O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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quinta-feira, 28 de abril de 2016

Mais aulas de economia - Rodrigo Philemon (10 videos)

Parece interessante, mas ainda preciso assistir.
Neste link: https://www.youtube.com/playlist?list=PLggXT4MqJ2DrbbfQZITBMWFL1cWxhdgfA
Paulo Roberto de Almeida

Economia Brasileira - A história contada por quem a fez

  • Caio Carlini
  • 10 vídeos
  • 595 visualizações
  • Última atualização em 19 de abr de 2016
EP01 Economia Brasileira - A Historia Contada Por Quem A Fez


27:52


EP02 Economia Brasileira - A Historia Contada Por Quem A Fez


27:51


EP03 Economia Brasileira - A Historia Contada Por Quem A Fez


27:51


EP04 Economia Brasileira - A Historia Contada Por Quem A Fez


27:51


EP05 Economia Brasileira - A Historia Contada Por Quem A Fez


27:52


EP06 Economia Brasileira - A Historia Contada Por Quem A Fez


27:52


EP07 Economia Brasileira - A Historia Contada Por Quem A Fez


27:52


EP08 Economia Brasileira - A Historia Contada Por Quem A Fez


27:50


EP09 Economia Brasileira - A Historia Contada Por Quem A Fez


27:52


EP10 Economia Brasileira - A Historia Contada Por Quem A Fez


26:10

Você só vai ficar sem dormir uma dessas noites. Não deixe de ver...
Paulo Roberto de Almeida

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Souvenirs de Paris (académiques, de travail)

Minha última aula em Paris, um dia antes de embarcar, na Maison des Sciences Économiques, no Boulevard de l'Hopital, perto da Place d'Italie, uma aula sobre os organismos econômicos internacionais, para um curso de verão para alunos estrangeiros em Paris.
Ganhei um livro sobre as obras de arte da Sorbonne espalhadas pelos museus de Paris.
Guillermo Hillcoat, um argentino vivendo em Paris desde várias décadas,  me presenteou.
Sai um pouco mais carregado (pois já tinha despachado 14 petits paquets com livros) e estava levando seis malas pesadas), mas contente.
À la prochaine...
Paulo Roberto de Almeida


terça-feira, 6 de março de 2012

Novas aulas de economia, por professores experientes

Já conhecíamos as aulas de economia (al revés) do Professor Chávez; agora temos novas aulas de economia de quem tem, alegadamente, mais experiência na matéria, já que frequentou, pelo menos isso, os bancos universitários em um curso fabuloso de economia de uma consagrada Faculdade em Keynesianismo aplicado, que aliás fabricou recentemente um título de doutor a um de seus ex-alunos que enveredou pela política, mas ainda assim mereceu ser agraciado, pelo novo professor, com um cargo de ministro da Ciência e Tecnologia, e agora, da Educação.
Paulo Roberto de Almeida 



Merkel diz compreender preocupação do Brasil com o câmbio
Reuters, Portal Exame, 05/03/2012 19:16


Durante a reunião, a chanceler alertou o Brasil e outros países contra o protecionismo
Hanover - A chanceler alemã, Angela Merkel, disse na segunda-feira, pouco antes de se reunir com a  presidente Dilma Rousseff, que compreende os problemas cambiais enfrentados pelos países emergentes em decorrência da grande oferta de dinheiro a juros baixos nas nações industrializadas.
Merkel e Dilma se encontraram em Hanover para a inauguração de uma importante feira de informática.
Durante a reunião, a chanceler disse que a solução para o problema cambial depende de um
fortalecimento do G20 (bloco das maiores economias mundiais). Ela alertou o Brasil e outros países contra o protecionismo.
"Precisamos ser capazes de confiar uns dos outros, precisamos ser capazes de confiar em um marco justo de condições", disse Merkel.
O Brasil e outros países têm pedido à Europa que se empenhe mais na estabilização do euro, antes que o Fundo Monetário Internacional concorde em liberar mais verbas para os países endividados que usam a moeda europeia.
"A presidente brasileira falou de um 'tsunami de liquidez' e expressou suas preocupações", disse Merkel. Na semana passada, durante a cúpula da UE em Bruxelas, a governante alemã disse que a Europa está empenhada em evitar a criação de novas bolhas financeiras.
O real já se valorizou cerca de 7 por cento neste ano, contribuindo com a perda de competitividade das exportações brasileiras e com uma inundação de produtos importados. Na segunda-feira, a moeda teve desvalorização de 0,25 por cento, cotada a 1,7353 por dólar.
Ao mesmo tempo, Merkel se queixou de barreiras comerciais nos países emergentes. "Por outro lado, vemos que há protecionismo e medidas unilaterais", disse ela, referindo-se a queixas de companhias europeias contra as alíquotas de importação brasileiras.
Antes da reunião com Merkel, Dilma disse que o Brasil continua disposto a adotar novas medidas para impedir a excessiva valorização do real, já que os países desenvolvidos continuam inundando o sistema financeiro global com dinheiro barato.
De acordo com Dilma, a adoção de juros baixos para estimular as economias europeias equivale a uma "forma artificial de protecionismo", já que faz o real se valorizar em comparação ao euro e ao dólar.
"Nós somos uma economia soberana. Tomaremos todas as medidas para nos proteger. Vamos ver quais", afirmou Dilma, sem especificar quais medidas estão em estudo, e quando poderão ser adotadas.
A presidente fez as declarações durante a viagem à Alemanha, e o Palácio do Planalto divulgou o áudio no seu site.
Nos últimos anos, várias autoridades brasileiras tentaram esvaziar a valorização do real fazendo críticas às tendências financeiras internacionais, ou alertando que medidas restritivas estão sendo estudadas.
Dilma descartou a imposição de uma "quarentena" sobre o capital estrangeiro, com prazos mínimos para a permanência de investimentos.
Na semana passada, o Brasil ampliou a abrangência de um imposto sobre empréstimos do exterior, na esperança de limitar o afluxo de capital para o Brasil. Além disso, o Banco Central comprou dólares à vista e fez a operação conhecida como "swap cambial reverso", na expectativa de segurar o "tsunami" de dinheiro barato que ameaça varrer as economias mais pobres.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Anonimos adesistas: estudem, antes de aderir; informem-se, antes de rebater...

