sexta-feira, 27 de novembro de 2009

1549) Brasileiros gostam do Estado, querem mais Estado

Bem, podemos até dizer que os brasileiros amam o Estado e estão dispostos a fazer de tudo para estar no Estado, visto como uma mãe generosa (certamente para os seus funcionários).
Com base na nota abaixo, só posso prever que o Brasil vai se atrasar, relativamente a outros países, por uma razão muito simples: alguém pode me dizer quais são e quais os volumes representam as riquezas criadas pelo Estado?
Se o Estado, como acredito, não cria nenhuma riqueza, mas apenas retira da sociedade uma parte da riqueza criada por empresários e trabalhadores, então o que vai acontecer é frações maiores dessas riquezas estarão sendo transferidas da sociedade para as mãos do Estado (e para os bolsos de alguns dos seus funcionários). Sendo assim, não haverá investimento suficiente para sustentar o crescimento da economia, e o Brasil, portanto, vai crescer pouco.
A renda per capita dos brasileiros vai diminuir, relativamente à de outros nacionais de outros países,que não possuem um Estado tão grande e tão caro quanto o nosso. Os brasileiros vão ficar mais pobres, mas continuarão a amar o Estado, e pedir que o Estado corrija essas "desigualdades". O Estado vai corrigir, supostamente, mas como ele sempre cobra um pedágio, no caminho da "redistribuição", o que vai ocorrer é o exato oposto do pretendido...
Como vêem, sou pessimista...
Paulo Roberto de Almeida

Pesquisa mostra que 64% dos brasileiros querem maior controle do governo na economia
Informativo digital da Liderança do PT, Câmara dos Deputados
27.11.2009

Uma pesquisa feita a pedido da BBC em 27 países e divulgada nesta semana revelou que 64% dos brasileiros entrevistados defendem mais controle do governo sobre as principais indústrias do País. Não apenas isso: 87% dos entrevistados defenderam que o governo tenha um maior papel regulando os negócios no País, enquanto 89% defenderam que o Estado seja mais ativo promovendo a distribuição de riquezas.
O levantamento é divulgado em um momento em que o País discute a questão da presença estatal na economia. Definir para que caixa vai a receita levantada com a exploração de recursos naturais importantes, como o petróleo da camada pré-sal, divide opiniões entre os que defendem mais e menos presença do governo no setor econômico.
A insatisfação dos brasileiros com o capitalismo de livre mercado chamou a atenção dos pesquisadores, que qualificaram de “impressionante” os resultados do país. “Não é que as pessoas digam, sem pensar, 'sim, queremos que o governo regulamente mais a atividade das empresas'. No Brasil existe um clamor particular em relação a isso”, disse Steven Kull, o diretor do Programa sobre Atitudes em Políticas Internacionais (Pipa, na sigla em inglês), com sede em Washington.
O percentual de brasileiros que disseram que o capitalismo “tem muitos problemas e precisamos de um novo sistema econômico” (35%) foi maior que a média mundial (23%). Enquanto isso, apenas 8% dos brasileiros opinaram que o sistema “funciona bem e mais regulação o tornaria menos eficiente”, contra 11% na média mundial.
Para outros 43% dos entrevistados brasileiros, o livre mercado “tem alguns problemas, que podem ser resolvidos através de mais regulação ou controle”. A média mundial foi de 51%. “É uma expressão de grande insatisfação com o sistema e uma falta de confiança de que possa ser corrigido”, disse Kull.
Socialismo - “Ao mesmo tempo, não devemos entender que 35% dos brasileiros querem algum tipo de socialismo, esta pergunta não foi incluída. Mas os brasileiros estão tão insatisfeitos com o capitalismo que estão interessados em procurar alternativas.”
A pesquisa ouviu 835 entrevistados entre os dias 2 e 4 de julho, nas ruas de Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
Steven Kull avaliou que esta discussão não é apenas brasileira, mas latino-americana. Para ele, o continente está “mais à esquerda” em relação a outras regiões do mundo. A pesquisa reflete o “giro para a esquerda” que o continente experimentou no fim da década de 1990, quando o modelo de abertura de mercado que se seguiu à queda do muro de Berlim e à dissolução da antiga União Soviética dava sinais de esgotamento.
Começando com a eleição de líderes como Hugo Chávez, na Venezuela, em 1998, o continente viu outros presidentes de esquerda chegarem ao poder, como o próprio Luiz Inácio Lula da Silva, Evo Morales (Bolívia) e Rafael Correa (Equador).

