Da coluna diária do jornalista gaúcho Políbio Braga:
Saiba por que Obama não acha mais que Lula é “O Cara”
15 de abril de 2010
As imagens e as notícias sobre a Cúpula de Segurança Nuclear mostram que resultaram esfriadas as relações entre Barak Obama e Lula.
. Obama, que já considerou Lula a verdadeira encarnação de “O Cara”, ignorou-o em Washington.
. O que ocorreu:
1) Obama caiu na real dentro do próprio contexto do papel que jogam os EUA, fazendo menos concessões a situações e figuras exóticas como Lula.
2) Lula tem criado embaraços para os americanos em função do apoio ou tolerância a notórios inimigos dos EUA.
. A hora da verdade chegou antes para Obama e muito tarde para Lula.
Políbio Braga
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
quarta-feira, 14 de abril de 2010
2104) Avatares da cooperacao militar Brasil-EUA: Marcelo Rech
Brasil – EUA: a cooperação incomoda
Marcelo Rech
Inforel, 14/04/2010 - 15h52
A cada 15 dias pelo menos, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirma em algum evento que vai entregar “na próxima semana” o relatório final sobre a escolha do caça que vai integrar a frota da Força Aérea Brasileira (FAB).
E que o presidente da República reunirá o Conselho de Defesa Nacional para bater o martelo.
Uma celeuma que parece não ter fim.
Às vezes o governo dá a entender que o negócio com a França está fechado. Outras, que os concorrentes têm chances.
Há momentos em que sinaliza com o encerramento da licitação sem definição alguma, copiando o governo tucano.
Na prática, esse negócio de uns US$ 4 bilhões tem sido costurado sem transparência alguma, sugerindo que interesses outros sejam determinantes para que o anúncio seja feito de uma vez por todas.
Ou não.
Depois de se distanciar dos Estados Unidos, de reclamar de sua presença militar na América do Sul e de confrontá-lo com um apoio incondicional ao Irã e a Cuba, o governo assina um pacto estratégico justamente neste campo.
Os Estados Unidos não terão bases à sua disposição, seus militares não gozaram de imunidades e eles não estarão permanentemente por aqui.
Ainda assim, trata-se de uma aliança que irrita a vizinhança, principalmente aqueles que não viram nada demais a Colômbia ampliar seus entendimentos com o Pentágono.
Aceitaram endossar as queixas de Brasília e agora se sentem enganados.
Isso sem contar Bolívia, Equador e Venezuela, que sustentavam seus discursos anti-Império tendo a postura brasileira como pano de fundo.
Se a Colômbia não podia o que faz pensar o ministério da Defesa que o Brasil pode?
Essa é uma das perguntas que Nelson Jobim terá de responder no dia 6 em Quito quando seus homólogos se sentarem na mesma mesa para discutir o assunto.
A exemplo da licitação dos caças, o tema foi muito mal conduzido.
Cheira a oportunismo, coisa de quem se acha melhor que os outros.
Enquanto diziam uma coisa em público, faziam outra em privado.
O acordo assinado em Washington constitui um poderoso instrumento jurídico que permitirá aos dois países detalhar como, quando e em que condições, a cooperação avançará.
Pesquisa e desenvolvimento, intercâmbio de informação militar, projetos e programas tecnológicos e comércio, na área de defesa não é o mesmo que em turismo ou esportes.
Para os Estados Unidos, esse documento é fundamental. Atende aos seus interesses estratégicos na região, mesmo que o Brasil insista em diminuir sua importância.
Se não tem relevância, por que assiná-lo?
O ministro da Defesa foi taxativo ao reconhecer que agora o Brasil está no jogo para vencer (a licitação da Força Aérea norte-americana) um negócio que pode chegar a 200 aeronaves Super Tucano.
Resta saber se o F-18 Super Hornet, fabricado pela norte-americana Boeing, também ressurge das cinzas no arrastado FX2.
Não fosse o lobby instalado no Congresso Nacional pelas empresas na disputa, seria um bom tema a ser investigado.
Marcelo Rech é jornalista, editor do InfoRel e especialista em Relações Internacionais, Estratégias e Políticas de Defesa e Terrorismo e contra-insurgência. Correio eletrônico: inforel@inforel.org
Marcelo Rech
Inforel, 14/04/2010 - 15h52
A cada 15 dias pelo menos, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirma em algum evento que vai entregar “na próxima semana” o relatório final sobre a escolha do caça que vai integrar a frota da Força Aérea Brasileira (FAB).
E que o presidente da República reunirá o Conselho de Defesa Nacional para bater o martelo.
Uma celeuma que parece não ter fim.
Às vezes o governo dá a entender que o negócio com a França está fechado. Outras, que os concorrentes têm chances.
Há momentos em que sinaliza com o encerramento da licitação sem definição alguma, copiando o governo tucano.
Na prática, esse negócio de uns US$ 4 bilhões tem sido costurado sem transparência alguma, sugerindo que interesses outros sejam determinantes para que o anúncio seja feito de uma vez por todas.
Ou não.
Depois de se distanciar dos Estados Unidos, de reclamar de sua presença militar na América do Sul e de confrontá-lo com um apoio incondicional ao Irã e a Cuba, o governo assina um pacto estratégico justamente neste campo.
Os Estados Unidos não terão bases à sua disposição, seus militares não gozaram de imunidades e eles não estarão permanentemente por aqui.
Ainda assim, trata-se de uma aliança que irrita a vizinhança, principalmente aqueles que não viram nada demais a Colômbia ampliar seus entendimentos com o Pentágono.
Aceitaram endossar as queixas de Brasília e agora se sentem enganados.
Isso sem contar Bolívia, Equador e Venezuela, que sustentavam seus discursos anti-Império tendo a postura brasileira como pano de fundo.
Se a Colômbia não podia o que faz pensar o ministério da Defesa que o Brasil pode?
Essa é uma das perguntas que Nelson Jobim terá de responder no dia 6 em Quito quando seus homólogos se sentarem na mesma mesa para discutir o assunto.
A exemplo da licitação dos caças, o tema foi muito mal conduzido.
Cheira a oportunismo, coisa de quem se acha melhor que os outros.
Enquanto diziam uma coisa em público, faziam outra em privado.
O acordo assinado em Washington constitui um poderoso instrumento jurídico que permitirá aos dois países detalhar como, quando e em que condições, a cooperação avançará.
Pesquisa e desenvolvimento, intercâmbio de informação militar, projetos e programas tecnológicos e comércio, na área de defesa não é o mesmo que em turismo ou esportes.
Para os Estados Unidos, esse documento é fundamental. Atende aos seus interesses estratégicos na região, mesmo que o Brasil insista em diminuir sua importância.
Se não tem relevância, por que assiná-lo?
O ministro da Defesa foi taxativo ao reconhecer que agora o Brasil está no jogo para vencer (a licitação da Força Aérea norte-americana) um negócio que pode chegar a 200 aeronaves Super Tucano.
Resta saber se o F-18 Super Hornet, fabricado pela norte-americana Boeing, também ressurge das cinzas no arrastado FX2.
Não fosse o lobby instalado no Congresso Nacional pelas empresas na disputa, seria um bom tema a ser investigado.
Marcelo Rech é jornalista, editor do InfoRel e especialista em Relações Internacionais, Estratégias e Políticas de Defesa e Terrorismo e contra-insurgência. Correio eletrônico: inforel@inforel.org
2103) Ironias da cooperacao militar na America do Sul: Venezuela vai romper relacoes com o Brasil, depois do acordo com os EUA?
Não deixa de ser, de fato, irônico, se a Venezuela rompesse relações com o Brasil, depois da assinatura do acordo militar Brasil-EUA, sem consulta prévia, cabe recordar, aos sócios do Conselho Sul-Americano de Defesa, um dos avatares da Unasul (ainda não aprovada legalmente pelos países membros e portanto, ainda não funcionando de forma plena, ainda que isto não a impede de se reunir politicamente, e de fazer o que sempre faz: declarações).
O Brasil se limitou a "informar", ao que parece, seus sócios da Unasul e do Conselho, sem provavelmente transmitir o teor do acordo, que só foi assinado recentemente, e não envolve, como se sabe, bases militares americanas no Brasil, mas apenas cooperação logística, treinamento e formação e, mais importante, trocas comerciais e comércio de material bélico.
