quarta-feira, 28 de maio de 2014

Tratado geral dos minitratados: reflexoes sobre algumas contradicoes humanas - Paulo Roberto de Almeida

Tratado Geral dos Minitratados

Reflexões sobre algumas contradições humanas

Já inseri no meu blog DiplomataZ minha série de minitratados, uma coleção de pequenos textos curtos, aleatórios na temática e esparsos no tempo, sobre aquilo que alguns filósofos poderiam chamar de "grandes questões da humanidade".
Trata-se claramente de um divertissement, mas que não deixa de ter um significado -- aliás vários -- que é complementar ao, ou diverso do, objeto efetivamente tratado em cada um desses minitratados (aleatórios mas cuidadosamente escolhidos).
Ou alguém acha que reticências, ou entrelinhas, constituem grande problemas filosóficos da humanidade?
É uma maneira divertida, para os que apreciam ironias e sutilezas, para falar dos sentimentos humanos, meus ou dos outros.
Listo abaixo a relação dos minitratados produzidos so far, aqui sem transcrição completa, mas remetendo aos links para sua leitura integral.
Não tenho certeza de que coloquei todos os minitratados; pode ser que eu tenha esquecido algum no caos de meus arquivos eletrônicos. Tenho de pesquisar: esses minitratados são espertos, fugidios, eles se escondem nas mais surpreendentes reentrâncias do pensamento...
Tenho vários outros planejados no pipeline, e aceito sugestões dos leitores para novos minitratados, mas apenas sobre os mais graves problemas da humanidade, como alertei anteriormente.
Mas de maneira divertida, como também coloquei, o que não deixa de ser relevante, mesmo se constitui uma simples distração na leitura de coisas verdadeiramente sérias...
Paulo Roberto de Almeida 
(Texto escrito em 16 de abril de 2011)


1) 
Minitratado das reticências ( (28/11/2004)
Pouca gente dotada de uma certa familiaridade com a palavra escrita consegue atribuir real importância às reticências, inclusive este cidadão que aqui escreve. Quero falar das reticências stricto sensu, isto é, os famosos três pontinhos ao final de alguma frase ou expressão... (...)
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2) Minitratado das entrelinhas (22/01/2009)
Tratados, em geral, costumam ser solenes, como convém aos grandes textos declaratórios, escritos em tom impessoal e devendo refletir alguma realidade objetiva, uma relação entre Estados...
Minitratados, por suposição, deveriam ser versões reduzidas de seus irmãos maiores... (...)
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Interrogantes são inerentes à espécie humana, e talvez mesmo a certos primatas. Determinadas escolhas, ou caminhos, nos levam a uma situação de melhor conforto material ou de maior segurança pessoal, sem que, no entanto, saibamos, ou tenhamos certeza, ao início, que aquela opção selecionada é, de fato, a de melhor retorno ou benefício possível. Dúvidas, questionamentos, angústias, em face das possibilidades abertas em nossa existência, são inevitáveis em todas as etapas e circunstâncias da vida. Daí a interrogação, normalmente simbolizada pelo sinal sinuoso que colocamos ao final de certas frases: ? (...)
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O subserviente é aquele que se dobra às conveniências de uma autoridade superior, mesmo quando essa autoridade atua manifestamente em detrimento de seus próprios interesses pessoais; o subserviente prefere submeter-se às inconveniências cometidas por aquela autoridade, e o faz de livre e espontânea vontade, ainda que de modo vergonhoso, a ter de corrigir, mesmo gentilmente, essa mesma autoridade. O subserviente, que também pode ser considerado um sabujo, no sentido estrito, não hesita em desmentir-se, a posteriori, negar declarações suas, previamente tornadas públicas, ou em afastar-se de posições anteriormente assumidas, ou defendidas historicamente, apenas para se conformar à vontade, muitas vezes irracional e inexplicável, dessa mesma autoridade superior. Obviamente, ele não seria subserviente sem essa degradação moral.
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Há muito tempo pretendia escrever um minitratado sobre o anonimato, mais uma peça de relativa inutilidade substantiva, apenas para me distrair e para fazer companhia a meus outros minitratados (um primeiro sobre as reticências, outro sobre as entrelinhas, um terceiro sobre as interrogações, e um adicional, que aliás não sei se já foi terminado, sobre as exclamações). Não se inquietem os curiosos, pois tenho vários outros no pipeline, ou pelo menos nos meus circuitos mentais, e a coleção deve ser enriquecida com algum besteirol gratificante, cuja única função, pelo menos para mim, é servir a meu próprio divertissement intelectual.