1548) Relacoes especiais Brasil-França (muito além das armas)

Com base nesta nota, abaixo transcrita, do jornalista Carlos Brickmann, ouso afirmar que o assunto da compra de aviões de caça já está resolvido, a favor da França, obviamente, que já colocou submarinos e vários outros brinquedos nas cestas de compras dos militares brasileiros.
Ainda bem que somos um país rico, que pode sair por aí gastando dinheiro com armas, sobretudo com armas que nunca serão usadas e que nos colocam um pouco mais distantes de um acordo de cooperação tecnológica e militar com o único parceiro que poderia integrar o Brasil nos esquemas de segurança em nível internacional.

Dinheiro na água

O Ministério da Defesa pediu empréstimo de R$ 11,2 bilhões a bancos franceses para o Programa de Desenvolvimento de Submarinos. O programa prevê a construção de uma base e de um estaleiro, e a produção de um submarino atômico e quatro convencionais. Os franceses ganham vendendo tecnologia, equipamento e cobrando juros, a Odebrecht ganha por construir base e estaleiros sem concorrência, a Marinha ganha seus submarinos. Você, caro leitor, paga.

1547) Estado da Populacao Mundial - Relatorio do UNPFA

The State of World Population 2009
Facing a changing world: women, population and climate

United Nations Population Fund - November 2009

Available online as PDF [104p.] at: http://www.unfpa.org/swp/2009/en/pdf/EN_SOWP09.pdf

Website: http://www.unfpa.org/swp/2009/en/overview.shtml
French: http://www.unfpa.org/swp/2009/fr/index.shtml

“…..Climate—the average of weather over time—is always changing, but never in known human experience more dramatically than it is likely to change in the coming century. For millennia, since civilizations arose from ancient farming societies, the earth's climate as a whole was relatively stable, with temperatures and patterns of rainfall that have supported human life and its expansion around the globe.
A growing body of evidence shows that recent climate change is primarily the result of human activity. The influence of human activity on climate change is complex. It is about what we consume, the types of energy we produce and use, whether we live in a city or on a farm, whether we live in a rich or poor country, whether we are young or old, what we eat, and even the extent to which women and men enjoy equal rights and opportunities. It is also about our growing numbers—approaching 7 billion.
As the growth of population, economies and consumption outpaces the earth's capacity to adjust, climate change could become much more extreme—and conceivably catastrophic. Population dynamics tell one part of a larger, more intricate story about the way some countries and people have pursued development and defined progress and about how others have had little say in the decisions that affect their lives.
Climate change's influence on people is also complex, spurring migration, destroying livelihoods, disrupting economies, undermining development and exacerbating inequities between the sexes…..”

Contents:

Foreword
Overview
As greenhouse gases accumulate in the atmosphere, droughts, severe storms and rising seas threaten to take an especially heavy toll on women, who make up a large share of the world’s poor.
1 Elements of climate change
The warming of the earth’s atmosphere is triggering extreme weather, melting polar ice caps and acidifying the oceans at a much faster pace than scientists had previously expected. What will happen when the Arctic ice is gone and coral reefs are dead?

2 At the brink
Climate is already changing. Is it too late to do anything about it? Is humanity on an irreversible trajectory toward disaster
3 On the move
Environmental degradation and climate-related disasters will drive people from their homes. But how many people will relocate? Where will they go? Are men or women more likely to migrate?

