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quarta-feira, 2 de março de 2011

Sonhando acordado: a melhor política economica para o Brasil

Dentre os vinte e cinco ensaio que redigi para o Ordem Livre, gosto evidentemente de todos, mas se eu tivesse de escolher uns poucos, eu começaria por este, que vai reproduzido abaixo.
Não que eu seja ingênuo a ponto de acreditar que o Brasil poderia adotar qualquer uma das medidas preconizadas, muito pelo contráriio: o Brasil está a anos-luz de qualquer uma delas, e acho que estou sendo generoso, talvez o certo seria "décadas-luz".
Mas não custa nada sonhar acordado, mesmo se eu corro o risco, se estivéssemos em algum país fundamentalista-econômico, de ser condenado a 100 chibatadas por algum adepto da "sharia" cepaliano-keynesiana que pulula alegremente em nossas universidades e governo.
Em todo caso, aqui vai o artigo por inteiro.

Qual a melhor política econômica para o Brasil?
Instituto Millenium, 27/10/2010
Autor: Paulo Roberto de Almeida

Qual a melhor política econômica para o Brasil?: algumas opções pessoais

A resposta a uma pergunta desse tipo depende, obviamente, da concepção geral de sociedade da qual está impregnado o respondedor. Keynes dizia que sempre somos prisioneiros de algum economista morto, o que não parece ser o meu caso, já que não exerço a disciplina profissionalmente e posso, assim, ostentar uma aparente independência em relação a escolas e tendências econômicas. Não me classifico como liberal em economia, apenas como racionalista, seja lá o que isso queira dizer. A razão é que não acredito que um governo qualquer, no mundo atual, possa se guiar por grandes princípios filosóficos ou concepções completas de sociedade, cabendo-lhe tão somente ser pragmático e tentar resolver os problemas concretos de administração da economia em meio a uma teia de constrangimentos internos e de limitações externas que circundam as (poucas) escolhas possíveis. Numa palavra: difícil ser totalmente livre para implantar um programa completo de reforma social e econômica, quando tantos compromissos foram sendo assumidos ao longo do tempo.

Pessoalmente, tendo vindo do pensamento socialista, manifesto minha atual preferência por um modo liberal de administração econômica, mas tenho plena consciência de que trade-offs têm de ser realizados no contexto concreto das políticas econômicas possíveis. Um caso: acredito que o monopólio de emissão de moeda pelo governo pode ser um custo a mais para a sociedade; mas, como no caso das drogas duras, fica difícil liberalizar essa área na ausência de outras condições que poderiam limitar os imponderáveis da liberalização e da competição entre as drogas (moedas). Acredito, por exemplo, que a taxa de juros de referência deveria deixar de ser fixada pelo governo, passando a ser a de equilíbrio dos mercados, como no caso do câmbio; mas aqui sabemos, também, que os governos intervêm no preço externo da moeda (seja para perseguir objetivos próprios, anti-inflacionários, por exemplo, ou a favor de certos lobbies, como o dos exportadores). Em todo caso, sou a favor de juros livres.

Sou radicalmente a favor do corte (ou melhor, da eliminação) de impostos e, obviamente, da redução radical dos gastos do governo; mas sei que isso teria enormes dificuldades de implementação, dada a rede de programas legais já existentes, que obrigam o estado a ser um gastador compulsivo (tanto consigo mesmo, como com corporações que virtualmente assaltam o estado, como empresários, universitários, juízes e toda sorte de rentistas). Talvez se pudesse começar por eliminar a estabilidade no serviço público. Reconheço, porém, que esse é um passo difícil de ser dado.

Sou contra cartéis, monopólios e políticas setoriais, que aumentam nossas faturas de luz, telefone, internet, crédito ao consumidor, tudo. A regulação estatal deveria ser no sentido da máxima abertura possível; mas mesmo isso é difícil de fazer, seja por pressão dos interesses constituídos, seja pelo problema sempre difícil da transição a outro regime; acredito, porém, que se possa caminhar nessa direção. Se eu disser, publicamente, que pretenderia acabar com BNDES, Banco do Brasil, Petrobras e outras empresas públicas, provavelmente vou ser crucificado em praça pública. Mas ainda assim vou dizer: que essas empresas sejam privatizadas e disputem mercado como quaisquer outras, em um ambiente totalmente aberto à competição. Estou absolutamente seguro de que o Brasil seria um país melhor sem qualquer tipo de dinossauro estatal, por mais produtiva ou “estratégica” que seja a empresa: de fato, isso não existe em economia e a única coisa verdadeiramente estratégica, na vida de uma nação, é a boa educação de todos os seus cidadãos.

Não preciso dizer que sou contra qualquer forma de protecionismo e a favor da maior abertura ao capital estrangeiro, sugestão passível de esquartejamento nas academias e nas praças. Provas existem de que os países mais abertos são, também, os mais prósperos e avançados no plano tecnológico e cultural. Os políticos conspiram contra esse objetivo, mas acredito que se deveria formar uma liga de economistas a favor da liberdade de mercados, como na Inglaterra vitoriana aquela a favor do livre comércio. Desconfio, porém, que não teríamos muitos aderentes, tão forte é a crença nos mitos keynesianos (equivocados, aliás, posto que Keynes era um liberal, tendo sido a favor das restrições ao livre fluxo de capitais no contexto da crise de moedas nos anos 1930 e dos desastres econômicos vividos então pela Grã-Bretanha).

No mesmo compasso, sou totalmente favorável à globalização e à interdependência econômica universal, mas também acredito que não teria sucesso qualquer chamado a uma manifestação a favor da globalização. Esse é, aliás, o aspecto que mais me choca nessas marchas de alternativos contra a globalização e a liberalização comercial: como é que pessoas medianamente educadas, ao menos todas alfabetizadas, algumas até universitárias, conseguem ser contra a universalização do progresso, e defender idéias regressistas e até reacionárias? Acredito que seja uma mistura de ingenuidade com ignorância, de um lado, e de má-fé e de manipulação de sentimentos, por outro, por parte dos órfãos do socialismo e das viúvas do comunismo. Ou seja: coisas absolutamente démodées e ancien régime. Esses jovens estão singularmente mal servidos de professores universitários, o que é uma pena.

Se ouso resumir meu mix ideal de políticas econômicas para o Brasil, minha receita poderia ser esta: liberdade cambial e de movimentos de capitais; juros de mercado (como norma legal, o que deixaria a autoridade monetária sem condições de manipular os juros, e também, portanto, sem poder criar essas bolhas que depois são atribuídas aos mercados livres); conversibilidade da moeda nacional; ausência completa de bancos públicos e de financiadores oficiais para setores que produzem bens de mercado, preservando-se o financiamento público para grandes obras de infraestrutura e alguns (poucos) projetos sociais; pouquíssimas políticas setoriais, limitadas à formação de recursos humanos, pesquisa de ponta (estritamente definida) e, claro, educação universal de boa qualidade; previdência unificada com base em um regime de capitalização (e não de repartição, como atualmente), anulação dos privilégios existentes, sem quaisquer regimes especiais; regulamentação da Lei de Responsabilidade Fiscal, que até hoje não possui um Conselho de aplicação de penas (a que muitos administradores já deveriam ter sido submetidos); eliminação dos subsídios (remanescentes) à agricultura e ampliação do seguro agrícola; abertura econômica (receptividade aos investimentos estrangeiros) e liberalização comercial, com negociação ampla de acordos de livre comércio, sem reciprocidade exigida de países da América do Sul (com redefinição do Mercosul); retomada da privatização e reforço das agências regulatórias (sobretudo assegurando-se sua independência em relação ao governo); autonomia legal do Banco Central e ampliação do Conselho Monetário para um seleto número de membros não governamentais, escolhidos dentre figuras eminentes do pensamento econômico (mediante prévia aprovação do Senado); desmantelamento de todo e qualquer cartel informal, sobretudo nas telecomunicações.

Finalmente, eu também acabaria com as televisões públicas (as educativas seriam geridas por fundações independentes), com a “Hora do Brasil” e com todo e qualquer gasto governamental em publicidade, extinguindo-se o “ministério da propaganda oficial” e todas as secretarias de comunicação de governos. A economia financeira talvez seja pequena, mas a despoluição comunicativa seria enorme, Como se pode constatar, eu sou um sonhador incurável…

terça-feira, 1 de março de 2011

Volta ao Mundo em 25 Ensaios: Os artigos - Paulo Roberto de Almeida

Reproduzo a seguir as fichas de todos os meus 25 artigos redigidos e publicados ao longo de 2010 sob a rubrica

Volta ao Mundo em 25 Ensaios
no site do Ordem Livre.

Aqui estão todos os meus trabalhos publicados nesse site.

