segunda-feira, 12 de maio de 2025

The Bombing of China's Belgrade Embassy - Kaiser Y Kuo (China History, Sinica)

This Week in China's History: The Bombing of China's Belgrade Embassy

May 7, 1999

LISTEN NOW · 7:56

On the night of May 7-8, 1999, an American B-2 “stealth” bomber, part of NATO operations against Yugoslavia, launched bombs against targets in the Serbian capital, Belgrade. NATO forces were part of an effort to stop the ethnic cleansing being carried out in what was then the Kosovo region of Serbia, which NATO said was being perpetrated by Slobodan Milosevic and Bosnian Serbs. The war was controversial, both in terms of its legitimacy and its effectiveness, and had begun just a month earlier.

According to official U.S. government sources, the bombs were targeting a Yugoslav military target. There is much controversy about what the target was, how it was arrived at, and who made those determinations, but the result was indisputable. Sometime after midnight, local time, five precision-guided bombs landed on and exploded in the compound of the Embassy of the People’s Republic of China, reducing the building to rubble. The attack killed three journalists and injured more than 20 Chinese nationals, and was immediately the center of an international diplomatic furore.

That the weapons in question were informally known as “smart bombs” was a bitter irony, because the attack could scarcely have been any less intelligent. American officials immediately expressed regret at what had happened, saying it had been a mistake: the bombs did hit their intended target, but U.S. intelligence claimed that an outdated map had been used. American officials had even checked, they asserted, the target against a list of “no strike” locations, including hospitals, churches, and, yes, foreign embassies, but because the Chinese embassy had recently — several years earlier — moved to a different address, it did not come up on the list. Moreover, although the United States was integrated into NATO operations, in some cases it maintained its own parallel command structure rather than submitting its forces to NATO orders. NATO was not authorized, for instance, to operate the B-2 bomber, which carried out the mission, and so the targeting process was done exclusively within American command and control processes. This meant both that the faulty intelligence on which the U.S. attack was based was not checked against European information and that approval for the strike rested solely within American authority..

domingo, 11 de maio de 2025

Notas sobre o mercado editorial brasileiro SERGIO COHN (A Terra é Redonda)

 Notas sobre o mercado editorial brasileiro

Por SERGIO COHN*


Do Plano Nacional das Artes ao abismo editorial: como a descontinuidade das políticas culturais e a falta de ousadia do atual governo perpetuam a crise do livro no Brasil

1.

Em 2015, no segundo governo de Dilma Rousseff, fui chamado para ser o coordenador de Literatura no Plano Nacional das Artes. A proposta do plano era fortalecer as linguagens artísticas, que tiveram pouco espaço nos primeiros mandatos de Gilberto Gil e Juca Ferreira na Cultura, entre 2003 e 2010, já que neles se pensava um sentido antropológico da cultura. Uma visão herdada de Lina Bo Bardi e da avant-garde da Bahia dos anos 1960, que buscava criar políticas culturais não apenas para as linguagens artísticas, mas para as diversas formas de manifestações culturais.

O que desencadeou no projeto dos Pontos de Cultura e em outras propostas inovadoras. Mas que, naquele momento, o novamente empossado ministro baiano percebia que tinha deixado desguarnecidas as políticas para as linguagens artísticas. O que se buscava, assim, com o Plano Nacional das Artes, era um equilíbrio.

Para se chegar a esse equilíbrio entre uma visão ampla da cultura e as necessidades específicas de cada linguagem artística, havia também uma promissora proposta de divisão das instituições dentro do Ministério da Cultura: o Ministério em si, com as suas diversas secretarias – Economia Criativa, Políticas Culturais, etc – mantinha a função de pensar a estrutura cultural do país; e uma fortalecida Funarte, a Fundação Nacional das Artes, receberia a função de pensar políticas específicas para as linguagens artísticas.

O escritor carioca Francisco Bosco foi convidado para ser presidente desta renovada Funarte e me chamou para trabalhar no Plano Nacional das Artes, considerada então uma iniciativa estratégica para a reformulação institucional proposta pelo ministro. Durante pouco mais de um ano, até o golpe que tiraria Dilma Rousseff da presidência, um grupo formado por artistas e pesquisadores de diversas áreas – artes visuais, teatro, dança, circo, literatura, música – se reuniu para pensar propostas específicas para suas linguagens e também propostas comuns. O trabalho foi interrompido pela crise política, mas mesmo assim conseguimos entregar documentos interessantes para o Ministério, com projetos concretos para as diversas linguagens.

