sexta-feira, 29 de julho de 2011

Raul Prebisch: um economista controverso

Reportagem de capa:
Biografia resgata o legado do economista argentino Raúl Prebisch, líder da Cepal e da teoria desenvolvimentista latino-americana.
Prebisch e o continente
Diego Viana | De São Paulo
Valor Econômico, 29/07/2011

No turbilhão das crises, o conhecimento acumulado sobre o funcionamento da economia muitas vezes é questionado e as vozes de economistas heterodoxos passam a soar mais atraentes. Assim como as livrarias alemãs puderam comemorar em 2008 uma discreta corrida por edições atuais de "O Capital", de Karl Marx, o terremoto no mercado financeiro americano naquele ano foi celebrado como um renascimento da teoria keynesiana.

Foi também no ano da crise que chegou às livrarias dos EUA e do Canadá a biografia de Raúl Prebisch (1901-1986), o economista argentino que, para muitos, é o "Keynes latino-americano". Escrita por Edgar Dosman, da Universidade de York, no Canadá, "Raúl Prebisch: a Construção da América Latina e do Terceiro Mundo" tem publicação prevista no Brasil para o dia 15, em parceria do Centro Internacional Celso Furtado (CICF) com a editora Contraponto.

"O fim de 2008 foi o momento perfeito para sair o livro, porque assinala o começo de uma crise que pode vir a ser um colapso global", diz o autor. O lançamento permite resgatar a memória do pai da teoria estruturalista do desenvolvimento econômico. Prebisch, segundo Dosman, foi o primeiro economista a estender a teoria ao mundo em desenvolvimento e a enxergar a América Latina como uma entidade à parte. A tradução prática de seu pensamento foi a liderança da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal) e da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento). Grandes economistas brasileiros, como Celso Furtado (1920-2004) e Maria da Conceição Tavares, beberam na fonte de Prebisch.

O caos econômico dos anos 1930 desnudou, para o economista, a fraqueza da teoria hegemônica de comércio internacional

"Acredito que sei o que Prebisch recomendaria para o Brasil neste momento de boom de commodities e risco de desindustrialização", diz Dosman. Ao contrário do que se possa imaginar de um economista que preconizou o protecionismo e intervenção estatal para industrializar países periféricos, substituindo importações de manufaturados por produção local, Prebisch apoiava um setor primário forte. A explosão de commodities pode ser usada a favor do Brasil, se o país não se descuidar de ampliar as condições de produzir com alto valor agregado.

"Uma das vantagens da idade é ter acompanhado o ir e vir dos ciclos econômicos", comenta o autor. O próprio Prebisch presenciou uma alta acentuada de preços de produtos agrários na década de 20. "Levando em consideração as mudanças de humor do mercado de commodities, a pergunta passa a ser: o que é preciso fazer para se manter como potência industrial?"

Para Dosman, que vem ao Brasil no mês que vem para uma série de seminários organizados pelo CICF, Prebisch diria aos governos latino-americanos que encarassem o boom das commodities como temporário. A recomendação seria administrar a situação para evitar a "doença holandesa", ou seja, desindustrialização por dependência de um único produto exportado. "Não se pode esquecer que os países só têm sucesso se contarem com uma infraestrutura física, intelectual e produtiva que garanta o desenvolvimento de longo prazo", alerta Dosman.

Como Keynes, Prebisch desenvolveu suas teorias a partir da experiência traumática da Grande Depressão, que atingiu a economia argentina com uma violência particularmente atroz. O país era, até então, um dos mais prósperos do mundo, com sua economia assentada sobre a exportação de carne bovina e trigo para a Europa. A implosão do comércio mundial carregou consigo o país platino, que atravessou o violento período conhecido como "década infame".

Para Simão Davi Silber, da USP, a tese de Prebisch é falha porque se baseia no pior período da história do comércio internacional
Prebisch, nascido em Tucumán, filho de um imigrante alemão com uma descendente de aristocratas coloniais, era então um economista ortodoxo e diretor-geral do Banco Central de seu país, que também fundou. Atravessou no BC, onde trabalhou de 1930 a 1945, períodos turbulentos da crise e presenciou a ascensão do populismo de Juan Domingo Perón (1895-1974), que se tornaria seu desafeto. A magnitude do caos econômico dos anos 1930 desnudou, aos olhos do economista, as fraquezas práticas da teoria hegemônica de comércio internacional, fundada sobre o conceito de vantagens comparativas de David Ricardo (1772-1823). Para o economista inglês, os países devem se especializar na produção daquilo em que têm maior eficiência, para ampliar o comércio e gerar maior riqueza.

Uma das razões encontradas por Prebisch para explicar que os benefícios da vantagem comparativa não fossem repassados aos países periféricos, segundo o economista Nelson Marconi, da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e organizador do seminário paulistano sobre o argentino, foi a escassez de mão de obra nas sociedades industriais. Em consequência, os salários eram mais altos, porque os empresários tinham de investir em qualificação dos operários. "A vantagem comparativa chegava ao bolso do operário europeu, mas não ao camponês latino-americano", diz Marconi. Na crise, Prebisch observou que os preços do trigo e da carne argentinos despencaram com violência maior do que os de manufaturados. Os resultados foram divulgados na ONU (Organização das Nações Unidas) em 1949, com o texto "O Desenvolvimento Econômico da América Latina e Alguns de Seus Principais Problemas". Ao mesmo tempo, o economista alemão Hans Singer (1910-2006) chegava a conclusões semelhantes, de tal maneira que a teoria ficou conhecida como tese Prebisch-Singer.