Aqui estão todos os meus ensaios desta série:

2069. “Volta ao mundo em 25 ensaios: Um convite e minha decisão de colaborar com o Ordem Livre”, Paris, 9 dezembro 2009, 2 p. Ensaios programados para o site OrdemLivre.org, a convite de Diogo Costa, durante o ano de 2010. Divulgado no blog DiplomataZ (14.12.2009).

Agora em ordem reversa, ou seja, o último em primeiro lugar. Por isso, quem quiser ler na ordem original, precisa começar por baixo.

2230. “Volta ao mundo em 25 ensaios: 25, Itinerário percorrido e o que resta fazer”, Brasília, 12 dezembro 2010, 5 p. Ensaio preparado para o OrdemLivre.org, concluindo a série iniciada no final de dezembro e publicada quinzenalmente no site. Ordem Livre (20.12.2010). Postado no blog Diplomatizzando (24.12.2010). Relação de Publicados n. 1010.

2100. “Volta ao mundo em 25 ensaios: 24. Nossa contribuição para o mundo: onde o Brasil pode ser melhor”, Brasília, 12 janeiro 2010, 3 p. Continuidade da série, recomendando que o Brasil coloque primeiro a casa em ordem, antes de tentar ensinar qualquer coisa ao mundo. Publicado em Ordem Livre (06.12.2010). Relação de Publicados n. 1009.

2099. “Volta ao mundo em 25 ensaios: 23. O que podemos aprender com a experiência dos demais países?”, Brasília, 11 janeiro 2010, 3 p. Continuidade da série, comentando os grandes fracassos do desenvolvimento mundial. Revisão em Shanghai, 3 de maio de 2010, 4 p. Publicado em Ordem Livre (22 de novembro de 2010). Relação de Publicados n. 1007.

2096. “Volta ao mundo em 25 ensaios: 22. Qual a melhor política externa para o Brasil?: algumas preferências pessoais”, Brasília, 10 janeiro 2010, 3 p. Continuidade da série, expondo concepções gerais sobre uma diplomacia ideal. Revisão em Shanghai, 3 de maio de 2010, 4 p. Ordem Livre (8 de novembro de 2010). Relação de Publicados n. 1005.

2095. “Volta ao mundo em 25 ensaios: 21. Qual a melhor política econômica para o Brasil?: algumas opções pessoais”, Brasília, 9 janeiro 2010, 3 p. Continuidade da série, manifestando minhas preferências em matéria de políticas econômicas. Revisão em Shanghai, 3 de maio de 2010. Ordem Livre (25 de outubro de 2010). Republicada no site do Instituto Millenium (27.10.2010). Relação de Publicados n. 996.

2094. “Volta ao mundo em 25 ensaios: 20. Brasil: o que poderíamos ter feito melhor, como sociedade, e não fizemos?”, Brasília, 9 janeiro 2010, 3 p. Continuidade da série, destacando minhas escolhas para melhorar socialmente o Brasil. Revisto em Shanghai, em 2 de maio de 2010. Ordem Livre (4 de outubro de 2010). Reproduzido no site do Instituto Millenium (12.10.2010). Relação de Publicados n. 995.

2093. “Volta ao mundo em 25 ensaios: 19. Distribuição de renda: melhor fazer pelo mercado ou pela ação do Estado?”, Brasília, 9 janeiro 2010, 3 p. Continuidade da série, abordando as melhores formas de fazer a renda crescer e de distribuí-la. Revisão em Shanghai, 14.04.2010. Ordem Livre (27 de setembro de 2010). Republicado em Via Política (14.12.2010). Relação de Publicados n. 993.

2092. “Volta ao mundo em 25 ensaios: 18. Por que o Brasil avança tão pouco: sumário das explicações possíveis”, Brasília, 8 janeiro 2010, 3 p. Continuidade da série, discutindo criticamente as razões do baixo crescimento do Brasil. Revisão em Shanghai, 14.04.2010. Ordem Livre (13 de setembro de 2010). Reproduzido no site do Instituto Millenium (21.09.2010). Republicado em Via Política (6.12.2010). Relação de Publicados n. 990.

2091. “Volta ao mundo em 25 ensaios: 17. Por que a América Latina não decola: alguma explicação plausível?”, Brasília, 8 janeiro 2010, 3 p. Continuidade da série, examinando a estagnação e o atraso da região no confronto com as demais. Revisão em Shanghai, 14.04.2010. Publicado em Ordem Livre (30 de agosto de 2010); postado no blog Diplomatizzando (link). Reproduzido em Via Política (29.11.2010) e em Dom Total (9.12.2010). Relação de Publicados n. 988.

2090. “Volta ao mundo em 25 ensaios: 16. Preeminência, hegemonia, dominação, exploração: realidades ou mitos?”, Brasília, 7 janeiro 2010, 3 p. Continuidade da série, encarando o problema das relações entre Estados muito desiguais. Revisão em Shanghai, 14.04.2010. Publicado em Ordem Livre (18/07/2010; link: ). Reproduzido no site do Instituto Millenium (12.09.2010; link: http://www.imil.org.br/artigos/preeminencia-hegemonia-dominacao-exploracao-realidades-ou-mitos/). Republicado em Via Política (22.11.2010; link: http://www.viapolitica.com.br/diplomatizando_view.php?id_diplomatizando=153) e em Dom Total (2.12.2010; link: http://www.domtotal.com/colunas/detalhes.php?artId=1698). Relação de Publicados n. 987.

2089. “Volta ao mundo em 25 ensaios: 15. Países ou pessoas ricas o são devido a que os pobres são pobres?”, Brasília, 7 janeiro 2010, 3 p. Continuidade da série, descartando a explicação simplista da expropriação dos pobres pelos ricos. Revisto em Shanghai, 13.04.2010. Ordem Livre (16.08.2010). Reproduzido no site do Instituto Millenium (6.08.2010; link: http://www.imil.org.br/artigos/paises-ou-pessoas-ricas-o-sao-devido-a-que-os-pobres-sao-pobres/). Republicado em Via Política (21.11.2010; link: http://www.viapolitica.com.br/diplomatizando_view.php?id_diplomatizando=152) e em Dom Total (25.11.2010; link: http://www.domtotal.com/colunas/detalhes.php?artId=1683). Relação de Publicados n. 984.

2088. “Volta ao mundo em 25 ensaios: 14. Orçamentos públicos devem ser sempre equilibrados?”, Brasília, 6 janeiro 2010, 3 p. Continuidade da série, tratando do problema do equilíbrio fiscal e dos déficits orçamentários, com as implicações e limites da dívida pública. Ordem Livre (18/07/2010). http://www.ordemlivre.org/textos/1058/). Reproduzido no site do Instituto Millenium (18.08.2010). Republicado em Via Política (08.11.2010) e em Dom Total (18.11.2010). Relação de Publicados n. 982.

2087. “Volta ao mundo em 25 ensaios: 13. Competição e monopólios (naturais ou não): como definir e decidir?”, Brasília, 6 janeiro 2010, 3 p. Continuidade da série, enfocando a eficiência dos sistemas econômicos pela via da competição e o problema dos monopólios e cartéis. Ordem Livre (5.07.2010). Republicada em Via Política (1.11.2010) e em Dom Total (11.11.2010). Relação de Publicados n. 980.

2085. “Volta ao mundo em 25 ensaios: 12. Políticas ativas pelos Estados funcionam?; se sim, sob quais condições?”, Brasília, 5 janeiro 2010, 3 p. Continuidade da série, com consideração das políticas setoriais que costumam distribuir dinheiro para quem já é rico. Ordem Livre (21.06.2010). Reproduzido no site do Instituto Millenium (23.06.2010). Republicado em Via Política (25.10.2010) e em Dom Total (04.11.2010). Relação de Publicados n. 976.

2084. "Volta ao mundo em 25 ensaios: 11. Livre comércio: uma idéia difícil de ser aceita (e, no entanto, tão simples)”, Brasília, 4 janeiro 2010, 3 p. Continuidade da série, com desmantelamento das teses protecionistas. Ordem Livre (7.06.2010). Reproduzido no site no Instituto Millenium (23.08.2010). Republicado em Via Política (17.10.2010) e em Dom Total (28.10.2010). Relação de Publicados n. 974.

2083. “Volta ao mundo em 25 ensaios: 10. Como organizar a economia para o maior (e melhor) bem-estar possível”, Brasília, 4 janeiro 2010, 3 p. Continuidade da série, com cinco regras simples para o crescimento e o desenvolvimento. Ordem Livre (31.05.2010). Reproduzido no site do Instituto Millenium (3.06.2010). Republicado em Via Política (10.10.2010) e em Dom Total (14.10.2010). Refeito em 14.09.2010 para o portal iG de economia, sob o título de “Como assegurar o crescimento sustentável da economia?”; portal de economia do iG (15.09.2010). Relação de Publicados n. 971.

