sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Cochilo diplomatico (mas cercado de obras de arte...)

Sumiço em Paris
Obras de arte desaparecem de embaixada do Brasil na França, diz jornal
O Globo, 25/02/2011 às 13h24m

RIO - Pelo menos 18 obras de arte doadas por autoridades e artistas sumiram da Embaixada do Brasil em Paris. De acordo com reportagem publicada nesta sexta-feira pelo jornal "Correio Braziliense" , o assunto vem sendo tratado de forma sigilosa pelo Ministério das Relações Exteriores, que abriu uma sindicância para apurar o caso. O objetivos desaparecidos são quadros, gravuras e tapetes, mas nenhum servidor da embaixada sabe explicar como as obras de arte sumiram do local.

A reportagem teve acesso aos documentos internos e restritos do Itamaraty que tratam do desaparecimento dos objetos. São telegramas trocados por meio do sistema de comunicação especial usado pela diplomacia em todo o mundo, para tratar assuntos mais delicados entre o ministério e seus postos no exterior. Foi desta forma que o embaixador do Brasil na França, José Maurício Bustani, comunicou à Coordenação de Patrimônio do Itamaraty, em 29 de outubro de 2010, o desaparecimento das 18 peças.

Quando assumiu o cargo de embaixador na França, em fevereiro de 2008, Bustani designou um funcionário para fazer o inventário de todas as obras de arte e móveis da embaixada e da residência oficial do Brasil na França. A medida não é praxe no meio diplomático, já que, por cortesia, não se costuma conferir o inventário deixado pelo antecessor. No momento em que foi feita a conferência, as obras de arte não foram encontradas.

"Tais bens não puderam ser localizados após intensos e exaustivos trabalhos de procura e de identificação realizados dentro das dependências da Chancelaria e da Residência", disse Bustani no telegrama enviado a Brasília na época.
Confira a seguir as obras que são procuradas:

- Tapete Boukara, Royal Russo, feito à mão (3,50m x 2,28m)
- Tapete Mesched, com borda em rosa, fundo azul (2,30m x 1,60m)
- Quadro de Marilu do Prado Wang, intitulado Enchaté (0,97m x 0,78m)
- Quadro de Gilda Basbaum, obra Volume I (0,90m x 0,90m)
- Quadro de Orlando de Magalhães Mollica, intitulado Mulher espichada (1,80m x 0,70m)
- Quadro de Orlando de Magalhães Mollica, intitulado Homem espichado (1,80m x 0,70m)
- Quadro de Chico Liberato, intitulado A vida é da cor que pintamos (1m x 1m)
- Quadro de Waltrand, intitulado Rodinha (0,40m x 0,50m)
- Quadro de Gervásio Teixeira (0,25m x 0,25m)
- Montagem de João Franck da Costa, intitulada Peixe (1,25m x 0,68m)
- Litografia antiga, com moldura em madeira dourada, intitulada Quinta da Boa Vista (0,68m x 0,63m)
- Gravura Ana Letícia, de 1967 (0,77m x 0,59m)
- Gravura representando mapa antigo, com moldura em madeira dourada e vidro (0,71m x 0,55m)
- Fotografia do Rio de Janeiro (0,60m x 0,45m)
- Fotografia do Rio de Janeiro (0,70m x 0,55m)

Há outros três itens não descritos nos telegramas aos quais o Correio teve acesso.

A piada da semana (pensando bem, faz todo sentido...)

Não precisa nem comentar. É o tipo da piada pronta, como diria um outro "humorista" (aliás, dos mais vulgares e sem graça...):

Tiririca vai integrar Comissão de Educação e Cultura da Câmara
O próprio deputado pediu para entrar na comissão por ela tratar da área em que atua, a cultura.

As comissões do Congresso constituem, por falar nisso, as piadas mais sem graça pagas com o nosso dinheiro...

Turismo Parlamentar

Falta de representantes brasileños posterga reinicio de trabajos en Parlasur

Por falta de renovación de la representación brasileña, la reanudación de los trabajos del Parlamento del Mercosur (Parlasur) necesitará ser postergada. El paraguayo Ignacio Mendoza Unzain, actual presidente del Parlamento, envió un oficio convocando a todos los miembros del Parlasur para una sesión que se celebrará el lunes (28), en Montevideo. Sin embargo, la sesión deberá ser suspendida, ya que los mandatos de los miembros de la delegación brasileña han terminado el 31 de diciembre de 2010, según la Resolución Nº 1/07, del Congreso Nacional.

De acuerdo con el artículo 117 del Reglamento Interno del Parlasur, las sesiones del parlamento y las reuniones de sus comisiones sólo podrán comenzar con la presencia de al menos un tercio de sus miembros, “en la que estén representados todos los Estados Parte”. Es decir, las sesiones sólo podrán ser abiertas con la presencia de parlamentarios de los cuatro países del bloque –Argentina, Brasil, Paraguay y Uruguay.