6) Minitratado da imaginação (12/02/2011)
A imaginação não é um simples sentido natural, e sim um ato da vontade, embora não possamos impedir nossa própria consciência de imaginar “coisas”. Mas essas coisas imaginadas são instruídas, orientadas, criadas e administradas por nós, como se fossemos um diretor de cinema ou de teatro, quando eles dizem aos atores como o script deve ser realmente lido e interpretado. (...)
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7) 
Minitratado da reencarnação (28/02/2011)
Não, não quero falar da reencarnação "real", aquela na qual acreditam piamente hindus e tibetanos, pelo menos os religiosos, nisso seguindo, ao que parece, os antigos egípcios, que já não estão mais entre nós para contar como a sua, supostamente rica, experiência nessa matéria. Os primeiros são radicais, capazes até de interromper a construção de um templo por uma minhoca que apareceu no canteiro de obras; afinal, nunca se sabe: pode ser a mãe de alguém. Enfim, se os egípcios ainda nos assustam com múmias de Hollywood, os outros nunca provaram o que afirmam. (...)
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8) 
Minitratado das Improbabilidades (16-17/03/2011)
Uma improbabilidade é algo que, como o conceito indica, não corre nenhum risco de acontecer; constitui, assim, um não-evento, uma impossibilidade prática. Poucas pessoas, salvo as muito sonhadoras, ficam atrás, ou se colocam em busca, de coisas impossíveis, ou seja, de improbabilidades. Aqueles que o fazem, de verdade, ou sinceramente, costumam ser chamados de utopistas, ou talvez até, dependendo da natureza de seus sonhos, de românticos incuráveis. (...)
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9) 
Minitratado dos desencontros (2/04/2011)
O que é um desencontro? Dito simplesmente, é uma defasagem, no tempo ou no espaço, entre dois corpos, cada um seguindo vias próprias e diferenciadas, sem qualquer possibilidade de cruzamento. Para fins deste minitratado, no entanto, o desencontro é um descompasso entre dois sentimentos, um pretendendo resposta e reação, o outro permanecendo desatento ou distraído, o que pressupõe alguma instância de reciprocidade ou linha de cruzamento, mesmo virtual. (...)
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10) 
Minitratado dos reencontros (14/04/2011)
O reencontro pode ser considerado a inflexão da curva de dispersão, ou da linha de divergência, que tinha sido formada, ou que existia, por ocasião do desencontro. Com efeito, o reencontro só se justifica, na maior parte dos casos, após um desencontro ter acontecido, salvo se a separação anterior foi uma obra do acaso, uma contingência inesperada, um acidente de percurso ou seja lá qual fator acidental. (...)
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11) 
Minitratado das corporações de ofício (9/07/2011)
Um amigo meu me escreve para dizer que está sendo perseguido por uma poderosa corporação de ofício; enviou-me seu protesto por escrito: “Sou Réu” (até me forneceu o número do processo). Bem, não vou poder ajudá-lo como eu (ou ele) gostaria, pois não tenho esse poder; aliás, nem sou advogado, o que por acaso me lembra que eu tampouco pertenço, profissionalmente, a qualquer uma dessas poderosas organizações dedicadas a preservar o seu monopólio profissional (e, adicionalmente, a achacar consumidores, como eu e você). Sou apenas da modesta tribo dos sociólogos, não tão poderosa nem tão bem organizada quanto a dos advogados, a dos engenheiros, a dos arquitetos, a dos médicos, a dos economistas e as de muitas outras corporações dedicadas ao fechamento dos mercados, de forma a converter todos os demais cidadãos em seus obrigados clientes (mais propriamente em servos indefesos).
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neste link.