2082. “Volta ao mundo em 25 ensaios: 9. Duas tradições no campo da filosofia social: liberalismo e marxismo”, Brasília, 4 janeiro 2010, 3 p. Continuidade da série, com digressões sobre as trajetórias das duas correntes filosóficas e práticas. Ordem Livre (26.04.2010). Reproduzido no site do Instituto Millenium (27.04.2010) e em Via Política (22.08.2010) e em Dom Total (26.08.2010). Relação de Publicados n. 964.

2081. “Volta ao mundo em 25 ensaios: 8. Individualismo e interesses coletivos: qual a balança exata?”, Brasília, 3 janeiro 2010, 3 p. Continuidade da série, com considerações sobre direitos individuais e interesses coletivos. Ordem Livre (12.04.2010). Republicado em Via Política (10.08.2010) e, sob o título de “Volta ao mundo em 25 ensaios”, em Dom Total (12.08.2010). Relação de Publicados n. 961.

2080. “Volta ao mundo em 25 ensaios: 7. Guerra e paz no contexto internacional: progressos em vista?”, Brasília, 1 janeiro 2010, 3 p. Continuidade da série, com reflexões sobre conflitos nas sociedades humanas. Ordem Livre (29.03.2010). Relação de Publicados n. 958.

2076. “Volta ao mundo em 25 ensaios: 6. Cooperação internacional e desenvolvimento: isso muda o mundo?”, Brasília, 27 dezembro 2009, 3 p. Sexto ensaio de uma série preparado para o Ordem Livre, tratando da cooperação internacional e sua relativa irrelevância para fins de desenvolvimento. Ordem Livre (17.05.2010). Revisto e ampliado, sob o título de “A falência da assistência oficial ao desenvolvimento” (Shanghai, 3 maio 2010, 5 p.; n. 2138), para publicação no portal de economia do IG; Publicado, como “Falência da assistência ao desenvolvimento”, em 10.05.2010). Relação de Publicados n. 966.

2075. “Volta ao mundo em 25 ensaios: 5. Políticas econômicas nacionais: divergências e convergências”, Brasília, 26 dezembro 2009, 3 p. Quinto ensaio de uma série preparado para o Ordem Livre, tratando da aproximação e gradual convergência das políticas públicas nacionais no contexto da globalização. Ordem Livre (15.03.2010). Revisto e ampliado, sob o título de “As políticas econômicas nacionais estão finalmente convergindo?”, e n. 2131, para publicação no portal de economia do IG; Publicado, como “Políticas econômicas nacionais estão convergindo?”, em 13.04.2010. Relação de Publicados n. 955 e 962.

2074. “Volta ao mundo em 25 ensaios: 4. Direitos humanos: o quanto se fez, o quanto ainda resta por fazer”, Brasília, 26 dezembro 2009, 3 p. Quarto ensaio de uma série preparado para o Ordem Livre, tratando da evolução dos direitos humanos no plano mundial e das dificuldades de garanti-los. Publicado Ordem Livre (15.02.2010); no site do Instituto Millenium (18.02.2010). Revisto e publicado sob o título de “Caminhos tortos dos direitos humanos: dá para endireitar o mundo?” em Via Política (20.06.2010). Relação de Publicados n. 953.

2073. “Volta ao mundo em 25 ensaios: 3. Política internacional: por que não temos paz e segurança?”, Brasília, 25 dezembro 2009, 3 p. Terceiro ensaio de uma série preparado para o Ordem Livre, tratando da evolução da política mundial e dos problemas de paz e segurança. Publicado em Ordem Livre (1.03.2010). Reproduzido no jornal português O País online: a verdade como noticia (Terça, 16 Março 2010). Revisto e publicado sob o título de “Paz e guerra no contexto internacional: um mundo pacífico ainda está longe” em Via Política (14.06.2010). Relação de Publicados n. 954.

2072. “Volta ao mundo em 25 ensaios: 2. Economia mundial: de onde viemos, para onde vamos?”, Brasília, 25 dezembro 2009, 3 p. Segundo ensaio de uma série preparado para o Ordem Livre, tratando da evolução da economia mundial e de suas características mais marcantes. Publicado em Ordem Livre (1.02.2010). Republicado no Instituto Millenium (5.02.2010). Revisto e publicado sob o título de “O longo percurso da economia mundial: divergências e convergências” em Via Política (7.06.2010). Relação de Publicados n. 951.

2071. “Volta ao mundo em 25 ensaios: 1. Por que o mundo é como é (e como ele poderia ser melhor...)”, Brasília, 23 dezembro 2009, 4 p. Primeiro ensaio de uma série preparado para o Ordem Livre, tratando da diversidade do mundo e da baixa produtividade do trabalho acarretada por sociedades fechadas e sem educação. Ordem Livre (18.01.2010). Novo título em Shanghai, em 22.05.2010, como “O mundo real e o mundo como ele poderia ser...”, para Via Politica (31.05.2010). Relação de Publicados n. 947.

Volta ao Mundo em 25 Ensaios: Missao Cumprida - Paulo Roberto de Almeida

Reproduzo aqui um post de 14 de dezembro de 2009, escrito em Paris, que é autoexplicativo.
No post seguinte, vou reproduzir os trabalhos escritos sob essa rubrica.

Uma lista de possiveis trabalhos em 2010

Volta ao mundo em 25 ensaios:
Um convite e minha decisão de colaborar com o Ordem Livre
Paulo Roberto de Almeida
Ensaios programados para o site OrdemLivre.org

Meu amigo e colega “filosófico” Diogo Costa () formulou-me um convite, aparentemente irrecusável, para que eu mantenha um espaço quinzenal de 600 a 800 palavras no site Ordem Livre (OrdemLivre.org) durante o ano de 2010, onde eu passaria a ter a oportunidade de compartilhar com um público mais vasto idéias sobre a política internacional e a brasileira.
Suas diretrizes, formuladas em 7 de dezembro de 2009, foram: “1) O texto deve promover pelo menos um desses princípios: A) Liberdade individual, B) Livre mercado, C) Governo limitado, D) Paz; 2) Deve-se contestar argumentos, não intenções; atacar e defender idéias, não pessoas ou grupos”. Estas foram as condições e recomendações formuladas, o que achei absolutamente pertinente e cabível para um espaço público liberal e democrático como o site Ordem Livre.
Com base nessas explicações claras, decidi aceitar o convite, tendo plena consciência (o que representa um esforço extraordinário de síntese e concisão) de que os meus textos não podem ultrapassar o tamanho ideal de duas páginas, no máximo pouco mais de duas páginas, o que é um desafio enorme para mim. Em todo caso, trata-se de um exercício de redução de meus textos ao que deveria ser o tamanho ideal: escapar da verborragia grandiloqüente (muitas vezes inútil) dos ensaios acadêmicos “normais” para tentar encontrar um público mais vasto, que a rigor não tem tempo, nem disposição, para enfrentar longas digressões “intelectualóides”. Decidido, portanto, convite aceito, partida acionada.
Os temas focados seriam os de economia mundial e brasileira, a política internacional e a brasileira, com um formato ideal consistindo de: (a) exposição inicial de uma questão determinada; (b) situação atual ou tratamento dado ao problema no Brasil ou no mundo; (c) como melhor resolver essa questão ou problema pela aplicação dos princípios liberais e de livre mercado. Ou seja, o ideal seria definir um formato consistindo de: 1. exposição inicial ; 2. debate ou discussão das opções em jogo; 3. conclusões “lógicas”, permitindo, idealmente, “esgotar” um determinado assunto em pouco mais de duas páginas, no máximo.
Com base no que precede, decidi estabelecer um planejamento editorial tentativo que contemplaria (de modo não limitativo) os 25 ensaios seguintes:
1. Por que o mundo é como é (e como ele poderia ser melhor...)
2. Economia mundial: de onde viemos, para onde vamos?
3. Política internacional: por que não temos paz e segurança?
4. Direitos humanos: o quanto se fez, o quanto ainda resta por fazer
5. Políticas econômicas nacionais: divergências e convergências
6. Cooperação internacional e desenvolvimento: isso muda o mundo?
7. Guerra e paz no contexto internacional: progressos em vista?
8. Individualismo e interesses coletivos: qual a balança exata?
9. Duas tradições no campo da filosofia social: liberalismo e marxismo
10. Como organizar a economia para o maior (e melhor) bem-estar possível
11. Livre comércio: uma idéia difícil de ser aceita (e, no entanto, tão simples)
12. Políticas ativas pelos Estados funcionam?; se sim, sob quais condições?
13. Competição e monopólios (naturais ou não): como definir e decidir?
14. Orçamentos públicos devem ser sempre equilibrados?
15. Países ou pessoas ricas o são devido a que os pobres são pobres?
16. Preeminência, hegemonia, dominação, exploração: realidades ou mitos?
17. Por que a América Latina não decola: alguma explicação plausível?
18. Por que o Brasil avança tão pouco: sumário das explicações possíveis
19. Distribuição de renda: melhor fazer pelo mercado ou pela ação do Estado?
20. Brasil: o que poderíamos ter feito melhor, como sociedade, e não fizemos?
21. Qual a melhor política econômica para o Brasil?: algumas opções pessoais
22. Qual a melhor política externa para o Brasil?: algumas preferências pessoais
23. O que podemos aprender com a experiência dos demais países?
24. Nossa contribuição para o mundo: onde o Brasil pode ser melhor
25. Uma volta ao mundo em 25 ensaios: itinerário percorrido e o que resta fazer
Decisão tomada, planejamento feito, só me cabe dar a partida ao processo. Prazo: um ano; depois fechamento do projeto e um balanço pessoal do percurso.

