segunda-feira, 31 de maio de 2010

Portal de Economia do IG: mais recente artigo publicado

Antes até do começo do mês, quando ele deveria ser normalmente publicado, fiquei sabendo da postagem deste meu mais recente artigo:

Ano de eleições: como o Brasil poderia ser melhor?

Shanghai, 22 de maio de 2010, 4 p. Revisão ampliada do trabalho 2100, para o portal de economia do IG (31.05.2010).
Relação de Originais n. 2144. Relação de Publicados n. 970.

Mundorama: artigo mais recente publicado

Recebi um aviso dos coordenadores de Mundorama de que um artigo meu acabava de ser publicado no blog:

Da democracia à ditadura: uma gradação cheia de rupturas
Mundorama (31.05.2010). Relação de Originais n. 2145; Relação de Publicados n. 969.

Aproveitei para verificar quais outros artigos recentes meus tinham sido publicados no blog, e veio uma página muito bem feita, com ilustrações, belo grafismo, divisões racionais, enfim, coisa que eu jamais conseguiria fazer sozinho neste meu blog desengonçado. Vejam em:
http://mundorama.net/?s=Paulo+Roberto+de+Almeida

PIB potencial e PIB real: um esclarecimento

O presidente acaba de decretar a morte do conceito de PIB potencial -- bem ele já extingiu várias outras coisas no Brasil, também, sem que essas coisas se tenham modificado substancialmente -- numa frase exemplar, como figura abaixo:

"Acabamos também com essa história de PIB potencial, que era uma bobagem de alguns economistas que diziam que o Brasil não podia crescer mais de 3% que a casa caía."

Para os menos versados em economia, caberia esclarecer do que se trata, exatamente, para que os mais jovens não fiquem com a impressão de que acaba de ser efetuada uma revolução na ciência econômica.

Economistas, de diferentes tendências -- e não apenas os ortodoxos, já que os supostos "desenvolvimentistas" também concordariam com os conceitos -- costumam distinguir entre o PIB real, ou seja, aquele que é efetivamente realizado na atividade econômica corrente, e o PIB potencial, que seria o PIB possível caso todos os fatores de produção fossem utilizados no limite de suas possibilidades e capacidades, sem provocar pressão inflacionária (que é quando a demanda aumenta acima das possibilidades da oferta, e a demanda só pode aumentar se existe meio circulante para tanto, o que depende em grande medida do crédito na economia).
Constata-se, portanto, que os conceitos econômicos de PIB real e potencial não configuram nenhuma bobagem, sendo uma simples realidade econômica, que pode ser constatada pelos indicadores de conjuntura, relativos a produção, capacidade instalada e sobretudo índices de preços.
Não é por outra razão que o BC acaba de elevar a taxa de juros de referência. Talvez o presidente do BC pudesse enviar a ata da última reunião do Copom ao presidente para que ele a leia (se conseguir) antes de soltar essa enorme bobagem de "matar" o PIB potencial.
Pessoas que possuem um conhecimento rudimentar de economia poderiam se informar melhor, antes de proclamar bobagens como essa referida.
Nunca é demais evitar demonstrações de incompetência econômica. Afinal de contas, o Brasil não merece ser deseducado em economia também, já que em matéria de política e de ética pública ele vem sendo deseducado há muito tempo.
Registre-se também, en passant (aliás uma palavra que o presidente se orgulha de usar), que a demanda vem crescendo devido a uma oferta mais do que necessária de crédito, o que certamente alimenta a inflação. Talvez os economistas pudessem alertar as autoridades que alimentar a inflação é uma grande bobagem, já que ela prejudica em primeiro lugar os mais pobres, de quem o governo se diz muito amigo. Ainda uma pequena aula de economia gratuita.
Paulo Roberto de Almeida

Lula inclui governo de FH na 'década perdida' da economia
Henrique Gomes Batista
O Globo, 31/05/2010

RIO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou o período do governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) como parte das décadas perdidas na economia. Lula afirmou em discurso na abertura do Michelin Challenge Bibendum, no Rio, que o país agora tomou gosto pelo crescimento.