O rebento da observação de Prebisch seria a teoria estruturalista do desenvolvimento econômico, que marca a ruptura do argentino com a ortodoxia. "O desenvolvimentismo da Cepal foi uma teoria muito importante para sua época", assinala o economista da FGV Luiz Carlos Bresser-Pereira, ex-ministro da Fazenda. "Foi a base de todo o desenvolvimento no Brasil, no México, no Chile e, em menor escala, na Argentina." Ironicamente, no país de Perón, Prebisch era persona non grata. Seus dois breves retornos à terra natal, como conselheiro dos presidentes Pedro Aramburu, em 1955, e Raúl Alfonsín, em 1983, foram desastrosos. "Ninguém queria escutar seus conselhos. Ele era associado ao 'antigo regime', período em que presidiu o Banco Central", diz Dosman.

"A vantagem comparativa nessa relação de comércio chegava ao bolso do operário europeu, mas não ao camponês latino-americano"

O ostracismo de Prebisch contrasta com o renome de que goza o outro grande economista heterodoxo do continente, o brasileiro Celso Furtado. O autor do monumental "Formação Econômica do Brasil" foi um prolífico colaborador de Prebisch na Cepal, além de amigo do argentino. "Prebisch deu o pontapé inicial", segundo Marconi. "Furtado ampliou a teoria e introduziu a questão da desigualdade de renda, que faltava."

Quando se conheceram, no Chile, o brasileiro era um jovem economista promissor. Prebisch, segundo Dosman, logo reconheceu nele um colega brilhante. "Era uma admiração mútua. Prebisch admirava a integridade pessoal de Furtado." A colaboração durou décadas, mas houve discordâncias, que chegaram a um breve rompimento em 1957. "Ambos tinham vontades fortes... eram 'machos alfa'", brinca o biógrafo.

Uma explicação para os destinos divergentes reside no acesso aos textos de ambos. Enquanto Furtado legou uma bibliografia ainda amplamente estudada, Prebisch escreveu apenas profissionalmente. Como diz seu biógrafo, "ele assinava como chefe de pesquisas, na Cepal e na Unctad. Seus textos individuais, para apresentação na ONU, ficaram indisponíveis". O projeto de publicar os manuscritos e correspondências do economista argentino avança lentamente.

"O estruturalismo entende que o processo de desenvolvimento implica uma mudança estrutural na composição da produção", diz Marconi. A necessidade de industrializar, ponto fundamental das ideias de Prebisch, é parte de um estímulo generalizado à demanda, por intervenção estatal ou investimento externo, à medida que uma economia deixa de ser primária. No horizonte situa-se um "ponto de maturidade", com consumo de massa e uma demanda de perfil mais sofisticado, em que a população exige serviços públicos, educação, saúde, lazer.

O ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser-Pereira defende um desenvolvimentismo inspirado nas ideias de economistas como Raúl Prebisch
Segundo Bresser-Pereira, o desenvolvimentismo de Prebisch, Furtado e outros autores tem o mérito de reconhecer na economia um pensamento social e, portanto, histórico, em oposição à teoria neoclássica, que se pretende a-histórica. À exceção do pioneiro Reino Unido, aponta Bresser-Pereira, "todos os países que se industrializaram no século XIX protegeram a produção local": França, EUA, Alemanha, Japão.

Ao fim da Grande Depressão dos anos 1930, os governos latino-americanos tomaram interesse pelas teses da Cepal, que prometiam desenvolvimento e proteção contra novas recessões. A substituição de importações, ponto inaugural da doutrina, foi buscada no Brasil, no México, no Chile e em outros países. Nas décadas seguintes, o crescimento do continente foi um dos mais fortes do mundo e a estrutura econômica e social na região foi radicalmente transformada. As cidades cresceram com as fábricas. Mas ao fim da década de 1970, o quadro era outro: inflação, estagnação, crises políticas e ditaduras.

O desenvolvimentismo e as teses da Cepal foram relegadas a um plano secundário a partir da década seguinte, quando as teorias neoclássicas voltaram ao centro dos debates e o Consenso de Washington tomou forma. O próprio Raúl Prebisch foi esquecido e esquecido morreu, no Chile, em 1986. "A hipótese de Prebisch e Singer era muito ruim. Ela se baseava em dados apenas do período mais terrível da história do mercado mundial, que foi a Grande Depressão", argumenta o economista Simão Davi Silber, da Universidade de São Paulo (USP). Segundo Silber, as pesquisas empíricas revelam o oposto daquilo que diagnosticou o economista argentino: quem exporta commodities está em situação melhor do que o exportador de produtos industriais. "A história não corrobora a hipótese. A melhor maneira de verificá-lo é comparar o desempenho da América Latina com o Sudeste Asiático, onde a substituição de importações foi abandonada tão logo perceberam o erro."

