, não defendidas a contento pelo governo atual. E com seis meses decorridos vem o Natal, o Ano Novo, o Carnaval e mais um ano de eleições. E Suas Excelências estarão salvas para disputar novo pleito, quem sabe com financiamento dos próprios lobistas e empresários que sobrevivem dos nababescos negócios ligados ao petróleo brasileiro.

Vamos assistir de camarote a mais uma pantomima teatral. Não é comédia. É o drama da Petrobrás, a grande empresa, orgulho nacional, de qual um dia, num acesso de capa e espada, me demiti...
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*Waldo Luís Viana é escritor, poeta, economista e ex-empregado concursado da PETROBRAS. Aliás, de primeiro emprego a gente nunca esquece...
Teresópolis, 16 de maio de 2009.

1105) Controversias historiograficas sobre 1964

Provavelmente não existe, na historiografia brasileira, tema mais controverso do que o movimento civil militar de 1964, chamado de golpe, pelos seus opositores, e de "revolução" (sic) pelos seus defensores.
Recentemente, redigi um artigo, na série falácias acadêmicas, que tenta discutir alguns dos mitos em torno do movimento de 1964, enquadrado na categoria das falácias porque justamente é objeto dos julgamentos mais maniqueistas por parte da academia.
Os interessados em conhecer esse ensaio podem lê-lo por inteiro no link que segue imediatamente após, ou então em segmentos, como registrado mais abaixo.

Falácias acadêmicas, 7: os mitos em torno do movimento militar de 1964
Espaço Acadêmico, ano 9, n. 95, abril 2009
Para o mesmo texto em pdf, clicar neste link.

Com algumas poucas mudanças, o ensaio foi reproduzido em quatro partes no boletim Via Política: Os mitos em torno do movimento militar de 1964

(1): Uma historiografia enviesada (12.04.2009);
(2) Mitos do Governo Goulart (19.04.2009)
(3) Análise das alegadas ‘reformas de base’ (26.04.2009)
(4) Balanço econômico do Governo Goulart (03.05.2009).

1104) A defensoria publica na diplomacia

Consulta recebida pelo formulário do site:
"O senhor acha que um defensor público de carreira, conhecedor das falácias sociais governamentais, daria um bom Diplomata? Sempre sonhei em ingressar na Diplomacia, e gostaria muito de saber sua opinião a respeito se minha profissão hoje poderia criar alguma dificuldade de adaptação ao corpo diplomático. Desde já, muito obrigado! Abraço, L G"

Minha resposta:
"L,
Eu apenas lhe repetiria o titulo de um romance italiano, que virou tambem um filme: Va dove ti porta il cuore. Você deve fazer aquilo que o seu coração mandar, com um pouco de racionalidade.
Você não precisa ser um bom, ótimo ou mediano diplomata, você apenas precisa ser um bom cidadão, comprometido com a causa pública, no sentido mais lato desse termo, e engajado a serviço, não da diplomacia estrito senso, mas do Brasil, no seu sentido mais largo.
Não considero que os problemas do Brasil possam ou devam ser resolvidos por meio da diplomacia, longe disso. Todos os nossos problemas, sem exceção, são "made in Brazil" e requerem soluções internas, domésticas, nenhum deles resultando de questões externas. A diplomacia no máximo pode trazer oportunidades de acesso a mercados, investimentos, know how, mas o essencial precisa ser feito aqui mesmo.
Em todo caso, vale tentar...
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Paulo Roberto de Almeida
pralmeida@mac.com www.pralmeida.org
http://diplomatizzando.blogspot.com/

sábado, 16 de maio de 2009

1103) A construcao do Apartheid no Brasil: continuam tentando...