Mas, desde o golpe, tudo desabou. As políticas para a cultura rarearam, o Ministério da Cultura foi sendo esvaziado até finalmente ser extinto, o Brasil entrou num período de trevas políticas e sociais. Sobreviver como artista ou agente cultural se tornou – e continua sendo – um desafio muito maior do que sempre foi no Brasil. A precariedade virou miséria.

2.

Quando, em 2023, Lula voltou para a presidência e anunciou a volta do Ministério da Cultura, com orçamento recorde e atenção central no governo, se criou uma esperança que não se concretizou. Vi amigos afundarem em depressão, já que antes todos nós tínhamos ao menos um inimigo em comum, o fascismo que estava no poder, mas agora eram nossos aliados que nos deixavam desguarnecidos com promessas que não estavam sendo cumpridas. E como criticar publicamente um governo de reconstrução, com o perigo sempre iminente da volta do fascismo ao poder?

Calar, ao mesmo tempo, não é solução: se não disputamos espaços e recursos, seremos sempre marginalizados e esquecidos. Aos poucos, comecei a ver mesmo os mais governistas dos meus amigos resmungarem contra a falta de atenção para a cultura, contra a inoperância do atual Ministério da Cultura, contra o silêncio covarde e cúmplice dos artistas.

Já tinha visto essa mesma movimentação antes, durante o primeiro governo Dilma Rousseff e sua gestão na Cultura, que desconstruiu as grandes conquistas políticas na área do governo Lula. Comecei a ficar duplamente preocupado: importante para o Lula 3.0 perceber que é preciso ter atenção para a sua base, porque, base, porque, parafraseando o dito de Leonel Brizola sobre os intelectuais, “artista não dá voto, mas tira”. E ninguém aguenta ser humilhado para sempre. E ninguém aguenta ser humilhado para sempre.

Quando o Ministério foi recriado, tive a ingênua esperança de que nós, os coordenadores do Plano Nacional das Artes, seríamos chamados para conversar e apresentar nossas pesquisas e propostas. Não somente por respeito a nosso trabalho, mas para a sociedade brasileira como um todo, já que tínhamos trabalhado recebendo dinheiro público e queríamos fazer uma devolutiva à altura para o país. Mas nada. E agora, com cerca de 30 meses de governo, começamos a ver o preço da inoperância nessa reconstrução das políticas de cultura. Para discutir isso, vou me ater à literatura, que é a minha principal área de atuação. Mas poderia expandir essa fragilidade de propostas para todas as outras linguagens artísticas.

Pois bem, atualmente se reacende o debate em torno do mercado editorial brasileiro. De um lado, uma carta aberta de diversos editores afirma de forma contundente: as editoras do país estão sobrevivendo por um fio. De outro, escritores reclamam da forma como estão sendo tratados, especialmente por editoras pequenas e independentes. Mas as soluções propostas são inócuas: os editores pedem mais celeridade, recursos e transparência para as vendas governamentais, especialmente o PNLD, que se tornou uma boia de salvação para um mercado falido; os escritores pedem que as editoras invistam recursos próprios e mais atenção aos seus livros, o que não vai acontecer se não tivermos leitores para os mesmos – e a tendência é que, se algo mudar nesse sentido, será apenas a diminuição de novos títulos colocados em catálogo.

Mas, antes de ser propositivo, gostaria de me aprofundar um pouco sobre as duas questões, bastante sérias e desafiantes. Quando comecei a editar livros, na virada do século, o PNLD era visto como algo só atingível pelas grandes editoras, um sonho distante de prosperidade. Foi só a partir do governo de Michel Temer, em 2017, que uma mudança no edital limitando o número de títulos por editora permitiu que editoras independentes conseguissem acreditar que aquela era uma forma de pagar as suas contas – empresariais e pessoais.

Mas o remédio virou veneno: muitas editoras agora focam toda a sua atenção para essa venda governamental, e o que é pior, sem ter qualquer preocupação com a qualidade dos seus produtos. Multiplicam-se títulos que se adequam ao edital, mas que são feitos de forma ágil e muitas vezes irresponsável. Num país com grandes falhas educacionais, como o Brasil, é trágico que programas de formação de leitores sejam tratados dessa forma.

Para piorar, no atual governo se criaram regras restritivas e sem sentido, como a obrigação de apresentar na inscrição no edital o livro digital em HTML5, algo caro e que não tem outra funcionalidade para as editoras – o que, como foi dito pelos editores, seria o mesmo que obrigar uma construtora a comprar previamente o cimento para poder entrar numa licitação de obra.

O próprio governo não sabe como lidar com essas regras impostas de forma arbitrária, tanto que vi projetos com estruturas semelhantes de livros digitais serem aprovados ou recusados sem critérios claros. Como se diz em boca miúda entre os editores, se houvesse uma gestão séria no FNDE do Ministério da Educação, os editais do PNLD deveriam ser cancelados e refeitos. Mas quem quer afundar o que parece ser a última tábua de salvação? Melhor deixar alguns afogados pelo caminho e seguir em frente. Ou não.