Uma diplomacia soberana poderia reagir assim a pergunta desse jornalista abusado: "exige resposta de quem, cara pálida?; Brasil é um país soberano, pode fazer acordos de qualquer natureza com qualquer país do mundo, e não tem de prestar contas, nem antes, nem durante, nem depois, a quem quer que seja. Estamos conversados. Ponto."
Seria simples assim.
O problema foi que a diplomacia soberana criou essa coisa chamada Conselho Sul-Americano de Defesa, que teoricamente recomendaria consultas, informação, troca de notas, reuniões de seu órgão pleno, ou seja lá mais o que for, para ser totalmente transparente, cooperativo, politicamente correto.
Foi assim pelo menos que o Brasil agiu quando dos acordos militares da Colombia com os EUA, praticamente exigindo que a Colombia revelasse todo o seu teor e "desse garantias" de que as bases e o acordo não seriam usados contra nenhum país da região.
Foi a partir desse acordo que Chávez rompeu relações com a Colombia e assinou acordos militares com a Rússia, não apenas os de compra de equipamentos, até hoje não revelados ao Conselho.
Curioso que a diplomacia brasileira jamais se pronunciou a esse respeito, embora os casos sejam relativamente similares, ainda que não envolvam, no caso dos acordos militares da Venezuela com a Russia, instalação de bases ou permanência de tropas russas na Venezuela. Mas se trata de compras maciças que, em teoria, desequilibram a relação de forças na região e em relação aos quais as FFAA brasileiras devem estar legitimamente preocupadas.
Talvez elas tenham recebido informações suficientes e completas, seja bilateralmente (e secretamente), seja via seus adidos militares em Caracas.
Mas que se trata de DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS, disso não cabe nenhuma dúvida.
Paulo Roberto de Almeida (14.04.2010)
Acuerdo militar Brasil – EUA: La región exige respuestas
Marcelo Rech
Inforel, 14/04/2010 - 14h45
El año pasado, Brasil ha liderado un grupo de países de la región para exigir garantías de Colombia y Estados Unidos acerca del acuerdo militar que firmaban en Bogotá.
Un acuerdo que permite el uso de siete bases militares colombianas por los 1.800 soldados norteamericanos que actúan en el país.
Hugo Chávez hizo del tema su principal argumento para comprar US$ 5 billones en armamentos de Rusia.
Pese el cuidado del ministerio de Defensa al informar el mes de marzo todos los países miembros de la Unión de Naciones Sudamericanas (Unasur), respecto las negociaciones, el asunto ha generado un tremendo malestar.
Colombia, por ejemplo, quiere saber sí Venezuela pretende congelar las relaciones con Brasil.
Es una ironía inteligente.
Ha sido una tradición que la Venezuela de Chávez rompa relaciones con los países que se animan fortalecer sus relaciones con los Estados Unidos.
¿Porque sería diferente con Brasil?
Hace poco, los departamentos de Defensa y de Estado, de los Estados Unidos han reclamado la falta de transparencia en las negociaciones entre Venezuela y Rusia.
El acuerdo Brasil – Estados Unidos se ha tornado público el momento que las negociaciones ya se habían concluido.
La semana pasada, el principal responsable de la política externa norteamericana para el Hemisferio Occidental, Arturo Valenzuela, realizó una gira por la región.
Desde Ecuador, afirmó que el acuerdo con Brasil era parte de la política ordinaria norteamericana y que el presidente Barack Obama, diferentemente de su antecesor, trabaja por el multilateralismo.
En la práctica, tenemos dos pesos y dos medidas.
El acuerdo que acaba de firmar con los Estados Unidos saca de Brasil cualquier posibilidad de exigir transparencia de sus vecinos.
Fue gestado bajo intereses comerciales.
Puede influir en la compra y venta de equipos militares sin que sepamos los niveles de entendimiento.
También atiende una antigua demanda de los militares brasileños que por buen tiempo quedaron alijados de las escuelas norteamericanas gracias las discordancias ideológicas de los gobiernos.
Cabe apuntar: ¿será que el Senado, tan duro con las políticas de Brasil hacia Irán y Cuba, cobrará explicaciones del señor ministro?
Marcelo Rech es periodista, editor de InfoRel y especialista en Relaciones Internacionales, Estrategias y Políticas de Defensa y Terrorismo y contrainsurgencia.
Correo electrónico: inforel@inforel.org
O Brasil se limitou a "informar", ao que parece, seus sócios da Unasul e do Conselho, sem provavelmente transmitir o teor do acordo, que só foi assinado recentemente, e não envolve, como se sabe, bases militares americanas no Brasil, mas apenas cooperação logística, treinamento e formação e, mais importante, trocas comerciais e comércio de material bélico.
Uma diplomacia soberana poderia reagir assim a pergunta desse jornalista abusado: "exige resposta de quem, cara pálida?; Brasil é um país soberano, pode fazer acordos de qualquer natureza com qualquer país do mundo, e não tem de prestar contas, nem antes, nem durante, nem depois, a quem quer que seja. Estamos conversados. Ponto."
Seria simples assim.
O problema foi que a diplomacia soberana criou essa coisa chamada Conselho Sul-Americano de Defesa, que teoricamente recomendaria consultas, informação, troca de notas, reuniões de seu órgão pleno, ou seja lá mais o que for, para ser totalmente transparente, cooperativo, politicamente correto.
Foi assim pelo menos que o Brasil agiu quando dos acordos militares da Colombia com os EUA, praticamente exigindo que a Colombia revelasse todo o seu teor e "desse garantias" de que as bases e o acordo não seriam usados contra nenhum país da região.
Foi a partir desse acordo que Chávez rompeu relações com a Colombia e assinou acordos militares com a Rússia, não apenas os de compra de equipamentos, até hoje não revelados ao Conselho.
Curioso que a diplomacia brasileira jamais se pronunciou a esse respeito, embora os casos sejam relativamente similares, ainda que não envolvam, no caso dos acordos militares da Venezuela com a Russia, instalação de bases ou permanência de tropas russas na Venezuela. Mas se trata de compras maciças que, em teoria, desequilibram a relação de forças na região e em relação aos quais as FFAA brasileiras devem estar legitimamente preocupadas.
Talvez elas tenham recebido informações suficientes e completas, seja bilateralmente (e secretamente), seja via seus adidos militares em Caracas.
Mas que se trata de DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS, disso não cabe nenhuma dúvida.
Paulo Roberto de Almeida (14.04.2010)
Acuerdo militar Brasil – EUA: La región exige respuestas
Marcelo Rech
Inforel, 14/04/2010 - 14h45
El año pasado, Brasil ha liderado un grupo de países de la región para exigir garantías de Colombia y Estados Unidos acerca del acuerdo militar que firmaban en Bogotá.
Un acuerdo que permite el uso de siete bases militares colombianas por los 1.800 soldados norteamericanos que actúan en el país.
Hugo Chávez hizo del tema su principal argumento para comprar US$ 5 billones en armamentos de Rusia.
Pese el cuidado del ministerio de Defensa al informar el mes de marzo todos los países miembros de la Unión de Naciones Sudamericanas (Unasur), respecto las negociaciones, el asunto ha generado un tremendo malestar.
Colombia, por ejemplo, quiere saber sí Venezuela pretende congelar las relaciones con Brasil.
Es una ironía inteligente.
Ha sido una tradición que la Venezuela de Chávez rompa relaciones con los países que se animan fortalecer sus relaciones con los Estados Unidos.
¿Porque sería diferente con Brasil?
Hace poco, los departamentos de Defensa y de Estado, de los Estados Unidos han reclamado la falta de transparencia en las negociaciones entre Venezuela y Rusia.
El acuerdo Brasil – Estados Unidos se ha tornado público el momento que las negociaciones ya se habían concluido.
La semana pasada, el principal responsable de la política externa norteamericana para el Hemisferio Occidental, Arturo Valenzuela, realizó una gira por la región.
Desde Ecuador, afirmó que el acuerdo con Brasil era parte de la política ordinaria norteamericana y que el presidente Barack Obama, diferentemente de su antecesor, trabaja por el multilateralismo.
En la práctica, tenemos dos pesos y dos medidas.
El acuerdo que acaba de firmar con los Estados Unidos saca de Brasil cualquier posibilidad de exigir transparencia de sus vecinos.