Los nuevos miembros de la Representación Brasileña en el Parlasur serán nombrados sólo después de la aprobación de una nueva resolución por el Congreso. Esta resolución deberá determinar que los mandatos de los nuevos miembros duren hasta la celebración de elecciones directas para el Parlamento. Y se aumentará de 18 para 37 el número de miembros de la representación, tal como se ha establecido en el acuerdo político firmado el año pasado. Según el mismo acuerdo, Argentina tendrá 26 representantes a partir de este año, mientras que Paraguay y Uruguay mantendrán a sus 18 representantes por país.

–Tenemos que aprobar la nueva resolución, para que lleguemos a una conclusión para esta historia –dijo la senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), quien ha participado de la representación nacional hasta el año pasado y deberá volver a integrarla este año.

Los 37 futuros miembros de la representación deben estar ejerciendo sus mandatos en Brasil. No obstante, todavía no se sabe el número de senadores y el de diputados. En la opinión de la senadora, por lo menos 10 senadores deberán integrar el grupo, indicados según el mismo criterio adoptado para la composición de la Mesa Directiva del Senado. De acuerdo con sus cálculos, PT y PMDB indicarían dos senadores cada, mientras que los otros partidos serían representados por un senador cada uno.

También un ex miembro de la representación, el senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) apoya la participación de 11 a 12 senadores en el grupo. En su opinión, el retraso en el nombramiento de los miembros de la representación se explica por el hecho de que las atenciones en el Senado están puestas en la conformación de las comisiones permanentes de la Casa. Para él, no habrá dificultades políticas en aprobar la resolución que aumentará el número de miembros de la representación y que les concederá nuevos mandatos.
(Agência do Senado Federal do brasil)

A frase do ano (a pior, quero dizer...)

País rico é país sem pobreza

O gênio que bolou esta frase merece ser lembrado, a cada dia do ano, como o maior idiota que já tivemos no marketing governamental.

A tristeza, para nós, é que somos nós mesmos que pagamos toda a reprodução visual, impressa, sonora, sobre os mares e as terras descobertas desse nosso Brasil imenso a divulgação constante, regular, incessante, irritante dessa frase que concorre ao troféu "Imbecilidade do ano", categoria governamental (e tem muita concorrência, podem acreditar).
Paulo Roberto de Almeida

A frase da semana: Jean Cocteau

Porque não sabia que era impossível, foi lá e fez!

Jean Cocteau

Gostei: preciso achar algo impossível para fazer...
Ficar rico, talvez?
Não, acho que não vai dar certo, inclusive porque vivo torrando meu dinheiro em livros.
Voilà! Encontrei: ler e fichar todos os livros de minhas duas bibliotecas.
E arrumá-las também.
Encontrei minhas duas tarefas impossíveis...
Paulo Roberto de Almeida

"Não se muda já como soía" - Camões

A frase de Camões me permite fazer uma mini-reflexão ao léu.

A diferença ente a minha postura e a de muitos que estão por aí, se posicionando adequadamente em relação aos novos tempos, aos novos ares, novas posturas e pensamentos, é que eu nunca teria sido capaz de pronunciar certas palavras, defender certas posições e acatar certas instruções, com a mesma desenvoltura -- e até desfaçatez, pode-se dizer -- com que hoje eles fazem alegremente do alto de suas tribunas.
Existem limites para certas coisas. Existe um estômago que se revolta. Existem princípios que consideramos importantes. Existe uma dignidade pessoal a defender. Existe honestidade intelectual a respeitar e honrar. Existe sobretudo vergonha na cara...

Ainda bem que Camões já tinha feito a advertência cinco séculos atrás...

Paulo Roberto de Almeida

As diferenças entre Racismo e Escravismo - José Augusto Conceição

Encontrei este texto postado como comentário a um outro texto sobre racismo, no blog da Revista Espaço Acadêmico, com a qual colaboro regularmente.
Encontrei o texto particularmente esclarecedor e por isso o estou transcrevendo aqui, como informação e como formação sobre duas questões igualmente importantes na história e no presente da sociedade brasileira.
Não consegui contactar o autor, para pedir sua autorização, mas admito que ela está dada implicitamente, já que o texto se encontrava num espaço público, ao alcance de qualquer leitor.
Paulo Roberto de Almeida