Mas a questão é ainda mais complexa: outro dia encontrei um amigo, grande poeta e tradutor. Ele trabalha há décadas como principal tradutor de uma grande editora e apresentou um livro infantil para ela. O livro é delicioso, aliás. Mas foi recusado. O argumento: o livro não se adequava à venda governamental no PNLD, por não estar dentro dos padrões “didáticos” que se impõem àquelas obras. Pois bem, duas coisas se sobressaem aqui: de um lado, que padrões são esses? A função da literatura infantil é apenas educar ou também criar o gosto pela leitura, fomentar novos leitores, muitas vezes de forma lúdica?

É sabido que os padrões impostos pelo PNLD estão diminuindo a criatividade, a variedade e muitas vezes a qualidade da literatura infantil brasileira, mas de novo autores, ilustradores e editores preferem se silenciar para não perder a “boquinha” que pode prover seus sustentos. Por outro lado, é preocupante que todo um mercado seja voltado para apenas uma dimensão, que é a venda governamental. Mesmo uma editora grande sabe que dificilmente um livro pagará seus investimentos apenas com vendas em livrarias, já que o número de leitores brasileiros está caindo ano após ano. Mas ao não se pensar em fomentar novos leitores, não estaremos apenas afunilando cada vez mais as nossas possibilidades e aumentando os nossos desafios?

O PNLD é voltado para o ensino público, que no Brasil atinge majoritariamente apenas as classes mais baixas da população – aquelas mesmas que não possuem recursos para comprar livros, já que vivem na subsistência. Seria importante que se fortalecesse o ensino público para ser novamente de qualidade, como já foi, e que atraia alunos de diversas classes sociais. Mas isso é trabalho de longo prazo.

Em curto prazo, se não se pensa livros para livrarias, se quase não existem mais livrarias, como fomentar a leitura entre as outras classes sociais não contempladas pelo PNLD? O livro no Brasil é caro, exatamente por conta da carência de leitores e livrarias. Quanto menor a tiragem, maior o preço por exemplar, por conta do aumento de custo de impressão. No Brasil, uma brochura com 200 páginas custa atualmente cerca de 5 ou 6% do salário mínimo.

Para comparação, nos EUA ou na Europa, um livro semelhante custa cerca de 1%, no máximo 2% (em Portugal) do salário mínimo. Faz diferença. Com custo tão alto, infelizmente não é possível para ampla parcela da população brasileira ser consumidora de livros, mesmo que se desperte o interesse pela leitura.

3.

Pois bem, sobre a outra questão, a do conflito entre escritores e editores independentes, é preciso ver que ambas as partes estão certas – e erradas. Costumo dizer que atualmente aumentou muito a diferença entre editar um livro e publicar um livro. Publicar um livro é trazê-lo a público, criar mecanismos, em diversas dimensões, para que o livro seja conhecido e acessado pelo leitor. Não é apenas diagramar e imprimir um livro, editá-lo, mas qualificá-lo e se criar planos de mídias, formas de distribuição, etc.

As editoras independentes cada vez menos conseguem fazer isso, por falta de recursos e pelos desafios estruturais, como falta de mídia especializada e de pontos de vendas. Em consequência, só se torna possível editar novos títulos com ajuda financeira do autor, seja por investimento próprio, seja por pré-venda em plataformas colaborativas, seja por venda de exemplares para o autor depois do livro pronto.

Em consequência, essas editoras acabam prestando serviços, mais do que estabelecendo um trabalho curatorial. Como esses serviços se tornam cada vez mais baratos – e, portanto, precarizados – resta para as editoras fazerem muitos livros ao mês, para que consigam pagar as suas contas – ou nem isso, já que a maior parte é deficitária. Bom, quanto mais livros, mais difícil de trabalhar com eles para torná-los visíveis – públicos. Sobra menos tempo de trabalho, aumenta a competição pelos parcos espaços.

Só que o serviço precarizado acaba pesando também sobre os autores, que possuem expectativas sobre os seus próprios livros que não serão cumpridas. Em cada 100 livros lançados, acredito que nem mesmo 5% chegam a ter uma circulação mínima, para além da rede pessoal do autor. Por isso, é compreensível que os autores se levantem contra as editoras, sentindo que há um descuido delas em relação aos seus livros tão queridos.