O que é o inusitado? Como diz o próprio conceito, trata-se de algo fora do normal, além do padrão costumeiro das coisas, que só ocorre de forma imprevista, em momentos não esperados, como uma surpresa. Diz-se, assim, dos acontecimentos raros, ou mesmo inéditos, que rompem com o processo habitual dos fenômenos correntes, ou de eventos pouco frequentes, que literalmente “caem do céu”, qualquer que seja sua qualidade – boa ou má – e seu impacto circunstancial. Sendo inusitado, sempre haverá um impacto, temporário ou permanente em função de sua intensidade.

Saindo do trabalho além da hora, cruzei com um colega no corredor, ele numa direção, eu na oposta. Trocamos apenas as palavras habituais de cortesia, sem parar a não ser por um rápido aperto de mão, “olá, como vai?, trabalhando muito?”; “Pois é, é o jeito!”, ele disse, acrescentando ao final: “Vamos esperar pela aposentadoria”, ou algo do estilo (sou péssimo para memorizar certas coisas, além de edições de livros). Havia, evidentemente, certo sentido de cansaço naquelas palavras, algo de desalento ou coisa do gênero. Enfim, nos despedimos e fui para casa sem pensar mais naquele encontro. Mas de alguma coisa serviram aquelas palavras, retidas em minha consciência, aparentemente.

Sempre me intrigaram as dedicatórias, especialmente as estranhas (e, reparem bem, existem as mais bizarras). Afinal de contas, para um leitor inveterado como eu, impossível não tropeçar com elas bem no começo de um livro qualquer. Os bons autores, maridos dedicados, pais extremosos, amantes amantíssimos, nunca deixam de honrar seus amados, oferecendo-lhes a obra que você tem nas mãos, com palavras obsequiosas, atenciosas, gentis. Normal tudo isso.

(Planejados para escrever)
15.   Minitratado das renúncias inevitáveis
16.   Minitratado da decadência
17.   Minitratado dos impulsos criativos
18.   Minitratado dos impulsos destrutivos
19.   Minitratado do contrarianismo

Conclusão: sobre as razões e as causas de algumas das contradições humanas e sobre alguns modos de remediá-las...

Pensou num tema relevante? Indique...
Paulo Roberto de Almeida

Proibicao de importacoes de publicacoes estrangeiras: um lobby da industria grafica

Meus comentários ao que segue abaixo:

Uma medida protecionista, obscurantista, negativa, para todos os brasileiros.
Apenas uma reserva de mercado, como já existe para diversos outros setores, o que só atrasa o Brasil e o converte num avestruz desengonçado, um corpo inerme, introvertido, incapaz de enfrentar concorrência externa sem esse tipo de expediente absurdo.
Quando é que os empresários, não só desse setor, mas de todos os demais setores, vão se convencer que os inimigos do Brasil e dos empresários não está lá fora mas aqui dentro mesmo?
Ele se chama Estado brasileiro.
Trata-se de um ogro famélico, que extrai, extorque, rouba dois quintos da riqueza nacional, só investe menos de 1,5pc do PIB e gasta a maior parte consigo mesmo, com seus mandarins e marajás, ou então em gastos populistas e demagógicos, como o curral eleitoral que se chama Bolsa Família.
Por que os empresários não se unem para combater as fontes do mal, não os seus resultados e consequências? Quando é que as pessoas vão enxergar os problemas de frente e não procurar subterfúgios?
Paulo Roberto de Almeida

Em 3 de abril de 2014 - às 11:47    

Gráficos querem proibir confecção de livros fora do Brasil

Para atender a reivindicação da categoria, o deputado Vicentinho (PT-SP) apresentou um Projeto de Lei (7299/14) na Câmara dos Deputados
Os livros utilizados no país para atender as demandas dos poderes públicos dentro do território nacional não devem ser confeccionados fora das indústrias gráficas brasileiras, como é feito atualmente. Essa é uma reivindicação do setor gráfico nacional (trabalhadores e empresários), que recebeu o apoio político do deputado federal Vicentinho (PT-SP). O parlamentar apresentou na semana passada na Câmara dos Deputados, o PL 7299/2014, mais conhecido por PL do Livro. O PL foi elaborado com a contribuição direta do Sindicato dos Trabalhadores Gráficos de Jundiaí (SP). A iniciativa tem recebido grande repercussão dentro da categoria gráfica nacional, inclusive em Pernambuco, e, se aprovada, é vital para evitar a redução de postos de trabalho para o segmento em todo o País.