4 Building resilience
Millions of people will have to adapt to the impacts of climate change. But will women bear a disproportionate share of the burden?

5 Mobilizing for change
Governments and individuals alike must take action now to slow greenhouse gas emissions and prevent catastrophe. Who is taking the lead? What influence does gender have on the outcome?

6 Five steps back from the brink
What can be done to rein in the runaway greenhouse effect and stabilize the planet’s climate?

Notes
Indicators

1546) Politica externa do Brasil - editorial do Washington Post

Muito raramente os jornais americanos fazem editoriais sobre a América Latina, mais raramente ainda sobre países em particular. Apenas quando estão preocupados com algum desenvolvimento insatisfatório aos olhos de Washington, ou que pretendem, justamente, transmitir o que pensa o establishment de Washington -- National Security Council, Department of State, White House -- sobre algum governo em especial. Um editorial nem sempre é feito para distinguir...

A hug from Lula
Why Brazil's president offered a red carpet to Mahmoud Ahmadinejad
Editorial Washington Post, Friday, November 27, 2009

FOR SEVERAL years, U.S. policy in Latin America has aimed at forging a partnership with Brazil. Like the Bush administration before it, the Obama administration sees Latin America's largest country as an emerging superpower whose economic dynamism and relatively stable democracy make it a natural ally. But Brazil's potential has been frequently overestimated in the past; an old saw says it will always be the country of the future. And this week its popular but erratic president, Luiz Inácio Lula da Silva, is doing his best to prove the cynics right.

On Monday Mr. Lula literally gave a bear hug to Iranian President Mahmoud Ahmadinejad, who thereby recorded a major advance in his effort to prop up his shaky domestic and international standing. Heading an extremist regime that is rejected by the majority of Iranians -- and that has just spurned a compromise on its outlaw nuclear program -- the Iranian president headed abroad in search of friends. He found few: Gambia and Senegal in Africa; and Hugo Chávez's Venezuela, along with two of its satellites, Bolivia and Nicaragua.

Mr. Ahmadinejad's world tour would have looked pathetic and served to underline the growing isolation of his hard-line clique, if not for the warm welcome from Mr. Lula. When even Russia is publicly discussing new sanctions against Tehran, the Brazilian government signed 13 cooperation agreements with the regime, prompting Mr. Ahmadinejad to predict that bilateral trade would grow fifteenfold.

Mr. Lula had nothing to say about the bloody suppression of Iran's pro-democracy reform movement, or Mr. Ahmadinejad's denial of the Holocaust and Israel's right to exist. Instead he declared that Iran has a right to its nuclear program. Mr. Ahmadinejad, in turn, endorsed Brazil's bid for a permanent seat on the U.N. Security Council.

Mr. Lula showed why the West would be wise to keep that chair on hold. His advocates say he invited the Iranian president because he aspires to broker peace in the Middle East. If so, the Brazilian president merely demonstrated his ignorance of the region. The Revolutionary Guard faction that Mr. Ahmadinejad represents is the force most implacably opposed to an Israeli-Arab settlement; that's why it backs the terrorism of Hamas and Hezbollah. Mr. Lula's embrace of Mr. Ahmadinejad will not change his fanaticism, but it may make him stronger. It will also ensure that any attempt by Brazil to intervene in the Middle East will be dismissed by Israel and mainstream Arab governments.

Brazil may yet become a regional power; Mr. Lula's mostly sensible domestic policies have made it stronger. But if it is to acquire global influence, Brazil will have to reform the anachronistic Third Worldism that informs its foreign policy. By embracing pariahs such as Mr. Ahmadinejad or attempting to position itself between the democratic West and the world's rogue states, Brazil will merely ensure that it remains the country of the future.