Existem pessoas que pretendem ser ouvidas, e ficam furiosas quando ouvem ou lêem fatos ou opiniões que não coincidem com as suas próprias.
Ainda mais furiosos ficam quando ouvem ou lêem coisas que se opõem ao que eles acreditam ser verdade e se dedicam a esse exercício que alguém já chamou de "servidão voluntária" ao tentar provar que eles estão certos, e que a autoridade a que servem só quer o nosso bem, e que todos deveríamos aderir ao novo mantra.
Pois eu não me canso de denunciar falcatruas intelectuais, e roubo de propriedade alheia, quando vejo exemplos desse tipo de fraude, ainda mais patente em quem não conhece história e sequer economia.
Vejamos portanto o que um desses adesistas tem a dizer sobre algumas das opiniões ou fatos aqui expressos.
Ele (AA) vai em itálico; eu (PRA) sigo em normal: 


1) AA: "Uai, mas quem diz que a questão é binária? "
PRA: Pois é, justamente quem escreve: "Sou governista porque acho que a coisa tá andando, muito mais rápido que em qualquer outra época brasileira, e penso que a alternativa teria sido uma tragédia (Índio da Costa? Silas Malafaia? E isso o que sobrou de Malan e Arida?)." Acho que já está respondido...


2) AA: "Pode existir corrupção, e existe, e tem que ser combatida, e essas pessoas têm que ir pra cadeia. Até no Japão descobrem corrupção, e quero pros corruptos petistas o mesmo tratamento que têm os corruptos japoneses (sem seppuku)."
PRA: Pois é: o chefe máximo afaga a cabeça de "aloprados" (na verdade criminosos), e diz de certo corrupto que ele "não é uma pessoa normal"; recomendo que conte quantos petistas corruptos estão na cadeia; ou como fazer com todos aqueles que antes eram considerados corruptos vis, e que agora são aliados dos "éticos" desonestos...


3) AA: "No caso da China, uma das decisões mais acertadas do Lula, with hindsight, foi diversificar nossas exportações e concentrar na China, mas também no Mercosul, no resto da Ásia e na África."
PRA: My God! O AA não sabe a diferença entre comprar e vender, e não sabe sequer que quem vende não é o governo, e sim empresários e empresas privadas. Se o Brasil não existisse, a China não deixaria de se abastecer de minério de ferro ou de soja em qualquer outro mercado. Não é o Brasil que está vendendo, muito menos o governo Lula (ou qualquer outro): é a China, ou empresas chinesas que estão comprando soja e minério de ferro nos mercados mundiais, como aliás quaisquer outras commodities, sem que os "donos" das commodities possam fazer qualquer coisa para influenciar os mercados.
Aliás, o "hindsight" fabuloso do Guia Genial dos Povos não previu que, às vésperas de sua primeira viagem à China, os seus "parceiros estratégicos" iriam dar um golpe para derrubar os preços da soja, acusando as exportações brasileiras de falsa contaminação cruzada entre OGMs e naturais.
Sugiro que o AA consulte os manuais de economia para saber distinguir entre compra e venda, entre oferta e demanda. Ele também poderia aprender que quem vende são empresas, não o governo.
Aliás, "concentrar" na China é especialmente inteligente: cria uma dependência típica do "intercâmbio desigual" que certos "economistas" dessa tropa acusavam existir entre países avançados e países em desenvolvimento. A China, como se sabe, é diferente: ela não mantém "intercâmbio desigual" e só quer o nosso bem, se prontificando voluntariamente a manter o equilíbrio das trocas...


4) AA: "Se tivéssemos ouvido os Srs liberais em 2005 e "priorizado os mercados mais dinâmicos, que compram manufaturados", hoje estaríamos sem vender manufaturados e sem vender commodities..."
PRA: My God 2! O AA não sabe que as exportações da China caíram 40% no auge da primeira crise dos países avançados; e que suas empresas compensaram essas perdas concentrando vendas em países como o Brasil (nós, como somos bonzinhos ajudamos a China, claro, nosso parceiro estratégico).
Recomendo ao AA que leia manuais introdutórios de economia, para saber que não "vendemos" commodities: somos "comprados", tão simples assim. Quanto a manufaturados, nossos industriais são justamente penalizados pela sanha extorsiva de um Governo que não consegue renunciar às suas drogas: os impostos...
Aliás, pergunto ao AA como anda a venda de "manufaturados brasileiros", e por que, exatamente, a gente não consegue ser tão dinâmico quanto os chineses. Se a resposta for inteligente, eu posto aqui; se for a baboseira habitual que ouço e leio de AAs, me permito ignorar...


