O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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terça-feira, 15 de maio de 2018

Seminario ‘Brasil, brasis’ na ABL: Gustavo Franco e Jorge Caldeira


Acadêmico Merval Pereira coordena na ABL o Seminário ‘Brasil, brasis’ de maio 2018 intitulado ‘As riquezas do Brasil’

A Academia Brasileira de Letras abre sua série de Seminários “Brasil, brasis” de 2018 com o tema As riquezas do Brasil, sob coordenação do Acadêmico e jornalista Merval Pereira (oitavo ocupante da cadeira 31, eleito em 2 de junho de 2011) e as participações do economista Gustavo Franco e do cientista político Jorge Caldeira. O coordenador-geral dos Seminários “Brasil, brasis” de 2018 é o Acadêmico e professor Domício Proença Filho.
O Seminário Brasil, brasis, com entrada franca e transmissão ao vivo pelo Portal da ABL, tem patrocínio do Bradesco.
OS CONVIDADOS
Bacharel (1979) e mestre (1982) em economia pela PUC do Rio de Janeiro e PhD (1986) pela Universidade de Harvard, Gustavo H. B. Franco é professor da PUC desde 1986 e está entre os mais importantes e influentes economistas do país.
Franco começou sua carreira no setor público em maio de 1993, como Secretário Adjunto de Política Econômica quando Fernando Henrique Cardoso assumiu o Ministério da Fazenda. Foi presidente do Banco Central do Brasil, e também diretor da Área Internacional do Banco Central entre 1993 e 1999.
O mais jovem entre os presidentes do Banco Central no período democrático, Franco presidiu a instituição em 1998, quando se observou a menor taxa de inflação de todo o período de existência do Banco Central: 1,6% ao ano de acordo com o IPCA. Teve participação central na formulação e condução do Plano Real, bem como nos debates associados à estabilização e às reformas que se seguiram.
Depois de deixar o Banco Central em 1999, fundou a Rio Bravo Investimentos, instituição líder em investimentos alternativos no Brasil, desde 2016 associada à Fosun, um dos mais destacados grupos privados chineses. Participa e participou de diversos conselhos consultivos e de administração. É autor ou organizador de dezoito livros, não apenas sobre economia, mas também sobre temas históricos e aspectos da obra de Machado de Assis, Fernando Pessoa, Goethe e Shakespeare.
Escreve regularmente para jornais e revistas desde 1988, em veículos como o Jornal do BrasilFolha de S. PauloVeja e Época. Hoje, é colunista do Globo e do Estado de S. Paulo.
Doutor em Ciência Política, mestre em Sociologia e bacharel em Ciências Sociais (FFLCH–USP), Jorge Caldeira é escritor, sócio-fundador da Mameluco Edições e Produções Culturais e possui ampla experiência profissional na área jornalística e editorial. Foi publisher da revista Bravo!, consultor do projeto “Brasil 500 Anos”, da Rede Globo de televisão, editor-executivo da revista Exame, editor da Ilustrada e da Revista da Folha, do jornal Folha de S. Paulo, editor de economia da revista Isto É e editor da Revista do Cebrap.
Jorge Caldeira é autor de Noel Rosa, de costas para o mar (Brasiliense), Mauá, empresário do Império (Companhia das Letras), Viagem pela história do Brasil (Companhia das Letras), A nação mercantilista (Editora 34), Ronaldo: glória e drama no futebol globalizado (Editora 34), O banqueiro do sertão (Mameluco), A construção do samba (Mameluco) e História do Brasil com empreendedores (Mameluco), além de organizar Brasil, a história contada por quem viu(Mameluco) e dos volumes Diogo Antonio Feijó e José Bonifácio, que integram a Coleção Formadores do Brasil (Editora 34). Escreveu, ainda, Júlio Mesquita e seu tempo (Mameluco), Nem Céu Nem Inferno (Três Estrelas), 101 Brasileiros que fizeram História (Estação Brasil), e História da Riqueza no Brasil (Estação Brasil). Caldeira ocupa a cadeira nº 18 da Academia Paulista de Letras.
15/05/2018

terça-feira, 24 de maio de 2016

De onde vem a riqueza dos mais ricos? Estudo da Forbes e reflexao sobre o Brasil (Paulo Roberto de Almeida)

Meus comentários iniciais sobre a matéria abaixo baseada em pesquisa da revista Forbes.

Que a maior parte da riqueza acumulada na América Latina, ou especialmente no Brasil, seja o resultado de herança, ou seja, de patrimônio mantido na família, é absolutamente normal no plano econômico, sendo maior nesta região apenas porque ela é absolutamente improdutiva, parada, estagnada, pois em outros países é riqueza produzida continuamente.
    Agora, achar que isso é ilegítimo significa apenas que todos os que pensam assim, querem expropriar essa riqueza, pela taxação da herança ou do patrimônio. A única coisa que vão produzir é a exportação dessa riqueza para paraísos fiscais ou para outros países que promovem criação da riqueza a partir da própria riqueza.
    Filosofia pikettyana, ou seja, completamente maluca.
Paulo Roberto de Almeida

Notas de dólar
 MERCADO FINANCEIRO IMPULSIONA FORTUNA DOS BILIONÁRIOS NO MUNDO
 
Anualmente a revista “Forbes” publica o seu ranking de bilionáriosdo mundo. Apesar do crescimento lento da economia mundial, em 2015, o clube dos super-ricos atingiu a marca 1.826 pessoas, superando o recorde anterior, estabelecido em 2014. Mas quem são esses bilionários e de onde sua riqueza vem?

O estudo “As origens dos Super-ricos”, realizado pelas pesquisadoras Caroline Freund e Sarah Oliver, do Peterson Institute for Internacional Economics, instituição de pesquisa sem fins lucrativos baseada em Washington, usa esses dados para entender os super-ricos.