Fue gestado bajo intereses comerciales.
Puede influir en la compra y venta de equipos militares sin que sepamos los niveles de entendimiento.
También atiende una antigua demanda de los militares brasileños que por buen tiempo quedaron alijados de las escuelas norteamericanas gracias las discordancias ideológicas de los gobiernos.
Cabe apuntar: ¿será que el Senado, tan duro con las políticas de Brasil hacia Irán y Cuba, cobrará explicaciones del señor ministro?
Marcelo Rech es periodista, editor de InfoRel y especialista en Relaciones Internacionales, Estrategias y Políticas de Defensa y Terrorismo y contrainsurgencia.
Correo electrónico: inforel@inforel.org
2102) Das SS e dos Camisas Negras as Milicias Bolivarianas
Hitler tinha a suas tropas de assalto (alem das Hitler Jugend, que lhe permitia enquadrar a juventude), Mussolini tinha os seus camisas negras, que faziam o trabalho sujo de bater nos democratas e opositores nas ruas, e entregá-los para a polícia política para um serviço mais completo (por vezes definitivo). Está se inaugurando, na América do Sul, práticas similares.
Ditadores raramente confiam nas Forças Armadas profissionais; eles preferem ter suas próprias tropas de fiéis, geralmente imbecis submetidos a lavagem cerebral, comprados a custa de favores e privilégios, que exibem fidelidade canina ao chefe, geralmente a margem da lei e sem controle judicial.
Atuam com base na intimidação, na violência física, no arbítrio e no mais puro autoritarismo. São típicos de ditaduras totais, quando é preciso controlar a sociedade, que já não mais aceita continuar com o mesmo fascista no poder...
Paulo Roberto de Almeida
Chávez juramenta a 30.000 milicianos en el aniversario del frustrado golpe de Estado
MAYE PRIMERA - Caracas -
El País, 14/04/2010
El presidente de Venezuela, con la espada de Simón Bolívar: "La amenaza golpista e imperialista no ha terminado ni terminará a corto plazo"
Milicianos que cargan sus fusiles de asalto FAL, sin cargamento.- foto AP
La multitud que aclama al presidente venezolano Hugo Chávez ha cambiado radicalmente de color. Solía ser roja, civil y bulliciosa. El martes, durante el acto organizado por el Gobierno para celebrar el octavo aniversario del regreso al poder del comandante tras el golpe de Estado de 2002, fue verde oliva, militar, silenciosa, atenta a una voz de orden cerrado para romper filas después del discurso presidencial. Era el mismo pueblo, según Chávez, pero ahora armado con fusiles y vestido de milicia para defender "la patria de (Simón) Bolívar, la revolución socialista". En cifras oficiales, más de 30.000 hombres y mujeres, a los que el presidente tomó juramento de lealtad en el que bautizó como "Día de la Milicia Bolivariana, del Pueblo en Armas y de la Revolución de Abril".
"A ver... levanten el fusil las milicias estudiantiles", les arengó el comandante. Y el primer bloque de tropa frente a la tarima —varias hileras de universitarios— alzaba las armas. No llevaban los fusiles Kaláshnikov, de los 100.000 que recientemente compró el Gobierno venezolano a Rusia, sino los viejos fusiles ligeros de asalto (FAL) que solía usar el Ejército. A este gesto, Chávez aseguró que Venezuela no está en medio de ninguna "carrera armamentista": "Hay que tener cinismo para decir eso, sobre todo si lo dice ese imperio maldito que es el imperio yanqui, que un día desaparecerá de la faz del planeta".
Los milicianos son, en su totalidad, empleados públicos, integrantes de Consejos Comunales —organización popular creada por el Gobierno— y estudiantes de la Universidad de la Fuerza Armada. Son amas de casa, jubilados, oficinistas... Difícilmente se colaría entre ellos un "escuálido" (opositor). Pero, por las dudas, las armas que llevaban no tenían cargador y ni balas. Se las entregaron horas antes de comenzar el acto, tras mostrar cada uno su cédula de identidad al pie de un camión de reparto. El presidente confesó más tarde que aún teme un ataque en su contra: "Las conspiraciones siguen a la orden del día, mi asesinato sigue a la orden del día".
Luego llegó la hora de la jura, y Chávez se enfundó unos guantes negros para tomar en sus manos la espada de Bolívar: un sable de oro, acuñado en diamantes que le fue obsequiado al prócer en Lima, en 1825. "Esta espada la conseguí por ahí, en el Banco Central, donde los escuálidos la habían guardado. Estaba en una fría bóveda. Voy a desenvainarla en ocasiones memorables, como esta". Entonces la empuñó sobre su cabeza, pidió a los milicianos que hicieran lo mismo con el fusil, y les hizo prometer que no darían descanso a su brazo hasta liberar a Venezuela. ¿De qué? De los yanquis, de la burguesía. Les pidió "radicalizar la revolución a fondo" y "barrer" a esa burguesía de todos los espacios políticos y económicos si acaso se aventuraba a perpetrar un magnicidio, o si se atrevía a sacar más votos que el Partido Socialista Unido de Venezuela en los comicios parlamentarios del 26 de septiembre.
"No podemos permitir que la burguesía ocupe espacios en la Asamblea Nacional. Toda la Asamblea Nacional debe ser del pueblo", ordenó Chávez a sus seguidores. "Ellos no vienen a gobernar, vienen a tratar de desestabilizar el país, a echar atrás las leyes revolucionarias y eso no lo podemos permitir". Al hablar de "burguesía" se refería a la pléyade de partidos de oposición agrupados en la Mesa de la Unidad Democrática, que van desde la extrema derecha a la extrema izquierda. A diferencia de las elecciones parlamentarias de 2005, a las que la oposición decidió no presentarse, esta vez la Mesa de la Unidad se ha propuesto llevar candidatos únicos para asegurarse tantos escaños como sea posible. Y Chávez, que hoy en día cuenta con el voto de las dos terceras partes del Parlamento, ya se había acostumbrado a gobernar solo.
Ditadores raramente confiam nas Forças Armadas profissionais; eles preferem ter suas próprias tropas de fiéis, geralmente imbecis submetidos a lavagem cerebral, comprados a custa de favores e privilégios, que exibem fidelidade canina ao chefe, geralmente a margem da lei e sem controle judicial.
Atuam com base na intimidação, na violência física, no arbítrio e no mais puro autoritarismo. São típicos de ditaduras totais, quando é preciso controlar a sociedade, que já não mais aceita continuar com o mesmo fascista no poder...
Paulo Roberto de Almeida
Chávez juramenta a 30.000 milicianos en el aniversario del frustrado golpe de Estado
MAYE PRIMERA - Caracas -
El País, 14/04/2010
El presidente de Venezuela, con la espada de Simón Bolívar: "La amenaza golpista e imperialista no ha terminado ni terminará a corto plazo"
Milicianos que cargan sus fusiles de asalto FAL, sin cargamento.- foto AP
La multitud que aclama al presidente venezolano Hugo Chávez ha cambiado radicalmente de color. Solía ser roja, civil y bulliciosa. El martes, durante el acto organizado por el Gobierno para celebrar el octavo aniversario del regreso al poder del comandante tras el golpe de Estado de 2002, fue verde oliva, militar, silenciosa, atenta a una voz de orden cerrado para romper filas después del discurso presidencial. Era el mismo pueblo, según Chávez, pero ahora armado con fusiles y vestido de milicia para defender "la patria de (Simón) Bolívar, la revolución socialista". En cifras oficiales, más de 30.000 hombres y mujeres, a los que el presidente tomó juramento de lealtad en el que bautizó como "Día de la Milicia Bolivariana, del Pueblo en Armas y de la Revolución de Abril".
"A ver... levanten el fusil las milicias estudiantiles", les arengó el comandante. Y el primer bloque de tropa frente a la tarima —varias hileras de universitarios— alzaba las armas. No llevaban los fusiles Kaláshnikov, de los 100.000 que recientemente compró el Gobierno venezolano a Rusia, sino los viejos fusiles ligeros de asalto (FAL) que solía usar el Ejército. A este gesto, Chávez aseguró que Venezuela no está en medio de ninguna "carrera armamentista": "Hay que tener cinismo para decir eso, sobre todo si lo dice ese imperio maldito que es el imperio yanqui, que un día desaparecerá de la faz del planeta".