- Qualquer um de vocês pode checar que poucas vezes investimos tanto em infraestrutura no país como agora. Tivemos algo próximo disso em 1975, mas na época o governo tomou dinheiro emprestado a 6% e, logo depois, os juros subiram 21%. Sabemos o que se passou com isso. Passamos duas décadas perdidas, entre 1980 e 2000 - afirmou Lula.

O presidente disse ainda que o mundo desenvolvido - que, segundo ele, sempre dizia ao Brasil o que o país deveria fazer - precisava ter humildade para vir aqui e aprender como se faz:

- Acabamos também com essa história de PIB potencial, que era uma bobagem de alguns economistas que diziam que o Brasil não podia crescer mais de 3% que a casa caía. Agora, vimos que é gostoso crescer 4%, 5%, 6%. Também não queremos crescer demais porque não queremos ser uma sanfona, que vai a 10%, volta a 2%, que vai a 10% e volta a 2%. Queremos crescer de forma sustentável.

Cepal sugere maior presença do Estado

Formidável. Deixa eu ver se entendi bem:
Cepal quer o "fortalecimento do Estado e a participação dele como protagonista na formulação de políticas para o setor produtivo". Isso seria "receita" para "estimular o desenvolvimento econômico da região".
Mais ainda: segundo a secretária executiva da Cepal, Alicia Bárcena, "é preciso contar com políticas de Estado que ajudem a dinamizar o crescimento, promover a produtividade, impulsionar melhores condições de emprego e de institucionalidade trabalhista e prover bens públicos e proteção social".
Não apenas isso: "Essas medidas devem vir acompanhadas, na maior parte dos países, do aumento da carga tributária", mas se concorda em que o Brasil já tem uma carga superior à da média da região, que é de 18% do PIB.

Pois bem, sendo tudo isso verdade, alguns países já sairam na frente. O Brasil, por exemplo, que já tem uma carga tributária de 38% do PIB, deve estar ótimo, pois isso representa mais do dobro a média da região.
E quanto a reforçar a presença do Estado, então tem países que deveriam estar melhores do que outros: Bolívia, Equador e sobretudo Venezuela, por exemplo, devem estar em ótimas condições, na medida em que os seus governos vêm praticando exatamente aquilo que a Cepal recomenda: reforçar o papel do Estado no desenvolvimento.
Tem mais: em Cuba, essa presença já é formidável, pois o Estado é responsável por todos os aspectos da vida econômica do país, não tem mais o que aumentar. Cuba deve ser uma potência econômica e todos os demais países membros da Cepal deveriam seguir o seu exemplo.
A Cepal é decididamente formidável.
Se não fosse por ela, não saberíamos como vencer a crise e promover o desenvolvimento na América Latina. Inclusive, ela vem preconizando essas mesmas políticas desde 1948, o que significa que antes a região era muito pior do que hoje, e que nesses 62 anos transcorridos a AL deve ter se desenvolvido barbaramente. Curioso é que ela representava, então mais do o dobro de presença física no comércio internacional do que a Ásia, e hoje a situação se inverteu completamente em favor da Ásia.
Deve ser erro estatístico...
Paulo Roberto de Almeida

Cepal sugere maior presença do Estado
Da redação
Correio Braziliense, 31.05.2010

Para desenvolvimento equilibrado, governos devem dinamizar a economia e prover o social

O fortalecimento do Estado e a participação dele como protagonista na formulação de políticas para o setor produtivo é a receita proposta pela Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal)(1) para estimular o desenvolvimento econômico da região depois de superada a recessão de 2009.