As diferenças entre Racismo e Escravismo
José Augusto Conceição

O escravismo (moderno) e o racismo nada têm em comum.
As razões porque se adotou o regime de trabalho escravo foram de ordem econômica e, repousaram, basicamente no custo da empresa colonizadora. Assalariar a mão-de-obra a inviabilizaria dado o contingente necessário a sua realização.
Convém lembrar que nas Américas espanhola e portuguesa a primeira opção foi recorrer a mão-de-obra indígena que, já disponível no lugar, poupava o valor da compra, do transporte e da tributação. No entanto, especialmente em razão da tributação, se optou, sobremaneira na América portuguesa, pela importação de mão-de-obra africana.
A questão tributária parece explicar, inclusive, a defesa que fez a Igreja contra a escravidão dos indígenas. Visto que de todo tributo pago à Coroa a Igreja obtinha uma parcela (a redízima). O africano, sendo um “produto” importado era tributado; o ameríndio (já disponível na colônia) não o era.
Não houve, pois, nenhuma razão racial nisto, mesmo porque a ideologia racial ainda não se havia desenvolvido. Até, então, os principais elementos de distinçao se fundavam na religião e no estatudo do sangue.
O racismo se liga à consolidação dos Estados nacionais e à II Revolução Industrial, posto que o primeiro evento consolidou o princípio das nacionalidades (cada povo uma nação, cada nação um território), seguido do princípio da não-intervenção (nos assuntos internos dos Estados estrangeiros). Ao passo que o segundo evento, correspondente ao espraiamento do industralismo para a Europa continental e EUA, impôs a estes povos a necessidade de novos mercados de matérias-prima, mão-de-obra e consumo o que, no limite, obrigava (como continua obrigando) a que um invadisse os domínios do outro, em franca ofensa aos princípios expostos acima.
As teorias do chamado racismo científico serviram de fundamento preciso à intervenção dos “mais capazes” sobre os domínios territoriais e, via de consequência, econômicos, dos “menos capazes”, sob argumentos salvacionistas.
Em países como o Brasil, o racismo científico pavimentou o caminho para a reestruturação da pirâmide social no pós-abolição. Com ele se pode retardar, em coisa de 50 anos, o impacto que a igualdade legal concedida aos ex-escravos teria sobre a estratificação social, mais especificamente sobre a distribuição de benefícios sociais, renda e riqueza.
A questão mais importante para as populações negras na atualidade se situa precisamente neste ponto que trato agora. Já a partir da década de 1920 se vêem sinais de esgotamento das teorias racistas. A publicação de Macunaíma é um exemplo disto. Porém, de 30 em diante este processo ganha vigor, de um lado pelos trabalhos de Gilberto Freyre e seus pares, de outro pela política getulista, notadamente a que se desenvolveu durante os anos do Estado-Novo.
Já em fins da década de 50, especialmente em virtude do desfecho da guerra racial que consumiu o mundo entre 1939 e 1945, o racismo já havia perdido quase que totalmente sua força como demarcador social.
Ocorre que somado os séculos que o escravismo impediu os negros de participar do processo de acumulação primitiva de capitais, com o século que o racismo obstou ao negro o mesmo empreendimento, o tempo de que dispomos para tanto foi muito curto. A bem dizer, se restringe ao período que se inaugura em 1960 e que se estende aos dias de hoje. Isto explica a exclusão social do negro, sua ausência dos postos de comando do setor público e privado, sua recente ascenção à classe média etc.
Com isso, estou a afirmar que não é mais o racismo o que oblitera a mobilidade social ascendente das populações negras. O racismo é, sim, um problema que persiste no âmbito do imaginário social brasileiro exigindo, pois, instrumentos psicossociais para seu enfrentamento. Por exemplo, ações educativas e culturais como a inclusão, no currículo escolar, de conteúdos sobre a história da África e dos negros no Brasil. No entanto, o problema da mobilidade social das populações negras não se vai resolver com medidadas anti-racistas, posto que tal problema já não se relaciona mais com o racismo, desde os fins da década de 50. Tal problema só se resolverá quando completado o processo de acumulação primitiva de capital por parte desta população que por 4 séculos dele ficou excluída.
Sem termos clareza da distinção destes dois problemas que ora enfrentam as populações negras brasileiras, tendemos a propor soluções inócuas. Pior de tudo isso, tem sido acreditar que soluções bem-sucedidas em países estrangeiros serão, igualmente, bem-sucedidas no Brasil. Sem se considerar, por exemplo, que os EUA (de onde vem a idéia de affirmative action [ação efetiva]) teve, até o movimento dos direitos civis, um racismo de natureza institucional (jurídico/legal); enquanto o Brasil, desde sempre tem um racismo de natureza estrutural (psicossocial/cultural).
Por fim, devemos ainda atentar para o dado de que as populações negras já se encontram bastante diversificadas em classes, o que implica em variações expressivas de demandas sociais. Pois que a toda evidência, as demandas dos negros proletários não são as mesmas da classe média negra.

José Augusto Conceição

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Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...