segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

RBPI e PRA: um caso de vício gentil

Mantenho, em relação à Revista Brasileira de Política Internacional, uma afinidade eletiva desde que a conheci, nos primórdios de meus estudos sobre temas internacionais (que confesso não sei precisar se foram antes ou subsequentes a meu ingresso na carreira diplomática). Em todo caso, frequentando bibliotecas desde sempre, creio que deparei com a RBPI muito cedo.
Mas só fui colaborar com ela numa segunda fase de minha carreira, na segunda metade dos anos 1980, quando voltei de meu primeiro estágio no exterior, como diplomata.
Desde então nunca cessei de colaborar com a revista, e posso até dizer que fui um dos principais responsáveis, se não o principal, por sua "sobrevivência", quando sua existência esteve ameaçada em sua continuidade, ao falecer aquele que tinha sido seu principal editor, incentivador, financiador (etc., etc., etc.) durante sua vida editorial no Rio de Janeiro (1958-1992), Cleantho de Paiva Leite, a quem tinha conhecido justamente pouco antes de começar a colaborar (sob seu estímulo direto).
Em 1993, atuei intensamente na missão de arrancá-la de uma morte certa e de revivê-la em novas bases, com sua transferência a Brasília e nova vida editorial com base na boa equipe de professores dessa área da UnB.
Desde então me mantenho no cargo "fictício" de editor-adjunto, que acredito seja uma simples homenagem a meu papel nesse emprendimento a todos os títulos meritório.
Hoje a RBPI se encontra nas boas e competentes mãos do professor Antonio Carlos Lessa (que atuou intensamente no sentido de sua projeção internacional e intgração a modernas bases de dados informáicas), depois de ter conhecido uma boa trajetória sob a direção do professor Amado Luiz Cervo.
Vou continuar colaborando em tudo o que me for solicitado.
Por acaso, percorrendo hoje a base de dados Scielo, resolvi colocar o meu nome para uma busca seletiva de colaborações. Deu o que vai abaixo, que é apenas uma parte de minhas colaborações, pois faltam os dez anos anteriores, em que também atuei com muito vigor para fazer da RBPI uma grande revista brasileira de relações internacionais, o que ela modestamente já é.

Revista Brasileira de Política Internacional
Print ISSN 0034-7329

Pesquisa sobre artigos publicados por PRA, no período 1997-2010:
http://www.scielo.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/

References found: 23
[Nota: a lista não distingue entre artigos, notas e simples resenhas de livros]

Almeida, Paulo Roberto de. A marcha da integração no Mercosul: vivace ma non troppo. Rev. bras. polít. int., Jun 1997, vol.40, no.1, p.222-231. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. Propriedade intelectual e política externa: o Brasil no contexto internacional. Rev. bras. polít. int., Jun 1997, vol.40, no.1, p.208-214. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. Manual das organizações internacionais. Rev. bras. polít. int., Dez 1997, vol.40, no.2, p.183-185. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. Major Problems in American Foreign Relations. Rev. bras. polít. int., Dez 1997, vol.40, no.2, p.181-183. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. A democratização da sociedade internacional e o Brasil: ensaio sobre uma mutação histórica de longo prazo (1815-1997). Rev. bras. polít. int., Dez 1997, vol.40, no.2, p.76-105. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. Nota liminar do organizador - Revista Brasileira de Política Internacional: a continuidade de um empreendimento exemplar. Rev. bras. polít. int., 1998, vol.41, no.spe, p.5-7. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. Economia internacional e desenvolvimento econômico: a RBPI na vanguarda do pensamento brasileiro. Rev. bras. polít. int., 1998, vol.41, no.spe, p.85-98. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. Revista Brasileira de Política Internacional: quatro décadas ao serviço da inserção internacional do Brasil. Rev. bras. polít. int., 1998, vol.41, no.spe, p.42-65. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. Sob a sombra de Mussolini: os italianos de São Paulo e a luta contra o fascismo, 1919-1945. Rev. bras. polít. int., Jun 2000, vol.43, no.1, p.199-201. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. Comércio, Desarmamento, Direitos Humanos: reflexões sobre uma experiência diplomática. Rev. bras. polít. int., Dez 1999, vol.42, no.2, p.178-180. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. A Hispanic Division da Library of Congress comemora sessenta anos. Rev. bras. polít. int., Dez 1999, vol.42, no.2, p.161-163. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de and Chaloult, Yves Avanços da regionalização nas Américas: cronologia analítica. Rev. bras. polít. int., Dez 1999, vol.42, no.2, p.145-160. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. Os sucessores do Barão: relações exteriores do Brasil. Rev. bras. polít. int., Dez 2001, vol.44, no.2, p.198-200. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. Brazil's Second Chance: En Route toward the First World. Rev. bras. polít. int., Jun 2001, vol.44, no.1, p.179-181. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de and Fins, Francisco Rogido A pesquisa histórica sobre o Brasil nos arquivos dos Estados Unidos: identificação preliminar e projeto de compilação. Rev. bras. polít. int., Jun 2001, vol.44, no.1, p.151-154. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. A economia internacional no século XX: um ensaio de síntese. Rev. bras. polít. int., Jun 2001, vol.44, no.1, p.112-136. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. Uma política externa engajada: a diplomacia do governo Lula. Rev. bras. polít. int., Jun 2004, vol.47, no.1, p.162-184. ISSN 0034-7329