Los milicianos son, en su totalidad, empleados públicos, integrantes de Consejos Comunales —organización popular creada por el Gobierno— y estudiantes de la Universidad de la Fuerza Armada. Son amas de casa, jubilados, oficinistas... Difícilmente se colaría entre ellos un "escuálido" (opositor). Pero, por las dudas, las armas que llevaban no tenían cargador y ni balas. Se las entregaron horas antes de comenzar el acto, tras mostrar cada uno su cédula de identidad al pie de un camión de reparto. El presidente confesó más tarde que aún teme un ataque en su contra: "Las conspiraciones siguen a la orden del día, mi asesinato sigue a la orden del día".
Luego llegó la hora de la jura, y Chávez se enfundó unos guantes negros para tomar en sus manos la espada de Bolívar: un sable de oro, acuñado en diamantes que le fue obsequiado al prócer en Lima, en 1825. "Esta espada la conseguí por ahí, en el Banco Central, donde los escuálidos la habían guardado. Estaba en una fría bóveda. Voy a desenvainarla en ocasiones memorables, como esta". Entonces la empuñó sobre su cabeza, pidió a los milicianos que hicieran lo mismo con el fusil, y les hizo prometer que no darían descanso a su brazo hasta liberar a Venezuela. ¿De qué? De los yanquis, de la burguesía. Les pidió "radicalizar la revolución a fondo" y "barrer" a esa burguesía de todos los espacios políticos y económicos si acaso se aventuraba a perpetrar un magnicidio, o si se atrevía a sacar más votos que el Partido Socialista Unido de Venezuela en los comicios parlamentarios del 26 de septiembre.
"No podemos permitir que la burguesía ocupe espacios en la Asamblea Nacional. Toda la Asamblea Nacional debe ser del pueblo", ordenó Chávez a sus seguidores. "Ellos no vienen a gobernar, vienen a tratar de desestabilizar el país, a echar atrás las leyes revolucionarias y eso no lo podemos permitir". Al hablar de "burguesía" se refería a la pléyade de partidos de oposición agrupados en la Mesa de la Unidad Democrática, que van desde la extrema derecha a la extrema izquierda. A diferencia de las elecciones parlamentarias de 2005, a las que la oposición decidió no presentarse, esta vez la Mesa de la Unidad se ha propuesto llevar candidatos únicos para asegurarse tantos escaños como sea posible. Y Chávez, que hoy en día cuenta con el voto de las dos terceras partes del Parlamento, ya se había acostumbrado a gobernar solo.
2101) Multiculturalidade: do ridículo ao autoritário
Todas as imposições são antidemocráticas, mesmo as que se vestem de multiculturalismo ou de relativismo cultural.
Bolívia - Cultura
Viceministerio obliga a vestir trajes típicos a funcionarios
La Prensa, La Paz - Bolivia, Martes, 13 de abril de 2010
ATUENDOS: Un instructivo del Viceministro de Interculturalidad obliga a los funcionarios a lucir ropa originaria cada lunes. La Defensora indaga posible exceso.
Cumplimiento: una funcionaria luce un traje antiguo de chola paceña
El viceministro de Interculturalidad del Ministerio de Culturas, Miguel Peña, instruyó a los funcionarios de su despacho a vestir los trajes típicos con los cuales se identifican, merced a sus respectivas regiones. La orden debe aplicarse cada lunes.
Así, el cumplimiento de esta decisión inició ayer, cuando al menos diez funcionarios que trabajan en ese despacho acudieron a su puesto luciendo diferentes atuendos originarios que representaban a las distintas culturas del rico acervo nacional.
Un chaqueño, dos cholas paceñas (una moderna y otra con vestimenta antigua), un potosino; una chola chuquisaqueña, un beniano y un pandino fueron los protagonistas de esta representación de la interculturalidad.
Por la mañana, el propio Viceministro, de origen beniano, hizo gala de su traje típico de moxeño, poco antes de iniciar una conferencia de prensa, la que fue aprovechada para que los atuendos fuesen exhibidos ante las cámaras de los medios de comunicación.
El viceministro Peña informó que esta política se aplicará todos los lunes, con el propósito de hacer conocer las diversas culturas que tiene Bolivia, además de difundir la existencia de un Viceministerio de Interculturalidad.
Algunos funcionarios, que prefirieron mantenerse en el anonimato, señalaron que este instructivo se les comunicó a inicios de gestión, en enero. “Yo me tuve que fletar el vestuario, pero para mí no es mucho problema porque yo soy paceña”, dijo una de las funcionarias, quien trabaja en esa repartición gubernamental, ubicada en el segundo piso del Ministerio de Culturas.
Otra trabajadora no pareció muy satisfecha con la decisión y lo único que dijo fue que es una orden del jefe y no queda más que cumplirla. “¿No ve? Todos mis compañeros están disfrazados con sus trajes de fiesta”. No obstante, otro funcionario afirmó que habría un acuerdo con los empleados para usar estas prendas.
En la tarde, La Prensa confirmó en un recorrido que algunos funcionarios continuaban despachando con sus atuendos típicos.
En la unidad de Comunicación del Ministerio de Culturas no se entregaron mayores explicaciones sobre el alcance ni la naturaleza de la instructiva, pues sólo se comunicó que eran órdenes del despacho. Empero, se anunció la posibilidad de que esta medida llegue posteriormente a las direcciones de Promoción y de Patrimonio, que dependen de ese Viceministerio. Los funcionarios de estas direcciones del despacho cultural aseguraron que aún no se les pasó el instructivo.
Consultada por La Prensa, la defensora del Pueblo, Rielma Mencias, dijo que esta medida podría ser considerada como un “exceso de la autoridad”, porque las personas son libres de vestirse como quieran.
“No se puede obligar a nadie a usar corbata, tampoco se le va a obligar a que use poncho o abarcas. Si quiere, lo hace, y si no, no. Es de absoluta libertad el cómo se vista (el funcionario) y el cómo se presenta”.
La representante de la oficina del Defensor del Pueblo dijo que al cumplirse una disposición de este tipo, en la que se especifica cómo se visten los y las funcionarias y qué indumentaria deben usar, resulta un atentado contra la personalidad y un exceso.
Mencias dijo que cada persona es libre de decidir cómo se viste y cómo se siente más cómoda; claro, también en la medida de sus propios recursos.
Otra de las observaciones de la Defensora del Pueblo radica en que, si los funcionarios no son originarios del lugar representado, se estaría asumiendo un disfraz. “Si yo me visto de cholita chuquisaqueña y no soy de ese lugar, yo sólo me estoy disfrazando”.
La Defensora del Pueblo anunció que emprenderá un seguimiento frente a las instrucciones que se conocieron ayer, aun a pesar de que no exista ninguna denuncia formal por los funcionarios de esa instancia gubernamental. “Vamos a indagar por nuestra cuenta”, puntualizó.
Esta medida podría considerarse como un exceso de la autoridad
Bolívia - Cultura
Viceministerio obliga a vestir trajes típicos a funcionarios
La Prensa, La Paz - Bolivia, Martes, 13 de abril de 2010
ATUENDOS: Un instructivo del Viceministro de Interculturalidad obliga a los funcionarios a lucir ropa originaria cada lunes. La Defensora indaga posible exceso.
Cumplimiento: una funcionaria luce un traje antiguo de chola paceña
El viceministro de Interculturalidad del Ministerio de Culturas, Miguel Peña, instruyó a los funcionarios de su despacho a vestir los trajes típicos con los cuales se identifican, merced a sus respectivas regiones. La orden debe aplicarse cada lunes.
Así, el cumplimiento de esta decisión inició ayer, cuando al menos diez funcionarios que trabajan en ese despacho acudieron a su puesto luciendo diferentes atuendos originarios que representaban a las distintas culturas del rico acervo nacional.
Un chaqueño, dos cholas paceñas (una moderna y otra con vestimenta antigua), un potosino; una chola chuquisaqueña, un beniano y un pandino fueron los protagonistas de esta representación de la interculturalidad.
Por la mañana, el propio Viceministro, de origen beniano, hizo gala de su traje típico de moxeño, poco antes de iniciar una conferencia de prensa, la que fue aprovechada para que los atuendos fuesen exhibidos ante las cámaras de los medios de comunicación.