Paris, 9 de dezembro de 2009.

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Addendum em Abril de 2010:
Apenas como informação, terminei todos os trabalhos, menos o último, que pretendo fazer mais adiante, entre dezembro de 2009 e janeiro de 2010. Eles serão publicados progressivamente ao longo de 2010, sendo que eu terei oportunidade de revisar e corrigir alguma coisa no meio do caminho...
Paulo Roberto de Almeida
Shanghai China

A Guerra Fria Econômica: o que vem agora? - Paulo Roberto de Almeida

O mais recente artigo publicado, versão revista e ampliada de artigo anterior.

A Guerra Fria Econômica: o que vem agora?
Paulo Roberto de Almeida
Especial para o iG, 28/02/2011 19:17

Estamos em algum ponto entre 1931 e 1933, ainda no meio de uma recessão, mas não numa depressão

Da velha Guerra Fria política à nova Guerra Fria Econômica
A Guerra Fria geopolítica está encerrada definitivamente, ao que parece. A despeito de tensões políticas “normais” e fricções comerciais entre as grandes potências, não existem mais concepções totalmente opostas sobre como organizar o mundo, economicamente ou politicamente. Ninguém mais está dizendo algo semelhante a “nós vamos enterrar vocês”, como ocorreu no passado com um líder soviético. Daniel Bell, recentemente falecido, já tinha antecipado, desde meados dos anos 1950, o “fim das ideologias”, julgamento de certa medida confirmado por Francis Fukuyama. Mas, no que depender de gente como Eric Hobsbawm, e de inocentes úteis desse tipo, as ideologias ainda têm um brilhante futuro pela frente...

O que estamos assistindo agora, na verdade, é uma Guerra Fria econômica, ou algo próximo disso. De fato, não parece haver nada capaz de provocar uma confrontação em grande escala entre as maiores potências. O que temos, na presente conjuntura, são fricções comerciais e desalinhamentos monetários, num cenário de ajustes pós-crise. Existem disputas políticas sobre como as políticas econômicas nacionais devem levar em consideração seus impactos sobre a situação econômica de outros países. Como Mark Twain poderia ter argumentado, os rumores sobre uma guerra cambial global são grandemente exagerados. É certo que ainda não superamos totalmente a presente crise financeira; mas ela é apenas uma, dentre muitas outras, que afetam mercados dinâmicos de forma recorrente desde o começo do capitalismo. Profetas da crise final do capitalismo e outros utopistas do gênero vão novamente se sentir frustrados dentro de alguns meses (sem reconhecer o fato, claro).

Existem muitas concepções errôneas sobre as origens e o desenvolvimento da crise atual, várias delas propagadas pelos mesmos utopistas conhecidos. Não é exatamente verdade que esta crise tenha sido provocada pela desregulação dos mercados financeiros, ainda que a regulação flexível, ou mal implementada, possa ter facilitado a expansão de várias bolhas nos mercados. O maior responsável pela bolha que provocou o desastre, porém, foram as baixas taxas de juros definidas pelos bancos centrais, a começar pelo Federal Reserve, durante um período muito longo. Da mesma maneira, mas talvez por meios e instrumentos um pouco diferentes, que os velhos Lords of Finance dos anos 1920 criaram as condições que levaram à crise de 1929 e à depressão dos anos 1930, pela sua ação ou inação, a presente crise é o resultado de políticas inadequadas dos novos Lords of Finance (ver o livro de Liaquat Ahamed, Lords of Finance: the Bankers who Broke the World; New York: Penguin, 2009; traduzido e publicado no Brasil como “Os Donos do Dinheiro”, pela Campus; mas eu recomendo comprar o original na Abebooks.com; mesmo pagando frete, certamente vai sair bem mais barato do que no Brasil, pois tudo, ou quase, no Brasil é mais caro).

Um novo Bretton-Woods?: esqueçam!
Tampouco é verdade que a crise atual, ou as crises – já que são várias, interconectadas – são suficientemente severas para justificar o programa, que muitos recomendam, de um novo Bretton Woods, ou seja, um redesenho completo das relações econômicas mundiais, com a restruturação das organizações existentes. Menções a uma nova arquitetura financeira internacional, ou mesmo de redistribuição do poder econômico mundial, estão em contradição com as realidades mais prosaicas dos nossos dias. Comentaristas superficiais gostam de recorrer a grandes analogias históricas – que em geral são falsas – para falar dos eventos correntes, mas o fato é que não estamos vivenciando nenhum grande ajuste posterior a alguma crise de proporções monumentais, como gostariam alguns. Vivemos, é certo, uma transição, mas não uma revolução, qualquer que seja o sentido que possamos dar a esses conceitos. Vejamos os precedentes.

Não estamos em face de um reordenamento radical e completo da ordem mundial, após algum evento cataclísmico, afetando todos e cada um dos grandes atores da cena internacional, ou mesmo regional. Não estamos em Vesfália, em 1648; não estamos em Viena em 1815; tampouco estamos em Paris ou Versalhes, em 1919, sequer em Bretton Woods em 1944, e muito menos em São Francisco, em 1945. Definitivamente, não estamos em nenhum momento de refundação fundamental da ordem política e econômica internacional. Simplesmente estamos, atualmente, no meio de algo semelhante aos anos 1930, tentando administrar uma grande crise por meio de respostas nacionais, cada uma delas adaptada a circunstâncias específicas de cada país, e desvinculada dos maiores desastres afetando os demais e cada um dos países envolvidos no processo.

Para ser mais preciso, estamos em algum ponto entre 1931 e 1933, ainda no meio de uma recessão, mas não numa depressão. O nível de desemprego não é tão alto quanto em 1933, e está provavelmente alinhado com os padrões dos nossos dias. Os fluxos comerciais e financeiros não foram tão desestruturados quanto nos anos 1930, ainda que a liberalização econômica tenha regredido: apenas revertemos a uma versão light do protecionismo comercial dos velhos tempos, mas sem cotas ou restrições quantitativas ao velho estilo.

Não é uma revolução econômica, apenas uma evolução natural...
Esta nova Guerra Fria Econômica emerge a partir de mudanças estruturais na economia mundial, já em curso desde os anos 1980, quando a China começou a flexionar os seus músculos novamente. Ao mesmo tempo, os países em desenvolvimento deixaram de implementar projetos nacionais, introvertidos, de desenvolvimento nacional e abriram-se aos investimentos estrangeiros. Desde então, o a economia mundial foi transformada irreversivelmente, embora gradualmente.

Mas nem tudo, obviamente, mudou. As principais instituições de tomada de decisões ainda continuam a ser o que sempre foram, com a mesma distribuição dos direitos de voto. O FMI e o Banco Mundial estão no meio de seus labores para definir uma nova repartição de votos, tendo já operado algumas acomodações. Os votos coletivos da China, da Índia e do Brasil é 20% menor do que os da Bélgica, dos Países Baixos e da Itália, a despeito do fato que o PIB conjunto do primeiros países é quatro vezes maior do que aquele de seus contrapartes europeus; eles têm uma população 29 vezes maior. Estas são algumas das razões para uma nova Guerra Fria econômica.

Como administrar estas novas realidades no terreno econômico, dispondo das mesmas alavancas políticas e das mesmas velhas estruturas de tomada de decisão como nos processos do passado? Esta é uma questão complicada, sem uma resposta clara ao dilema. Administrar a economia mundial é uma pretensão que mesmo o velho G7 nunca conseguiu alcançar nos seus tempos gloriosos. Os países desenvolvidos controlavam então uma grande proporção do PIB mundial e dos fluxos comerciais e financeiros. Mas eles nunca foram capazes de coordenar suas políticas macroeconômicas entre eles mesmos; menos ainda se poderia esperar que eles estabelecessem regras e metas para o resto do mundo.

Atualmente, com uma penosa queda nas economias avançadas, parece difícil visualizar o que poderia ser feito para restaurar o crescimento a partir de níveis próximos da estagnação em várias economias europeias. Além dos problemas cíclicos afetando as grandes economias (com as exceções da China, da Índia e de alguns outros países), existem vários desafios globais à frente, entre eles o da pobreza nos países menos avançados, e grandes decisões a serem tomadas em relação a questões ambientais, a violações dos direitos humanos em países não democráticos, e vários outros temas relevantes.