5) AA: "O PT vai continuar aprovando essas coisas até 2050, mas ninguém quer fechar seu blog, tá? Eu garanto."
PRA: Que magnânimo! o AA provavelmente pretende que eu o agradeça por me "conceder" liberdade de opinião. Ora, vá plantar batatas...
Certas pessoas são tão autoritárias em pensamento, que elas até "concedem" liberdade aos outros, como se isso fosse um dom que totalitários em germe oferecem aos outros como concessão. Eles não conseguem pensar fora da sua estreiteza mental que consiste em pensar a liberdade de opinião como sendo uma bondade de quem vive no poder.
Meu blog serve justamente para denunciar esses aprendizes de ditadores e cerceadores em potencial da opinião alheia.


6) AA: "Ora, o fato de vir aqui não me obriga a concordar com tudo o que o Sr diz, como ir lá nos blogs da esquerda não me obriga a ser a favor de estatizar o sistema financeiro ou outras maluquices..."
PRA: My God 3! Quem disse que eu escrevo para que os outros concordem comigo?
Eu escrevo o que eu quero. Aliás, costumo, em 90% do espaço, transcrever fatos, apenas fatos, mas tem pessoas que não gostam dos fatos, e se revoltam com a sua revelação e os meus comentários, o que já revela um pouco do seus espírito censor, controlador, tutelar e potencialmente autoritário.
Mas, já que o AA menciona: quem exatamente era a favor de estatizar o sistema financeiro e outras maluquices do gênero? Quem mudou? Quem não estudou economia mas ainda assim (ou mesmo assim)se rendeu às simples evidências da vida? Quem não tinha nada a propor e se apropriou das ideias e das políticas alheias? Quem saiu, na crise de 2008, anunciando aos americanos as vantagens de um PROER que antes tinha sido atacado como "salva banqueiro"? Quem hoje está salvando banqueiros? Quem comete agora falcatruas pouco (ou nada) intelectuais, ao se apropriar de tudo o que foi feito de correto no passado, quando antes condenava como "perverso" e até pretendia barrar no STF com demandas ridículas? Quem tinha sido contra o Plano Real? Quem se opôs à Lei de Responsabilidade Fiscal? Quem disse que o Plano Real era um "estelionato eleitoral", e que "não iria durar seis meses"? Quem dizia que "bolsa" isso, ou "bolsa" aquilo era "esmola para pobre", feito para enganar os pobres? Quem se uniu aos "picaretas"?
Quem defendia maluquices? (aliás ainda defende, como um "fundo soberano", que não é fundo, nem soberano, apenas recursos públicos travestidos para escapar de controles orçamentários normais?).


7) AA: "Venho aqui porque aprendo, uai, e comento porque o espaço existe."
PRA: Bem, não cobro nada por isso. Mas eu recomendaria estudar economia, e conhecer um pouco mais dos fatos históricos antes de comentar. 
Sabe como é: o Blog prefere ideias inteligentes e comentários idem. Eu até posto ideias malucas, de vez em quando, mas é justamente para depois oferecer meus serviços didáticos, de tentar juntar os neurônios de certos AAs e mostrar para eles como eles fariam melhor em abandonar suas ideias malucas de antigamente e aderir simplesmente, não a este blog, mas à simples verdade dos fatos, à realidade da vida, não continuar mantendo as mesmas ideias emboloradas, e crenças esclerosadas que mantinham antes, e que alguns ainda insistem em defender, sem reconhecer o quanto estão roubando dos que antes atacavam e que ainda atacam, em pura desonestidade intelectual.
Este blog (e este blogueiro, totalmente voluntário, não pago, como muitos por aí) tem certa ojeriza à burrice, mas ele tem mais horror ainda das fraudes e desonestidades intelectuais cometidas por certas pessoas, que antes falavam umas coisas e agora defendem outras. Enfim, todo mundo tem o direito de mudar, e eu também mudei. Mas não acho que as pessoas têm o direito de mentir, de deformar a história, e de construir uma versão manipulada, fraudulenta e mentirosa da história, apenas para não reconhecer que estão emprestando ideias dos outros e apresentando-as como se fossem suas, e como se elas tivessem inventado tudo o que está aí.
Este blog vai continuar denunciando essas falcatruas ideológicas e essas mentiras oficiais...


8) AA: "Se não gosta, basta não permitir comentários."
PRA: Eu geralmente publico, mesmo os comentários mais debiloides, e desonestos, pois eles provam justamente certas opiniões aqui expressas. Certas pessoas pensam que o mundo, o Brasil, o Maranhão foram inventados em 2003, e que todas as bondades foram feitas depois disso, e que antes só existiam perversidades voluntárias de quem desejava explorar o povo e vender o Brasil para o FMI. 
Pergunto ao AA onde estão aqueles corruptos e coronéis do atraso que antes aderiam ao governo anterior? (a qualquer governo, aliás). Quem é que os promoveu a vestais da governabilidade? Quem pratica assistencialismo eleitoreiro? Quem frauda a história?