O confronto entre latino-americanos e asiáticos em matéria de desenvolvimento também atrai os defensores do estruturalismo. Bresser-Pereira lembra que a substituição de importações é uma "pequena fase inicial de industrialização", cujo substrato é, nas palavras de Nelson Marconi, "um forte investimento na qualificação da mão de obra", com vista a galgar as etapas de desenvolvimento e reestruturar o sistema econômico. Um erro do Brasil, lamenta Marconi, foi não investir no capital humano. O modelo de industrialização que importou a matriz tecnológica foi concentrador de renda e não colaborou para atingir fases mais avançadas de desenvolvimento.

"A substituição de importações funcionou bem até os anos 1960", diz Bresser-Pereira. "Os asiáticos começaram assim e saíram rápido." Embora não se baseassem no pensamento de Raúl Prebisch, os economistas e burocratas daquele continente são pragmáticos, segundo Bresser-Pereira, e "olham para como a economia funciona de verdade". Países como a China e a Índia são encarados como exemplos de sucesso de políticas desenvolvimentistas.

Bresser-Pereira conclui que o erro latino-americano foi demorar a sair da etapa de substituição de importações. As raízes dessa demora podem ser políticas, já que as massas recém-incorporadas à economia urbana e industrial se tornaram um eleitorado atraente para os líderes do continente. "Por trás das ideias de Prebisch está um ativismo governamental pronunciado, daí o fato de ter caído no gosto do nacional-desenvolvimentismo latino-americano", afirma Simão Silber, ressaltando o caráter estatista da teoria heterodoxa da Cepal.

O renascimento do interesse pelo keynesianismo e por teorias centradas no desenvolvimento, a partir da crise de 2008, se faz acompanhar de um olhar mais benevolente para a atuação do Estado. "A estratégia do novo desenvolvimentismo é crescer com estabilidade, mas defendendo um Estado mais participativo", diz Bresser-Pereira. Nesse modelo, o Estado deixa de ser produtor, dono de empresas, e se torna indutor de investimentos privados. "O estágio de desenvolvimento é outro. Não precisamos mais fazer a revolução industrial e capitalista", diz. "Já existe uma classe de empresários capazes de investir."

Marconi lamenta que o Brasil tenha passado tantas décadas investindo na modernização da estrutura sem modernizar também a formação da mão de obra. "Só agora esse problema está sendo atacado no Brasil." O desenvolvimentismo de hoje, segundo Marconi, é a corrente que chama a atenção para a necessidade de agregar valor à produção, seja no setor industrial ou nos serviços mais dinâmicos.

Análise:
Raúl Prebisch, a ascensão da China e o Terceiro Mundo
Carlos Lessa | Para o Valor, do Rio
29/07/2011

Edgar Dosman: Prebisch não excluía apoio a um setor primário forte
A coruja do conhecimento, geralmente, levanta voo ao entardecer. As grandes passagens da economia mundial produzem revoadas de corujas. Destas, muitas fazem a releitura de antigos pensadores deixados, provisoriamente, de lado. Essa releitura auxiliará a construção de novas interpretações. Hegel falava da fácil sabedoria da visão retrospectiva, ou seja, como o curso histórico tem suas razões, a releitura permite explicitar algumas delas. Entretanto, a criação intelectual que ilumina o amanhã exige o que Nietzsche denominava "espírito de águia", que não teme se debruçar sobre o abismo.
Li "Raúl Prebisch (1901-1986): A Construção da América Latina e do Terceiro Mundo", de Edgar Dosman, editado pela Contraponto em parceria com o Centro Internacional Celso Furtado. Uma biografia exaustiva e rigorosa, do ponto de vista documental, do economista argentino que escreveu o livro "O Desenvolvimento Econômico da América Latina e Alguns de Seus Principais Problemas", conhecido como "Manifesto Latino-Americano", divulgado em Havana em 1949. Nele, Prebisch demonstrou que a distribuição de benefícios do crescimento mundial era desigual entre o centro e a periferia e se aprofundava secularmente, pois a dinâmica dos ciclos de comércio exterior favorecia, a longo prazo, as economias já industrializadas e dominantes.

Prebisch demonstrou que a distribuição de benefícios do crescimento mundial era desigual entre o centro e a periferia e só se aprofundava

O alicerce ortodoxo da economia política clássica inglesa foi a teoria ricardiana de comércio exterior. Seu teorema dos custos comparativos "justificava" como maximizante para todos os integrantes do comércio internacional a especialização nos bens que produzia com maior eficiência. Se cada país se especializasse e obtivesse, pelo comércio internacional, aquilo que tinha menor produtividade interna, haveria o máximo bem-estar das economias interligadas. David Ricardo construiu o argumento perfeito para a hegemonia inglesa, nação que sediou a Primeira Revolução Industrial. Investir, intelectual e politicamente, contra a ortodoxia do país dominante foi a prática dos pais fundadores dos Estados Unidos. Alexander Hamilton defendeu a ideia da industrialização como essencial ao padrão de vida e à soberania nacional das 13 ex-colônias. Friedrich List, em 1841, publica "O Sistema Nacional de Economia Política", que se sucedeu à Zollverein, união aduaneira alemã, de 1834. List explicita que o projeto nacional de desenvolvimento via industrialização é uma exceção ao livre-câmbio e livre-comércio. A Revolução Meiji realiza uma modernização à força no Japão, sob o argumento de que sacrifícios no presente produziriam felicidade no futuro. A França, de Napoleão III, também critica Ricardo e defende a prioridade da industrialização nacional. O denominador histórico comum de todas essas experiências de industrialização consiste na adesão ao livre-câmbio e livre- comércio, tão logo esteja consolidada sua maturidade industrial. Foram poucas as nações que se industrializaram e nenhuma nação latino-americana, no século XIX e década iniciais do século XX.