Agora, o que fazer a respeito? Se a editora quiser investir recurso próprio no livro, terá que pagar a gráfica para impressão, por exemplo, em no máximo três meses. Mas só conseguirá colocar o livro em poucas livrarias, estas pegarão poucos exemplares, o desconto será de 50% e o pagamento em 90 dias. A conta não fecha.

Então, do jeito que as coisas andam, ou a editora presta serviço ou não editará esses livros. Eles seguirão nas gavetas, como foi por tanto tempo. E posso dizer: não é o desejo de nenhum editor apenas prestar serviços. Todos sonham com seus títulos de predileção para colocar no mundo e é sempre doloroso para um editor lançar um livro que ele sabe não estar pronto ou não ter ainda a qualidade que ele gostaria. No fim, ninguém está satisfeito com essa situação.

Eu lancei o meu primeiro livro muito jovem, aos 25 anos. Antes disso, já havia procurado uma outra editora – a qual sempre tive respeito – com um original bastante imaturo. Era um sonho editar meu livro por ela. O editor nem sequer leu o livro, disse que gostava do meu trabalho na revista Azougue, que gostava de mim e que publicaria o livro, mediante o pagamento da impressão e dos serviços. Felizmente, o valor era demasiado caro para mim na época e não consegui fazê-lo. O livro ainda estava em construção, e atualmente eu certamente o renegaria – como tantos poetas fazem com os seus livros de estreia.

Quando fiz finalmente o livro, cerca de dois anos depois, tive um editor mais atento. Leu os originais, fez sugestões. Mas paguei caro pela edição e senti o meu trabalho pouco prestigiado mesmo assim: não saíram resenhas, mesmo tendo pago assessor de imprensa, e o livro circulou pouco. Fiquei indignado. Quando, no ano seguinte, abri a minha editora, prometi que não prestaria serviços, investindo nos próprios livros, e vi o quanto era difícil.

De qualquer forma, segui buscando investir nos livros que publico até hoje – eventualmente, fiz livros pagos pelos autores, mas sempre com um travo amargo na garganta. Escrevi sobre essa experiência dupla como escritor e editor num texto que tem um título que até hoje é válido: “Os dois lados da moeda sem a moeda”.

4.

Pois bem, aqui chegamos ao ponto. As crises perduram, muitas vezes se ampliam, e pouco se busca soluções, apenas paliativos. A impressão digital, de baixa tiragem ou sobre demanda, permite o aumento de novos lançamentos, mas numa estrutura de cauda longa: pouquíssima venda. Os livros não chegam ao seu final, que é o leitor. E pouco satisfazem o seu princípio, que é o escritor.

No meio do caminho, editores lutando para existir, sem conseguir trabalhar de forma consistente nos seus catálogos. Seja na escolha dos títulos, seja na divulgação e distribuição. O circuito editorial brasileiro virou uma ciranda drummondiana ao avesso: o autor odeia o editor que odeia o livreiro que odeia o leitor que não existe.

Hoje, se olharmos com calma para o mercado, veremos majoritariamente três tipos de editoras independentes, para além dos grandes conglomerados: as que possuem investimento externo, especialmente de herdeiros, funcionando como um hobby ou um tipo de beneficência cultural; as que vivem de incentivos públicos – seja vendas governamentais, seja agências de fomento; e as que vivem de prestar serviços para escritores ansiosos de ver seus livros impressos. Nenhuma delas tem como fim ou como princípio o leitor. Este é quase um feliz acidente, quando ocorre.

Mas será que não existem soluções possíveis? Pois bem, voltamos agora ao Plano Nacional das Artes. Quando fiz meu relatório final, quase dez anos atrás, coloquei entre as propostas de políticas para o livro e a literatura uma que considero até hoje interessante, e que gostaria rapidamente de expor aqui: um edital que contemplasse as diversas dimensões do circuito editorial: escritores, trabalhadores, editores, livrarias.

Estas, aliás, seriam o ponto principal do edital, já que sem elas nunca teremos uma forma consistente de distribuição e acesso ao livro pelas diversas regiões do país. Assim, o objeto do edital é o fortalecimento ou a criação de livrarias de rua, independentes (ou seja, sem pertencer a nenhuma rede de livrarias ou conglomerado empresarial) e preferencialmente em regiões que não possuem esse tipo de equipamento cultural.

É importante ressaltar esse ponto: os projetos contemplados serão de livrarias que atuem não apenas como um espaço comercial, mas também um equipamento cultural, realizando eventos, oficinas, encontros com autores, etc. No Brasil, hoje, existem diversas cidades que possuem campus universitário, mas não tem nem sequer uma livraria qualificada, o que demonstra a fragilidade de nossa educação e da constituição de público leitor.