Lessa, Antônio Carlos and Almeida, Paulo Roberto de Editorial - O Ibri e a Revista Brasileira de Política Internacional: tradição, continuidade e renovação. Rev. bras. polít. int., Jun 2004, vol.47, no.1, p.7-30. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. A Política Externa do novo Governo do Presidente Luís Inácio Lula da Silva: retrospecto histórico e avaliação programática. Rev. bras. polít. int., Dez 2002, vol.45, no.2, p.229-239. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. Instituto Brasileiro de Relações Internacionais: 50 anos de um grande empreendimento intelectual. Rev. bras. polít. int., Dez 2004, vol.47, no.2, p.223-226. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. Entre a América e a Europa: a política externa do Brasil nos anos 1920. Rev. bras. polít. int., Jun 2006, vol.49, no.1, p.222-224. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. Uma nova 'arquitetura' diplomática? - Interpretações divergentes sobre a política externa do governo Lula (2003-2006). Rev. bras. polít. int., Jun 2006, vol.49, no.1, p.95-116. ISSN 0034-7329

Almeida, Paulo Roberto de. As relações econômicas internacionais do Brasil dos anos 1950 aos 80. Rev. bras. polít. int., Dez 2007, vol.50, no.2, p.60-79. ISSN 0034-7329

[Levantamento efetuado em 24.01.2011]

Para uma consulta a todos os números pós-1997 da RBPI, ver este link:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issues&pid=0034-7329&lng=en&nrm=iso

Diplomacia da broma?: relacoes bilaterais Chile-Bolivia

Parece que o ambiente seco do Atacama induz alguns a fazer bromas e outros a responder secamente. Um pouco de contenção verbal de um e outro lado ajudaria a não envenenar ainda mais as relações bilaterais de dois associados no Mercosul.
Se continuar assim, a tal de integração sul-americana fica um pouco mais difícil...
Paulo Roberto de Almeida

Piñera: "Atacama es y va a seguir siendo chilena"
BBC Mundo, Lunes, 24 de enero de 2011

El presidente de Chile, Sebastián Piñera, aseguró que "Atacama es y va a seguir siendo chilena". Fue su respuesta a las declaraciones del presidente de Bolivia, Evo Morales, que el sábado aseguró que "Atacama antes era Bolivia" y que espera "recuperarla pronto".

Piñera aseveró que "Atacama es y va a seguir siendo chilena, con soberanía chilena, y eso nunca ha estado ni va a estar en las conversaciones con Bolivia".

Previamente, el portavoz presidencial boliviano, Iván Canelas, restó importancia a las palabras que Morales pronunció durante su discurso anual en al Asamblea Legislativa y aseguró que habían sido "una broma".

Chile y Bolivia retomaron esta semana las conversaciones diplomáticas oficiales rotas en 1978 sobre la demanda boliviana de recuperar su acceso al mar, que perdió hace más de un siglo en la guerra del Pacífico contra Chile.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Diplomacia da indecisao? - o longuissimo caso dos avioes da FAB

A decisão não pertence ao Itamaraty, obviamente, nem tem caráter essencialmente diplomático, e sim militar, mas tem gente que acha que a imagem do Brasil sai arranhada do episódio. Afinal de contas, se mobilizou a atenção de países e fornecedores durante muito tempo, se sinalizou com transferências de tecnologias e offsets, e agora tudo fica pendente outra vez?
Um país pouco sério, lembraria alguém...
Paulo Roberto de Almeida

Planalto traça 3 planos para compra de caças
Roberto Godoy
O Estado de S.Paulo, 23/01/2011

A escolha do novo caça de tecnologia avançada da Força Aérea, o processo F-X2, deve ser decidido até julho, tem dito o ministro da Defesa, Nelson Jobim. A decisão está na agenda de 2011 da presidente Dilma.