1545) Politica Externa Brasileira na Campanha Presidencial

Comentário inicial PRA: Independente de um julgamento ponderado que se faça sobre a política externa do atual governo, o certo é que intelectuais de academia continuam tão alienados quanto antes, quando se achava que havia uma alternativa o capitalismo perverso. Vejam o que disse Roberto Scharwz numa reunião recente em SP:
"O que me parece errado é adotar uma visão rósea do capitalismo porque o Brasil está com um vento a favor ou porque temos amigos no governo. A irracionalidade e a destrutividade do capitalismo estão aí, visibilíssimos na crise e no despropósito da mercantilização total. E é nessas discussões que o marxismo finca sua crítica, mesmo que, no momento, não faça muitos adeptos."

Ou seja, enquanto o mundo gira, e a Lusitana roda (desculpem a piada antiga), os intelectuais continuam raciocinando em termos de capitalismo e marxismo. Que cabeça esses acadêmicos...


A política externa sob escrutínio popular
Maria Cristina Fernandes
Valor Econômico, 27.11.2009

As "perdas internacionais" de Leonel Brizola e o "fora FMI" de Luiz Inácio Lula da Silva marcaram os limites que, há apenas 20 anos, circunscreveram o tema da Política externa nas eleições presidenciais.

É outro o Brasil que, nesse curto espaço de tempo, vê o eixo do discurso político passar das injustiças da ordem internacional contra o país às pretensões nacionais de maior protagonismo na mediação do conflito do Oriente Médio.

A crítica de próprio punho do governador de São Paulo, José Serra (Folha de S.Paulo, 23/11/2009) à visita do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, marca a estreia do debate da Política externa na campanha presidencial e é, de antemão, um reconhecimento de que o Brasil mudou.

Pela crítica do pré-candidato tucano, depreende-se que o objeto de discórdia é o mérito da visita do governante de um país ditatorial e repressivo e não a pretensão brasileira à mediação.

No dia seguinte o noticiário registraria que nem mesmo o presidente americano questiona as pretensões da diplomacia brasileira. Em carta a Lula, na qual explicitaria suas insatisfações com a visita sem questionar o direito do Brasil de promovê-la, Barack Obama acabaria por aceitar a legitimidade da atuação brasileira ao pedir que a pauta do encontro incluísse direitos humanos e cooperação nuclear.

O historiador brasileiro Luiz Felipe de Alencastro, cuja sede em Paris não o impede de acompanhar detidamente a conjuntura nacional, assistiu à largada do tema na campanha presidencial com incontido interesse.

Custa-lhe entender por que a indignação que cerca a visita de Ahmadinejad não se estende à relação do Brasil com outros países ditatoriais como, por exemplo, a China. O vice-presidente Xi Jinping veio ao Brasil em fevereiro. A visita do representante do país cuja crescente pauta comercial amparou o Brasil na crise não recebeu nenhuma moção de repúdio ou desagrado da oposição.

Alencastro compara a reação contra o presidente iraniano àquela que antecedeu a visita de Lula à Líbia de Khadafi, que precederia sinais de distensão entre as relações do ditador com outros países.

Apesar de Honduras, não vê abandono do princípio da soberania como norteador da Política externa brasileira - O mundo mudou. A não ingerência era uma maneira de se acomodar atrás da liderança americana, diz.

O historiador só vê dois momentos comparáveis ao momento de maior protagonismo das relações exteriores no debate político interno do país, ambos do século XIX - o fim do tráfico negreiro e a Guerra do Paraguai.

E atribui o viés hoje dominante no Itamaraty à retomada da linha que norteou a instituição sob os auspícios de San Thiago Dantas, chanceler do governo João Goulart e paraninfo da turma do ministro Celso Amorim no Rio Branco.

Era o mesmo lado ao qual se perfilava o então presidente da União Nacional dos Estudantes (Une), José Serra. Isso talvez explique por que no seu primeiro libelo de Política externa nessa campanha não haja uma única linha de repúdio ao maior protagonismo adotado pelo Itamaraty.