Uma estratégia singular poderia ser a definição de apenas uma grande meta global para a comunidade mundial: teria de ser a promoção do desenvolvimento global, não exatamente através da assistência (ou a tradicional Ajuda Oficial ao Desenvolvimento), mas prioritariamente através de uma real liberalização comercial, especialmente no setor agrícola, a única possibilidade efetiva para que os países menos avançados possam ser integrados à economia mundial. Os Estados Unidos e a União Europeia possuem, evidentemente, a maior responsabilidade nesse terreno.

É altamente improvável que propostas consensuais relativas ao desenvolvimento global possam emergir de um fórum tão amplo quanto o G20 financeiro, muito heterogêneo para ser capaz de alcançar posições comuns. Talvez fosse mais indicado lograr uma evolução informal do atual G8 para um novo G13, interrompendo o ciclo do atual G20 (o que talvez já seja difícil de se obter). Isso representaria agregar aos atuais membros do G8 outras cinco grandes economias, nomeadamente Brasil, China, Índia, África do Sul, e ou Indonésia ou México. A experiência demonstra que pequenos grupos informais estão mais próximos de se entenderam sobre ações concretas do que grandes órgãos institucionalizados que acabam dominados pela lerdeza burocrática e desentendimentos políticos.

O que vem pela frente? Seria o G20 efetivo? Melhor um G13...
O que deve ser feito? O maior problema nessa modalidade organizacional de se ter um G20 diminuído seria o de como adquirir a legitimidade implícita ao ato de falar para toda a comunidade mundial partindo de um fórum de apenas 13 países. Para resolver essa limitação se necessitaria de um grau de confiança política entre os líderes desses 13 países, definindo um terreno de entendimentos recíprocos entre eles que teria de ser compatível com a função de representação mais ampla que eles pretenderiam assumir em nome de toda a comunidade de nações.

Encontrar terrenos comuns é uma tarefa dura de ser alcançada no estado atual das relações internacionais, caracterizada, como já se sublinhou, por uma guerra fria econômica típica das fases de transição. Parece ser bastante difícil de se lograr uma coordenação perfeita das agendas dos grandes países avançados e das economias emergentes e, mais ainda, entre eles todos e os demais membros das organizações internacionais que eles pretenderiam “substituir”. O mundo não é, simplesmente, tão globalizado como se requereria para alcançar esse tipo de interação. Disparidades de interesses, diferenças entre níveis de desenvolvimento, desequilíbrios entre os países, vários fatores se combinam para tornar praticamente impossível um exercício de coordenação desse tipo.

Uma proposta mais modesta poderia ser se obter uma interação mais frequente – uma vez ao ano – entre os líderes desse novo G13. Sherpas especialmente designados, encontrando-se duas vezes ao ano, poderiam ser mobiliados para discutir questões comerciais, assuntos ambientais, a proteção dos direitos humanos em países apresentando conflitos, missões de peace-keeping das Nações Unidas e outros temas do gênero, dotados de mandatos específicos de seus líderes políticos. Mas não se deve esperar pela ONU para organizar esse tipo de agenda. Já é difícil implementar qualquer coisa através da ONU, um órgão muito burocrático e passavelmente caótico. Melhor realizar a coordenação de agendas através das três mais importantes agências para a globalização contemporânea: o FMI, o Banco Mundial e a OMC.

A tarefa principal dos “novos sherpas” seria a de assegurar a coordenação econômica internacional em torno dos temas mais relevantes para a comunidade global. Uma sugestão possível seria tentar estabelecer um “global new deal”, um novo pacto mundial, intercambiando uma proteção extensiva aos investimentos e à riqueza proprietária (patentes e coisas do gênero), assim como outras condições apropriadas para o desenvolvimento da atividade produtiva no plano microeconômico, do lado dos países em desenvolvimento (ou recebedores de IDE), contra práticas de licenciamento extensivo e investimentos efetivos e liberalização comercial da parte dos países ricos e dos investidores privados. Esse tipo de pacto, ao ampliar os direitos proprietários para os ricos, poderia resultar no fortalecimento dos fluxos de investimentos financeiros e de comércio para os pobres, dando um grande impulso à globalização.

A assistência tradicional ao desenvolvimento, por ineficiente, deveria ser substituída, essencialmente, por um novo foco nas melhorias educacionais graduais, ou seja, um extenso programa para a qualificação de recursos humanos. A assistência, enquanto tal, deveria ser limitada à implementação de um programa consistente de erradicação da maior parte das doenças infecciosas nos países africanos e em várias outras nações em desenvolvimento. A maior razão para a persistência da pobreza nesses países não é exatamente a falta de recursos, mas a ausência de governança e sua não-integração à economia mundial através de vínculos comerciais.

Considerando que questões de governança democrática e de proteção dos direitos humanos podem ser um desafio para países como a China, ou mesmo, talvez, para a Rússia, o alvo principal da agenda de um novo G13 poderia ser a adoção de altos padrões de governança pública na acepção técnica desta expressão. Na atual fase de guerra fria econômica pode ser precoce a tentativa de se fazer da governança democrática e do respeito pelos direitos humanos o critério decisivo para a cooperação bilateral ou multilateral.

Mas estes devem ser os fins últimos de qualquer tipo governança global. Em última instância, a agenda de Fukuyama permanece atual e absolutamente necessária. Remeto, a propósito, ao meu artigo: “O Fim da História, de Fukuyama, vinte anos depois: o que ficou?” (Meridiano 47, n. 114, janeiro 2010, p. 8-17; link: http://meridiano47.files.wordpress.com/2010/05/v11n1a03.pdf).

Esse programa não tem nada a ver com o fim da história, e sim com o fim dos regimes autoritários e fechados economicamente. As revoltas nos países árabes e muçulmanos ainda provam esse ponto: os povos não se revoltam apenas por falta de pão (ou de emprego), mas também por falta de liberdade. O empenho dos dirigentes da China – o país que mais cresce na atualidade, e o que mais cresceu em escala histórica até agora – em reprimir qualquer manifestação política, em meio a um processo real de melhoria nas condições de vida de sua população, confirma o argumento em favor da liberdade econômica e política. Se existe algum determinismo na História, este parece ser o único aceitável.

Em todo caso, a mesma China continuará, pelo futuro previsível, a “roubar” empregos de seus parceiros econômicos, pois ela tem uma necessidade absoluta de encontrar empregos de melhor qualidade para seus milhões de deserdados do campo. Mesmo possuindo uma população rural ainda importante, a China não tem condições de aumentar significativamente o emprego rural; ao contrário: se ela quiser melhorar a produtividade agrícola, hoje medíocre, de seu setor primário, ela terá de desempregar ainda mais pessoas no campo, o que pode agravar a situação do emprego urbano; por outro lado, ela não tem mais disponibilidade de terras agricultáveis e as melhores parcelas, nas proximidades das grandes cidades, vêm sendo engolidas pelo ritmo impressionante de urbanização (tudo, aliás, é impressionante, na China de hoje).

Em conclusão: não é por qualquer espírito “belicoso” que este artigo anuncia uma nova Guerra Fria Econômica. Esta é a realidade do mundo atual, que deverá ser a dos cenários de médio prazo na onda corrente de globalização capitalista. A próxima onda – que deverá aguardar a plena redemocratização nos países árabes – compreenderá a integração desses países nos circuitos da divisão mundial de trabalho, que eles integram, atualmente, sobretudo pela exportação de petróleo e pela importação de armas. Aí estão, precisamente, mais dois componentes da Guerra Fria Econômica.

Pode ser que os historiadores do futuro já tenham aqui as caracterizações do mundo entre a segunda metade do século XX e a primeira metade do século XXI. A ver.

Paulo Roberto de Almeida é diplomata e professor de Economia Política Internacional no Uniceub

International Handbook On The Economics Of Integration - Miroslav N. Jovanovic (ed.)