Assim, a proposta do edital é contemplar 100 livrarias, sejam elas já pré-existentes ou novas, que receberão um aporte de 25 mil reais mensais por um ano. Esse aporte seria realizado de três formas:

(i) 10 mil reais ao mês como incentivo, em forma de bolsa, para a estrutura básica da livraria: aluguel, equipamento, água, luz, funcionários. (ii) 9 mil reais ao mês em exemplares de livros, que serão adquiridos de editoras parceiras (ponto a seguir). (iii) 6 mil reais ao mês para eventos, para pagar cachês, transportes e diárias de escritores convidados. As livrarias se comprometeriam a realizar ao menos um evento semanal com esses autores selecionados.

Os livros que seriam enviados para as livrarias são adquiridos de 50 editoras, também contempladas por edital através de uma proposta de catálogo anual. Cada editora terá 200 exemplares de três títulos comprados por mês, totalizando 36 títulos anuais com valor médio de 30 reais por exemplar. Assim, cada editora contemplada receberá cerca de 18 mil reais por mês. Esse valor ajuda não apenas a pagar os custos básicos da empresa, mas podem ser usados para criar estoque, mediante a impressão de mais exemplares dos seus livros. Os livros enviados para as livrarias para serem comercializados ajudam elas a ter um estoque mensal de base e complementar a sua renda.

As editoras contempladas seriam selecionadas segundo os seguintes critérios: serem independentes (ou seja, não fazerem parte de conglomerados de editoras), de pequeno ou médio porte (ou seja, tendo um fluxo financeiro anual dentro de uma ordem de grandeza) e apresentarem uma proposta de catálogo com 36 títulos de autores nacionais contemporâneos dos diversos gêneros, não apenas literários. Poderão ser contemplados também livros de ensaios, por exemplo.

Os livros não precisam ser necessariamente inéditos, podendo já figurar no catálogo da editora previamente, mas precisarão atender a critérios de qualidade editorial e gráfica – papel de miolo e capa, formato, etc. O seu valor de aquisição será referente ao seu formato e número de páginas.

Por fim, os autores que circularão pelas livrarias serão contemplados a partir dos títulos selecionados das editoras, para haver uma relação entre os eventos – palestras, debates, oficinas – e os livros lançados. Nisso, não é preciso edital, mas apenas uma negociação entre as partes – autores, editoras e livrarias. Um benefício extra da circulação de autor é que a editora pode enviar mais exemplares para serem comercializados durante os eventos, aumentando assim a tiragem e o acesso a leitores.

Lembrando-se aqui que se as editoras se unirem podem conseguir preços de impressão mais baixos com as gráficas, pelo aumento de exemplares e pela regularidade de produção. O estabelecimento de uma rede entre as editoras e as livrarias contempladas é importante e precisa ser estimulada, seja para o intercâmbio de experiências, seja para a constituição de estratégias comuns que fortaleçam a iniciativa.

Outra possibilidade de aquisição de exemplares e títulos qualificados para as livrarias é através de parceria com as agências de fomento de pesquisa científica, que financiam muitas edições de livros que pouco circulam após publicadas, exatamente pela dificuldade de chegar a pontos de venda e se tornarem visíveis aos possíveis leitores. Pode-se incluir dentro dos livros contemplados pelos editais destas agências a contrapartida de envio de exemplares para as livrarias parceiras do edital.

Assim, com um investimento base de 30 milhões de reais – um investimento muito baixo, em nível ministerial ou estatal, e que pode ser dividido nas diversas esferas, federal, estadual e municipal (uma possibilidade colocada na proposta original é que as cidades ou estados onde se localizam as livrarias contempladas possam realizar uma contrapartida financeira) – é possível conseguir altos números: (a) 100 livrarias contempladas; (b) 50 editoras contempladas; (c) 1.800 títulos de autores contemporâneos publicados por ano; (d) 360 mil exemplares de livros impressos por ano; (e) 4.800 eventos presenciais.

Além disso, o edital permitiria o aumento da capilaridade dos espaços culturais voltados para o livro e a literatura, o fomento à leitura e o pagamento de salários e serviços de profissionais nas diversas instâncias em torno do mercado editorial. Para além dos contemplados diretamente – livreiros, editores e autores – o edital beneficiaria tradutores, revisores, designers gráficos, administradores, entre outros.

Para se ter uma ideia da virada política que uma proposta como essa seria para o mercado editorial, vale lembrar que em 2013 o BNDES aprovou um empréstimo de 28 milhões de reais para a Livraria Cultura. Esse recurso não chegou na ponta, já que a rede de livrarias possuía poucas lojas – 15 no seu auge – e consignava poucos exemplares das editoras independentes. Ou seja, houve poucos beneficiados pelo uso de um alto recurso público.