Uma retórica geopolítica pretendendo superar o atraso pela boa convivência de nações foi recorrente. Por exemplo, o brasileiro Rui Barbosa, que conhecia a heterodoxa visão de finanças industrializantes dos fundadores americanos, defendeu o "desenvolvimento" da periferia na famosa e inútil 2ª Conferência de Haia, em 1907. Após a Primeira Guerra Mundial e no umbral da Grande Crise de 1929, Mihail Manoïlesco, ministro da Indústria e Comércio da Romênia, defendeu, em "Teoria do Protecionismo e da Permuta Internacional", a industrialização como único caminho para a superação do atraso. Essa defesa explicitou o argumento-chave de indústria nascente e das relações interindustriais de um sistema industrial nacional. O brasileiro Roberto Simonsen, presidente do Centro das Indústrias de São Paulo, traduziu e publicou, em 1931, o trabalho do economista romeno. A ideia da industrialização como projeto nacional impregnou a gestão Getúlio Vargas durante os anos 30 e a Segunda Guerra Mundial. O ideal de produzir as máquinas que fazem máquinas apareceu no discurso do obelisco, precedendo o governo Vargas, que realizou uma política keynesiana antes da publicação do clássico livro de Keynes.

Ouso dizer que a obra de Prebisch, menos pelo pioneirismo e mais pela oportunidade, decisão, habilidade e poder mobilizador, foi um voo de coruja decisivo para o esforço latino-americano de superação do atraso. O conceito de América Latina foi consolidado e tornado, em alto nível de abstração, homogêneo pela crítica atualizada e politizada da ortodoxia das economias dominantes. Prebisch, com visão política historicamente correta, evitou refletir sobre as estruturas internas dos países latino-americanos. Apesar do trabalho intelectual de economistas latino-americanos como Aníbal Pinto Santa Cruz e Celso Furtado, que mergulharam na heterogeneidade e na formação histórica singular de cada país latino-americano, o sonho bolivariano da integração recebeu um forte estímulo a partir do Manifesto, de Prebisch, e do trabalho dos estruturalistas da Cepal.

Em tempos de crise, a coruja voa revitalizando o passado, porém o fato mais relevante do momento atual é o desenvolvimento da China e não pode ser atribuído a nenhuma receita ortodoxa de livre-comércio e livre-câmbio. Não é uma economia de mercado. Regula - de perto e com instrumentos estatais variados, discriminatórios e poderosos - finanças, câmbio e atuação empresarial. O maior sucesso nacional do momento é, em si, questionador frontal da ortodoxia neoliberal.

Prebisch, hoje, teria se debruçado sobre a experiência chinesa e chamaria a atenção para a geopolítica dominante que a China vem fazendo no chamado Terceiro Mundo.

Carlos Francisco Theodoro Machado Ribeiro de Lessa é professor emérito de economia brasileira e ex-reitor da UFRJ. Foi presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES

Coloquio sobre economia politica dos sistemas-mundo, UniCamp, 8-9 agosto 2011

V Colóquio Brasileiro em Economia Política dos Sistemas-Mundo
A ECONOMIA-MUNDO CONTEMPORÂNEA: CRISE ESTRUTURAL OU TRANSIÇÃO HEGEMÔNICA?
UniCamp, SP
Programação
8 de agosto de 2011
Manhã
9h00 – 9h30: Abertura
9h30 – 12h00: Conferência: Continuities and transformations in the evolution of the modern world-system: Terminal crisis or a new systemic cycle of accumulation? - Christopher Chase-Dunn, University of California-Riverside

Tarde
14h00 - 16h15 - Apresentação de Trabalhos - Mesa 1
Limite econômico ou metamorfose do capitalismo? - Eduardo da Motta e Albuquerque, Cedeplar-FACE-UFMG
Crise Estrutural do Capitalismo nas Análises Sistêmico-Prigogineanas de Immanuel Wallerstein e de István Mészáros: crise inexoravelmente terminal? - Guilherme Vieira Dias, Instituto Federal Fluminense (IFF); José Glauco Ribeiro Tostes, Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) e Colaborador do PGCA/UFF; Marcelo Silva Sthel, Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF)
Notas Comparativas Sobre as Ondas Longas em Kondratiev, Braudel e Arrighi - Luiz Eduardo Simões de Souza, Universidade Federal de Alagoas (UFAL)
Uma análise econômica crítica da tese da decadência hegemônica dos Estados Unidos de Giovanni Arrighi - Numa Mazat, Doutorando PEPI/UFRJ e membro do grupo de Economia Política do IE/UFRJ.
Debatedor: Fábio Pádua dos Santos