OK, não precisa agradecer pelas pequenas aulas de economia: tudo isso está em qualquer manual de economia para aprendizes. Aliás, basta ler os jornais sem viseiras ideológicas para aprender economia.
Paulo Roberto de Almeida 

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Multiplicando a pobreza (o esporte favorito de politicos e alguns economistas...)

Opinião
O (sub)desenvolvimento não se improvisa
João Luiz Mauad
Diário do Comércio, 12/9/2010

No campo da liberdade econômica, somos reféns de uma mentalidade avessa ao lucro e temos alta admiração pelo intervencionismo.

Adam Smith, considerado o pai da moderna economia, deu à sua mais famosa obra, ainda em pleno século 18, o nome de Uma investigação sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações. Dono de uma mente brilhante, não perdeu seu precioso tempo investigando as causas da pobreza das nações. Sabia que esta não tem causas, pois é o estado natural do ser humano e, consequentemente, das nações.

Durante a maior parte da história, a pobreza foi a regra, a condição existencial de nossos antepassados. Extraordinária mesmo sempre foi a riqueza. Infelizmente, entretanto, muita gente, ainda hoje, não compreendeu esta singela verdade, e continua perguntando, equivocadamente, o que causa a pobreza. Vários livros já foram escritos a respeito.

As respostas mais frequentes para esta falsa questão costumam ser completas falácias: Fulano é pobre porque Beltrano é rico ou a nação X é rica porque explora a nação Y. O raciocínio – se é que há algum – por trás destas enormidades, é que existe uma quantidade fixa de riqueza na natureza, da qual os ricos ficam com a maior parte.

Partidário dessa teoria, o senador Aloizio Mercadante lançou o nome de Luiz Inácio Lula da Silva para o Prêmio Nobel da Paz de 2011. O principal argumento do parlamentar é o suposto sucesso do programa de transferência de renda, o Fome Zero, no combate à pobreza.

Nada poderia ser mais equivocado. Se tivesse lido Adam Smith e outros bons economistas, Mercadante saberia que o combate à pobreza se dá através da geração de riqueza, a qual é criada e multiplicada pelo homem através do empreendedorismo, da especialização, da divisão do trabalho e, acima de tudo, do mecanismo de trocas voluntárias.

Isso quer dizer que aqueles mais bem preparados para construir casas serão construtores; aqueles mais bem equipados para tratar os doentes serão médicos; uns fabricarão roupas, outros alimentos; uns darão aulas, outros serão policiais. E por meio do comércio voluntário todos acabarão se beneficiando.

Por isso, quem realmente desejar melhorar a condição de vida dos mais pobres deveria, em lugar de tentar tomar a riqueza dos ricos e distribuí-la aos pobres, pensar em estabelecer as condições necessárias para que o maior número possível de indivíduos possa juntar-se ao mundo dos criadores de riqueza.

A única forma de vencer a pobreza é criar o ambiente propício para o enriquecimento das sociedades, de forma que os ricos se tornem mais ricos e os pobres se tornem mais ricos. Tal ambiente requer um cenário com poucas restrições à atividade econômica privada e um sistema institucional que proteja, de maneira firme e intransigente, o direito de propriedade e o respeito aos contratos, gerando na sociedade um clima de confiança recíproco.

Nesse ambiente, a fortuna é privilégio daqueles que melhor e mais rapidamente identificam os desejos dos consumidores, produzem bens e serviços para atendê-los e administram com maior eficiência e zelo os seus negócios.

Por que a confiança interpessoal é fundamental? Ora, toda transação econômica é feita por meio de acordos de vontade que visam a adquirir, resguardar, transferir ou conservar direitos de propriedade. Os contratos podem ser expressos ou tácitos, porém a expectativa subjacente é o cumprimento do pactuado, já que, caso contrário, a contratação não teria nenhum sentido.

Com efeito, em sociedades onde o imperativo ético não é regra, as relações pessoais tendem à desconfiança, e as transações econômicas tornam-se complicadas e caras.

É claro que uma sociedade de confiança não nasce do nada. Os indivíduos precisam ser incentivados a confiar uns nos outros. É aí que entra o fundamental papel do governo, pois nós só estaremos propensos a confiar nos demais se tivermos certeza de que, em caso de necessidade, basta chamar a polícia ou apelar à Justiça e elas agirão com presteza em nossa defesa e na defesa das nossas propriedades. Eis por que, no sistema capitalista, a segurança pública, a segurança jurídica e o Estado de Direito são tão importantes para a prosperidade de qualquer nação.

No Brasil, infelizmente, estamos ainda muito longe desse ambiente ideal. No campo da liberdade econômica, somos reféns de uma mentalidade francamente avessa ao lucro e nutrimos grande admiração pelo intervencionismo.

Paralelamente, a economia informal avança sem barreiras. A falsificação e a pirataria correm soltas, sem que as autoridades, os prejudicados e a população em geral tomem qualquer atitude. Basta percorrer as ruas das principais capitais do País para verificar a total impunidade com que camelôs vendem mercadorias pirateadas, quando não contrabandeadas ou roubadas.