El viceministro Peña informó que esta política se aplicará todos los lunes, con el propósito de hacer conocer las diversas culturas que tiene Bolivia, además de difundir la existencia de un Viceministerio de Interculturalidad.
Algunos funcionarios, que prefirieron mantenerse en el anonimato, señalaron que este instructivo se les comunicó a inicios de gestión, en enero. “Yo me tuve que fletar el vestuario, pero para mí no es mucho problema porque yo soy paceña”, dijo una de las funcionarias, quien trabaja en esa repartición gubernamental, ubicada en el segundo piso del Ministerio de Culturas.
Otra trabajadora no pareció muy satisfecha con la decisión y lo único que dijo fue que es una orden del jefe y no queda más que cumplirla. “¿No ve? Todos mis compañeros están disfrazados con sus trajes de fiesta”. No obstante, otro funcionario afirmó que habría un acuerdo con los empleados para usar estas prendas.
En la tarde, La Prensa confirmó en un recorrido que algunos funcionarios continuaban despachando con sus atuendos típicos.
En la unidad de Comunicación del Ministerio de Culturas no se entregaron mayores explicaciones sobre el alcance ni la naturaleza de la instructiva, pues sólo se comunicó que eran órdenes del despacho. Empero, se anunció la posibilidad de que esta medida llegue posteriormente a las direcciones de Promoción y de Patrimonio, que dependen de ese Viceministerio. Los funcionarios de estas direcciones del despacho cultural aseguraron que aún no se les pasó el instructivo.
Consultada por La Prensa, la defensora del Pueblo, Rielma Mencias, dijo que esta medida podría ser considerada como un “exceso de la autoridad”, porque las personas son libres de vestirse como quieran.
“No se puede obligar a nadie a usar corbata, tampoco se le va a obligar a que use poncho o abarcas. Si quiere, lo hace, y si no, no. Es de absoluta libertad el cómo se vista (el funcionario) y el cómo se presenta”.
La representante de la oficina del Defensor del Pueblo dijo que al cumplirse una disposición de este tipo, en la que se especifica cómo se visten los y las funcionarias y qué indumentaria deben usar, resulta un atentado contra la personalidad y un exceso.
Mencias dijo que cada persona es libre de decidir cómo se viste y cómo se siente más cómoda; claro, también en la medida de sus propios recursos.
Otra de las observaciones de la Defensora del Pueblo radica en que, si los funcionarios no son originarios del lugar representado, se estaría asumiendo un disfraz. “Si yo me visto de cholita chuquisaqueña y no soy de ese lugar, yo sólo me estoy disfrazando”.
La Defensora del Pueblo anunció que emprenderá un seguimiento frente a las instrucciones que se conocieron ayer, aun a pesar de que no exista ninguna denuncia formal por los funcionarios de esa instancia gubernamental. “Vamos a indagar por nuestra cuenta”, puntualizó.
Esta medida podría considerarse como un exceso de la autoridad
2100) Reforma tributaria - Roberto Campos
Um artigo do famoso economista e diplomata de dez anos atrás, tratando do sistema tributário. Apesar de alguma defasagem, permanece válido.
O mais triste é que ele se referia a uma carga fiscal de 30% do PIB como um entrave ao desenvolvimento.
FHC deixou o governo, no final de 2002, com uma carga fiscal equivalente em 34% do PIB (segundo a antiga metodologia do PIB, pelo IBGE, que depois aumentou e fez declinar essa proporção).
Atualmente, a carga já se encontra situada em 38% do PIB, o mesmo nível que os países da OCDE, que tem uma renda per capita seis vezes mais alta do que a nossa.
Pergunte agora por que o Brasil não cresce?
Acho que nem preciso responder...
Paulo Roberto de Almeida (artigo "ressuscitado" por Ricardo Bergamini)
O sumiço do contribuinte
*Roberto de Oliveira Campos
13/02/2000
Os sistemas fiscais clássicos - dos quais o nosso é um filhote particularmente depravado - estão crescentemente ameaçados pela revolução da Internet. É que eles se baseiam todos na "identificação física" do contribuinte e na localização do fato gerador num estabelecimento determinado. Na economia global e virtual da Internet, há dois fenômenos que só agora começam a ser percebidos: a "desmaterialização" e a "transfronteirização". Tomemos dois exemplos. A música antes transmitida via CDs - objeto físico tributável - pode ser hoje captada via Internet, desmaterializando-se. Projetos e desenhos, que exigiam papelório, empacotamento e transporte, podem ser transmitidos por correio eletrônico. E nasceram as "empresas virtuais", como a Amazon, que vende livros pelo computador no mundo inteiro, substituindo inúmeras lojas de varejo por um armazém de distribuição. A "transfronteirização" se traduz em extrema mobilidade não só de capitais como também de pessoas. Ambos podem buscar paraísos fiscais. E as empresas podem, através de "preços de transferência", alocar alguns processos ou componentes de suas fábricas globais para os países de fiscalidade mais mansa. Acresce que grande parte dos registros documentais é substituída por memórias eletrônicas codificadas.
Era de se imaginar que nesta era eletrônica os países que sentem necessidade de modernizar seu fisco marchassem para métodos de tributação eletrônica, abandonando os impostos clássicos que exigem declaração de renda, consumo ou serviços, engordando três burocracias - a do contribuinte, a do controle e a do contencioso. São três oportunidades de corrupção e evasão.
Mesmo antes de se tornar visível a revolução que advirá do comércio eletrônico, surgiram no Brasil idéias pioneiras de eletronificação do fisco, descartando-se os "impostos declaratórios" por ineficientes e injustos. Ineficientes, pelo alto custo da arrecadação e injustos pelas possibilidades de sonegação. Infelizmente, a Comissão Especial de Reforma Tributária da Câmara dos Deputados pôs de lado a Emenda Constitucional nº 8, que visava a substituir os impostos declaratórios por impostos eletrônicos cobrados na fonte, segundo idéias seminais dos deputados Marcos Cintra e Luis Roberto Ponte. Perdemos a oportunidade de pioneirismo na tecnologia de tributação, ao contrário do que aconteceu na reforma fiscal de 1966, quando fomos o primeiro país do mundo a adotar em escala nacional o Imposto Sobre o Valor Adicionado, que só anos depois foi imitado no Mercado Comum Europeu.
Receio que a nova reforma fiscal padeça do mesmo vício da Constituição de 1988: nasce como um bebê anacrônico. A preocupação dos legisladores parece ser a manutenção das receitas atuais, as quais, ao nível de mais de 30% do PIB, representam um freio ao desenvolvimento. Deveria ser ao contrário: 1) reduzir os encargos do contribuinte e livrá-lo da burocracia; 2) diminuir os "custos" de arrecadação por inovações na tecnologia tributária. Estes dois objetivos se alcançariam com a tributação eletrônica e continuarão inatingíveis com a tecnologia tradicional. Temos uma espécie de "mini/max" perversa: todos querem maximizar o "nível" da arrecadação e poucos se preocupam em minimizar os "custos".
Um consolo para os brasileiros, que tanto ouvem falar da guerra fiscal, é o que está sucedendo na Europa semifederada. Os franceses se queixam da perda de talentos empresariais para a Inglaterra, cujo imposto de renda é mais benigno; os alemães querem tributar juros sobre depósitos bancários, enquanto Luxemburgo e Inglaterra protegem os depositantes: a Irlanda e a Holanda outorgaram generosas renúncias fiscais para atrair empresas de alta tecnologia.
No Brasil, a guerra fiscal entre Estados teve uma fase útil. Vários governadores abandonaram a cultura da mendicância de verbas pela cultura do investimento privado, gerador de receitas futuras. Hoje a guerra fiscal se agravou tanto que ameaça a estabilidade do pacto federativo. Duas das modificações adotadas no projeto de reforma fiscal serão eficazes para contenção da guerra fiscal: a federalização da legislação sobre o IVA estadual e a cobrança do IVA na ponta do destino.