16h15 - 16h30 - Intervalo
16h30 - 18h45 - Apresentação de Trabalhos - Mesa 2
Confronto, desconfiança e cooperação: percepções teóricas das Relações Internacionais sobre a ascensão da China e sua relação com os Estados Unidos e o sistema-mundo moderno - Bruno Hendler, Mestrando UnB
As conseqüências da Ascensão da China para a Economia-mundo Capitalista: apontamentos de investigação - Helton Ricardo Ouriques, UFSC

O princípio, o meio e o fim do mundo moderno: uma análise comparada de Immanuel Wallerstein, Giovanni Arrighi e José Luis Fiori - Pedro Nogueira Gama, Doutorando PEPI/UFRJ
Debatedor: Jales Dantas Costas

18h45 -19h00 -Intervalo

Noite
19h00-20h30 – Palestra
O Brasil e a Economia-Mundo Capitalista: séculos XVI ao XIX - Pedro A. Vieira, UFSC

9 de agosto de 2011
Manhã
9h00 – 10h30 – Palestra
Capitalismo e Ilicitude - Antônio Brussi, UnB

10h30 – 12h45 – Apresentação de Trabalhos - Mesa 3
Território e Crises Econômicas sob a visão de Sistemas-Mundo - Tallyta Rosane Bezerra de Gusmão;
Daniela Monteiro Albuquerque, Graduandas em Ciências Econômicas da Universidade Federal de Alagoas (UFAL)
A Economia Política dos Sistemas-Mundo e as Cadeias Mercantis - Rosângela de Lima Vieira, UNESP/ Marília
Do combate à funcionalidade: o protecionismo em diferentes ciclos sistêmicos de acumulação - Guilherme A. Astolphi de Aguiar, Mestrando em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista, UNESP/Marília.
O mito da industrialização como desenvolvimento econômico: O comando do excedente na cadeia mercantil da indústria automobilística brasileira - Ricardo Lobato Torres, Universidade Federal do Rio de Janeiro; Silvio Antônio Ferraz Cário, Universidade Federal de Santa Catarina
Debatedor: Luiz Mateus da Silva Ferreira

Tarde
14h30 – 16h15 – Apresentação de Trabalhos – Mesa 4
O Brasil no sistema-mundo neste início de século - Angelita Matos Souza, Unesp/Marília
O Brasil na economia-mundo do último século (1910 a 2010) - Paulo Roberto de Almeida, Ministério das Relações Exteriores, Programa de Pós-Graduação em Direito do Centro Universitário de Brasília (Uniceub)
Pobreza no Brasil na transição da hegemonia mundial dos Estados Unidos - Jales Dantas da Costa, Doutorando em Ciências Sociais no Centro de Pesquisa e Pós-Graduação sobre as Américas (CEPPAC) na Universidade de Brasília (UnB) e servidor no Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).
Debatedor: Helton Ricardo Ouriques

16h15 – 16h30 – Intervalo

16h30 – 18h45 – Apresentação de Trabalhos – Mesa 5
Divergências e Convergências entre Giovanni Arrighi e José Luís Fiori - Tiago Maymussi Sales, Mestrando PEPI /UFRJ
"Escola de Campinas": uma contextualização história para seu estudo - Fábio Pádua dos Santos, Mestrando Unicamp; Leonardo Dias Nunes, Mestrando Unicamp
Revisitando a tese do capitalismo tardio: crítica a razão endogenista a partir do conceito de ciclos sistêmicos de acumulação - Marcelo Arend, UFSM
Acontribuição da Teoria do Sistema-Mundo para a controvérsia sobre a Revolução Burguesa no Brasil - Tiago Camarinha Lopes, Programa de Pós-Graduação em Economia/UFU, MG; Niemeyer Almeida Filho, UFU, MG.
Debatedor: a confirmar.

Noite
19h00 – 21h00 – Palestra e Encerramento
Fundamentos da Hegemonia dos EUA: tendências gerais - Eduardo Barros Mariutti, Unicamp, PPGE

realização: Instituto de Economia UniCamp, Núcleo de História Econômica; Grupo de Pesquisa em Economia Política dos Sistemas-Mundo, UFSC
apoio: UniCamp FAEPEX; PPGE-UFSC; IPEA

L'Histoire, numero special: Le Bresil (n. 366, Juillet-Aout 2011)

Um número excepcional da revista L'Histoire, inteiramente dedicada ao Brasil.
Sumário resumido (link)
L'Histoire n°366
Sommaire
Pourquoi le Brésil est-il si grand ?
par THÉRY Hervé p. 6 - 15
Pourquoi le Brésil est-il resté uni ?
par SAINT-GEOURS Yves p. 12 - 13
La trouvaille
par BENNASSAR Bartolomé p. 18 - 19
Du bois et du sucre
par BENNASSAR Bartolomé p. 20 - 25
Les premiers habitants
par BENNASSAR Bartolomé p. 22 - 22
Le départ des Hollandais
par BENNASSAR Bartolomé p. 24 - 24
Le rêve brisé de Villegagnon
par THOMAS Olivier p. 26 - 27