A sugestão consta do documento apresentado na 33ª rodada de discussões do organismo, que acontece até terça-feira, em Brasília. De acordo com o texto elaborado pela secretária executiva da Cepal, Alicia Bárcena, é preciso contar com políticas de Estado que ajudem a dinamizar o crescimento, promover a produtividade, impulsionar melhores condições de emprego e de institucionalidade trabalhista e prover bens públicos e proteção social.
Para estimular a economia, a recomendação é transformar a estrutura produtiva a partir do eixo industrial, dando maior atenção ao desenvolvimento de inovação tecnológica; aumentando a difusão de conhecimento; e apoiando as pequenas e médias empresas.

O dinamismo econômico, defende a Cepal, também deve vir acompanhado por uma maior inclusão e igualdade social. Só o fato de nascer em um dos países da região deveria significar que determinada pessoa tem direito a educação de qualidade, a assistência à saúde durante toda a vida, a um salário digno e a um emprego decente , avalia Bárcena.

As estratégias macroeconômicas devem ser desenhadas de forma que protejam as economias das instabilidades externas por meio da utilização dos instrumentos disponíveis, tais como financeiros, fiscais e cambiais. Essas medidas devem vir acompanhadas, na maior parte dos países, do aumento da carga tributária. É claro que para o esforço fiscal se encaminhar a estes desafios de provisão do bem-estar e da promoção social, requer crescimento econômico, realocação dos gastos e incremento da capacidade tributária dos Estados, reforça o documento.

A média de recolhimento de impostos nos países da América Latina e Caribe é de 18%, considerada baixa pela organização para promover o crescimento necessário à região. No Brasil, a sugestão de aumentar impostos não se aplica, uma vez que a arrecadação brasileira representa, atualmente, 35,8%.

Pequenos
Outra proposta feita pela organização é a reforma do mercado de capitais nestes países, de modo que ele contribua para aumentar o acesso do setor produtivo ao crédito e a prazos mais largos de financiamento. A análise da Cepal aponta que a natureza incompleta dos atuais mercados de capitais tem dificultado principalmente as pequenas e médias empresas. A reforma do mercado de capitais nessa direção significa fortalecer os bancos públicos e, em especial, os bancos de desenvolvimento, como um instrumento que permita potencializar e democratizar o acesso ao crédito , destaca a organização.

Além do reforço às instituições estatais, a comissão propõe a construção de um sistema orientado a estimular o setor produtivo, que depende, em contrapartida, da expansão e da melhoria dos instrumentos disponíveis para a análise e a administração de riscos financeiros.

Do BRIC ao FISC - Cristovam Buarque

O FICS
Cristovam Buarque
O Globo, 08/05/2010

O mundo do século XXI está cheio de siglas que representam grupos de países. O grupo mais recente, formado por Brasil, Rússia, Índia e China, é chamado de BRIC.

O que unifica esses quatro países são suas dimensões demográficas e territoriais – entre as maiores do mundo – e o fato de suas economias terem crescido nas últimas décadas, tornando-os nações emergentes no mercado mundial.

O PIB do BRIC equivale a US$ 16 trilhões, 23,51% do produto bruto global; suas exportações somam cerca de US$ 2 trilhões, 13,03% do total das exportações mundiais. Participações surpreendentes, se comparadas à situação desses países há até poucas décadas. Num mundo sem a polarização militar anterior à queda do Muro de Berlim e sem hegemonia política, esses países unidos formam um importante centro de poder. Por isso, a recente reunião do BRIC, em Brasília, foi um fato importante para o mundo, e chamou a atenção da imprensa internacional.

Outro grupo – nem criado nem batizado – pode ter mais futuro do que o BRIC. Trata-se do grupo Finlândia, Irlanda, Coreia do Sul e Suécia, que podemos chamar de FICS. O que caracteriza esses países é o fato de deterem o principal capital do futuro: o conhecimento.

Se os países do BRIC têm altas taxas de produção, consumo e participação no comércio internacional, os países do FICS fazem parte da elite educacional do mundo. A comparação entre os dados educacionais do BRIC e do FICS mostra a diferença entre eles.