O Planalto considera três hipóteses para o contrato, que prevê a compra inicial de 36 caças, podendo chegar a 120 até 2027: manter a F-X2 como está, adiar a decisão por um ano ou, em ação radical, encerrar essa operação e abrir outra imediatamente, uma espécie de F-X3 de prazo curto, única forma de admitir novos participantes.

A medida, todavia, traria desgaste diplomático. A seleção já dura 15 anos. Os três concorrentes são patrocinados por seus governos e têm investido pesado em estruturas locais de acompanhamento e de informação. O cientista social Gunther Rudzit, especialista em relações internacionais, alerta: "A imagem do Brasil será arranhada - e a postura da nossa diplomacia será questionada, afetando a aura de eficiência e profissionalismo que o Itamaraty sempre teve".

Novos aviões. A entrada de outros competidores foi bem recebida no mercado especializado. A americana Lockheed-Martin não esconde a disposição de levar à mesa de negociações o F-35 Lightning, o mais avançado caça de múltiplo emprego em produção regular no mundo.

Será o próximo avião principal dos EUA, com versões para a força aérea e a aviação naval. Construído com materiais e recursos eletrônicos stealth, para escapar da detecção por radar ou sensores laser, é tão moderno que só começa a ser entregue em 2016. É caro, mas o preço está em queda: começou em US$ 89 milhões cada e chegará a US$ 73 milhões, resultado da fabricação em larga escala - 2.376 unidades vendidas para EUA, Austrália, Canadá, Itália, Dinamarca, Holanda, Noruega, Israel, Turquia e Grã-Bretanha. Outra vez, a dificuldade será a transferência de tecnologia.

Há outros pretendentes na F-X2. A Rússia, com o Su-35 e futuro Su-50. E a União Europeia, por meio do Typhoon Eurofighter. A proposta de menor valor é a da sueca Saab, que oferece o Gripen NG, em desenvolvimento, por US$ 4 bilhões. O mais caro e o preferido da Defesa - e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - é o francês Rafale, avaliado em cerca de R$ 6 bilhões. Entre um e outro está o americano F-18 Super Hornet.

O governo condiciona a compra à transferência de tecnologia em todas as áreas. É aí que as negociações ficam diferentes. Os franceses oferecem acesso irrestrito ao conhecimento pretendido. Os suecos convidam os especialistas militares e a indústria aeronáutica a uma parceria ampla. Os americanos esbarram na complexa legislação do setor e no poder do Congresso para vetar o atendimento às exigências.

Os acertos entre o então presidente Lula e seu colega francês, Nicolas Sarkozy, eram fáceis em abril de 2010. No dia 22, Lula recebeu um telefonema de Sarkozy, empenhado em garantir a preferência pelo Rafale. Diante de cinco pessoas, Lula convidou-o para passar férias em Fernando de Noronha - e foi convidado a descansar no Vale do Loire. Riram e contaram piadas.

O clima desandou em maio. Lula liderou a proposta ao Irã para troca de urânio. De ambos os lados os convites foram esquecidos. O encontro de trabalho entre os dois, previsto para dezembro, não houve. E a decisão do F-X2 ficou para Dilma Rousseff.

An Economic Cold War -- artigo PRA publicado

Meu mais recente artigo publicado:

Now, an Economic Cold War: Old Realities, New Prospects
(Shanghai, 13 outubro 2010, 4 p.)
Resumo modificado de trabalho apresentado na Fundación Ramón Areces, de Madrid, em simpósio organizado em colaboração com a OCDE sobre governança global.
Publicada in:
FRA, Revista de Ciencias y Humanidades de la Fundación Ramón Areces;
Monográfico: “Mas Allá de la Crisis: El Futuro del Sistema Multilatearal
(Madrid: Fundación Ramón Areces, Diciembre 2010, p. 116-120).
Relação de Originais n. 2202; publicados n. 1015.