Como o respeito aos contratos e o próprio Estado de Direito não estão plenamente assentados, nem em termos das instituições formais (leis e Justiça) nem das informais (ética), a insegurança jurídica grassa, fazendo com que os custos de transação no Brasil estejam entre os maiores do mundo. A consequência mais nítida disso tudo é a nossa baixíssima competitividade no mercado global.

Como dizia Nelson Rodrigues, de quem "roubei" o título acima, "o subdesenvolvimento não se improvisa; é obra de séculos".

Malgrado a jactância dos atuais governantes em torno dos supostos resultados econômicos e sociais do País, o fato é que ainda temos um longo caminho a percorrer, até que consigamos deixar a pobreza e o subdesenvolvimento definitivamente para trás.

João Luiz Mauad é empresário e colunista do site www.midiaamais.com.br

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Contas Nacionais: de volta a uma pequena equacao enganosa

Uma pequena aula de Economics 101...

As importações e o PIB: o que se vê e o que não se vê [*]
João Luiz Mauad
Ordem Livre, 12 de Agosto de 2010

Foi anunciada, há duas semanas, a primeira estimativa do PIB norte-americano para o segundo trimestre do ano em curso, indicando uma alta de 2,4% (anualizada) em relação ao período imediatamente anterior. O número veio mais ou menos dentro do esperado pelo mercado, e o que chamou atenção mesmo foram algumas análises e comentários dele decorrentes, vindos, inclusive, de gente bem pensante e informada.

A jornalista de economia de O Globo, Mirian Leitão, por exemplo, estampou em seu blog o seguinte comentário:

Setor externo puxa desaceleração da economia americana
A economia americana desacelerou no segundo trimestre. A redução do ritmo foi impulsionada pelo setor externo, em decorrência da forte aceleração das importações. Entre abril e junho, o PIB (Produto Interno Bruto) teve alta de 2,4% em relação aos primeiros três meses do ano, quando a economia havia crescido 3,7%. O número ainda pode ser revisado, mas veio abaixo das expectativas (2,6%).


Na mesma linha, o jornal Folha de São Paulo publicou a notícia, em sua página na internet, nos seguintes termos:

Importação tem maior alta em 26 anos e desacelera expansão dos EUA no 2º tri
O crescimento no trimestre passado foi contido por um aumento de 2,8% nas importações, que ofuscou a elevação de 10,3% nas exportações. Isso gerou um déficit comercial que tirou 2,78 pontos percentuais do PIB, a maior subtração desde o terceiro trimestre de 1982.


Já o site de economia do UOL publicou a seguinte matéria, quase nos mesmos termos:

Importações desaceleram expansão dos EUA no 2o tri
A expansão do segundo trimestre foi contida por um salto de 28,8 por cento das importações, que ofuscou o avanço de 10,3 por cento das exportações. Isso gerou um déficit comercial que tirou 2,78 pontos percentuais do PIB, a maior subtração desde o terceiro trimestre de 1982.


Outros veículos seguiram a mesma linha.

Qualquer pessoa menos informada, que se depare com tais notícias, sairá com a impressão de que, quanto mais um país importa, menor será o seu PIB. Importar, portanto, seria algo análogo a destruir riqueza. Se acreditarmos no que dizem os analistas, sairemos certos de que, ao comprarmos um produto importado, estaremos contribuindo para a ruína de nosso país.

O fulcro desta falácia econômica, disseminada, muitas vezes até involuntariamente, está na famigerada identidade contábil abaixo, utilizada, mundo afora, para o cálculo do PIB:

PIB = C + I + G + X – M

O problema não está na fórmula em si. Como método de aferição do Produto Interno Bruto, ela é largamente aceita. O volume do PIB é equivalente ao somatório do consumo das famílias e empresas (C), dos investimentos (I), dos gastos do governo (G) e do saldo de comércio com o estrangeiro (X-M).

A confusão é provocada exatamente pelo sinal de subtração antes das importações (M), o que induz a pensar que elas diminuem o valor do PIB. Aquele sinal (-), no entanto, está ali justamente para fazer com que as importações tenham peso neutro no cálculo do Produto INTERNO Bruto, afinal elas já estão inseridas (com sinal positivo) tanto em C (consumo), quanto em I (investimento) ou X (exportações), e até mesmo em G (gastos públicos).

Suponha que eu resolva utilizar minhas economias e adquira R$ 100.000,00 em bicicletas, com objetivo de revenda no mercado interno. No final do negócio, vendi todas as bicicletas por R$ 120.000,00, obtendo um lucro de 20% sobre o investimento. No cálculo do PIB, estes R$ 120.000,00 farão parte de “C” – Consumo das famílias –, embora os produtos consumidos não tenham sido fabricados dentro do país. Para corrigir esta distorção, já que o PIB deve espelhar somente a riqueza gerada domesticamente, o volume de importações aparece com sinal negativo na fórmula de cálculo.

Fica claro, portanto, que as importações não reduzem o valor do PIB. Pelo contrário, ao gerar lucro, criam riqueza – no exemplo em tela, estamos falando de R$ 20.000,00. Mas alguém poderia indagar que, se eu não houvesse importado as bicicletas, elas teriam sido produzidas internamente, aumentando o valor do PIB em R$ 200.000,00. Certo? Errado!