Enquanto os países do FICS ficam entre o 1ª e 22ª lugares, os países do BRIC estão entre a 34ª e a 52ª posições, na avaliação da educação feita pela OCDE (Programa Internacional de Avaliação de Alunos – PISA) em 57 países, analisando o desempenho em leitura, matemática e ciências. Enquanto no FICS as taxas de conclusão do Ensino Médio ficam entre 62% e 91%, no BRIC ficam entre 15% e 57% da população.

Todos os países do FICS têm 100% de sua população adulta alfabetizada, mas no BRIC – com exceção da Rússia, que também atinge 100% – as taxas variam de 94% a 66%.

Os países do FICS têm posição modesta na produção global, apenas 2,97% do PIB mundial, mas participam com 5,41% do total das exportações. Graças à boa educação de base, os FICS produzem e exportam cada vez mais bens com alto conteúdo científico e tecnológico, enquanto os BRICs exportam principalmente bens agrícolas e minerais, produtos da indústria têxtil e mecânica com baixo teor de beneficiamento, produtos esgotáveis, como petróleo e gás, ou mesmo simples bugigangas.

A realidade mostra as vantagens do FICS sobre o BRIC: a renda per capita dos primeiros é 4,9 vezes maior que a dos últimos. O índice de Gini (quanto mais próximo de 1, pior a distribuição de renda) do BRIC varia de 0,550 (este, o pior índice, é do Brasil) a 0,370; ao passo que no FICS, fica entre 0,250 e 0,343. O Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, (quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento) no FICS varia de 0,937 a 0,965; enquanto no BRIC varia de 0,612 a 0, 817. Os países do FICS também levam vantagem na estabilidade social e política, na proteção ao meio ambiente, na ética da política e na paz das ruas. Mesmo em momentos de crise financeira, que pode ocorrer na Irlanda, a recuperação será possivelmente mais rápida.

Mas é sobretudo o indicador-de-futuro que coloca esses países em condições superiores. O FICS tem território insignificante, pequena população, consumo e produção baixos, reduzida participação no comércio internacional. Mas em uma economia cada vez mais baseada no valor do conhecimento, o futuro será muito mais brilhante para o FICS, se comparado com o atraso educacional do BRIC.

Daqueles, Coréia e Irlanda iniciaram suas revoluções há poucas décadas. A situação educacional deles não era melhor do que a brasileira há até poucos anos. Mas eles mostraram que era possível. Pena que seja tão difícil convencer os brasileiros a imaginarem nosso País com educação de qualidade para todos. É por isso que ficamos comemorando o BRIC, ignorando a vantagem discreta do FICS.

Cuba: situação insustentavel no plano econômico-alimentar

La Cuba que explota en silencio
Antonio Fernández Nays
Analítica.com (Venezuela)
Domingo, 30 de mayo de 2010

¿Cuánto tiempo podrá subsistir impávido un país de doce millones de habitantes, con una factura anual de 1.800 en alimentación que devora las arcas del Estado, dónde sus habitantes sobreviven con menos de medio dólar al día, están impedidos de viajar libremente y sometidos a un régimen castrador de libertades? ¿Serán suficientes los aportes dadivosos del Gobierno venezolano para paliar la crítica realidad de ese país, o apenas ello representa una gota en el océano de necesidades que ataca desde hace tiempo a la isla?

Sobre la realidad cubana y la relación real que existe entre los gobiernos de La Habana y Caracas disertó largamente el abogado, político, escritor y columnista venezolano Américo Martín, con los miembros de Analítica Premium el pasado jueves, quienes alternaron con el expositor en el uso de la palabra para desnudar el panorama sombrío que parece tocar la puerta del régimen castrista.

Conocedor profundo de la realidad cubana, sobre la cual ha escrito ya dos libros -América y Fidel Castro (Panapo, 2001) y La sucesión de Castro: una herida abierta (Alfadil, 2006), Martín abundó en datos, cifras, episodios y realidades que hacen del actual cuadro político y social del pueblo cubano una auténtica bomba de tiempo que, en relativo poco tiempo, pudiese estallar irremediablemente.