Na presente proposta, é o contrário: o benefício atingiria os diversos agentes do circuito editorial, com benefícios para além dos contemplados no edital: outras editoras e autores conquistaram mais espaços de comercialização de seus livros, por exemplo, através do fomento de livrarias pelo país.

Por fim, um último adendo, não contemplado na proposta original mas que me parece de grande importância: há uma carência de espaço de reflexão crítica sobre a produção literária e bibliográfica contemporânea no Brasil. Seria importante a inclusão, no edital, de um valor para elaboração de resenhas e ensaios sobre os livros publicados, com publicação em portal digital.

Assim, se incorpora a pesquisa acadêmica no projeto, além de estimular um diálogo mais amplo e qualificado com as obras publicadas. O portal digital é de grande importância para trazer um mapeamento dos livros e das livrarias contempladas, apresentando para a sociedade a amplitude da proposta.

Se o presente texto é duro em suas críticas, é por acreditar que é somente na relação franca entre sociedade e Estado que se pode qualificar as políticas públicas. É importante uma permeabilidade e um diálogo, o que foi uma marca dos dois governos anteriores de Lula e está ainda faltando na presente gestão.

Trago a proposta a público como começo – a rigor, retomada – de debate e por acreditar que existem, sim, formas de suplantar os grandes desafios culturais do nosso tempo. Mas isso exige diálogo, criatividade e uma ação conjunta entre os diversos agentes, sejam governamentais ou civis.

 

*Sergio Cohn é poeta e editor. Atualmente, é curador das revistas Poesia Sempre (Fundação Biblioteca Nacional) e BRICS Poetry Review.

 

Would You Be Ready to Meet Putin? - Viktor Kravchuk

Would You Be Ready to Meet Putin?

Zelenskyy won’t walk in with hope. He’s walking in with dignity.

VIKTOR KRAVCHUK
MAY 11, 2025

WOULD YOU WALK INTO A ROOM with the man who tried to destroy everything you love?

Would you sit across from the one who denied your very existence, while the people you swore to protect were still being killed?

Would you call that diplomacy?

Zelenskyy will. This Thursday.

In Turkey.

Face to face with Putin.

While the missiles still fall.

Our president asked for one thing. A ceasefire. Full. Unconditional. Real.

He didn’t ask for land. He didn’t ask for leverage. He asked for the violence to stop, just long enough to talk.

But Russia answered with 104 drones in one night, and they struck our cities while pretending to think about peace.

In Sumy, three more civilians died.

In Kyiv, well, same story. 3 years now.

Putin says he’s ready for talks.

But his idea of “talking” usually starts with a funeral.

Sometimes the person he meets becomes the next.

It’s one of the most dangerous things a human being can do. To meet the monster, while the monster still has the knife in his hand.

We’ve seen this story before.

Russia makes a promise. Breaks it. Lies about it. Then blames us for bleeding.

You know what this is.

Russia doesn’t want peace. It wants obedience.

It wants the photo, the quote, the illusion of reason.

And when it doesn’t get what it wants, it kills.


Still, Zelenskyy said yes.

“I’ll be there. Personally.”
“We expect a full ceasefire, starting now.”
“I hope Putin doesn’t find excuses this time.”

But Putin will find the excuses. He always does.

He doesn’t show up to talk. He shows up to stall. He shows up to control the script.

If he shows up at all.

But someone has to be in the room. Someone has to carry hope in, even when it might not come back out.

That’s not trust. That’s leadership.

Because Russia doesn’t talk. Russia deceives.

Every time we’ve met them at the table, they brought war in their pocket.

They signed “peace agreements” while printing maps for the next invasion. They pretended to listen, only to turn around and deny our right to exist.

Putin said Ukraine was a fiction. He said we were not real.

That this country did not deserve to stand.

So tell me, how do you negotiate with someone who doesn’t even believe you’re a person?

But at the same time, what choice do we have?

We are being attacked by the largest country on Earth.

A nation that covers one-seventh of the world’s surface, fueled by a fantasy of empire and backed silently, strategically, completely, by China.

Not loudly. But you know. We all do.

That’s not one enemy. That’s nearly two billion people, under regimes that see our democracy as a virus they must kill before it spreads.

And then there’s America.

A country that once led the free world, and now sadly needs to bow to a man who jokes about war crimes, calls our President a coward from behind a golf cart, and get applauded for that.

Trump.

The most cynical leader I’ve seen in my lifetime.

The kind who sells you out before breakfast, then blames the waiter for the price.

A man who will praise Putin for strength and mock Zelenskyy for courage.

That’s what cowards do when they see real courage.

They try to destroy it.