Se eu produzo uma mercadoria a um custo X e vendo pelo mesmo valor X, o incremento do PIB é nulo. O que gera novas riquezas e aumenta o PIB é o valor adicionado. Para adquirir as bicicletas, seja no exterior ou no mercado interno, eu (comerciante) precisarei mover recursos de algum lugar. Se eu compro (ou produzo) e vendo as mercadorias pelo mesmo valor, apenas transfiro recursos de uma variável para outra, sem que haja incremento algum. Assim, eu posso “destruir” riqueza fabricando bicicletas no mercado interno a R$ 130.000,00 e vendendo-as a R$ 120.000,00, bem como, de modo inverso, criar riqueza comprando bicicletas a R$ 100.000,00 no exterior e vendendo-as a R$ 120.000,00 no mercado interno.

A coisa fica ainda mais perigosa quando alguns "espertinhos", geralmente keynesianos, cismam de utilizar a mesma fórmula como ferramenta teórica para demonstrar supostos benefícios econômicos do aumento dos gastos públicos. Não é raro, por exemplo, encontrar economistas defendendo o aumento dos empregos públicos ou das transferências de renda como formas eficientes de fomentar (eles adoram esta palavra) o crescimento do país.

A falha dessa “teoria” está no fato de que quaisquer aumentos em G decorrem necessariamente de reduções equivalentes nas demais variáveis, principalmente C e I – de onde provêm, inevitavelmente, os recursos dos impostos e dos empréstimos que o governo toma da sociedade. Portanto, os gastos dos governos são recursos que deixaram de ser utilizados pelos consumidores, investidores e produtores. Há apenas uma redistribuição forçada desses recursos, cujo resultado é a alocação ineficiente dos mesmos.

Os keynesianos, de forma geral, acham que seus modelos matemáticos e gráficos possuem vida própria, independente das ações e vicissitudes dos agentes econômicos (seres humanos), os quais, no fim das contas, são a força motriz que dá direção e intensidade às variáveis econômicas. Também se recusam a admitir o princípio da escassez e o conseqüente custo de oportunidade de qualquer ação econômica. É lamentável que esse pensamento encontre-se tão disseminado entre nós.

[*] Apud Bastiat.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Las Clases de Economia (Al Reves) del Profesor Chavez se expanden...

Desta vez na Bolívia. Não existe melhor professor de economia do que ele. Basta fazer tudo ao contrário do que ele faz. Não sei se vai dar certo, mas é um bom experimento para aprender economia (às vezes às suas próprias custas).
Vamos ver se a Bolívia aprende direitinho...

Bolivia: Morales regulará los precios de veinte productos de consumo masivo

El Gobierno de Evo Morales emitirá en los próximos días una resolución para regular en Bolivia los precios de veinte productos de consumo masivo, entre ellos la cerveza, las bebidas gaseosas y el cemento, publica la prensa local.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Manual de Economia Al Reves: ainda uma aula do Professor Chavez

Sempre vou me surpreender com a ENORME capacidade de certas pessoas de reescreverem, completamente, toda a parte de microeconomia (e se der a macroeconomia também) dos manuais de economia com base na vontade pessoal, e não nas realidades econômicas mais comezinhas. Vale o prêmio Ignóbil de Economia do ano.

Venezuela: prohíben venta informal de alimentos si no cumple con el control de precios
Infolatam
Caracas, 29 de junio de 2010

Chávez aplica esta medida en momentos en los que ha arreciado el intermitente desabastecimiento.

El Gobierno venezolano ordenó que los comerciantes informales del país solo podrán vender alimentos básicos si respetan el control de precios vigente para los mismos y garantizan las condiciones de "higiene y salubridad" necesarias.

Una resolución publicada en la gaceta oficial oficializó la "prohibición absoluta de venta" de los alimentos básicos "a través del comercio informal, ambulante o eventual donde no se garantice el cumplimiento de los precios establecidos por el Ejecutivo Nacional".

La prohibición se aplica además cuando los vendedores informales no puedan garantizar las "condiciones de higiene y salubridad de los alimentos para el consumo humano declarados de primera necesidad", informaron medios locales que citaron la gaceta oficial.

En Venezuela se da el fenómeno de que alimentos controlados como el café, el azúcar y la harina de maíz desaparecen cíclicamente de los anaqueles de los comercios formales, pero se los puede hallar en las ventas ambulantes o informales con precios muy por encima de los establecidos por el Gobierno.

El Ejecutivo del presidente venezolano, Hugo Chávez, aplica la medida sobre la venta informal de alimentos básicos en momentos en que ha arreciado el intermitente desabastecimiento de algunos de ellos, y el sector acumula una inflación de 20,5 por ciento en lo que va de año, según datos de Banco Central de Venezuela (BCV).

El Gobierno socialista de Chávez mantiene desde 2003 un régimen de control de precios sobre un centenar de productos alimenticios y médicos, entre otros, considerados de primera necesidad, con el fin de garantizar el acceso a los mismos a la mayoría de la población.

Las Claves:
* Una resolución oficializó la "prohibición absoluta de venta" de los alimentos básicos "a través del comercio informal, ambulante o eventual donde no se garantice el cumplimiento de los precios establecidos".
* Se estableció "30 días continuos" para que los comerciantes informales se adecúen a la medida oficial,

segunda-feira, 31 de maio de 2010

PIB potencial e PIB real: um esclarecimento

O presidente acaba de decretar a morte do conceito de PIB potencial -- bem ele já extingiu várias outras coisas no Brasil, também, sem que essas coisas se tenham modificado substancialmente -- numa frase exemplar, como figura abaixo:

"Acabamos também com essa história de PIB potencial, que era uma bobagem de alguns economistas que diziam que o Brasil não podia crescer mais de 3% que a casa caía."