“Saudamos o protagonismo dos sindicalistas gráficos de Jundiaí (SP), bem como pela clara posição de Vicentinho em defesa dos gráficos”, realça Iraquitan da Silva, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Gráficos do Estado de Pernambuco (Sindgraf-PE). O dirigente pontua que são ações como estas que mostram que os dirigentes gráficos continuam sendo os protagonistas e são os verdadeiros defensores da categoria. Ele lembra que o sindicato só tem vida quando dirigentes e base estão vivos, ou seja, combatendo as injustiças e indicando propositivamente quais devem ser as mudanças em prol da categoria.

O PL do Livro segue para avaliação da presidência da Câmara. Para Leandro Rodrigues, presidente do Sindicato dos Gráficos de Jundiaí, a medida é fundamental para assegurar o emprego dos trabalhadores gráficos e garantir o desenvolvimento da indústria gráfica nacional. “Não podemos permitir que o governo brasileiro autorize imprimir livros didáticos fora do país, principalmente na China onde sabemos que o preço é muito baixo”, questiona o dirigente. Para o deputado Vicentinho, o país necessita de adoção de restrições à importação de livros e demais publicações gráficas. “Este projeto vem contribuir para que haja o compromisso do poder público para com a economia nacional”, diz o deputado ressaltando que órgãos públicos não devem favorecer o mercado externo em detrimento das produções nacionais.

Triste realidade
Apenas em 10 meses do ano passado (de janeiro a outubro), o Brasil já havia importado 18,7 mil toneladas de livros. O quantitativo corresponde a uma elevação de 9,3% quando comparado ao mesmo período do ano anterior. Os dados são da Associação Brasileira da Indústria Gráfica. O órgão patronal também foi importante na construção do PL do Livro, de autoria do deputado federal Vicentinho

Um poema alegorico, de 2012, ainda valido - Paulo Roberto de Almeida

SEGUNDA-FEIRA, AGOSTO 13, 2012

A Espada e a Pluma: um poema alegórico na era das trevas

Paulo Roberto de Almeida

A espada é muito mais poderosa do que a pluma,
infinitas vezes mais poderosa, e de forma mais contundente.
A espada pode cortar quantas plumas quiser, à vontade;
a pluma não consegue vencer uma só espada, ainda que multiplicada em mil.

A espada corta, fere, penetra, rasga, decepa e esquarteja
a pluma não tem qualquer poder contundente nas coisas da matéria.
A espada impõe respeito, intimida, aterroriza e submete;
uma pluma mal consegue provocar cócegas nas pessoas.

A espada tem o poder de comandar vontades, mesmo contra a vontade;
a pluma, no máximo, só consegue influenciar as mentes, nunca os músculos.
A espada desperta a adrenalina, faz o coração bater forte, o sangue subir à cabeça;
a pluma, se tanto, conquista alguma consciência mais aberta aos conhecimentos.

A espada sempre vence, pelo argumento da força,
a pluma nem consegue se impor pela força do argumento.
A espada sempre tem razão, mesmo quando nenhuma razão tem,
a pluma pode até tê-la de sobra, mas a razão do mais forte é sempre a melhor.

A espada dobra os seres, pela sua presença cortante, definitiva;
a pluma busca converter consciências, mesmo ausente ou distante.
A espada não pede licença a ninguém: ela se instala, sem pedir permissão;
a pluma sempre tem de negociar alguma licença para se exercer.