Au sommaire de ce numéro
AU LECTEUR
Le Brésil et nous
SPÉCIAL BRÉSIL
Pourquoi le pays est-il si grand ? - Hervé Théry
Pourquoi le pays est-il resté uni ? - Entretien avec Yves Saint-Geours
Un pays-continent (VOIR PDF)
La trouvaille - Bartolomé Bennassar
Du bois et du sucre - Bartolomé Bennassar
Les premiers habitants - Bartolomé Bennassar
Le départ des Hollandais - Bartolomé Bennassar
Le rêve brisé de Villegagnon - Olivier Thomas
L'Indien et le Jésuite - Décio de Alencar Guzmán
L'or, enfin ! - Laurent Vidal
Le martyre de Tiradentes - Laurent Vidal
Une société esclavagiste - Entretien avec Luiz Felipe de Alencastro
Le « paradis des mulâtres » ? - Luiz Felipe de Alencastro Luiz Felipe de Alencastro
L'exaltation du métissage - Laura de Mello e Souza
L'invention de la samba - Anaïs Fléchet
Le Noir révolté - Anaïs Fléchet
Quotas ou pas ? - Anaïs Fléchet
« Fico » : je reste - Armelle Enders
Le monarque bourgeois
Paraguay, la grande guerre - Armelle Enders
La République des oligarques - Armelle Enders
Le pays où le positivisme est une religion - Armelle Enders
France-Brésil : destins croisés - Olivier Compagnon
Le « roi café » - Christian Grataloup
L'invention d'une culture moderne - Serge Gruzinski
La révolution Vargas - Maud Chirio
Un fascisme brésilien ?
Vingt ans de dictature militaire - Maud Chirio
Vous avez dit populisme ? - Entretien avec Olivier Dabène
Qui a peur de l'Église des pauvres ? - Richard Marin
40 millions d'évangélistes - Richard Marin
Bom Dia Brasilia ! - Laurent Vidal
Les années Lula : naissance d'un Grand - Entretien avec Alain Rouquié
Brésil : « Le pays anthropophage » - Entretien avec Yves Saint-Geours
Une histoire de cinq cents ans
D'Amazonie à Zumbi
POUR EN SAVOIR PLUS

Quer ficar rico? Venda para o governo: todos os precos possiveis....

Recebido, por e-mail:

Olá, bom dia.
Venda para o Governo. Conheça o primeiro portal de busca de licitações TOTALMENTE GRATUITO.
Todos os dias capturamos as licitações abertas em todo Brasil e publicamos para acesso de todos os interessados. São mais de 500 novas licitações todos os dias, só este ano já publicamos mais de 40 mil avisos.
Acesse e cadastre-se para receber os avisos por e-mail: www.xxxxxxxxxxxxxx.com
Atenciosamente,
Equipe Xxxxxxxxx


Eu acho que eles poderiam acrescentar, para maior comodidade dos clientes:

Fazemos qualquer tipo de negócio: venda direta, leilão por internet, licitações viciadas, compra virtual, concorrências simuladas, pagamento em paraísos off-shore, notas fiscais legítimas ou requentadas, adequação contábil para o seu imposto de renda, recolhimento fictício de impostos, substituição tributária, super e subfaturamentos facilitados; absolutamente todas as modalidades de negócios (legítimos ou semilegítimos) com entidades federais, estaduais ou municipais, católicas, protestantes, evangélicas, umbandistas, contratos via fundações e ONGs; tratamos com todos os tipos de gêneros (GBLTSXYZ e outras) ou raças (inclusive com desconto em caso de ação afirmativa, cotas garantidas), com propaganda ou sem, laranjas, testas-de-ferro, empréstimos incentivados, isenções fiscais em regiões menos desenvolvidas, operações internacionais com agências da ONU, FMI, Banco Mundial, etc.; ou seja, todo e qualquer tipo de negócio envolvendo dinheiro público (que como todo mundo sabe é de todos)...
Consulte-nos, sem compromisso...
Pela Equipe Xxxxxxxxx


Bem, talvez tenha uma ou outra coisa exagerada aí encima, mas o resto se sustenta, e poderia entrar em qualquer programa do governo: PAC-I, PAC-II, PAC-III, PAC-IV e outros mais...

Pelas informações,
este seu criado
(desta vez agindo incógnito, por razões óbvias)

Back to the (constitutional) past: uma moda latino-americana?

A América Latina é, possivelmente, a região de mais alta "densidade constitucional" do mundo. Isso não quer dizer estabilidade política, e sim instabilidade institucional. O Brasil, por exemplo, está na sexta ou sétima constituição, dependendo de como se consideram algumas emendas abrangentes. O Equador deve ganhar na conta, e por aí vai.
O Peru inaugura o saudosismo constitucional: jurar por uma Constituição que já não está mais em vigor. Curioso retrocesso...
Paulo Roberto de Almeida

Perú: Ollanta Humala jura como presidente por la Constitución de 1979
Fernando Tuesta Soldevilla
Infolatam/Efe/Reuters
Lima, 18 de julio de 2011

Ollanta Humala: gobierno compartido y sin partido
(Especial para Infolatam).- “…. Ollanta Humala, por lo que ha buscado alianzas políticas, sobre todo con Perú Posible, para conseguir el control del Congreso. Por su lado, el partido de Alejandro Toledo ha ganado cargos ministeriales y seguramente otros en la Administración Pública. Es pues, de alguna manera, un gobierno compartido”

Ollanta Humala juró hoy como presidente de Perú por la Constitución de 1979 y no por la vigente de 1993 ante el titular del Congreso, Daniel Abugattás, en una sesión solemne del Parlamento sin la presencia del mandatario saliente, Alan García, que poco antes había entregado la banda presidencial en el Palacio de Gobierno al jefe de la casa militar.