O editorial do jornal O Globo, abaixo transcrito, resume bastante bem o que devem pensar muitos brasileiros sobre esse projeto estapafúrdio (e criminoso) de "estatuto da (des)igualdade racial" no Brasil, que estimularia tremendamente aquilo mesmo que se pretende evitar: o racismo institucionalizado, apoiado e construído pelo Estado, oficializando a existência de raças no Brasil.
Como sabem todos aqueles que acompanham as estatísticas oficiais, as últimas pesquisas da PNAD (realizadas pelo IBGE) revelam que nada menos do que 48% -- repito, por extenso: quarenta e oito por cento -- da população se considera "afro-descendente", obviamente com base em auto-declaração devidamente estimulada pela perspectiva oportunista de empregos, cotas universitárias e outras prebendas que seriam fornecidas pelas políticas de cunho racialista em implantação por autoridades dementes e gupos de militantes negros de evidente má-fé.
Mais um pouco, já no próximo Censo, uma maioria de brasileiros vai se autodefinir como negros, pardos, mestiços, afrodescendentes ou variações dessas categorias racialistas cujoúnico objetivo é aquilo mesmo que se pretende promover: sua "redenção", de preferência via empregos públicos, ajudas diversas, ingresso fácil em universidades públicas e coisas desse gênero.
Sendo assim, serão os brancos, reduzidos a minoria, que poderão começar a reivindicar leis de proteção e apoio pelo seu estatuto de "minoria". Absolutamente ridículo, se não fosse patético...

ATENTADO RACIALISTA
EDITORIAL
O GLOBO, 16/5/2009

Tramita na Câmara dos Deputados um projeto de lei de importância transcendental, capaz de levar o Brasil a viver a experiência do racismo como jamais se pensou que aconteceria num país cuja imagem se confunde com a miscigenação e o convívio, sem tensões raciais, entre milhões de pessoas de quase todas as origens possíveis — Américas, Europa, África e Ásia.
Pode ser que o fato de o Congresso estar mergulhado em grave crise de imagem sirva de cortina de fumaça para o que se passa na comissão especial criada na Câmara para discutir a proposta do Estatuto da Igualdade Racial, de iniciativa do senador Paulo Paim (PT-RS), e já aprovada no Senado.
Nesta Casa, discutem-se as cotas raciais para o preenchimento de vagas nas universidades públicas.
Mas é o estatuto que revela a dimensão e a profundidade do projeto político e de poder racialista, cujo objetivo é dividir a sociedade entre “brancos”, de um lado, e “negros” e “pardos”, de outro.
Aprovado o projeto, o Brasil naufragará num apartheid de estilo sul-africano. Aqui, porém, destinado a superar “desigualdades raciais” e a dar a “reparação” a supostas vítimas da igualdade.
As cotas no ensino são apenas uma pequena parte de uma grande construção política racialista.
Revogam-se afinidades sociais, sem relação com origem social e renda, e coloca-se em seu lugar o critério da cor da pele, num atentado contra o patrimônio cultural e social da nação.
O estatuto chega a determinar que filmes e programas de televisão tenham no mínimo 20% de atores e figurantes negros — como nas cotas nas universidades, não há qualquer preocupação com mérito e capacidade profissionais.
A mesma regra é estabelecida para peças de publicidade contratadas por estatais e órgãos públicos. A publicidade privada destinada à TV e a cinemas terá de obedecer à mesma cota.
O projeto avança também no mercado de trabalho. Na contratação de servidores, negros terão tratamento especial, com o “incentivo à adoção de medidas similares em organizações privadas”.
Assim, as tensões raciais serão disseminadas também nos ambientes de trabalho, no setor público e nas empresas privadas.
Haverá, ainda, Ouvidorias Permanentes em Defesa da Igualdade Racial, um passo para o ministério público e polícias raciais.
O país se encontra à beira de um pesadelo orwelliano. Coerente com todo este projeto — bem lembrou o sociólogo Demétrio Magnoli, em artigo no GLOBO —, faltará uma lei como a da Proteção do Sangue Germânico, da Alemanha de 1935. Aquela criminalizava o casamento e o sexo entre arianos e judeus; esta proibirá o mesmo entre “brancos” e “negros/ pardos” brasileiros. É o que faltará para o serviço dos racialistas ser completado.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