El caso refiere, en concreto, a un país en que el salario mínimo promedio de un profesional ronda los 17 dólares al mes, aunque el pago real es de 400 pesos, moneda no convertible; la libreta de racionamiento apenas cubre algunos productos básicos y alcanza para 17 días, y el resto del mes depende del ingenio para resolver y atender las necesidades básicas.

“El robo está institucionalizado. Ya las autoridades discuten sobre la viabilidad del sistema”, resalta el analista.

Cuba importa la mayoría de sus alimentos lo que le implica al Estado una erogación de 1.800 millones de dólares al año. En el alto gobierno, según Martín, han barajado alguna vez la posibilidad de eliminar los subsidios a la comida vistos los altos costos que implican, “pero los cubanos no odian la tarjeta (de racionamiento”, lo cual reporta para la dirigencia cubana un dilema difícil de resolver.

El 26 de julio correspondió a Raúl Castro pronunciar un discurso ante la asamblea del partido comunista. “Debió darlo mientras le temblaban las piernas”, comenta Martín, a juzgar porque el presidente cubano es un hombre inseguro, alter ego de una relación paterno filial con su hermano Fidel donde siempre llevó la peor parte, y lleno de grandes dudas sobre la efectividad y el funcionamiento del sistema político implantado en la isla.

“El socialismo está en coma”, dijo en esa oportunidad Raúl Castro, rememora Martín, para quien la frase encierra las angustias sentidas de alguien que urge por reformas estructurales.

En esa línea política, el Presidente cubano repartió más de un millón y medio de hectáreas de tierras ociosas del Estado para que fuesen trabajadas por particulares. Llegaron 100.000 solicitudes y se llegaron a aprobar cerca de 80%.

“Se despertó en el Gabinete la ilusión por el cambio, también la población tiene esos mismos deseos; el descontento es muy grande, pero los seguidores de Fidel atacaron el esquema de la apertura al considerarla contraria a toda la prédica marxista”, añade Martín.

Empero, las propias escisiones de la “nomenclatura”, amén de las sombras que aún arroja la figura de Fidel en los planos decisorios, han puesto un freno a las reformas que se avizoraban desde el ascenso de Raúl a la silla principal de La Habana.

“Lo que funcionan, en gran parte porque el propio Raúl Castro las constituyó durante el llamado Período Especial (1991-1994, cuando la Unión Soviética dejó de subsidiar a Cuba, debido al derrumbe del socialismo real), son las empresas militares, que cobran en divisas y pagan en pesos, y tienen el monopolio de la poca producción que hay en la isla. Sin embargo, también tienen un límite”, explica Martín.

En efecto, el Grupo de Empresas S.A. está bajo el control de Raúl Castro, pero la facción que Martín denomina “autogestionaria”, compuesta por seguidores de la línea dura del régimen, critican la presencia de una corporación estatal que expele un raro tufillo capitalista.

“Es inevitable la apertura económica en Cuba. Los cambios de Raúl son muy modestos y están bloqueados, pero la crisis es espantosa. La salida es el modelo chino (comunismo en lo político, capitalismo en lo económico) o abrirse a occidente”, asevera Américo Martín.

¿Cuál es el peso específico de la ayuda venezolana a Cuba? De acuerdo con el analista, prácticamente se trata de “una gota en un océano” a la sazón de los severos problemas estructurales de un país que se acostumbró a vivir de los subsidios, otrora de la URSS, luego de otros países.

“La ayuda está disfrazada con entrenadores deportivos, médicos, asesores… es difícil de cuantificar. Chávez dijo hace algunos años que Cuba y Venezuela eran un solo país y un solo gobierno, pero eso no cae bien por La Habana”, concluye Martín.

No coracao da burocracia chinesa...

Não, não estou me referindo à burocracia atual (embora ela também merecesse alguns comentários da minha parte), mas à burocracia imperial, histórica, eterna...