Tão proveitoso quanto observar a linha de confronto que Serra traçará com seus antigos aliados será acompanhar os atritos dentro de sua própria aliança partidária. Herdeiro das forças que derrotaram San Thiago Dantas e sua turma, o DEM, principal aliado serrista, é hoje o partido mais ativo, nos debates parlamentares, à conduta do Itamaraty.

Sem diferenças gritantes em sua Política econômica e com quaisquer tentativas de limitar as políticas sociais inviabilizadas pelas urnas, o DEM tem usado a Política externa para exercitar um anticomunismo embolorado.

O país das perdas internacionais agora tem poder de veto no FMI, mas o que certamente estará fora do debate é que o ingresso do Brasil não muda o jogo.

Na noite da última terça-feira feira, quando caiu um aguaceiro em São Paulo, tucanos e petistas se misturaram aos intelectuais do Cebrap para comemorar os 40 anos da instituição, da qual Alencastro também foi ativo colaborador. Lá Roberto Schwarz deixaria registrado o depoimento mais contundente sobre os novos tempos do Brasil na ordem mundial.

Dizendo não se arrepender de ter votado em Lula todas as vezes em que este se candidatou e de avaliar positivamente tanto o seu governo quanto o de Fernando Henrique Cardoso, Scharwz assume os riscos de afirmar que, no futuro, ambos os governos, além do de Collor, serão vistos como um único bloco que melhorou a posição relativa do Brasil na globalização.

Fiel às convicções que um dia inspiraram aquele centro de estudos, Scharwz concluiu: O que me parece errado é adotar uma visão rósea do capitalismo porque o Brasil está com um vento a favor ou porque temos amigos no governo. A irracionalidade e a destrutividade do capitalismo estão aí, visibilíssimos na crise e no despropósito da mercantilização total. E é nessas discussões que o marxismo finca sua crítica, mesmo que, no momento, não faça muitos adeptos.

Maria Cristina Fernandes é editora de Política. Escreve às sextas-feiras

E-mail mcristina.fernandes@valor.com.br

1544) Cupula amazonica: um exercicio de lideranca...

Com apenas 3 presidentes, cúpula dos países amazônicos fracassa
Raymundo Costa
Valor Econômico, Sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Prevista para contar com a presença de nove presidentes, a cúpula dos países amazônicos sobre mudança do clima terminou ontem, em Manaus, com participação de apenas três chefes de Estado, inclusive o anfitrião, presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os outros foram Nicolas Sarkozy, da França, e Bharrat Jagdeo, da Guiana.

Lula afirmou que a ausência dos convidados não significa o fiasco da cúpula. Mas nos bastidores diplomáticos, a leitura é que a diplomacia brasileira patrocinou um vexame, para dizer o mínimo. A Declaração de Manaus pouco ou quase nada acrescentou ao que já havia sido dito pelos países da região. Lula e Sarkozy, no entanto, manifestaram confiança na apresentação de uma proposta comum dos países amazônicos à conferência de Copenhague, em dezembro.

Lula disse acreditar que o documento divulgado após a reunião de ontem deve balizar o comportamento dos presidentes da América do Sul em Copenhague. O presidente brasileiro ressaltou que a ausência de seus colegas não tinha maior significado em relação ao conteúdo da proposta, pois o documento já havia sido discutido várias vezes antes pelos técnicos de cada país.

Sarkozy e Lula foram os principais inspiradores da proposta que será levada a Copenhague. Sarkozy disse que Copenhague terá de apresentar números, mas não só aqueles referentes à redução das emissões, mas também o financiamento para a proteção da floresta na Amazônia e França, bacia do Congo, Indonésia e Sibéria. O presidente francês acha que 20% dos US$ 10 bilhões previstos para medidas de proteção climática devem ser destinados especificamente à proteção das florestas, porque a emissão de CO2 do desmatamento representa 20% das emissões causadoras do efeito estufa.