Recentemente, surgiu na Câmara uma proposta de emenda aglutinativa (nº 175/95) subscrita pelos deputados Fetter Junior, Marcos Cintra, Mares Guia e Alberto Mourão, que introduz um toque de inovação. Reduz a contribuição empresarial paga ao INSS sobre a folha de pagamento, no intuito de diminuir os custos diretos da contratação da mão-de-obra, que hoje incentivam o desemprego e/ou a informalização do trabalho. Reduz-se a contribuição patronal direta ao INSS de 20% para 15% sobre a folha de pagamentos, sendo o montante economizado transformado em aumento de salários para os empregados. Para compensar o INSS elevar-se-ia para 0,5% a alíquota do IMF, com dois aperfeiçoamentos em relação à atual metodologia: dar-se-ia crédito tributário aos exportadores e isentar-se-iam as operações no mercado financeiro. É um ensaio tímido de realismo inovador, pois a seguridade social é melhor coberta por encargos gerais sobre a comunidade do que por impostos que oneram diretamente a mão-de-obra.
A tributação eletrônica do futuro ter-se-á que concentrar nas duas pontas do processo econômico: na transação financeira que é a síntese da atividade e na compra de insumos básicos fisicamente necessários ao processo produtivo - eletricidade, combustíveis, veículos e telecomunicações - todos cobráveis eletronicamente nas fontes produtoras e hoje pagos mascaradamente sob várias figuras tributárias.
A percepção direta desses encargos disciplinaria seu consumo com efeitos ecológicos favoráveis, que se somariam ao desincentivo ao vício pela tributação de cigarros e bebidas. Essa heróica simplificação tributária teria efeitos dramáticos sobre a produtividade nacional e, last but not least, reduziria a taxa de corrupção do país.
*Defensor apaixonado do liberalismo. Economista, diplomata e político também se revelou um intelectual brilhante. De sua intensa produção, resultaram inúmeros artigos e obras como o livro A Lanterna na Popa, uma autobiografia que logo se transformou em best-seller. Foi ministro do Planejamento, senador por Mato Grosso, deputado federal e embaixador em Washington e Londres. Sua carreira começou em 1939, quando prestou concurso para o Itamaraty. Logo foi servir na embaixada brasileira em Washington, e, cinco anos depois, participou da Conferência de Bretton Woods, responsável por desenhar o sistema monetário internacional do pós-guerra.
O mais triste é que ele se referia a uma carga fiscal de 30% do PIB como um entrave ao desenvolvimento.
FHC deixou o governo, no final de 2002, com uma carga fiscal equivalente em 34% do PIB (segundo a antiga metodologia do PIB, pelo IBGE, que depois aumentou e fez declinar essa proporção).
Atualmente, a carga já se encontra situada em 38% do PIB, o mesmo nível que os países da OCDE, que tem uma renda per capita seis vezes mais alta do que a nossa.
Pergunte agora por que o Brasil não cresce?
Acho que nem preciso responder...
Paulo Roberto de Almeida (artigo "ressuscitado" por Ricardo Bergamini)
O sumiço do contribuinte
*Roberto de Oliveira Campos
13/02/2000
Os sistemas fiscais clássicos - dos quais o nosso é um filhote particularmente depravado - estão crescentemente ameaçados pela revolução da Internet. É que eles se baseiam todos na "identificação física" do contribuinte e na localização do fato gerador num estabelecimento determinado. Na economia global e virtual da Internet, há dois fenômenos que só agora começam a ser percebidos: a "desmaterialização" e a "transfronteirização". Tomemos dois exemplos. A música antes transmitida via CDs - objeto físico tributável - pode ser hoje captada via Internet, desmaterializando-se. Projetos e desenhos, que exigiam papelório, empacotamento e transporte, podem ser transmitidos por correio eletrônico. E nasceram as "empresas virtuais", como a Amazon, que vende livros pelo computador no mundo inteiro, substituindo inúmeras lojas de varejo por um armazém de distribuição. A "transfronteirização" se traduz em extrema mobilidade não só de capitais como também de pessoas. Ambos podem buscar paraísos fiscais. E as empresas podem, através de "preços de transferência", alocar alguns processos ou componentes de suas fábricas globais para os países de fiscalidade mais mansa. Acresce que grande parte dos registros documentais é substituída por memórias eletrônicas codificadas.
Era de se imaginar que nesta era eletrônica os países que sentem necessidade de modernizar seu fisco marchassem para métodos de tributação eletrônica, abandonando os impostos clássicos que exigem declaração de renda, consumo ou serviços, engordando três burocracias - a do contribuinte, a do controle e a do contencioso. São três oportunidades de corrupção e evasão.
Mesmo antes de se tornar visível a revolução que advirá do comércio eletrônico, surgiram no Brasil idéias pioneiras de eletronificação do fisco, descartando-se os "impostos declaratórios" por ineficientes e injustos. Ineficientes, pelo alto custo da arrecadação e injustos pelas possibilidades de sonegação. Infelizmente, a Comissão Especial de Reforma Tributária da Câmara dos Deputados pôs de lado a Emenda Constitucional nº 8, que visava a substituir os impostos declaratórios por impostos eletrônicos cobrados na fonte, segundo idéias seminais dos deputados Marcos Cintra e Luis Roberto Ponte. Perdemos a oportunidade de pioneirismo na tecnologia de tributação, ao contrário do que aconteceu na reforma fiscal de 1966, quando fomos o primeiro país do mundo a adotar em escala nacional o Imposto Sobre o Valor Adicionado, que só anos depois foi imitado no Mercado Comum Europeu.
Receio que a nova reforma fiscal padeça do mesmo vício da Constituição de 1988: nasce como um bebê anacrônico. A preocupação dos legisladores parece ser a manutenção das receitas atuais, as quais, ao nível de mais de 30% do PIB, representam um freio ao desenvolvimento. Deveria ser ao contrário: 1) reduzir os encargos do contribuinte e livrá-lo da burocracia; 2) diminuir os "custos" de arrecadação por inovações na tecnologia tributária. Estes dois objetivos se alcançariam com a tributação eletrônica e continuarão inatingíveis com a tecnologia tradicional. Temos uma espécie de "mini/max" perversa: todos querem maximizar o "nível" da arrecadação e poucos se preocupam em minimizar os "custos".
Um consolo para os brasileiros, que tanto ouvem falar da guerra fiscal, é o que está sucedendo na Europa semifederada. Os franceses se queixam da perda de talentos empresariais para a Inglaterra, cujo imposto de renda é mais benigno; os alemães querem tributar juros sobre depósitos bancários, enquanto Luxemburgo e Inglaterra protegem os depositantes: a Irlanda e a Holanda outorgaram generosas renúncias fiscais para atrair empresas de alta tecnologia.
No Brasil, a guerra fiscal entre Estados teve uma fase útil. Vários governadores abandonaram a cultura da mendicância de verbas pela cultura do investimento privado, gerador de receitas futuras. Hoje a guerra fiscal se agravou tanto que ameaça a estabilidade do pacto federativo. Duas das modificações adotadas no projeto de reforma fiscal serão eficazes para contenção da guerra fiscal: a federalização da legislação sobre o IVA estadual e a cobrança do IVA na ponta do destino.
Recentemente, surgiu na Câmara uma proposta de emenda aglutinativa (nº 175/95) subscrita pelos deputados Fetter Junior, Marcos Cintra, Mares Guia e Alberto Mourão, que introduz um toque de inovação. Reduz a contribuição empresarial paga ao INSS sobre a folha de pagamento, no intuito de diminuir os custos diretos da contratação da mão-de-obra, que hoje incentivam o desemprego e/ou a informalização do trabalho. Reduz-se a contribuição patronal direta ao INSS de 20% para 15% sobre a folha de pagamentos, sendo o montante economizado transformado em aumento de salários para os empregados. Para compensar o INSS elevar-se-ia para 0,5% a alíquota do IMF, com dois aperfeiçoamentos em relação à atual metodologia: dar-se-ia crédito tributário aos exportadores e isentar-se-iam as operações no mercado financeiro. É um ensaio tímido de realismo inovador, pois a seguridade social é melhor coberta por encargos gerais sobre a comunidade do que por impostos que oneram diretamente a mão-de-obra.
A tributação eletrônica do futuro ter-se-á que concentrar nas duas pontas do processo econômico: na transação financeira que é a síntese da atividade e na compra de insumos básicos fisicamente necessários ao processo produtivo - eletricidade, combustíveis, veículos e telecomunicações - todos cobráveis eletronicamente nas fontes produtoras e hoje pagos mascaradamente sob várias figuras tributárias.