International Handbook On The Economics Of Integration, Volume I
General Issues and Regional Groups
Edited by Miroslav N. Jovanovic, Economic Affairs Officer, United Nations Economic Commission for Europe, Geneva, Switzerland and Lecturer, the European Institute of the University of Geneva, Switzerland

‘International Handbook of Economic Integration edited by Miroslav Jovanovic provides timely and rich academic contributions to considerations of the widest array of integration-related issues. European integration has been providing an inspiration to a number of academics and researchers. The Handbook is a recognition of the dynamic and strong solidarity of the European integration. At the same time, the European Union often provided an example for integration schemes throughout the world which spread enormously since the mid-1990s. Leading experts from all continents contributed to this Handbook which will be a valuable input into academic and policy-making discussions and actions.’
– José Manuel Barroso, President of the European Commission

‘Miroslav Jovanovic’s publication represents a rich contribution to the complex issue of regional integration, its benefits, its shortcomings, and its relationship with multilateral trade opening. It sheds light over an issue which is the subject of intense discussions in trade circles.’
– Pascal Lamy, Director-General of the WTO

‘Much has been written on trade agreements as a mechanism to integrate the markets of two of more countries – often inspired by the European example. In recent years, attention has increasingly focused on the importance of economic geography as a determinant of industrial location. This book combines the two strands of analysis, bringing together leading experts in the fields of economic geography and international trade. The result is an outstanding compilation of papers that illuminate how policies and economic forces affect the location of economic activity in an integrated Europe.’
– Bernard Hoekman, Director, The World Bank, US

‘The open multilateral trading system is a tremendous success of the past half century, and has contributed greatly to the world’s unprecedented rate of economic growth. Over the past two decades however, preferential trading arrangements have proliferated, raising questions as to how compatible they are with the open multilateral system, and what policies might be adopted to improve outcomes. The essays in this volume detail the emergence of PTAS and provide comprehensive and up-to-date analyses of the state of play of preferential arrangements in all regions of the world. The volume will provide a useful reference for all those wanting to understand existing preferential arrangements and their role in the international economy today.’
– Anne O. Krueger, Johns Hopkins University and Stanford University, US

‘Economic integration is a complex and multifaceted giant, with a myriad aspects ranging from regional and global concentration and dispersal of economic activity to social and political consequences for individuals and communities in developed and developing countries alike. This landmark, three volume collection of chapters by leading authors, drawn from many fields, is a worthy and timely contribution to the analysis of a phenomenon with profound implications for the future world economy - and its governance.’
– James Zhan, Director, Investment & Enterprise Division, UNCTAD

With this Handbook, Miroslav Jovanovic has provided readers with both an excellent stand-alone original reference book as well as the first volume in a comprehensive three-volume set. This introduction into a rich and expanding academic and practical world of international economic integration also provides a theoretical and analytical framework to the reader, presenting select analytical studies and encouraging further research.

International Handbook on the Economics of Integration, Volume I covers two broad themes: general integration issues and regional integration groups. The first part discusses topics that range from an overview of the regional integration deals registered with the World Trade Organization, to multilateralism and regionalism, hub-and-spoke integration networks, limits to integration, rules of origin, and globalization. The second part of the Handbook is devoted to an outline of the principal integration arrangements in Europe, the Mediterranean, North and Latin America, East Asia and sub-Saharan Africa, as well as economic integration efforts throughout the Arab world.

Contributors to this major reference work include eminent authors, some of whom contributed to the creation of economic integration theory from the outset. The authors not only survey the literature, but also present their own arguments and new ideas in order to offer a new perspective, as well as discussing the issues they believe are essential in the field. Each of the insightful chapters is approachable not only to graduate students, scholars, researchers and policymakers, but also to advanced undergraduate students.

Table:
International Handbook On The Economics Of Integration, Volume I
General Issues and Regional Groups
Edited by Miroslav N. Jovanovic, Economic Affairs Officer, United Nations Economic Commission for Europe, Geneva, Switzerland and Lecturer, the European Institute of the University of Geneva, Switzerland
Contents:

Foreword
Nicolas Levrat

Introductory Note
Petko Draganov

Preface

Introduction

PART I: GENERAL ISSUES
1. The Never-ending Story of Regional Trade Agreements
Roberto V. Fiorentino

2. Multilateralising Regionalism: Spaghetti Bowls as Building Blocks on the Path to Global Free Trade
Richard E. Baldwin

3. Multilateral versus Regional Trading Arrangements: Substitutes or Complements?
Richard G. Lipsey and Murray G. Smith

4. Contemporary Regionalism
Wilfred J. Ethier

5. The World Trade Organization and International Economic Integration: Legal Aspects
Dencho Georgiev

6. Preferential Liberalisation in a Hub-and-Spoke Configuration versus a Free Trade Area
Ronald J. Wonnacott

7. The Economic Case for Reciprocal Trade Negotiations: Gains from Both Imports and Exports
Paul Wonnacott and Ronald J. Wonnacott

8. Understanding the Barriers to Entry Effects of Rules of Origin in Preferential Trading Arrangements with an Application to Asian FTAs
Olivier Cadot, Jaime de Melo and Alberto Portugal-Pérez

9. The Limits to Integration
Michele Fratianni and Francesco Marchionne

10. Technology and Globalisation
Richard G. Lipsey

11. Globalisation: An Anatomy
Miroslav N. Jovanovic

PART II: REGIONAL GROUPS
12. A New Era for Europe: The Lisbon Treaty – From Constitution to Lisbon Treaty
Dušan Sidjanski

13. EU Policies and Policy-making
Phedon Nicolaides

14. From the Barcelona Process to the Union for the Mediterranean: Rhetoric versus the Record
Yiannis Tirkides and Andreas Theophanous

15. The North American Free Trade Agreement: Fait Accompli?
Murray G. Smith

16. Regional Integration in East Asia
Richard Pomfret

17. East Asia’s Economic Integration and Institutional Cooperation for Further Integration
Daisuke Hiratsuka

18. Integration Efforts and Economic Dynamics in South America
Cláudio R. Frischtak

19. Structural Adjustment in Latin America: From Crisis to Ambiguity
Anil Hira

20. Economic Integration in Sub-Saharan Africa
Lisa Borgatti

21. Globalisation Challenges and New Arab Regionalism: Towards a New Deal of South–South Integration
Mohieddine Hadhri

22. Towards a Relance Arabe? Bilateral and Regional Economic Integration Initiatives in the Middle East and North Africa
Tomer Broude

Index

March 2011 560 pp Hardback 978 1 84844 370 9

Diplomacia evolutiva (agora seriamente...)

Lei de Darwin, talvez, mas a seleção natural nem sempre leva aos melhores resultados. Neste caso específico, se deve inteiramente à vontade dos novos responsáveis políticos, talvez até por incômodo com as posições vergonhosas e eticamente insustentáveis exibidas na administração anterior, que tinha um gosto especial por ditaduras e autocracias, de fato com gente da pior espécie em matéria de direitos humanos. Pelo menos nos livramos dessa situação deplorável.
Agora resta ver até onde vai levar a seleção darwiniana-diplomática...
Paulo Roberto de Almeida

Votação sobre Irã é 1º teste de Dilma na ONU
Por Jamil Chade
Estado de S.Paulo, 27/02/2011

A Organização das Nações Unidas (ONU) realiza amanhã em Genebra sua sessão mais importante de direitos humanos no ano, com a situação na Líbia, Oriente Médio e Irã na mesa de discussão. A expectativa é ver como a diplomacia brasileira vai se posicionar e qual será a mensagem que Dilma Rousseff enviará à comunidade internacional.

O Brasil será representado pela ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos, escalada para apresentar pela primeira vez no novo governo a visão do Palácio do Planalto na ONU. A ministra discursará no Segmento de Alto Nível do Conselho. O encontro com a cúpula da ONU terá a presença da secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton, da chefe da diplomacia da Europa, Catherine Ashton, e de ministros do Irã, Venezuela, China e Rússia.

Votação. O mais importante teste virá com a votação de um projeto sobre os direitos humanos no Irã. “Ainda que nos anos mais recentes o Brasil tenha apresentado justificativas de voto em que ressalta sua preocupação com situações específicas, isso não substitui um voto condenatório”, disse Iradj Roberto Eghrari, representante da Comunidade Bahá”í do Brasil. “Se Dilma de fato mudar o voto brasileiro, o País voltará à posição que defendia de 1996 a 1999, quando votava de maneira coerente com os valores e princípios da sociedade brasileira.”

Ao Estado, o embaixador da França na ONU, Jean Baptiste Mattei, afirmou que já vê mudança no comportamento do Brasil. “Parece que estão evoluindo”, disse, desculpando-se em seguida pelo uso da palavra. “Não quero dizer que não estavam evoluídos. Apenas que agora parece haver maior cooperação.” Um negociador britânico revelou a “satisfação” da Europa em ver o Brasil adotando posições mais próximas às democracias ocidentais. “Essa é uma grande notícia.”

“Estamos finalmente acordando”, ironizou Julie de Rivero, da Human Rights Watch. Peter Spindler, da Anistia Internacional, destacou a posição positiva do Brasil em se aliar ao grupo de democracias ocidentais e pedir uma reunião de emergência para lidar com a Líbia, na sexta-feira.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Fidel-ZéDirceu-Chavez: os humoristas da vez (não consigo parar de rir...)