Old Realities
The geopolitical Cold War is definitely closed, it seems. Besides “normal” political tensions and trade frictions between major powers, there are no more totally opposed conceptions about how to organize the world economically or politically. No one is saying something like “we’ll bury you”, as done in the past by a Soviet leader.
We are having now an economic Cold War, or sort of. Indeed, there is nothing capable of starting a full-scale confrontation among major powers. What we do have now are trade frictions and currency misalignments, over a post-crisis adjustment process. There is a dispute over how national economic policies should take into account their impacts over other countries’ economic situation. But, as Mark Twain could have argued, rumors about a global currency war are greatly exaggerated. We have not yet outlived the current financial crisis; this is just one among many others that affect dynamic markets since the beginnings of capitalism.
It is not entirely true that this crisis was created by the deregulation of the financial markets, although low regulation can indeed have facilitated the expansion of existing bubbles in some markets. The main culprit for the bubble, though, is the low level of interest rates established by central banks during too long a period. In the same manner, albeit in very different ways, that the old Lords of Finance of the Twenties created the crisis of the 1930s, by their action or inaction, the present crisis is the result of misguided policies by the new Lords of Finance.
It is also not true that this crisis is severe enough to justify a new Bretton Woods-like redrafting of the world economic order. Talks about a new financial architecture, or even about a redistribution of world economic and political power, are totally in contradiction with the more prosaic realities of our days. We are not at all in a post-major crisis arrangement, a sort of diplomatic complete reordering of the world after a cataclysmic seism, touching all and every major actor of the international scene. We are very far from that. Let’s look the precedents.
We are not in Wesphalia-1648. We are not in Vienna-1815. We are not in Paris or Versailles-1919. And we are not in Bretton-Woods-1944, or San Francisco-1945. We are not in any major re-founding of the international political and economic order. We simply are, nowadays, in the middle of our 1930s, trying to manage a big crisis by national responses, each one fitted to the specific circumstances of each country, and delinked from a major disaster affecting everyone and all countries.
To be more precise, we are somewhere between 1931 and 1933, still in the middle of a recession, but not in a depression. The level of unemployment is not as high as in 1933, and is probably in line with patterns of our days. World trade and financial flows are not as disrupted as in the 1930s, although economic liberalization regressed: we reverted to a light version of trade protectionism, without quotas.
This new economic Cold War arises from structural changes in the world economy, already on the move since the Eighties, when China started to flex its muscles again. At the same time, developing countries ceased to rely on national, inward-looking, projects for national development and opened themselves to foreign investment. Since then, the world economy has been transformed irrevocably.
But not everything, of course, has changed. The major decision-making institutions are still the same, with the same distribution of voting rights. IMF and World Bank are in the middle of their travails to find a new distribution of quotas. The collective voting power of China, India and Brazil is 20% less than that of Belgium, Netherlands and Italy, despite the fact that the joint GDP of the former countries is four times greater the size of their European counterparts; they have a population 29 times greater. Those are the reasons for this new economic Cold War.
How to manage those new realities in the economic realm, having as political leverages the same old structures of the decision-making process? That’s a tricky question, with no clear answer to the dilemma. To manage the world economy is a pretension that even the old G7 never reached to attain in its glorious days. Developed countries controlled then a big proportion of the world’s GDP, trade and financial flows. But they were never capable of coordinating their macroeconomic policies among themselves; never mind establishing rules and goals for the rest of the world.
Nowadays, with a painful free-fall in advanced economies, it is difficult to see what could be done to restore growth rates from their stagnating levels. Besides the cyclical problems affecting major economies, with the possible exception of China, India and a few other countries, we still have global challenges ahead, like poverty in less developed countries, decisions to be made regarding environmental matters, human rights violations in non-democratic countries, and many other relevant issues.
One single strategy would be the establishing of just one big goal for the world community: that has to be the promotion of global development, not exactly through assistance (the traditional Official Development Assistance), but primarily through real trade liberalization, especially in the farm sector, the only real possibility for the less-developed countries to become integrated into the world economy. The United States and European Union have a main responsibility in this domain.
It is highly unlikely that consensual proposals concerning global development could be arising from such a large body as the financial G20, too heterogeneous to be able to reach common positions. Perhaps, the best hope would be to have an evolution from the current G8 to a new G13. That means joining the leaders of the G8 together with five other big countries, namely Brazil, China, India, South Africa, and, either Indonesia or Mexico. Experience shows that small, informal bodies are more likely to deliver something meaningful than large institutionalized groups that get involved in bureaucratic foot-dragging and political entanglements.