Após firmar um acordo sobre mudanças climáticas com Sarkozy, Lula pensou em tirar uma posição conjunta também dos países que integram a região amazônica - a França entra com o departamento ultramarino da Guiana Francesa. Logo o Itamaraty se deu conta de que haveria problemas de agenda. Sarkozy, em Paris, dissera ao presidente que era só marcar que ele compareceria, independentemente da data. No início desta semana, apenas quatro dos nove presidentes indicavam que iriam a Manaus.

Além de Lula, Sarkozy e Jadgedo, o Itamaraty esperava os presidente da Colômbia, Alvaro Uribe, do Equador, Rafael Correa, e o venezuelano Hugo Chávez. Na véspera da cúpula, Uribe mandou avisar que não poderia comparecer, porque estava com problemas de saúde - na realidade, uma inflamação no pé. A desculpa foi entendida como um pretexto para não se encontrar com o desafeto Chávez.

No dia seguinte, o próprio Chávez informou que não viajaria ao Amazonas, porque teria de atender os presidentes do Irã e da Palestina, em visita a Caracas. Nos meios diplomáticos, as duas explicações soaram como desculpas esfarrapadas.

O presidente Lula manifestou confiança na obtenção de resultados concretos em Copenhague, porque há uma semana, ou menos, se dizia que os Estados Unidos e a China não apresentariam proposta de redução de emissão de gases, e no entanto isso mudou. O mesmo raciocínio, segundo Lula, serve para o que aconteceu em Manaus: apesar do fracasso de público, a adesão dos países da região se mostrará um sucesso em Copenhague.

É crítico que se gere financiamento adequado e previsível para essas atividades (de preservação da floresta amazônica) , diz a Declaração de Manaus. Apoiamos a redução de emissões por desmatamento e degradação florestal, o papel de conservação, manejo florestal sustentável e aumento do estoque de carbono florestal, no âmbito do regime de mudança do clima, com apoio financeiro e tecnológico internacional apropriado para cada uma delas e proteção da diversidade biológica.

Segundo o documento, as florestas estão no cerne de nossas políticas de mitigação e acreditamos que devem constituir parte importante do resultado acordado de Copenhague.

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Ausência de presidentes em Manaus constrange Lula
O Estado de S. Paulo, 27.11.2009

A ausência de sete dos oito presidentes amazônicos convidados para o encontro de Manaus irritou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na opinião do governo, a atitude revela o interesse nulo que há na região pelo tema das mudanças climáticas.
O documento assinado no fim da reunião, à qual compareceram apenas Bharrat Jagdeo, da Guiana, e o francês Nicolas Sarkozy, representando a Guiana Francesa, mantém um discurso comum entre os países que têm florestas: nós protegemos, vocês pagam. Na carta, os nove se comprometem com um crescimento econômico sustentável, inclusão social e sustentabilidade climática, mas cobram financiamento adequado e previsível.

O documento que assinamos hoje tem a mesma validade que teria se estivessem presentes todos os presidentes, afirmou Lula. Ele vai balizar o comportamento dos chefes de Estado da América do Sul em Copenhague, sem que nenhum presidente abra mão da soberania do seu Estado. Lula também disse que a hora é de responsabilidade coletiva, que estamos assumindo. A negociação do clima é como a muralha da China. É longa, é cansativa, mas alguém teve de colocar a primeira pedra.

O presidente francês explicou que propôs que 20% dos recursos do fundo de financiamento da União Europeia que deverá ser criado durante a COP-15 financie ações contra o desmatamento e disse que pretende pressionar a UE para apresentar em Copenhague a meta de 30% de redução de emissões em relação a 1990, e não de 20%.

Mas a ausência da maioria deixou Lula em situação constrangedora. Pessoalmente interessado em levar a voz da Amazônia a Copenhague, ele se empenhou em convidar pessoalmente os colegas e, na abertura da reunião da tarde, teve de explicar a ausência dos demais.