A percepção direta desses encargos disciplinaria seu consumo com efeitos ecológicos favoráveis, que se somariam ao desincentivo ao vício pela tributação de cigarros e bebidas. Essa heróica simplificação tributária teria efeitos dramáticos sobre a produtividade nacional e, last but not least, reduziria a taxa de corrupção do país.
*Defensor apaixonado do liberalismo. Economista, diplomata e político também se revelou um intelectual brilhante. De sua intensa produção, resultaram inúmeros artigos e obras como o livro A Lanterna na Popa, uma autobiografia que logo se transformou em best-seller. Foi ministro do Planejamento, senador por Mato Grosso, deputado federal e embaixador em Washington e Londres. Sua carreira começou em 1939, quando prestou concurso para o Itamaraty. Logo foi servir na embaixada brasileira em Washington, e, cinco anos depois, participou da Conferência de Bretton Woods, responsável por desenhar o sistema monetário internacional do pós-guerra.
2099) O asco e nojo das elites: para que nao se perca numa nota de rodape...
A propósito de meu post:
terça-feira, 13 de abril de 2010
2096) Efeitos nefastos do Bolsa Familia sobre o mercado de trabalho,
recebi este comentário de um Anônimo leitor (que não se perca pelo nome) e que transcrevo aqui novamente (apesar de já ter incorporado no post correspondente, para que não se perca sem leitura, posto que poucos são os leitores que vão às notas e comentários, perdidos nas dobras cibernéticas dos blogs), com o único objetivo de oferecer eu mesmo o meu comentário (aliás já iniciado no post acima):
"Quarta-feira, Abril 14, 2010 12:40:00 AM
Anônimo disse...
O PRECONCEITO da elite no Brasil consegue se superar a cada dia.
A cada dia eu tenho mais nojo da elite brasileira que ao qual o Senhor é um dos representantes no campo da Diplomacia. Tenho asco as coisas que escreve que NO FUNDO mascaram UM PRECONCEITO puro e simples contra as tentativas de ascensão social dos mais humildes que o atual governo vem tentando realizar.
O que indigna-me é o modo desrespeitoso como refere-se à Universidade pública brasileira. É MENTIRA afirmar que ela é dominada por um bando de marxistas. A extrema esquerda é minoria entre os professores (é forte sim nos sindicatos dos professores e dos funcionários).
Mas do jeito que o Senhor escreve, parece que os professores e alunos ficam pensando em fazer a revolução o tempo inteiro. É triste ver que um Diplomata escreva coisas do tipo. Um homem que é encarregado de representar o país no exterior e que volta e meia dá en\trevistas no exterior.
(Inclusive o Senhor adora meter a língua na França mas não dispensa uma aparição na Radio France, como ocorreu em 2009).
Talvez Senhor Paulo Roberto de Almeida, seja necessário conhecer mais o país e não ficar somente jogando o seu preconceito (disfarçado de liberalismo) contra os pobres.
Por que não vai a uma Universidade no interior do Estado de MG ou do Nordeste e veja como as coisas acontecem de fato?
Os jovens querem ter uma boa formação seja nas ciências exatas, nas ciências da vida ou nas humanidades. É ISSO que o ATUAL GOVERNO vem realizando.
Estes jovens estudam e não ficam pensando em fazer a revolução."
=============
Já escrevi algo a respeito dos Anônimos, mas eles continuam anônimos, mesmo quando eu garanto a eles que não vou morder, não vou processá-los, não vou xingá-los, nada. A única coisa que eu possa fazer em relação a um Anônimo é passar uma lição de moral, para eles deixarem de ser covardes e dizer que pessoas que assumem suas próprias ideias não deve temer expor-se em público.
Pois bem, o meu Anônimo diz que tem nojo e asco de pessoas como eu, que representariam as chamadas elites brasileiras. Como ele não estipulou sua faixa de renda, eu fico sem saber se ele também pertence a uma elite; de certo modo, sim, pois que escreve mensagens em computador, o que não é dado a todos os brasileiros, apenas os incluídos digitalmente, que segundo certos militantes da causa são uma elite no Brasil.
Sim, de certo modo eu hoje "pertenço" à elite, mas não me sinto parte da elite, tanto porque não venho da elite e sim de uma faixa muito pobre da população, talvez até mais pobre do que o nosso Anônimo, e que se fez pelo trabalho e pelo empenho individual, sempre estudou em escolas públicas e chegou na elite, não por "culpa" minha, por certo, mas pelas circunstâncias...
Meu caro Anônimo,
Você deve ser muito jovem, e avalia positivamente tudo o que o governo vem fazendo em favor do que você chama de "mais humildes", como se o governo estivesse fazendo um imenso favor a esses humildes ao abrir as portas das universidades a eles.
O que deveria ser um direito normal, lhe aparece como um favor, uma concessão, o que denota certa incompreensão de como as coisas deveriam funcionar num país normal, sem as desigualdades brasileiras.
Vou passar por cima das suas ofensas, pois acredito que você tem necessidade de reagir epidermicamente, em lugar de alinhar fatos e argumentos com alguma base na realidade, como aliás transcrito no post que você comenta.
O direito que eu tenho, e que você também tem, de expor fatos, e daí tirar conclusões, você toma como ofensa pessoal, o que revela certo despreparo para o diálogo democrático, para o debate ponderado, para a troca de ideias, sem precisar recorrer a ofensas. Mas, vamos adiante.
Eu não disse que os alunos querem fazer revolução, e se eu disse, gostaria que você me dissesse exatamente onde. Eu ataquei apenas professores incompetente, ignorantes e desonestos. Mas esse não é o problema. Esses professores vão ficar por aí fazendo sua obra nefasta pelos proximos 30 ou 40 anos, com o que mais jovens aguerridos como você vão se formar, incapazes de debater com base em evidências e mais propensos a ofender quem pensa diferente de você (ou deles).
Nao consigo encontrar nenhum argumento factual para rebater todas as suas ofensas, simplesmente não existe. Sim, acusa-me de não conhecer o país, sem saber, o que é o que se chama de pré-julgamento. Provavelmente eu conheço mais o Brasil do que você, inclusive porque tenho mais quilometros rodados, no Brasil e no mundo. Mas esse ainda não é o problema.
Eles me parecem dois: o Bolsa Familia e o Pro-Uni, que você mal toca, e apenas intuo que você defende como duas grandes realizações deste governo.
Sua única outra afirmação, sem provas, é a de que este governo vem oferecendo uma boa formação nas universidades públicas, do que me permito discordar.
Creio conhecer melhor do que você a situação das universidades brasileiras, tanto porque sou convidado a bancas de mestrado e doutorado em vários estados (você pode conferir o meu Lattes se desejar) e dou regularmente palestras em universidades das mais humildes, apenas atendendo a pedidos de alunos. Também respondo a muitas consultas pelo meu site, o que não aparece, e algumas outras por este blog, como a sua (verdade que bem menos ofensivas).
Acredito que você não tenha instrumentos de comparação para aferir quanto a universidade brasileira, pública e privada, é medíocre, e quanto ela vem se mediocrizando cada vez mais, infelizmente.
Digo isso com muita tristeza, mas é o que constato sem a mínima intenção de ofender ninguém. As pessoas saem sem saber escrever do secundário e continuam sem saber escrever até o Mestrado, que virou um remendo para uma graduação mal feita, e isso justamente nas Faculdades de Humanidades (não estou criticando todas as Faculdades, mas especialmente as de Humanidades).
Você deve saber tão bem quanto eu que a tal de dedicação exclusiva é uma fraude, não é nem dedicação, nem muito menos exclusiva.
Mas, meu caro Anônimo, eu lhe ofereço este espaço para você escrever, sem ofensas, e defender seus pontos de vista, com base em argumentos, evidências, provas.
Pode ser sobre o Bolsa Família, pode ser sobre o Pro-Uni, pode ser sobre a economia brasileira.
Aceito debater de forma aberta e respeitosa.
Escreva, quando quiser.