New Prospects
What is to be done? The biggest problem in this approach of a G20-minus is acquiring the legitimacy that is involved in the act of speaking for the whole world community from the starting point of only 13 countries. To solve this quandary implies that the political leaders of these 13 countries would have to find a terrain of reciprocal confidence between them that has to be compatible with the representation at large they would be pretending to have from the whole community of nations.
Finding common grounds is a hard task to achieve. It will quite difficult to attain a perfect coordination of agendas between the big advanced and emerging countries and, together, among them and the international institutions. The world is simply not as globalized as required to attain this kind of interaction. Disparities of interests, differences of levels of development, imbalances between countries, many factors collude to render almost impossible this exercise of coordination.
A modest approach could be a more frequent interaction – once a year – between the leaders of the new G13. Sherpas of a special quality, meeting twice a year, could then be mobilized to discuss trade matters, environmental affairs, human rights protection, UN peace-keeping missions and the like, with specific mandates from their political leaders. But, don’t look at the UN for the organization of their agenda. It is difficult to implement anything through the UN, a too large and chaotic a body. Better to rely of the coordination of agendas of the three more important agencies for globalization: IMF, World Bank and WTO.
The main task of the “new sherpas” is to look for international economic coordination around relevant issues for the global community. A possible suggestion would be to try to establish a “global new deal”, exchanging extensive protection to investments and to proprietary riches (patents and the like), as well as other good microeconomic conditions for productive activity, from the side of developing countries (the recipients of FDI), against extensive licensing and effective investments and trade liberalization by rich countries and investors alike. This kind of deal, by extending property rights for the rich, could entail the strengthening of trade, financial and investment flows to the poor, giving a pretty little boost to globalization.
Traditional assistance for development, because it is ineffective, should be replaced, essentially, by a focus on educational improvements, that is, an extensive program for human resources qualification. Assistance as such should be limited to the implementation of a consistent program for eradicating most of infectious diseases in African countries and in some other developing countries. The main reason for the persistence of poverty in those countries is not the lack of resources, but the absence of governance and their non-integration into the world economy through trade links.
Assuming that the questions of democratic governance and human rights protection can be a conundrum for countries like China, or perhaps even Russia, the main target for the agenda of the new G13 could be the adoption of high standards for public governance in the technical meaning of this expression. It is a little too early to make democratic governance and respect for the human rights the decisive criteria for bilateral and-or multilateral cooperation. But these should be the ultimate goals of any kind of new global governance.

* Paulo Roberto de Almeida
Brazilian Diplomat, International Political Economy; Professor at University Center of Brasilia (Uniceub); (www.pralmeida.org)

[Shanghai, October 12, 2010]

Euro e socialismo cubano: mesmos combates - Moises Naim

Moises Naim sempre pretende surpreender, em seus artigos, com alguma imagem forte, algum tema impactante, alguma colocação provocadora. Nem sempre consegue, mas em todo caso tenta.
Sua comparação entre as agruras do euro e a esclerose final do socialismo cubano pode até ser interessante, mas obviamente os dois processos não têm absolutamente nada em comum, a não ser a advertência de dois anciãos quanto à necessidade de reformas, como ele destaca.
Em qualquer hipótese, o euro precisa de um novo ambiente econômico para sobreviver, enquanto o socialismo cubano precisa simplesmente ser enterrado, jogado na lata de lixo, esquecido.
Paulo Roberto de Almeida

Raúl Castro y Otmar Issing
MOISÉS NAÍM
El País, 23/01/2011

Raúl Castro y Otmar Issing no podrían ser más distintos. El primero es un militar caribeño y el segundo un economista europeo. Castro es uno de los padres fundadores del régimen comunista de Cuba e Issing es uno de los padres del euro. Mientras que Castro luchaba por exportar la revolución cubana, Issing trabajaba por la integración de Europa y es uno de los arquitectos del sistema monetario europeo. Castro está por cumplir 80 años e Issing tiene 75. No sé si se conocen, o si alguna vez hayan hablado, pero lo dudo.