A desculpa do presidente Álvaro Uribe (Colômbia) foi um machucado na perna, resultado de uma queda de um cavalo. Hugo Chávez (Venezuela) alegou que o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, teria estendido sua visita ao país - na verdade ele foi embora na manhã de ontem - e que o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, chegaria durante a tarde. Evo Morales (Bolívia) disse não querer se ausentar por conta das eleições; Rafael Correa (Equador) está na Bélgica; Alan García (Peru) e Ronald Venetiaan (Suriname) alegaram problemas de agenda. Ao final, até a foto oficial foi cancelada.

LISANDRA PARAGUASSÚ e DENISE CHRISPIM MARIN, ENVIADAS ESPECIAIS

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

1543) Olimpiadas de 1936 na Alemanha nazista: quando a estupidez sobe ao podio...


Gretel Bergmann en 2008.
Esta história é exemplar de como a mais completa estupidez humana, no caso a do racismo hitlerista anti-judeu, pode distorcer os registros objetivos de uma simples competição esportiva. Nunca, em qualquer época, a insanidade de um homem marcou de maneira tão profunda os destinos de um povo, o alemão, em sua componente germânica e em sua comunidade judia, aqui já apontando para o mal absoluto que conduziria ao Holocausto.

Renié par les nazis, le record de Gretel Bergmann enfin homologué
LE MONDE, 24.11.09

Une championne allemande juive, qui avait égalé le record national de saut en hauteur en 1936, mais dont la performance n'avait pas été reconnue par le pouvoir nazi, va voir cette injustice corrigée. "Lors de son 45e congrès, la Fédération allemande d'athlétisme (DLV) a décidé de reconnaître comme record allemand la performance de Gretel Bergmann", a indiqué mardi à l'AFP le président d'honneur de la fédération, Theo Rous.

Le 30 juin 1936, l'athlète juive de 22 ans avait franchi 1,60 m, égalant le record d'Allemagne. En refusant d'homologuer cette performance, le pouvoir nazi avait aussi privé l'athlète d'une participation aux Jeux olympiques de Berlin en 1936.

L'Allemagne ne présenta finalement que deux concurrentes dont l'une, Dora Ratjen, s'avéra plus tard être un homme. Le concours fut finalement remporté par une athlète hongroise, qui s'imposa sur une barre à 1,60 m...

Gretel Bergman, aujourd'hui âgée de 95 ans, pense qu'elle aurait de toute façon été perdante si elle avait participé aux JO : "Aurais-je gagné que ma vie aurait été mise en danger parce que la victoire d'une juive aurait été considérée comme une insulte. Et si j'avais perdu, j'aurais été la risée de tous."

(The Nazi Olympics, 1936 - You Tube)

Depuis, Gretel Bergmann n'est pas tombée dans l'oubli : exilée aux Etats-Unis, elle y poursuivit sa carrière sportive jusqu'en 1939. Mariée à un Américain, elle acquit la citoyenneté américaine. En 2004, la chaîne HBO lui consacrait un documentaire (Hitler's Prawn).

En Allemagne, l'inauguration de la Gretel Bergmann Sports Arena à Berlin en 1995 fut l'un des premiers signes forts en vue de la "réhabilitation" de l'athlète. En 1999, à l'occasion de l'inauguration d'un stade à son nom dans sa ville natale, Laupheim, celle qu'on doit maintenant appeler Gretell Bergmann-Lambert revint pour la première fois en Allemagne. Puis, tout récemment, le parcours de Gretell Bergmann-Lambert a été retracé au cinéma par l'Allemand Kaspar Heidelbach dans le film Berlin 36.

M. Rous explique que ce film "a rouvert la discussion au sein de la DLV sur le sort de Gretel Bergmann et joué un grand rôle dans la décision de faire reconnaître son titre. (...) Nous savons que cela ne peut être une réparation mais c'est moralement un geste important et un acte de justice qui devraient lui faire plaisir", a indiqué M. Rous.

(Berlin Olympics - Trailer - You Tube)

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...