El mandatario juró por la Constitución de 1979, previa a la carta de 1993 vigente firmada por el entonces presidente Alberto Fujimori, esto provocó una fuerte protesta de legisladores fujimoristas que gritaban “Que se vaya” apenas minutos después de que se le colocara la banda presidencial.

En su discurso Humala dijo que la Constitución del 1979 es “una verdadera inspiración de contenido democrático y libertad”, tratando de poner paños fríos al tema.

A continuación, Abugattás tomó el juramento de los vicepresidentes Marisol Espinoza y Omar Chehade, los cuales también invocaron la carta magna de 1979. Abugattás tuvo que pedir orden a los presentes, ante las demandas de los legisladores fujimoristas de que Humala y sus vicepresidentes juren por la actual Constitución.

A la toma de posesión de Humala asisten diecisiete representantes de Estados o Gobiernos, entre los que se encuentra el príncipe Felipe de Borbón, en nombre de España. Los principales ausentes en la ceremonia, además de García, fueron los gobernantes de Venezuela, Hugo Chávez, y de Paraguay, Fernando Lugo, por cuestiones de salud; y de Cuba, Raúl Castro, que envió a un vicepresidente.

Expansión con plan social
Ollanta Humala anunció la marcha de un ambicioso programa social que no ponga en riesgo el crecimiento económico, al tiempo que confirmó su intención de crear un impuesto a las ganancias extraordinarias de las pujantes mineras locales.

En su primer mensaje a la nación tras juramentar en el Congreso por cinco años en el cargo, Humala afirmó además que buscará diversificar la matriz energética del país promoviendo la explotación del gas y la construcción de hidroeléctricas.

Humala sorprendió hace unos días a los inversionistas al nombrar a dos respetados economistas adorados por Wall Street para manejar la economía de Perú, una país que registra un gran crecimiento pero cuya pobreza aún alcanza a un tercio de su población.

Junto a los reconocidos técnicos, el mandatario escogió un gabinete con fuerte presencia empresarial y expertos en busca de equilibrar sus promesas de campaña de mayor inclusión social con el modelo económico que ha tenido éxito en este país.

Respecto al sector clave minero, ratificó que las empresas deben contribuir en la lucha contra la pobreza, que alcanza a un tercio de los 29 millones de peruanos.

El presidente también anunció un aumento de 25 por ciento del sueldo mínimo a 750 soles (273 dólares) y un plan de pensiones focalizado para los mayores de 65 años.

Los programas sociales de Humala requieren de arranque al menos unos 4.300 millones de dólares, casi un 3 por ciento del valor del Producto Interior Bruto peruano, vital para atender las demandas en un país lleno de conflictos populares, según analistas.

Discurso del Presidente Ollanta Humala ante el Congreso
Humala propone una cumbre antidrogas

quinta-feira, 28 de julho de 2011

E por falar em juros... uma opiniao sensata - Alexandre Schwartsman

O debate, obviamente, é relevante, quer se goste dele ou não. Como escrevi em algum post abaixo, o Brasil não é um país normal. Longe disso.
Só de pensar que somos chamados de idiotas cada vez que vamos comprar algum durável ou semi-durável (por vezes até no supermercado, ou seja, para produtos absolutamente perecíveis), e que ouvimos como se fosse a coisas mais normal do mundo: "seis vezes sem juros"; ou então: "em quantas vezes você prefere?".
Inacreditável como as pessoas não se dão conta de que estão pagando, provavelmente, o dobro do que custa o bem em questão, e não se dão conta disso. Pagam dois e levam um para casa, e ainda acham que fizeram um grande negócio só porque entrou naquela mentira do "seis vezes sem juros".
O Brasil, decididamente, não é um país normal.
Como eu não gosto de ser chamado de idiota, recuso-me a entrar nessa conversa dos "seis vezes sem juros", mas o crime é que, quando você diz que quer pagar à vista, a vendedora diz que "é o mesmo preço!".
Aí você se recolhe à sua insignificância de mercado e à esquizofrenia econômica brasileira e aceita pagar 100% a mais, diluído nos "seis vezes sem juros". Juro que eu fico possesso, mas infelizmente não posso fazer nada, a não ser xingar as autoridades econômicas que não colocam um final nesse absurdo, ou pelo menos avisam a todos que estão sendo chamados de idiotas...
Enfim, isso para iniciar o debate abaixo transcrito, por motivos puramente intelectuais.
Paulo Roberto de Almeida

Os juros, a democracia e um e-mail de Alexandre Schwartsman
Reinaldo Azevedo, 28/07/2011

Escrevi ontem um post sobre a taxa de juros no Brasil, a valorização do real e as medidas sugeridas por especialistas, em reportagem da VEJA desta semana, para corrigir algumas distorções que estão em curso. Leiam lá. Fiz uma ironia: dadas as saídas apontadas, então precisamos de uma tirania virtuosa para aplicá-las porque os políticos não as adotarão — não, ao menos, se estiverem de olho nas urnas. É preciso um grande senso de dever para fazer a coisa certa, numa perspectiva de médio e longo prazos, mesmo correndo o risco da impopularidade no curto. Quem tem hoje esse senso de grandeza? Um dos economistas ouvidos é Alexandre Schwartsman, que tem um blog, como sabem, que recomendo: A Mão Visível. Ele me mandou o seguinte e-mail, que publico com a sua autorização. Trata-se, vocês lerão, de um pequeno artigo. Alexandre, concordem com ele ou não, tem uma virtude inegável entre muitas: é claro. Leiam.