Because it reminds them of everything they are not.

So here we are.

Outnumbered. Surrounded. Lied to. And still, we go to Turkey.

We ask for a ceasefire. We say, “Let’s talk.”

Even when we know they probably won’t listen.

Even when we know they’ve used meetings like this before to regroup. To reload. To kill.

Even when we know the moment we pause, they’ll push harder.

Still. We go.

Because that’s what Ukrainians do.


Would you ever be ready to meet a man like Putin?

Could you sit across from the man who tried to bomb your country off the map, and still ask for peace?

Could you carry the weight of three years of war into that room, knowing that any handshake might be a setup?

Could you do that while your people are still being buried and and the sky above you is still screaming?

Because that’s what Zelenskyy is doing.

And whatever happens Thursday, history will remember that.

He’ll be there. Waiting.

What would you feel if your President walked into a room like that for you?

Because he is.

And not just for Ukraine.

But for every person who still believes peace is worth fighting for.

Or every nation that still holds democracy as a value we don’t have the option to give up.

This is about how we keep standing, even when so much of the world tells us to sit still.

You’re not just reading this.

You stayed.

You felt it.

You know that Zelenskyy is going to meet the monster for you, too.

That means you’re here. With us.

In attention. In memory.

In whatever part of you refused to walk away.

Thanks for not walking away.

Por que a Rússia teme mais seus próprios soldados do que a Ucrânia - Elvira Bary

 Por que a Rússia teme mais seus próprios soldados do que a Ucrânia

https://www.youtube.com/watch?v=QTQwzULbO7Q

MINHA SÉRIE DE LIVROS DE FICÇÃO HISTÓRICA ➡️ Tesouros Russos (um romance histórico sobre a Revolução Bolchevique e a Guerra Civil Russa) https://www.amazon.com/dp/B0DVSVC2WK ➡️ O Império dos Fantasmas Brancos (um romance histórico sobre os refugiados russos que destruíram o mito da supremacia branca na China na década de 1920) https://www.amazon.com/dp/B0F455FDZK ➡️ O Príncipe dos Soviéticos (um romance histórico sobre um jornalista estrangeiro que inesperadamente se torna parte da elite soviética na Moscou de Stalin) https://www.amazon.com/dp/B0F5783KPK MEU THRILLER DE AVENTURA/FANTASIA ➡️ A Garota do Labirinto (um romance de fantasia sombria sobre uma jovem rainha, expulsa de seu trono, que precisa salvar o homem que ama após ele ser acusado de seu assassinato) https://www.amazon.com/dp/B0F4M8VZ9D VÍDEOS RELACIONADOS: ➡️ Por que os Russos Morrem por Putin – A Dura Realidade por Trás da Guerra na Ucrânia:    • Why Russians Die for Putin–The Harsh ...   ➡️ As Visões Russas sobre Moralidade Irão Chocar Você:    • Russian Views on Morality Will Shock You   👉Junte-se ao Think Tank da Elvira para acesso especial:    / @elvirabary  


Gustavo Bezerra esclarece o papel da Rússia soviética no inicio da IIGM

Recebido de Gustavo Bezerra, em 10/05/2025;

Professor Paulo Roberto de Almeida , mais uma vez sou honrado com suas palavras. Muito obrigado.

Seguem alguns fatos que coloquei em outro post meu, e que são esquecidos pelos porta-vozes da falácia da URSS "antifascista":

1 - O ditador da URSS, Josef Stalin, ajudou a começar a guerra, ao assinar o infame pacto de não-agressão com Hitler, em agosto de 1939, que dividiu a Polônia entre os dois ditadores e levou à anexação, pela força, dos países bálticos, parte da Romênia e um pedaço da Finlândia (que resistiu bravamente). 

2 - Somente em junho de 1941, com a invasão da URSS pela Alemanha (Operação Barbarossa), os dois países entraram em guerra. Até então -  durante os dois primeiros anos cruciais da guerra, quando boa parte da Europa gemia sob ocupação alemã - Hitler e Stálin eram ALIADOS. Até a véspera da invasão, a URSS fornecia minerais e outros produtos essenciais à máquina de guerra alemã, e as duas ditaduras inclusive trocavam prisioneiros. Eram aliados, camaradas, cúmplices, parceiros no crime. 

3 - Depois de junho de 1941, e até a queda do Terceiro Reich em 1945, mais de 20 milhões de soviéticos morreram na guerra, não porque a URSS fosse "antifascista", mas porque seu líder assinou irresponsavelmente um pacto com os nazistas. 