O trabalho busca responder a algumas questões que estão ligadas à concentração de renda no globo. Por exemplo: esses bilionários são herdeiros ou construíram as próprias fortunas? Sua riqueza vem do setor produtivo ou do mercado financeiro?

Segundo o estudo, o clube dos super-ricos é mais dinâmico do que se pensa. Atualmente, a maior parte dos bilionários construíram as próprias fortunas. O Brasil não é representativo dessa tendência mundial. No país, a maior parte da riqueza é herdada.

Como funcionou o trabalho?#

A pesquisa se baseia em informações coletadas entre 1996 e 2015 no ranking de bilionários da revista “Forbes”. Essa organiza dados sobre participação acionária em empresas, declarações financeiras das companhias, e reuniões com candidatos para listar todos os indivíduos do mundo com mais de US$ 1 bilhão em patrimônio líquido em determinado ano.

O trabalho agregou esses bilionários de acordo com o setor da indústria que melhor representa a origem de suas fortunas, nas seguintes categorias: setores ligados a recursos naturais (como minérios ou petróleo), setores novos (que incluem, por exemplo, a indústria de tecnologia), setores produtores de bens exportáveis (que inclui bens industriais e alimentos, por exemplo), setores produtores de bens não exportáveis (como o setor de mídia e de construção) e setor financeiro.

O dólar se desvalorizou desde 1996, o que significa que US$ 1 bilhão na época representa mais dinheiro do que US$ 1 bilhão em valores atuais. O estudo levou isso em conta e fez as mesmas comparações excluindo os super-ricos cuja fortuna não somaria US$ 1 bilhão se os valores de 1996 fossem corrigidos pela inflação. Em linhas gerais, as diferenças não foram relevantes, mesmo com essa ressalva.

A riqueza dos super-ricos vem de suas famílias?#

Não necessariamente. Em todas as regiões do mundo, o volume total de fortunas aumentou principalmente por causa do surgimento de novos super-ricos, e não através do aumento da riqueza de quem já era super-rico. Essa distinção é importante porque diz respeito à forma como a renda tem se concentrado, se com mobilidade social ou apenas através da concentração de mais dinheiro nas mãos de quem já era rico.

Nem sempre foi assim. Em 1996 a maior parte das fortunas eram herdadas. Mas já em 2001, 58% dos bilionários tinham construído as próprias fortunas, uma mudança em grande parte explicada pelo boom do setor de tecnologia, diz o trabalho.

A parcela de bilionários que herdaram as próprias fortunas é maior na Europa (35,8%) do que nos Estados Unidos (28,9%).

ORIGEM DA RIQUEZA (%)#



Na década seguinte essa tendência se intensificou com o crescimento acelerado do número de bilionários de países em desenvolvimento. O boom dessas economias foi acompanhado pela criação de novas fortunas. Em 1996 a China não tinha nenhum bilionário, e o Japão, 40. Em 2015 a China tinha 213 bilionários, e o Japão, 24.

Na Europa, a concentração de bilionários se moveu para o leste. Na Rússia, novas fortunas foram criadas no setor petrolífero, por exemplo. Em 1996, a Alemanha tinha 47 bilionários, e a Rússia, nenhum. Em 2015, a Alemanha tinha 103 e a Rússia, 88.

A importância do papel dos novos bilionários não significa que aqueles que já eram ricos não tenham ficado ainda mais endinheirados. Cerca de 20% do aumento da riqueza nas mãos de bilionários no período se deve ao enriquecimento de quem já fazia parte do clube.

De onde vem a riqueza dos super-ricos?#

O estudo analisa o que gerou o aumento do número de bilionários e da riqueza total na mão deles nos Estados Unidos, na Europa e em outros países desenvolvidos - como o Japão e Coreia do Sul, por exemplo.

Entre 1996 e 2014 o mercado financeiro respondeu por 40% do crescimento no número de bilionários nos Estados Unidos. Na Europa, o setor exportador responde pela maior parte dos novos ricos: 43,4%. O setor financeiro responde por apenas 13,5%.

ALTA DO NÚMERO DE BILIONÁRIOS (%)#



Fundos de hedge - que têm autorização para realizar operações financeiras mais arriscadas e em geral recebem aplicações de alto valor de investidores experientes - tiveram um papel fundamental nos Estados Unidos. Eles respondiam por menos de 10% da riqueza do setor financeiro americano em 2000, e por 22% em 2015.

ALTA DAS FORTUNAS (%)#



Setor de tecnologia
As fortunas nos Estados Unidos também tendem a ser menos ligadas a heranças porque há no país uma proporção maior de bilionários do setor de tecnologia, diz o estudo. Eles são 56 pessoas, ou 12% dos bilionários. Na Europa são 17 pessoas, ou 5% dos bilionários.

Os “novos setores”, que englobam o setor de tecnologia, responderam por 19% do aumento no número de bilionários nos Estados Unidos, e na Europa, por 12,7%.

E o Brasil?#

O trabalho não analisa o caso brasileiro especificamente, mas traz dados sobre os bilionários do país. Em 2014 eles responderam por 3,9% dos bilionários do mundo.

47,7%
Dos bilionários brasileiros são herdeiros

18,5%
Vêm do setor financeiro

21,5%
Fundaram as próprias companhias

4,6%
Enriqueceram com base em conexões políticas ou em áreas ligadas a recursos naturais. Segundo o estudo “um bilionário é identificado como politicamente relacionado se houver notícias conectando sua riqueza a posições que ocupou no governo, parentes no governo ou concessões questionáveis”.

Há no país uma proporção maior de super-ricos herdeiros do que no mundo. A distribuição está em linha com aquela do resto da América Latina.