Incrível essa: a gente acaba justo de fechar uma notícia hilariante, como a que eu postei logo abaixo, e pensa que vai descansar, parar de sacudir a barriga de tanto rir, e esse pessoal não perdoa, não dá trégua: aí vem eles outra vez para nos fazer morrer de rir...
Vou ter de mudar de ramo nesta coisa de blog: só notícias mortuárias, para ninguém sair por aí rindo do que não se deve...
Vejam essa:

José Dirceu segue Fidel e acusa EUA de manipular noticiário contra… Kadafi!
O Estado de S.Paulo, 27/02/2011

Na última terça-feira, Fidel Castro escreveu em uma das suas “reflexões” que a Líbia era vítima de uma forte campanha midiática e isentou o ditador Muamar Kadafi do massacre que deixou centenas de mortos na última semana. Ontem, as palavras do líder cubano ganharam o apoio do ex-ministro e deputado cassado José Dirceu. Em seu blog, ele atribuiu aos EUA a responsabilidade por uma “manipulação do noticiário e uma intervenção branca”. Dirceu criticou ainda as sanções unilaterais anunciadas na sexta-feira pelos americanos, dizendo que seu real objetivo, ao apressar a queda de Kadafi, seria “comandar a transição para controlar as reservas e a produção de petróleo e evitar um governo antiamericano ou pró-palestino ao fim da crise líbia”. Dirceu questiona a razão para que sanções não tenham sido impostas ao Egito.

No texto de Fidel, que também contou com o apoio do presidente venezuelano, Hugo Chávez, o líder cubano sustentou que os EUA não hesitariam em enviar ao país as forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) se isso lhes conviesse. Ao final, reforçou seu apoio a Kadafi, ressaltando os laços que uniam os dois países.

Diplô: involuntariamente hilariante (nao pude evitar de rir...)

Certos jornais são feitos para serem sérios, para lutar contra a "mídia golpista", para veicular posições alternativas, ou seja, para combater "pensamento único" (obviamente neoliberal até a medula), para defender as ideias do socialismo redivivo num mundo que, torce e retorce, acaba virando irremediavelmente capitalista. E se não bastasse, ainda vêm esses deserdados árabes do Terceiro Mundo, que só precisavam ser antissionistas e anti-imperialistas e resolvem também ser anti-autocracias e a favor da democracia burguesa e dos direitos humanos, tout court.

Vai daí que de vez em quando alguns desses veículos da esquerda dinossáurica, que deveriam ser sérios, se tornam involuntariamente hilariantes. Sinto muito, com perdão dos redatores do Diplô -- nome simpático esse, até eu me encantei -- mas não pude evitar um acesso de riso ao ler não mais do que as manchetes do número em curso.
Estou absolutamente certo que quando abrir para ler as matérias, vou rir às bandeiras despregadas, como se dizia antigamente...
Vejam as manchetes; eu acrescento os comentários maldosos, entre colchetes: [xxx]

bibliotecadiplô e OUTRASPALAVRAS
Boletim de atualização de Outras Palavras e Biblioteca Diplô - Nº 30 - 28/2/2011

Cuba revê sua relação com a internet
Chegada de cabos óticos (foto) permitirá oferecer, em teoria, banda larga para todos. Mas qual será a política para o uso da rede? Por Leonardo Padura Fuentes

[PRA: Como assim? Cuba vai sentar com Madame internet e ver como será daqui prá frente? Vai distribuir banda larga no boleto de racionamento? Se for como na cartelita, deve dar para 12 dias por mês, no máximo, depois cada um deve comprar o resto no mercado negro...]

Retrocesso econômico: o ministro que se deve ouvir
Entrevista com Guido Mantega não esclarece motivo para aumento dos juros e cortes no Orçamento. Recomenda-se, para tanto, ouvir um ministro mais poderoso

[PRA: Que incompetente esse ministro da Fazenda; melhor falar com o seu antecessor, muito mais poderosos, para ver se ele tem alguma ideia mais palatável, do que ficar sempre aumentando juros e cortando o orçamento. Isso não é coisa que se faça. Aposto como o anterior, que justamente ordenou todas essas despesas orçamentárias, era incapaz de cometer esses gestos crueis com a economia popular...]

Previdência: as duas primeiras contribuições
Leitores atendem a chamado e apresentam alternativas à contra-reforma que a mídia julga necessária

[PRA: Essa mídia golpista! Sempre inventando um déficit da Previdência... Malhor falar com os futuros aposentados, ou aposentandos, diria alguém: eles não têm nenhum interesse em fazer uma contra-reforma, e sim em ter uma Previdência saudável, cheia de recursos, assim como ela é hoje. Outra Previdência é possível...]

Ainda estou rindo, desculpem. Agora vou abrir o meu "Diplô"...

Paulo Roberto de Almeida

Serviço de utilidade publica: nova forma de roubo

Recebido, como sempre ocorre, pela internet, e suficientemente importante para merecer postagem aqui, como informação de interesse relevante para nossa vida diária, num Brasil cada vez mais entrega à violência e à delinquência.
Só tem um problema de Português, que é o de misturar o tratamento "você" com "tu", mas esses pequenos atentados cometidos contra a língua não correm o risco de matar ninguém...
Paulo Roberto de Almeida

UM ALERTA PARA TODOS - NOVA FORMA DE ROUBO

A imaginação dos marginais não tem limites...
Esperam num estacionamento, e depois de você sair do carro, eles mudam a placa e ficam à espera.
Depois, te seguem, te ultrapassam e mostram a placa pela janela, como se ela se tivesse desprendido do teu carro.
Talvez você fique um pouco espantado por ver a tua placa ali mas, sem desconfiar e porque acha que ela caiu, resolve parar para recuperá-la e agradecer a quem tão "generosamente" deseja devolver a placa que você nem reparou que tinha caído...
Parar é tudo o que eles querem que você faça e aí já é tarde demais e terá sorte se não for violentamente tratado, raptado, ferido ou morto (que ironia: será ótimo se for apenas um assalto).
Não pare, seja por que motivo for. Uma placa não é nada, comparada com a tua integridade física.
Pense no que poderá acontecer, antes de agir.

Os criminosos são espertos e podem ser extremamente violentos quando querem conseguir alguma coisa.

Este e-mail é para defesa de todos.

Minitratados sobre as grandes questoes da humanidade: apenas deixando de ser serio, por uma vez

Recebo, de vez em quando, algum comentário sobre meus posts menos sérios, digamos assim.
Por posts menos sérios eu quero indicar aqueles que não têm nenhum outro objetivo senão o de me distrair um pouco, saindo daqueles textos prolixos -- e por vezes chatos -- que costumo escrever, para adentrar no terreno do "divertissement".
Isso acontece quando deparo com alguma palavra, ou situação -- pode ser um simples ponto de exclamação, bem ou mal colocado (não importa agora) -- que me faz refletir sobre os imponderáveis da existência humana e sobre os mais graves problemas que assolam a humanidade.
Enfim, coisas como os desencontros, os subterfúgios, as "dérobades" -- preciso encontrar o equivalente exato, em Português, dessa palavra francesa; alguém me ajude, por favor -- mas também podem ser simples regras ou normas gramaticais, como as reticências e as entrelinhas.
A vida já é bastante complicada como ela é: os meus minitratados têm, precisamente, a intenção de fazê-la ainda mais complicada, ao discorrer de maneira pedante sobre problemas simples.
Mas, pelo menos, eu me divirto assim...
Abaixo, uma relação dos minitratados produzidos até agora, sem transcrição completa, mas com os links para sua leitura integral.
Ainda tenho outros no pipeline, mas aceito sugestões para novos minitratados.
Só uma condição: eles não podem ser sobre nenhum problema realmente importante para a humanidade.
Para isso já temos revistas, jornais e livros em número suficiente.
Apenas divertissement, lembrem-se...
Paulo Roberto de Almeida

Série dos minitratados (so far...)

1) Minitratado das reticências:
Pouca gente dotada de uma certa familiaridade com a palavra escrita consegue atribuir real importância às reticências, inclusive este cidadão que aqui escreve. Quero falar das reticências stricto sensu, isto é, os famosos três pontinhos ao final de alguma frase ou expressão...
Ler a suite deste minitratado neste link.

2) Minitratado das interrogações:
Interrogantes são inerentes à espécie humana, e talvez mesmo a certos primatas. Determinadas escolhas, ou caminhos, nos levam a uma situação de melhor conforto material ou de maior segurança pessoal, sem que, no entanto, saibamos, ou tenhamos certeza, ao início, que aquela opção selecionada é, de fato, a de melhor retorno ou benefício possível. Dúvidas, questionamentos, angústias, em face das possibilidades abertas em nossa existência, são inevitáveis em todas as etapas e circunstâncias da vida. Daí a interrogação, normalmente simbolizada pelo sinal sinuoso que colocamos ao final de certas frases: ?
Ler a suite deste minitratado neste link.

3) Minitratado das entrelinhas:
Tratados, em geral, costumam ser solenes, como convém aos grandes textos declaratórios, escritos em tom impessoal e devendo refletir alguma realidade objetiva, uma relação entre Estados...
Minitratados, por suposição, deveriam ser versões reduzidas de seus irmãos maiores...
Ler a suite deste minitratado neste link.