4 - Para enfrentar as tropas de Hitler, a URSS passou a depender da ajuda externa, sobretudo equipamento militar, dos Aliados - mesmo atacada pela Alemanha, a Grã-Bretanha enviou aviões de caça Spitfire, e os EUA forneceram boa parte dos tanques e caminhões usados pelo Exército Vermelho. Apenas um exemplo: o primeiro avião bombardeiro intercontinental da URSS era quase una cópia do B-29 norte-americano. Os Aliados ajudaram materialmente o esforço de guerra soviético, mas a URSS não deu um cartucho de fuzil para os Aliados.“

DEFERÊNCIA DE LULA A PUTIN CONSTRANGE O BRASIL - Editorial FSP

DEFERÊNCIA DE LULA A PUTIN CONSTRANGE O BRASIL 

Não há pragmatismo, só erro diplomático, na viagem para convescote de autocratas em apoio ao país que invadiu a Ucrânia.

Folha de S. Paulo - Editorial -  10.05.2025

Não há qualquer vantagem estratégica na presença de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no cortejo a Vladimir Putin. Sua viagem a Moscou para o beija-mão do autocrata abala a imagem do Brasil, ao permitir a leitura de parcialidade ante o ataque movido pelo russo à Ucrânia.

Comemoravam-se 80 anos do Dia da Vitória contra o nazismo, com a entrada do Exército Vermelho em Berlim. O feito militar se deu após a morte de 27 milhões de pessoas da União Soviética na Segunda Guerra Mundial.

O presidente brasileiro posou para a propaganda do regime russo ao lado de líderes autoritários unidos pelo terceiro-mundismo, a doença infantil do anti-imperialismo. Na pretensão de opor à força global dos Estados Unidos, fazem mesuras ao czar de um país que de potência tem só o arsenal atômico.

Lula presenciou não a justa celebração do fim do mais letal conflito da história da humanidade, e sim a glorificação de outro atual, condenado pela maior parte das democracias do mundo, com exceção do Brasil. A guerra de mais de três anos travada pelo gigante nuclear contra a ex-república soviética já causou 1 milhão de mortes, de acordo com estimativas difíceis de verificar.

Ninguém ignora em Brasília que tal agressão foi precedida pela tomada da Crimeia, uma década antes, pelo mesmo Putin. O pretexto para seu expansionismo belicoso seria, desta feita, a iminente adesão ucraniana à Otan.

Na parada militar moscovita, deu-se outra patranha, a de que a Rússia "foi e sempre será uma barreira indestrutível contra o nazismo, a russofobia e o antissemitismo". Em cinismo, Putin se irmana a Donald Trump ao instrumentalizar a tragédia do Holocausto de forma mendaz.

O gesto de Lula pode soar diplomático, ao prestigiar uma das nações fundadoras do Brics, porém serve mais para desqualificá-lo no sonhado papel de mediador entre Rússia e Ucrânia. E, decerto, para constranger o Brasil perante a União Europeia, um dos maiores parceiros comerciais e reduto antagonista de Putin após a meia-volta errática de Trump.

A deferência ao russo não pode ser equiparada ao cultivo de boas relações com o autoritário Xi Jinping. A China, afinal, é outro destino decisivo das exportações nacionais e não move no momento guerra contra uma nação soberana —em que pesem ameaças perenes contra Taiwan.

Lula teria feito melhor ao Brasil se, em vez de participar de convescote com autocratas, cuidasse das articulações políticas em que seu governo, ainda envolvido em um escândalo bilionário, colhe mais derrotas que vitórias.

FSP - Opinião

Endireitando a História - Paulo Roberto de Almeida

Endireitando a História

Paulo Roberto de Almeida

“Historiadores expertos” estão enaltecendo o “gigantesco” papel da finada URSS na derrota da Alemanha nazista em 1945. 

Eles esquecem que Stalin fez tudo para promover e ajudar a máquina de guerra do nazismo antes de junho de 1941, inclusive permitindo e ajudando no próprio início da guerra europeia, em 1939, abastecendo-a de todos os minerais, alimentos, petróleo de que necessitava para esmagar as democracias da Europa Ocidental, aliás desde antes do nazismo.

Em 1945, a URSS NÃO DERROTOU o nazifascismo, apenas venceu o Estado invasor, aliás com a imprescindível ajuda ocidental, sem a qual poderia ter sido derrotada pela Wehrmacht. 

Alguma dificuldade em entender isto?

A URSS NUNCA lutou contra o nazifascismo; ao contrário, ajudou-o, inclusive porque eram regimes similares e planejaram dividir a Polônia entre si, um dos atos mais sórdidos dos dois totalitarismos.

A história precisa ser contada por inteiro, inclusive para não falsear a História.

Paulo Roberto Almeida

Brasília, 11/05/2025


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