1102) A crise e a morte (anunciadas, exageradamente) do capitalismo

A crise e a morte anunciada do capitalismo
(provavelmente exageradas, como diria Mark Twain)
Paulo Roberto de Almeida

Sou regularmente contatado, através de meu site, por jornalistas e estudantes de diversas partes do Brasil, que, em função dos materiais que encontram no meu site ou nos blogs que mantenho para diversas finalidades, me procuram para resolver dúvidas informativas, ou mais exatamente didáticas (correspondendo, supostamente, a buscas na internet em torno de algum tema de seu interesse momentâneo). Muitas das questões, nestes tempos incertos, referem-se, obviamente, às origens da crise, seus desenvolvimentos e seu impacto sobre o Brasil. Algumas das questões são mais prosaicas, motivadas provavelmente pela previsível satisfação interior de algum professor alegadamente anti-capitalista, com as turbulências e possível decadência do sistema globalizado.
Assim, recentemente, respondi a perguntas de um estudante de jornalismo sobre a crise e a morte do capitalismo. Com efeito, esse tipo de pergunta não deve sair da cabeça dos próprios alunos, mas deve ter sido lá colocada por algum desses professores desejosos de enterrar o capitalismo, o que apenas reflete uma incompreensão magistral sobre como funciona o mundo real.
Em todo caso aqui vão as perguntas e as minhas respostas:

1) Há a possibilidade de a atual crise econômica ser o início do colapso do sistema capitalista?

PRA: Não existe a menor possibilidade. Quem afirma uma coisa dessas não tem a menor idéia de como funciona uma economia de mercado ou de como funciona o sistema capitalista, que representa uma das muitas formas da economia de mercado. A atual crise econômica, que se desenvolveu a partir de uma bolha financeira, não é a primeira, nem será a última a afetar o sistema capitalista, por vezes de forma mais severa do que outras, como foi o caso 80 anos atrás, na crise das bolsas de 1929, na crise bancária de 1931 e na depressão que se seguiu durante a maior parte dos anos 1930. Para haver colapso do sistema capitalista teria de estar ocorrendo uma crise estrutural da economia de mercado, o que está longe de ser o caso.

2) Quais os fatores que apontam para que isso ocorra?

PRA: Isso não está ocorrendo, justamente, nem vai ocorrer. O que está havendo é mais uma crise recorrente, previsível, e até “normal” para as condições em que operam as economias de mercado e o próprio capitalismo. Toda economia de mercado é inerentemente instável, pelo próprio dinamismo econômico, que produz descompassos entre setores, assimetrias de informação, desequilíbrios entre oferta e demanda, busca incessante de retornos mais elevados, mesmo à custa de maior exposição ao risco, diferenças de mecanismos regulatórios entre as economias nacionais – na ausência de mecanismos supranacionais, ou internacionais, que possam monitorar todos os tipos de ativos transacionados – ainda mais num sistema capitalista que funciona, em larga medida, com base nas iniciativas individuais dos detentores de ativos e nos tomadores de créditos. Em algum momento, o desejo de ganhos extraordinários vai superar a propensão à cautela pelos agentes de mercado, e quando, por algum motivo sempre imprevisto, alguém desconfia que aqueles ganhos não vão se realizar, começa uma retirada maciça das aplicações naquele mercado. Como todo o sistema funciona com base na confiança, e como os agentes costumam ter o comportamento de manada, é óbvio que haverá um descompasso entre os ativos efetivamente existentes no mercado e aqueles valores transacionados no mercado de futuros com base numa valorização hipotética (por definição, sempre acima das possibilidades reais do mercado). Apenas para se ter uma idéia das dimensões envolvidas nesses vários mercados, considere-se que o PIB mundial – isto é, a soma dos valores agregados por todos os países, durante um ano, nos seus respectivos processos produtivos nacionais, situa-se ao redor de 50 trilhões de dólares; a soma dos ativos transacionados efetivamente nos mercados financeiros, sob diversas formas, aproximava-se, antes da crise, da casa dos 200 trilhões de dólares, ou seja, quatro vezes mais o valor da produção anual; já a soma de todos os ativos financeiros virtualmente existentes, ou mesmo realmente, incluindo dívidas dos governos, mercados futuros, valores patrimoniais de casas, ações, etc, alcançava a cifra de 500 ou trilhões de dólares, ou seja, mais de dez vezes o valor do PIB mundial. Esses 400 trilhões de dólares acima das transações de mercado representam uma valorização hipotética, ou virtual, que poderia, ou não, ser realizada, se todas as transações fossem realizadas em algum momento em todos os mercados existentes no mundo, mas isso compreende muita riqueza artificial, ou seja, valorização indevida ou exagerada de ativos, como ocorre em toda bolha financeira (por exemplo, uma casa de 100 mil dólares, estar sendo estimada no mercado a 150 mil, e com base nesse valor, servir de lastro, ou aval, a uma outra operação de empréstimo de mais 50 ou 60 mil dólares, inflando artificialmente a carteira de ativos de um banco, sem que o detentor original do bem consiga realizar aquela venda hipotética). Em algum momento a bolha estoura e todos perdem, mas no momento do jogo, todos estão supostamente ganhando. Esse é o capitalismo, nem bom, nem mau, apenas permitindo a realização de muitos negócios com base na confiança, ou na expectativa, de que tudo corra bem.