Para os menos versados em economia, caberia esclarecer do que se trata, exatamente, para que os mais jovens não fiquem com a impressão de que acaba de ser efetuada uma revolução na ciência econômica.

Economistas, de diferentes tendências -- e não apenas os ortodoxos, já que os supostos "desenvolvimentistas" também concordariam com os conceitos -- costumam distinguir entre o PIB real, ou seja, aquele que é efetivamente realizado na atividade econômica corrente, e o PIB potencial, que seria o PIB possível caso todos os fatores de produção fossem utilizados no limite de suas possibilidades e capacidades, sem provocar pressão inflacionária (que é quando a demanda aumenta acima das possibilidades da oferta, e a demanda só pode aumentar se existe meio circulante para tanto, o que depende em grande medida do crédito na economia).
Constata-se, portanto, que os conceitos econômicos de PIB real e potencial não configuram nenhuma bobagem, sendo uma simples realidade econômica, que pode ser constatada pelos indicadores de conjuntura, relativos a produção, capacidade instalada e sobretudo índices de preços.
Não é por outra razão que o BC acaba de elevar a taxa de juros de referência. Talvez o presidente do BC pudesse enviar a ata da última reunião do Copom ao presidente para que ele a leia (se conseguir) antes de soltar essa enorme bobagem de "matar" o PIB potencial.
Pessoas que possuem um conhecimento rudimentar de economia poderiam se informar melhor, antes de proclamar bobagens como essa referida.
Nunca é demais evitar demonstrações de incompetência econômica. Afinal de contas, o Brasil não merece ser deseducado em economia também, já que em matéria de política e de ética pública ele vem sendo deseducado há muito tempo.
Registre-se também, en passant (aliás uma palavra que o presidente se orgulha de usar), que a demanda vem crescendo devido a uma oferta mais do que necessária de crédito, o que certamente alimenta a inflação. Talvez os economistas pudessem alertar as autoridades que alimentar a inflação é uma grande bobagem, já que ela prejudica em primeiro lugar os mais pobres, de quem o governo se diz muito amigo. Ainda uma pequena aula de economia gratuita.
Paulo Roberto de Almeida

Lula inclui governo de FH na 'década perdida' da economia
Henrique Gomes Batista
O Globo, 31/05/2010

RIO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou o período do governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) como parte das décadas perdidas na economia. Lula afirmou em discurso na abertura do Michelin Challenge Bibendum, no Rio, que o país agora tomou gosto pelo crescimento.

- Qualquer um de vocês pode checar que poucas vezes investimos tanto em infraestrutura no país como agora. Tivemos algo próximo disso em 1975, mas na época o governo tomou dinheiro emprestado a 6% e, logo depois, os juros subiram 21%. Sabemos o que se passou com isso. Passamos duas décadas perdidas, entre 1980 e 2000 - afirmou Lula.

O presidente disse ainda que o mundo desenvolvido - que, segundo ele, sempre dizia ao Brasil o que o país deveria fazer - precisava ter humildade para vir aqui e aprender como se faz:

- Acabamos também com essa história de PIB potencial, que era uma bobagem de alguns economistas que diziam que o Brasil não podia crescer mais de 3% que a casa caía. Agora, vimos que é gostoso crescer 4%, 5%, 6%. Também não queremos crescer demais porque não queremos ser uma sanfona, que vai a 10%, volta a 2%, que vai a 10% e volta a 2%. Queremos crescer de forma sustentável.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Tentacoes protecionistas redundam apenas em pobreza

Transcrevo um post do blog Libertatum, do economista Klauber Cristofen Pires, importante na presente conjuntura em que a Argentina adota mais e mais medidas protecionistas contra o Brasil e este, equivocadamente, se preparar para retaliar com outras medidas protecionistas...
Paulo Roberto de Almeida

Tributar as importações protege a indústria nacional?
Por Klauber Cristofen Pires
Terça-feira, Maio 25, 2010

Ensina-se como cláusula pétrea em matéria de Direito Tributário que a instituição de impostos sobre o comércio exterior guarda um objetivo parafiscal, isto é, não voltado prioritariamente para a arrecadação, mas para a consecução de políticas do estado, mormente a "corrigir desvios praticados pelo mercado" e "proteger a indústria nacional". Serão, porém, estes preceitos verdadeiros? (...)

Como corolário de uma ciência que mereça o nome de Economia, analisar as consequências de um ato ou fato requer investigar não somente aos resultados imediatos, mas também os de médio e longo prazo, bem como também não desprezar os resultados apenas sobre os diretamente atingidos, mas as repercussões que recairão sobre todos os outros componentes da sociedade.