Aproveitando uma sexta-feira mais calma, fui visitar, no distrito de Jiading (grande Shanghai, 25kms do centro), o:

Museu Imperial Chinês do Sistema de Exames.

Ele fica junto ao Templo de Confúcio, na rua Sul, nr. 183 (dá para ir de metro, mas eu fui de carro). Tudo cercado por um belo parque, em pleno centro dessa pequena localidade aprazível da grande Shanghai (desculpem que não escrevo Xangai, na maneira brasileira, mas acho que essa ortografia não reproduz a exata maneira de falar o nome da cidade, Shang - Hai (sobre o mar), com h aspirado.

Em diversas salas, muito bem organizadas, temos uma idéia muito precisa de como era organizado esse sistema, ainda que vários documentos chineses não estejam traduzidos, apenas uma explicação sumária sobre eles (por exemplo, eu teria gostado de saber o que, exatamente esta escrito num colete-cola, ou seja, uma maneira de fraude nos exames).

O sistema funcionou durante 1.300 anos, até ser extinto em 1905, e durante séculos serviu para recrutar o alto mandarinato chinês, um dos Estados mais eficientes do mundo, até começar a estagnar, justamente devido ao poder excessivo adquirido pelo mandarinato, recrutado essencialmente com base no mérito (ainda que cartas de recomendação também fossem mandadas para personalidades influentes).

Ou seja, antes que o Ocidente copiasse o modelo de exames impessoais, os chineses já aplicavam um sistema baseado exclusivamente no mérito. Claro, apenas pessoas dotadas de uma estrutura familiar minimamente afluente tinham capacidade de estudar durante meses os textos confucianos que formavam a base do sistema de exames, quase como um vestibular, ou concurso público, dos tempos modernos no Brasil.

Durante mais de um milênio, os funcionários públicos do Estado chinês imperial -- mas as dinastias são muitas, e as rupturas diversas -- foram selecionados com base nesses exames.

Iniciado na Dinastia Sui (518-618) e abandonado no final da Dinastia Qing (1644-1911), o sistema era nacional a partir de certa etapa e, durante esses 1.300 anos, mais de 100 mil candidatos foram recrutados, dentre o mais de 1 milhão que prestou exame em nível provincial.

Alguns documentos do museu são da Dinastia Tang (618-907). Os candidatos tinham de fazer uma redação em oito partes, se submeter a testes diversos e provar conhecimento dos textos clássicos. Um dos documentos mais famosos -- aliás o único exame preservado intacto -- é um ensaio escrito por Zhao Bingzhong, na Dinastia Ming (1368-1644), num exame final presidido pelo próprio imperador: em papel arroz, com mais de 3 metros de comprimento, tem uma caligrafia perfeita.

Os exames eram feitos em diversos níveis -- que poderiamos chamar de municipal, estadual, ou provincial, e federal, ou central -- e ocorriam a cada três anos aproximadamente. Dependendo dos níveis -- de júnior a sênior -- os exames eram gradualmente mais complexos e variados.

O Brasil, provavelmente, tem um sistema de exames quase tão exigente e complicado quanto o da China imperial, e talvez tão sujeito a fraudes -- algumas das quais expostas no museu -- quanto o chinês. O museu tem alguns exemplos de colas bastante "imaginativas", letrinha miuda em diversos suportes. Talvez não tenha mudado muito desde então, apenas quanto aos meios. Antigamente era o mandarinato imperial que controlava o sistema, hoje é o Partido Comunista, que exige uma espécie de fase "escoteira" antes de progressos na burocracia do partido: o candidato a burocrata precisa trabalhar gratuitamente quando jovem durante vários anos, até ser aceito como quadro do partido e passar a disputar posições com outros candidatos. Provavelmente o mérito é premiado, mas cartas de recomendações ou pistolões de filhos de poderosos também têm o seu lugar no sistema.
Talvez o mundo não tenha progredido tanto quanto imaginamos desde a dinastia Sui...

Paulo Roberto de Almeida
(Shanghai, 31 de maio de 2010)

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...