3) O capitalismo se fortalece com a atual crise?

PRA: Certamente, posto que algumas regras serão criadas, para diminuir a possibilidade de repetição desse tipo de crise, o que evitará, de alguma maneira, o exagero da especulação nesse tipo de modalidade. Mas, como o capitalismo é muito criativo, outros instrumentos financeiros e outros mecanismos de transações serão criados, de maneira que a próxima crise ocorrerá, certamente, mas de maneira diferente da atual. Os que falam de enfraquecimento do capitalismo ou de sua crise estrutural não têm idéia de como funciona o sistema, justamente permitindo enorme expansão dos negócios, muita especulação – durante a qual muitos ficam ricos, pois alguns sempre arriscarão seu dinheiro com novos negócios – e uma circulação de riqueza de maneira muito dinâmica. As tentativas de controlar o sistema são não apenas inócuas, como contra-produtivas, pois diminuiriam o seu dinamismo natural.

4) Quais são as soluções para o atual panorama econômico?

PRA: As de sempre: regulação das transações com ativos, para evitar uma exposição ou alavancagem muita exagerada dos intermediários financeiros; maior transparência nas informações relativos a títulos transacionados; exigência de garantias quanto a depósitos, mas que não podem ser exageradas, pois isso diminuiria o poder da especulação, que é sempre positivo, pois ela permite negócios que normalmente não seriam feitos, na ausência de motivação para ganhos extraordinários.
Os que pedem um capitalismo sem riscos, sem especulação, sem crises, não sabem do que estão falando, pois todo e qualquer sistema de mercado está exposto aos riscos das assimetrias de informação nesses mercados. O sistema sem risco é aquele sem dinamismo, como eram os antigos sistemas socialistas. Eram tão “estáveis” que estagnaram e desapareceram, e suponho que ninguém – salvo alguns utópicos irrecuperáveis – esteja pedindo a volta do socialismo, de resto impossível, pouco prático e irrealizável.
Haverá, também, um pouco mais de sistemas de ajuda emergencial, com maiores volumes de recursos sendo disponibilizados para empréstimos a países em situações de desequilíbrio grave, como aliás já existe atualmente, mas com um volume financeiro não compatível com as eventuais necessidades de mercado.

5) Quem a crise econômica atinge diretamente no Brasil? Por quê?