Para uma melhor compreensão do assunto, valho-me da lição de Henry Hazlitt, transcrevendo abaixo um trecho de sua obra Economia numa única lição, de brilhante lucidez e fácil entendimento, sobre uma hipotética situação em que o governo decretasse uma tarifa de importação de US$ 5 sobre suéteres estrangeiros:

Americanos seriam empregados nessa indústria, o que não ocorria anteriormente. Tudo isso é verdade. Mas não haveria aumento líquido de indústrias e de emprego no país, porque o consumidor americano teria que pagar US$5 a mais pela mesma qualidade de suéter, importância que lhe teria sobrado para comprar outra coisa. Teria que cortar, em seus gastos, a importância de US$5. A fim de que uma indústria pudesse desenvolver-se ou existir, centenas de outras teriam que retrair-se. A fim de que 50 mil pessoas pudessem ser empregadas numa indústria de suéteres, 50 mil pessoas a menos seriam empregadas em outra indústria qualquer.

Como muito bem explicado pelo autor, não haveria um crescimento da indústria nacional, mas apenas a transferência da linhas de produção de muitos empreendimentos mais eficientes para a realização de um empreendimento menos eficiente. Porém espere o leitor que nem sequer aqui se trata de um jogo de soma zero: ao inibir a produção e a produtividade das empresas mais eficientes, estamos necessariamente destruindo empregos e gerando o empobrecimento da população.

Com uma ampla tabela de alíquotas de imposto de importação, bem como cotas e/ou outras formas de gravames, o que se tem é a depressão generalizada da produção e da tecnologia domésticas. Com muito menos empresas a funcionar, os empresários passam a produzir cada vez com pior qualidade e maior preço, e dependendo da política monetarista do governo, um esquema inflacionário pode acontecer como um fogo que se alastra por uma simples fagulha em uma floresta ressecada pelo sol do verão.

Este cenário já foi vivido pelo Brasil dos anos 80 e até dos anos 90, e hoje não se encontra resolvido, mas apenas um pouco melhorado. Em um tempo em que prevalecia a política conhecida como "substituição de importações", os carros aqui fabricados eram terríveis geringonças, a ponto de lembrar-me ainda de uma desesperada capa da revista "4 Rodas" com o enfático título "Arrego!", em que denunciava a passagem de 10 anos sem absolutamente nenhum lançamento pela indústria automotiva. Porém, não eram só os carros os vilões: naquele tempo, para se comprar um mero reprodutor de video-cassete era necessário fazer um consórcio, e uma porcaria de um telefone, daqueles do tipo "trim-trim", constituía um investimento a ser declarado no Imposto de Renda.

Em um país onde a carga tributária alcança 40%, temos um cenário especial, de tal forma que poucas indústrias podem competir salvo se protegidas por direitos cobrados na Alfândega. Contudo, o problema que deslindamos neste caso é duplo, tal como a culpa dupla de um bêbado que atropela alguém. um caso não justifica o outro e ambos, juntos, consomem as forças produtivas.

Se impor restrições ao comércio fosse algo bom, a China de Mao tse-Tung teria sido um exemplo para o mundo todo, mas só o que ela produziu foi uma horda de mais de um bilhão de seres humanos extremamente miseráveis. Qualquer grau neste caminho, portanto, levará a um correspondente de empobrecimento geral.

Publicado por Klauber Cristofen Pires às 11:49 AM

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Una aulita mas de deseconomia: gracias profesor Chavez...

Não há melhor professor de deseconomia do que nosso prêmio Nobel al revés...

Chávez ameaça fechar as bolsas da Venezuela
De Agencia EFE – 14.05.2010

Caracas, 13 mai (EFE).- O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse nesta quinta-feira que está disposto a eliminar as bolsas de valores do país, que, segundo ele, estão supostamente envolvidas em um plano para elevar artificialmente o valor do chamado 'dólar permuta'.

"Se for preciso acabar com todas as casas de bolsa, faremos", declarou Chávez, durante ato oficial em Caracas, onde acusou as instituições de serem instrumentos criados pela burguesia para conduzir o dinheiro do povo.

O líder fez a afirmação ao comentar a aprovação nesta quinta-feira de uma reforma à Lei contra Ilícitos Cambiais que deixa em mãos do Banco Central da Venezuela (BCV) o controle do chamado dólar permuta.

Nesse contexto, Chávez voltou a assinalar que as bolsas fizeram supostos manejos especulativos de bônus nominados ou pagáveis em dólares, emitidos pelo BCV, o que elevou o valor da divisa de forma "irracional".

"Farão falta as casas de bolsa? Quem aqui do povo precisa delas? Não, não fazem falta. Os ricos inventaram um sistema para conduzir os recursos do povo, os recursos do Estado, os recursos do país", afirmou Chávez.

O presidente disse ainda que essa alta artificial do dólar permuta, que afetou de maneira importante a inflação segundo os economistas locais, faz parte de um "plano da burguesia" que persegue gerar "mal-estar" na população e descontente em relação ao Governo "revolucionário" que dirige há 11 anos.

A Venezuela tem um controle estatal de câmbio com duas taxas fixadas pelo Banco Central da Venezuela (BCV): uma preferencial de 2,6 bolívares por dólar para as importações consideradas essenciais, e outra de 4,3 bolívares para o restante das operações.

Também há o chamado dólar paralelo, ou 'permuta', ligado a bônus nominados ou pagáveis em moeda estrangeira emitidos pelo BCV e negociados pelo sistema financeiro, cujo preço chegou a ser o dobro do valor oficial.