A pesar de que no tienen nada en común, recientemente ambos sorprendieron al mundo con estridentes declaraciones acerca del inminente fracaso de los muy distintos proyectos a los cuales dedicaron sus vidas. La sorpresa no termina allí. Una aún mayor es que a pesar de las inmensas diferencias entre Cuba y Europa ambos recetan la misma medicina para evitar el colapso de su proyecto.

"O rectificamos o ya se acabó el tiempo de seguir bordeando el precipicio, nos hundimos", dijo el presidente Raúl Castro en un importante discurso a finales del año pasado. "Mi conclusión a comienzos del 2011 es sombría. Aún no hemos llegado a la hora de la verdad para el sistema monetario europeo. Solamente ha sido pospuesta", escribió Otmar Issing en esos mismos días. Según él, si los países europeos no hacen profundos cambios, el euro no sobrevivirá. Y a buen entendedor, pocas palabras: el fracaso del euro sería un devastador golpe para el proceso de integración europeo. El artículo de Issing tuvo un gran impacto debido a las credenciales de su autor, quien fuera miembro tanto del directorio del Banco Central de Alemania como del Banco Central Europeo, donde también fungió como su economista principal. Issing enfatiza que las transferencias financieras de los que llama "países disciplinados" a los que no lo son crean tensiones políticas que amenazan el futuro de la Unión Europea. Un modelo en el cual los países viven (y gastan) más allá de sus posibilidades es insostenible y está condenado al fracaso, reitera Issing.

A esa misma conclusión llegó el presidente cubano. Por tanto, en su reciente discurso anunció que a partir del 2011 "se irán introduciendo cambios estructurales y de conceptos en el modelo económico cubano". Y Castro tiene ideas muy claras acerca de lo que esto significa: cortar el gasto público, reducir los subsidios, flexibilizar el mercado laboral, disminuir el número de empleados públicos, aumentar la productividad, la producción y las exportaciones, disminuir restricciones a la actividad económica y promover las inversiones extranjeras. Issing no podría estar más de acuerdo. De hecho, esto mismo es lo que él recomienda para Europa.

Otro aspecto en el cual ambos coinciden es en que estas reformas son políticamente difíciles y que encontrarán mucha oposición. Anticipando las resistencias, Castro aclaró en su discurso cuál es su posición a quienes se opongan a los cambios: cualquier funcionario que "no esté convencido de nuestro programa de Gobierno, que renuncie", dijo Castro. También insistió en la imperante necesidad de "cambiar la mentalidad de los cubanos y de la dirigencia ante los nuevos escenarios económicos que vienen".

El presidente echó mano de ejemplos para ilustrar la necesidad de los cambios: "el pueblo vietnamita nos solicitó que le enseñáramos a sembrar café, y allá fuimos; se le enseñó, se le trasladó nuestra experiencia. Hoy Vietnam es el segundo exportador de café del mundo. Y un funcionario vietnamita le decía a su colega cubano: '¿Cómo es posible que ustedes que nos enseñaron a sembrar café, ahora nos estén comprando café?' No sé qué le habrá contestado el cubano. Seguro que le dijo: 'El bloqueo". Oír a Raúl Castro ironizando sobre el uso del bloqueo como excusa para justificar el fracaso económico cubano es, por decir lo menos, una ironía. Otra ironía es oírle decir que sus reformas no implican que haya dudas sobre la validez de la ideología del régimen: "Las medidas que estamos aplicando están dirigidas a preservar el socialismo, fortalecerlo y hacerlo verdaderamente irrevocable".

Recientemente, Fidel Castro escribió: "[En Cuba] nunca hemos escogido la ilegalidad, la mentira, la demagogia, el engaño al pueblo, la simulación, la hipocresía, el oportunismo, el soborno, la ausencia total de ética, los abusos de poder, incluso el crimen y las torturas repugnantes". Esta afirmación es tan creíble como la de Raúl cuando aclara que las reformas que está implementando no significan realmente ningún cambio ideológico en Cuba.

En todo caso, no sería malo que Raúl Castro converse con Otmar Issing. Después de todo, parece tener más ideas en común con él que con Fidel.

A ideologia do afrobrasileirismo: o debate continua...