PRA: Primeiro pelo canal do crédito, sobretudo comercial, pois sabemos que o comércio internacional se faz, em grande medida, com base em letras de câmbio e outros modos de financiamento de curto prazo. Depois pela própria ausência de recursos para investimentos ou empréstimos de maior prazo. Também pelo aumento dos juros internacionais, o que é um resultado da diminuição dos volumes globais de recursos transacionados no sistema financeiro. Isso acaba afetando a produção, gerando, em conseqüência, desemprego setorial, ausência de investimentos e eventualmente até inadimplência, de empresas ou até dos países, que não dispõem de recursos próprios. Como o Brasil não emite uma moeda de aceitação internacional, como o dólar, ele depende de divisas estrangeiras para se relacionar comercial e financeiramente com o mundo: na ausência desses dólares, ele tem de usar reservas próprias, o que ainda é o caso, mas isso um dia pode acabar.

6) O dólar continuará sendo moeda padrão, do comércio?

PRA: Sim, ainda que outras moedas possam ser usadas adicionalmente, complementarmente ou até em substituição ao dólar. Supondo-se que o dólar se desvalorize, o que não ocorreu até agora – mas pode vir a ocorrer – pessoas, empresas e países buscarão outras moedas, que preservem o seu poder de compra e o seu valor internacional – isto é, que não se desvalorizem – e que possam vir a fazer parte de suas poupanças, investimentos, transações. Pode ser o euro, pode ser o iene, o yuan chinês, o rublo russo, ou até o real brasileiro, dependendo das circunstâncias. Tudo é uma questão de confiança: se as pessoas acreditam naquela moeda, e sobretudo, naquela economia, elas continuarão a aceitar essa moeda e a investir naquela economia, do contrário ela será rejeitada por todos. Tudo depende do dinamismo e do vigor econômico de um país. Como a Europa cresce pouco, é uma economia pouco flexível, como o Japão é um país relativamente fechado, como a China ainda não inspira confiança no mundo, por se tratar de um regime ditatorial, sem muita transparência, e como o Brasil ainda é uma economia pequena, de baixo dinamismo e sem uma moeda conversível, é provável que o dólar continue exercendo seu papel de moeda de troca e de reserva internacional ainda durante algum tempo. Paulatinamente, outras moedas poderão se fortalecer e outras podem desaparecer...

7) Muitas empresas e grupos econômicos apontam a sustentabilidade como uma medida de sobrevivência para o futuro, No entanto, o que se avançou em termos práticos e como as empresas tem investido nessa questão?

PRA: Sustentabilidade é um conceito vago, que apenas quer dizer que devemos usar os recursos do planeta de maneira a não esgotá-los ou extingui-los. Mas não há muita clareza do que isso signifique no plano setorial: quanto petróleo, quanta energia renovável, quantas terras agrícolas, quanta produção biotecnológica, etc. A tecnologia e os mercados terão respostas para os desafios do futuro, mas nem sempre existe uma consciência clara que é possível, ou preciso fazer, de quais são os meios ou técnicas mais apropriados para o crescimento e a manutenção no bem estar das populações, e sobretudo de quais seriam as prioridades de investimentos em novas tecnologias – que têm custos muito diferenciados entre as várias possibilidades e alternativas – em face do chamado custo-oportunidade, ou seja, como utilizar os recursos (por definição escassos) em função das alternativas e dotações diferenciadas no plano prático. As empresas mais proclamam do que praticam, de fato, a sustentabilidade, porque se tornou politicamente correto, por uma questão de imagem pública e de pressão de grupos ambientalistas, dizer que seus processos produtivos são sustentáveis. Mas tudo isso pode mudar rapidamente, com descobertas nos terrenos dos novos materiais (nanotecnologia), da energia, da biotecnologia. De toda forma, melhor confiar na pesquisa científica e nas comprovações empíricas do que em crenças pouco fundamentadas no conhecimento pouco objetivo do mundo real, como fazem alguns grupos ambientalistas, que praticam terrorismo ecológico dotado de pouca base científica.

Paulo Roberto de Almeida, diplomata e professor.
(Indianapolis, Indiana, EUA, 11.04.2009)

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