Paulo Roberto de Almeida
(14.04.2010)
terça-feira, 13 de abril de 2010
2096) Efeitos nefastos do Bolsa Familia sobre o mercado de trabalho,
recebi este comentário de um Anônimo leitor (que não se perca pelo nome) e que transcrevo aqui novamente (apesar de já ter incorporado no post correspondente, para que não se perca sem leitura, posto que poucos são os leitores que vão às notas e comentários, perdidos nas dobras cibernéticas dos blogs), com o único objetivo de oferecer eu mesmo o meu comentário (aliás já iniciado no post acima):
"Quarta-feira, Abril 14, 2010 12:40:00 AM
Anônimo disse...
O PRECONCEITO da elite no Brasil consegue se superar a cada dia.
A cada dia eu tenho mais nojo da elite brasileira que ao qual o Senhor é um dos representantes no campo da Diplomacia. Tenho asco as coisas que escreve que NO FUNDO mascaram UM PRECONCEITO puro e simples contra as tentativas de ascensão social dos mais humildes que o atual governo vem tentando realizar.
O que indigna-me é o modo desrespeitoso como refere-se à Universidade pública brasileira. É MENTIRA afirmar que ela é dominada por um bando de marxistas. A extrema esquerda é minoria entre os professores (é forte sim nos sindicatos dos professores e dos funcionários).
Mas do jeito que o Senhor escreve, parece que os professores e alunos ficam pensando em fazer a revolução o tempo inteiro. É triste ver que um Diplomata escreva coisas do tipo. Um homem que é encarregado de representar o país no exterior e que volta e meia dá en\trevistas no exterior.
(Inclusive o Senhor adora meter a língua na França mas não dispensa uma aparição na Radio France, como ocorreu em 2009).
Talvez Senhor Paulo Roberto de Almeida, seja necessário conhecer mais o país e não ficar somente jogando o seu preconceito (disfarçado de liberalismo) contra os pobres.
Por que não vai a uma Universidade no interior do Estado de MG ou do Nordeste e veja como as coisas acontecem de fato?
Os jovens querem ter uma boa formação seja nas ciências exatas, nas ciências da vida ou nas humanidades. É ISSO que o ATUAL GOVERNO vem realizando.
Estes jovens estudam e não ficam pensando em fazer a revolução."
=============
Já escrevi algo a respeito dos Anônimos, mas eles continuam anônimos, mesmo quando eu garanto a eles que não vou morder, não vou processá-los, não vou xingá-los, nada. A única coisa que eu possa fazer em relação a um Anônimo é passar uma lição de moral, para eles deixarem de ser covardes e dizer que pessoas que assumem suas próprias ideias não deve temer expor-se em público.
Pois bem, o meu Anônimo diz que tem nojo e asco de pessoas como eu, que representariam as chamadas elites brasileiras. Como ele não estipulou sua faixa de renda, eu fico sem saber se ele também pertence a uma elite; de certo modo, sim, pois que escreve mensagens em computador, o que não é dado a todos os brasileiros, apenas os incluídos digitalmente, que segundo certos militantes da causa são uma elite no Brasil.
Sim, de certo modo eu hoje "pertenço" à elite, mas não me sinto parte da elite, tanto porque não venho da elite e sim de uma faixa muito pobre da população, talvez até mais pobre do que o nosso Anônimo, e que se fez pelo trabalho e pelo empenho individual, sempre estudou em escolas públicas e chegou na elite, não por "culpa" minha, por certo, mas pelas circunstâncias...
Meu caro Anônimo,
Você deve ser muito jovem, e avalia positivamente tudo o que o governo vem fazendo em favor do que você chama de "mais humildes", como se o governo estivesse fazendo um imenso favor a esses humildes ao abrir as portas das universidades a eles.
O que deveria ser um direito normal, lhe aparece como um favor, uma concessão, o que denota certa incompreensão de como as coisas deveriam funcionar num país normal, sem as desigualdades brasileiras.
Vou passar por cima das suas ofensas, pois acredito que você tem necessidade de reagir epidermicamente, em lugar de alinhar fatos e argumentos com alguma base na realidade, como aliás transcrito no post que você comenta.
O direito que eu tenho, e que você também tem, de expor fatos, e daí tirar conclusões, você toma como ofensa pessoal, o que revela certo despreparo para o diálogo democrático, para o debate ponderado, para a troca de ideias, sem precisar recorrer a ofensas. Mas, vamos adiante.
Eu não disse que os alunos querem fazer revolução, e se eu disse, gostaria que você me dissesse exatamente onde. Eu ataquei apenas professores incompetente, ignorantes e desonestos. Mas esse não é o problema. Esses professores vão ficar por aí fazendo sua obra nefasta pelos proximos 30 ou 40 anos, com o que mais jovens aguerridos como você vão se formar, incapazes de debater com base em evidências e mais propensos a ofender quem pensa diferente de você (ou deles).
Nao consigo encontrar nenhum argumento factual para rebater todas as suas ofensas, simplesmente não existe. Sim, acusa-me de não conhecer o país, sem saber, o que é o que se chama de pré-julgamento. Provavelmente eu conheço mais o Brasil do que você, inclusive porque tenho mais quilometros rodados, no Brasil e no mundo. Mas esse ainda não é o problema.
Eles me parecem dois: o Bolsa Familia e o Pro-Uni, que você mal toca, e apenas intuo que você defende como duas grandes realizações deste governo.
Sua única outra afirmação, sem provas, é a de que este governo vem oferecendo uma boa formação nas universidades públicas, do que me permito discordar.
Creio conhecer melhor do que você a situação das universidades brasileiras, tanto porque sou convidado a bancas de mestrado e doutorado em vários estados (você pode conferir o meu Lattes se desejar) e dou regularmente palestras em universidades das mais humildes, apenas atendendo a pedidos de alunos. Também respondo a muitas consultas pelo meu site, o que não aparece, e algumas outras por este blog, como a sua (verdade que bem menos ofensivas).
Acredito que você não tenha instrumentos de comparação para aferir quanto a universidade brasileira, pública e privada, é medíocre, e quanto ela vem se mediocrizando cada vez mais, infelizmente.
Digo isso com muita tristeza, mas é o que constato sem a mínima intenção de ofender ninguém. As pessoas saem sem saber escrever do secundário e continuam sem saber escrever até o Mestrado, que virou um remendo para uma graduação mal feita, e isso justamente nas Faculdades de Humanidades (não estou criticando todas as Faculdades, mas especialmente as de Humanidades).
Você deve saber tão bem quanto eu que a tal de dedicação exclusiva é uma fraude, não é nem dedicação, nem muito menos exclusiva.
Mas, meu caro Anônimo, eu lhe ofereço este espaço para você escrever, sem ofensas, e defender seus pontos de vista, com base em argumentos, evidências, provas.
Pode ser sobre o Bolsa Família, pode ser sobre o Pro-Uni, pode ser sobre a economia brasileira.
Aceito debater de forma aberta e respeitosa.
Escreva, quando quiser.
Paulo Roberto de Almeida
(14.04.2010)
Assinar:
Comentários (Atom)
Postagem em destaque
Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida
Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...
-
Uma preparação de longo curso e uma vida nômade Paulo Roberto de Almeida A carreira diplomática tem atraído número crescente de jovens, em ...
-
FAQ do Candidato a Diplomata por Renato Domith Godinho TEMAS: Concurso do Instituto Rio Branco, Itamaraty, Carreira Diplomática, MRE, Diplom...
-
Mercado Comum da Guerra? O Mercosul deveria ser, em princípio, uma zona de livre comércio e também uma zona de paz, entre seus próprios memb...
-
Países de Maior Acesso aos textos PRA em Academia.edu (apenas os superiores a 100 acessos) Compilação Paulo Roberto de Almeida (15/12/2025) ...
-
Reproduzo novamente uma postagem minha de 2020, quando foi publicado o livro de Dennys Xavier sobre Thomas Sowell quarta-feira, 4 de março...
-
Liberando um artigo que passou um ano no limbo: Mercosul e União Europeia: a longa marcha da cooperação à associação Recebo, em 19/12/2025,...
-
Itamaraty 'Memórias', do embaixador Marcos Azambuja, é uma aula de diplomacia Embaixador foi um grande contador de histórias, ...
-
O destino do Brasil? Uma tartarug a? Paulo Roberto de Almeida Nota sobre os desafios políticos ao desenvolvimento do Brasil Esse “destino” é...
-
Quando a desgraça é bem-vinda… Leio, tardiamente, nas notícias do dia, que o segundo chanceler virtual do bolsolavismo diplomático (2019-202...