Fui distinguido por uma chamada deste meu post:

A ideologia do afrobrasileirismo - um artigo PRA de 2004

no blog de meu colega de combates acadêmicos e debates intelectuais Orlando Tambosi, neste link: http://otambosi.blogspot.com/2011/01/afro-brasileirismo-apenas-uma-ideologia.html

E também por um extenso comentário do leitor sempre atento Paulo Araujo, que me permito transcrever aqui, in totum, para que não se perca como simples nota de rodapé.
Permito-me também esclarecer-lhe que conheço, desde longa data, o diário de Hipólito da Costa, de sua viagem aos Estados Unidos em 1798-1799, "Diário de Minha Viagem à Filadélfia", tendo escrito diversos trabalhos a respeito desse livro, cujas referências vou buscar para fazer um post especial, pois ele merece, nosso patrono do jornalismo independente, futuro editor do Correio Braziliense (editado em Londres, de 1808 a 1823).

Segue o comentário:

paulo araújo disse...

Caro Paulo

É o retorno ao idealismo chulé anti-iluminista pomposamente denominado pós-modernismo. Vivemos neste começo de século sob o império de uma metafísica cada vez mais influente: o relativismo. Tudo é discurso. E nesse plano discursivo, no qual o que é efetivo (histórico) é denunciado como “um texto a mais entre outros”, o que de fato existe é o trabalho incessante da construção e da desconstrução de narrativas. Assim, e todos estariam livres para, no plano narrativo, reeditar a realidade (o efetivo) do modo que bem entenderem. Assim, ganha quem grita mais alto.

O afrobrasileirismo, vertente ideológica “africana” do multiculturalismo, seria, então, mais uma trincheira na luta contra o imperialismo cultural, finalmente desvelado na pós-modernidade em sua forma de uma pretensa “racionalidade mais elevada”, mas que apenas legitima, no passado e no presente, a destruição de outras culturas.

Observo que em um outro pólo dessa discursividade descontrutivista é cada vez mais generalizada a denúncia de um outro engodo: “os americanos”. Os discursos pseudo-científicos do meio intelectual penetram o meio jornalístico e este, por sua vez, executa a sua função de caixa de ressonância do neologismo “os estadunidenses”.

Hipólito José da Costa partiu de Lisboa em 10 de outubro 1798 para os EUA, a serviço do governo português e a mando de D. Rodrigo de Souza Coutinho (futuro conde de Linhares). Partiu a bordo da corveta americana William e no mesmo dia iniciou um diário pessoal, que manteve atualizado até 27 de dezembro de 1799.

Em 1955 a ABL, na Coleção Afrânio Peixoto, publicou o diário sob o título DIÁRIO DA MINHA VIAGEM PARA FILADÉLFIA (1798-1799). Recomendo vivamente. Comprei o meu exemplar bem baratinho em sebo de SP. Acho que foram só R$ 12,00.

Tudo isso para lhe dizer que o neologismo "estadunidense" seria impossível na época de Hipólito. O tempo todo Hipólito registra que está na América, e quando se refere aos cidadãos da primeira república do mundo moderno ele os designa sempre por "os americanos". Por que? Simples. Era inconcebível para um europeu, mesmo que natural da Colônia do Sacramento, afirmar uma identidade (ou uma alteridade) americana ou mesmo brasileira. Ressalvo que dizer-se brasileiro na época de Hipólito, e até mesmo durante quase toda metade do século XIX no Brasil, era algo bem mais ligado à naturalidade, semelhante ao que hoje são os naturais de SP, MG, RJ, RS etc. Mesmo exilado em Londres, Hipólito pensava-se e agia como um integrante do império português e súdito de SAR. E também era assim com os espanhóis naturais das colônias hispânicas.

No entanto, os relativismos e seus ideólogos, que hoje nos aborrecem e nos insultam (vide a defesa dos direitos ao apedrejamento de mulheres no Irã e ao infanticídio entre populações indígenas no Brasil ) com o discurso multiculturalista politicamente correto, ignoram a história e, paradoxalmente, negam o direito dos cidadãos dos EUA a sua autodenominação original, nascida com a Revolução Americana: americanos. Ou seja, a cidadania e a conseqüente identidade americana forjaram-se sobretudo na guerra de libertação contra o opressivo e absolutista colonialismo inglês: americanos contra ingleses. Ao contrario do que propaga a ideologia antiamericana, essa identidade não foi roubada dos americanos nascidos no Continente (e afinal, essa identidade nem sequer existia), mas foi historicamente constituída como fato histórico absolutamente novo no Continente pelos cidadãos fundadores dos Estados Unidos da América. Já os britânicos do Canadá permaneceram, nessa ocasião, súditos fieis de Sua Alteza Real George III.