A espada compra mercenários, torna os homens seus escravos;
a pluma é libertária, e quer sempre livrar as pessoas da opressão.
A espada manipula súditos, envia espiões, aprisiona os cortesãos;
a pluma pretende, apenas e tão somente, formar livres cidadãos.

Todos os impérios foram construídos na base da espada, do ferro e do fogo;
nenhum império ruiu apenas pela força da pluma, mesmo coalizada a outras plumas.
A soberania começa onde existe o monopólio da força por algum dono de espadas;
a pluma é anarquista, não quer deuses ou senhores; só promete autonomia.

A espada é o último argumento de defesa, e a última instância da liberdade;
mas ela também serve para dominar, mesmo o cidadão sem qualquer pluma.
A pluma pode gritar, mas o tilintar da espada fala mais alto, bem mais alto;
aliás, a espada não precisa dizer nada: o simples desembainhar já é um discurso.

A espada invade casas, destrói culturas, mata animais e outros homens;
a pluma não consegue mover um grão de centeio, não traz água, nem abrigo.
A espada impõe a ordem, lá onde reinava a mais perfeita desordem;
a pluma  contribui para a desordem, ao pretender desobedecer à espada.

A espada serve para resguardar viúvas e órfãos, os fracos e os indefesos,
mas também desperta ambições e cobiças desmedidas, sempre crescentes.
A pluma pode falar em prol dos de menor poder, dos desvalidos e dos ingênuos,
mas ela não impede a corrupção dos costumes e o roubo da riqueza alheia.

A espada alicia servidores, áulicos e até mesmo conselheiros emplumados,
mas ela não consegue dominar o que lhes vai nas mentes e sentimentos.
A pluma agita os corações, desperta vontades, cria novas aspirações,
mas ela não dá aos que a seguem qualquer alavanca ou motor de arranque.

A espada sempre predomina, mesmo quando o fio se desgasta e a visão fica míope;
a pluma sozinha não faz nada: precisa de um tinteiro e de um papel, ou pergaminho.
A espada é o prolongamento natural de mãos fortes, másculas, decididas;
a pluma hesita ao simples tracejar das letras, e só funciona com mentes atiladas.

E no entanto, e no entanto...
a espada enferruja, fica cega, e pode quebrar, num simples embate mais feroz.
A pluma é móvel, flutua com o vento, mesmo nas mais fortes tempestades,
Ela é mais durável que a espada, pois as palavras voam, e as ideias se transmitem...

Uma espada fere gravemente, mas uma ideia mergulha mais fundo.
A espada geralmente está nas mãos de mercenários e de esbirros a soldo,
as ideias só podem sobreviver e se disseminar na mais completa liberdade.
Espadas agridem a esmo; ideias possuem lógica, sentido, direção e propósitos.

Por mais fortes que sejam os braços, as pernas, por mais couraças e capacetes,
por mais afiadas que sejam as espadas, elas só podem alcançar um de cada vez.
Ideias, ao contrário, atingem todos e cada um, num raio de 360 graus,
elas perfuram os elmos mais duros, atravessam cotas do aço mais temperado.

Espadas enferrujam, guerreiros morrem ou ficam estropiados, desaparecem...
Ideias, se são boas, permanecem, por séculos e até milhares de anos, sempre jovens.
As ideias, finalmente, são mais fortes que as espadas, elas vencem as espadas.
Espadas deixam apenas destruição e morte; as plumas semeiam conhecimento.

Espadas, no fundo, têm inveja das plumas, queriam ser livres como as plumas,
não viver em coldres cheirando a sangue e a mofo, asfixiadas em couro velho.
As plumas são ágeis, leves, flexíveis; mudam de acordo com as circunstâncias;
plumas expressam o que de melhor a humanidade produziu, em todos os tempos.

Espadas têm ódio das plumas, pois nunca poderão ser o que estas são:
instrumentos de beleza, de saber e de conhecimento, de paixão e de ciência.
Espadas são instrumentos profundamente complexados, e com razão:
Elas estão do lado da morte e do sofrimento; as plumas são o eterno renascer...

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...