Caro Reinaldo,

Como sempre gostei do seu artigo e aproveito para deixar claro que não acredito na incompatibilidade entre democracia e juros baixos. Só não acho que iremos convergir rapidamente para a taxa mundial de juros, como parecia ser a aposta de muitos dos meus colegas.

Para ser sincero, sou também simpático à tese da poupança; apenas não me parece razoável que esta explique toda a diferença entre o juro real brasileiro e o juro de países similares a nós.

Isso dito, no que tange à poupança, o principal entrave não aparenta vir do consumo das famílias (não muito distinto do consumo observado em outros países latino-americanos - embora esta ainda seja evidência insuficiente), mas sim do consumo público. No Brasil, o governo consome cerca de 20% do PIB. Este número, é bom dizer, não inclui as transferências feitas pelo governo às famílias (Previdência, Bolsa-Família, LOAS, RMV etc), mas apenas a parcela do produto apropriada pelo governo para seus próprios fins.

Em comparação, na média de Argentina, Chile, Colômbia e México, o consumo público roda em torno de 15% do PIB. A Colômbia, que apresentava consumo público próximo aos níveis brasileiros (até por conta de lutar uma guerra civil), conseguiu trazê-lo para valores mais em linha com os demais países da América Latina, o que sugere compatibilidade entre democracia e ajuste fiscal. Obviamente, compatibilidade não assegura o ajuste, mas, pelo menos, indica que não precisamos de um Pinochet para fazer nossa lição de casa.

De qualquer forma, minha opinião (que, diga-se, apenas tomei emprestado de economistas mais discretos) é que também a existência do crédito direcionado no volume que se observa no Brasil (praticamente um terço do total) pode explicar parcela grande da diferença entre nossa taxa de juros e a do resto do mundo. Aqui, eu diria que a democracia é obstáculo menor do que seria no caso do ajuste fiscal, até porque o crédito direcionado favorece apenas fração da população.

Mas não é por ser economista que sou ingênuo: minorias podem operar (e o fazem costumeiramente) para impor sua agenda como se fosse do interesse da população como um todo. Sempre digo que a estridência da Fiesp a cada reunião do Copom seria um choro bem-comportado perto do barulho que ouviremos quando (e se!) o CMN um dia ousar aumentar a TJLP. Ainda assim, creio que o balizamento do custo dos empréstimos do BNDES em torno da taxa de juros de (digamos) um título de 5 anos do Tesouro Nacional poderia fazer com que a Selic (e, portanto, a taxa de 5 anos) caísse. Não há como evitar um aumento nos custos do crédito direcionado, mas isso poderia ter efeitos benéficos sobre todo o resto.

Vai acontecer? Eu esperaria sentado, com um bom livro e uma pilha de DVDs, além de todas as amenidades possíveis, mas não acho que seja impossível (mesmo sendo difícil). Aliás, se acontecer, será antes do ajuste fiscal.

Abs,
Alex

Grave ameaca ao futuro da Humanidade: vamos pisar em ovos...

Eu sei que alguns humanos já têm cérebro de galinha, mas a ameaça é grave: vamos ser submergidos por um mar, oceanos de galináceos...
E vamos ter de andar miudinho....
Paulo Roberto de Almeida

Número de galinhas é três vezes maior do que o de humanos
Opinião e Notícia, 28/07/2011 (The Economist)

Chineses lideram rankings da ONU sobre criação de ovelhas, galinhas e porcos

De acordo com estatísticas da Organização de Alimentos e Agricultura das Nações Unidas, o número total de galinhas no mundo chega a 19 bilhões, o equivalente a três para cada ser humano. Bovinos têm uma população mundial de 1,4 bilhão. Ovelhas e porcos vêm em seguida, com um bilhão. O vasto apetite dos chineses faz do país o líder na criação de galinhas, porcos e ovelhas, enquanto os carnívoros brasileiros e os indianos lideram a criação de bovinos.

Na proporção de rebanho per capita, a Nova Zelândia mantém sua reputação e permanece como a maior pastora do planeta, com 7,5 ovelhas para cada habitante do país. O país também é, proporcionalmente, o segundo maior criador de gado bovino, com 2,3 vacas por pessoas, perdendo apenas para o Uruguai, com 3,7. No campo das galinhas, Brunei mantém os maiores índices, com 40 galinhas para cada cidadão.

Os gráficos abaixo apresentam o ranking dos números de quatro diferentes animais em diversos países.
Fontes: The Economist - "Counting chickens"

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...