Sábado, Janeiro 22, 2011 11:09:00 PM

sábado, 22 de janeiro de 2011

A diferenca entre nos e os muito ricos - um exemplo

Se não estou enganado, o romancista americano Scott Fitzgerald, do Great Gatsby (1928, creio), escreveu uma vez que a diferença entre os ricos e nós é que eles, os ricos, têm dinheiro, muito dinheiro.
Também acho, mas eles também vivem cercados de empregados em grandes mansões, recheadas de obras de arte.
Aqui abaixo um exemplo da espécie, eu diria da pior espécie, que por acaso também é um dos grandes crápulas da criminalidade de colarinho branco no Brasil.
Não sei como um juiz deixa que um crápula desses acumule um débito de aluguel de mais de um milhão de reais. Vai ver o juiz também tem muuuuito dinheiro...
Paulo Roberto de Almeida

Ex-dono do Banco Santos é despejado de casa do Morumbi por dever aluguel
MARIO CESAR CARVALHO
FOLHA DE SÃO PAULO, 20/01/2011

O ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira, que controlava o Banco Santos, foi despejado da casa em que morava no Morumbi, na zona sul de São Paulo. Ele não pagava o aluguel mensal de R$ 20 mil desde 2004. A dívida já alcançara R$ 1,727 milhão.

Edemar estava na casa por volta das 11h de hoje e recebeu Vânio Aguiar, o administrador judicial da massa falida do banco, e um oficial de Justiça.

Ex-banqueiro teve que deixar a mansão no Morumbi, em São Paulo, onde morava desde 2004 com a família
Segundo Vânio, ele tentou reverter a ordem de despejo até o último momento e não retirara nem roupas nem objetos pessoais da casa.

Edemar contou a Aguiar que ele e a mulher, Marcia Cid Ferreira, estavam de mudança para um flat.

O ex-banqueiro foi um dos mais importantes mecenas do país no final do século passado e ficou famoso pelas exposições que realizou na Bienal, como a "Brasil 500 Anos", apanhado da arte brasileira desde a chegada de Cabral, em 1500.

Após a quebra do Banco Santos, em novembro de 2004, foi condenado a 21 anos de prisão por crimes contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Edemar, que recorre em liberdade, nega ter praticado esses crimes e diz que o banco não estava quebrado quando sofreu intervenção do Banco Central. O rombo, segundo o BC, era de R$ 2,5 bilhões.

A ordem de despejo foi dada pelo juiz Régis Rodrigues Bonvicino, da 1ª Vara Cível de Pinheiros, a pedido da massa falida do Banco Santos. A casa pertence à Atalanta, empresa criada pelo próprio Edemar, mas que foi retirada do seu controle.

Bonvicino determinou o despejo, o pagamento da dívida e a permanência dos e todos os bens no imóvel.

Edemar tinha uma coleção de arte avaliada entre R$ 20 milhões e R$ 30 milhões.

Algumas das obras mais caras foram enviadas para fora do país com a quebra do banco, mas acabaram recuperadas pelo FBI (a polícia federal dos Estados Unidos).

Parte da coleção, porém, continua na casa. Entre outros artistas, Edemar tem telas do americano Frank Stella e do alemão Anselm Kiefer e esculturas dos brasileiros Brecheret e Tunga.

O imóvel e as obras passam para a massa falida, ordenou o juiz, e devem ser vendidos "para satisfazer credores".

Bonvicino escreveu na decisão que Edemar e a mulher "não têm qualquer direito líquido e certo de permanecer no bem, porque possui ao menos duas outras residências, estando descaracterizado o conceito de bem de família para uma mansão de 4 mil metros quadrados de área construída e terreno de 8 mil metros quadrados".

Projetada pelo arquiteto Ruy Ohtake, a casa com a fachada de concreto aparente custou R$ 142,7 milhões, de acordo com documentos contábeis de Edemar revelados pela Folhaem 2005.

A mesa de mogno da sala de jantar, para 20 pessoas, consumiu US$ 390 mil (R$ 652 mil). Uma luminária do alemão Ingo Maurer custou 262,5 mil euros (R$ 592 mil).

A decoração da casa foi feita pelo arquiteto norte-americano Peter Marino, que assina as lojas da Channel.

A Folha procurou o advogado de Edemar, Luis Corvo, em seu escritório, mas ele não ligou de volta.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...