4) Minitratado da imaginação:
A imaginação não é um simples sentido natural, e sim um ato da vontade, embora não possamos impedir nossa própria consciência de imaginar “coisas”. Mas essas coisas imaginadas são instruídas, orientadas, criadas e administradas por nós, como se fossemos um diretor de cinema ou de teatro, quando eles dizem aos atores como o script deve ser realmente lido e interpretado.
Ler a suite deste minitratado neste link.

5) Minitratado da reencarnação:
Não, não quero falar da reencarnação "real", aquela na qual acreditam piamente hindus e tibetanos, pelo menos os religiosos, nisso seguindo, ao que parece, os antigos egípcios, que já não estão mais entre nós para contar como a sua, supostamente rica, experiência nessa matéria. Os primeiros são radicais, capazes até de interromper a construção de um templo por uma minhoca que apareceu no canteiro de obras; afinal, nunca se sabe: pode ser a mãe de alguém. Enfim, se os egípcios ainda nos assustam com múmias de Hollywood, os outros nunca provaram o que afirmam.
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OK, OK, já tem vários na fila, cada um mais desimportante que o outro; os mais estranhos passam na frente...
Paulo Roberto de Almeida

Minitratado da Reencarnação - Paulo Roberto de Almeida


Minitratado da Reencarnação

Paulo Roberto de Almeida

Não, não quero falar da reencarnação “real”, aquela na qual acreditam piamente hindus e tibetanos, pelo menos os religiosos, nisso seguindo, ao que parece, os antigos egípcios, que já não estão mais entre nós para contar como era a sua experiência nessa matéria, supostamente rica. Os primeiros são radicais, capazes até de interromper a construção de um templo por uma minhoca que apareceu no canteiro de obras; afinal, nunca se sabe: pode ser a mãe de alguém. Enfim, se os egípcios ainda nos assustam com múmias de Hollywood, os outros nunca provaram o que afirmam.
Quero falar de outra reencarnação, de tipo virtual; uma que mobilizaria, ao que parece, os simples escritores, ou escrevinhadores, como eu, que ficam imaginando vidas alternativas com base no famoso what if?, isto é, o que eu faria se me fosse dado retomar o curso (que dizem retilíneo) da história, se eu pudesse inverter a flecha irrecorrível do tempo? O que eu faria se pudesse reescrever meu itinerário, se me fosse dado viver a mesma vida, mas escolhendo, com o benefício do hindsight, o melhor caminho para algumas das velhas (ou novas, diferentes) situações, se eu pudesse prever as consequências e fazer, assim, as escolhas mais convenientes?
Em outros termos, o que eu faria se me fosse dado configurar o “ótimo paretiano” de minha existência em nada extraordinária, mas bastante diferente da de muitos outros de minha geração? O que eu teria feito de diferente para, digamos, ficar rico, famoso e admirado? Bem, estou apenas usando uma figura de estilo. Nunca pensei em ficar rico, de verdade; embora, algumas vezes, as loterias, que eu não joguei, bem que poderiam ter ajudado a trocar algum carro velho. Mas todo mundo, pelos menos normal, sempre quer ser admirado pelos outros, o que implica ser famoso primeiro. Minhas vantagens comparativas nunca estiveram, hélas, nos esportes ou na música – sou o maior desafinado que jamais encontrei na vida e no mundo –, as duas áreas que mais rendem fama e dinheiro para os sortudos ou talentosos.
Minhas (poucas) vantagens comparativas sempre estiveram naquele setor infelizmente tão depreciado e desvalorizado no Brasil: a educação e a cultura. Fui um rato de biblioteca desde o início, e não poderia ser de outro modo, ao residir perto de uma biblioteca pública infantil. Enfim, poderia, sim, ter sido diferente, se eu tivesse preferido ficar mais tempo jogando pelada na rua, com a molecada do bairro, em lugar de me enterrar na biblioteca todos os dias depois da escola, e ainda retirar livros para ler em casa, no exato momento em que ela fechava, às 6 horas da tarde. Quase todo dia, eu levava um ou dois livros para casa, tentando devolvê-los já no dia seguinte; não era fácil, pois ler na cama, à contraluz, não era uma das coisas mais confortáveis que se pode imaginar para o devorador de livros que eu era (ainda sou).
Mas então o quê: como seria com alguma reencarnação de encomenda? Será que eu poderia ter ficado famoso como jogador de futebol? Não acredito! Eu só era um pouco menos ruim jogando que cantando; não creio que teria feito uma brilhante carreira do lado dos esportes e certamente nenhuma no campo das artes. Melhor, assim, ter ficado com os livros, que pelo menos me deram prazer intelectual, sem que eu me arriscasse a desafinar ou a desmantelar a armação do time a cada página virada.
Agora, retomando minhas opções preferenciais, como teria sido então? Com exceção de alguns poucos intelectuais de peso, quem, alguma vez, ficou famoso, no Brasil, por gostar de livros, ou por pretender ter uma carreira na educação, ou seja, no magistério e na redação de livros? Deveria eu trocar de reencarnação? Em qual tipo de personagem eu deveria reencarnar, exatamente? Teria de ser o contrário de tudo o que sempre gostei de fazer? Ler, refletir, escrever, eventualmente publicar o que resultar de tudo isso? Sei que jamais ficarei rico, muito menos famoso; mas quem sabe eu seria, enfim, admirado por todos aqueles que gostam dessas mesmas coisas?
OK, OK, então por onde começamos essa reencarnação dirigida para o que eu sempre gostei de fazer? Bem, eu recomeçaria exatamente pelo mesmo cenário infantil: uma biblioteca pública. O que mudaria, talvez, para aumentar minhas chances de sucesso no futuro projetado, seria a condição social de minha família: em lugar de pai e mãe que saíram da escola primária para trabalhar, pessoas de classe média. Não que eu tenha vergonha da pouca educação de meus pais, pois isso faz parte da vida, mas o fato é que eu cresci em uma casa sem livros e sem revistas ou jornais; seria preciso, pelo menos um pouco, dispor de dinheiro para comprar livros (e também aqueles sundays e banana-splits que eu cobiçava sem poder comprar).
Será que tudo é uma questão de dinheiro? Uma reencarnação com mais livros e mais dinheiro mudaria, de fato, a minha vida? Talvez ajudasse um pouco. Não creio que eu chegaria a ser, de verdade, muito diferente do que sou hoje: um amante dos livros, um obcecado por livros, um maluco que passa o seu tempo a ler, a refletir a partir dessas leituras e a escrever, colocando no papel as impressões de tudo isso. Um pouco mais de livros, não teria mudado essa “fatalidade”; afinal de contas, lendo o tempo todo, seria fisicamente impossível, talvez, ler mais ainda.
Enfim, se eu tivesse crescido em outro meio social, talvez eu pudesse ter comprado os livros que não estavam à minha disposição, nas várias bibliotecas que frequentava intensamente, e talvez tivesse publicado mais cedo, tendo alcançado aquela fama – não exatamente narcisista – que permite ter livros resenhados na grande imprensa e comentados pela chamada intelligentsia. Isso eu confesso que não consegui fazer, e talvez o meu projeto de reencarnação poderia ter ajudado em algo nesse departamento. Quem sabe eu poderia reencarnar como editor de mim mesmo? (Não! Isso seria uma fraude contra as boas práticas da difícil profissão de editor; os honestos, quero dizer, pois também existem os que fazem ação entre amigos.)

OK, reconheço agora que não estou escrevendo o que disse que iria fazer, ou seja, um minitratado da reencarnação; para restar fiel aos exemplos precedentes desta minha série, esta deveria ser uma peça sistemática, expondo rigorosamente, isto é, “cientificamente”, as bases da reencarnação, para depois retomar literariamente meu “outro” destino neste mundo tão imprevisível. O que na verdade flui do meu teclado é uma espécie de minibiografia saudosista falando apenas da minha obsessão por livros e pela palavra escrita. O que posso fazer se não sou perito nessa coisa de reencarnação, e sequer acredito nesse tipo de baboseira? Bem, peço o perdão dos crentes sinceros nesse tipo de coisa, ou seja, as “almas puras”. Acredito, também sinceramente, que os reencarnados verdadeiros, quando inteligentes, sempre têm coisas boas para contar.
Aqui entre nós, existem, de fato, reencarnados verdadeiros? Vocês também, como eu, não desconfiam dessas pessoas que pretendem ser a reencarnação de Cleópatra, de Júlio Cesar, de Napoleão? Nunca encontrei alguém que dissesse ter sido a reencarnação de algum escravo egípcio que construiu as pirâmides dos grandes faraós, que foi um dos assassinos do mesmo Cesar, ou um simples soldado de Napoleão, que morreu nas planícies geladas da Ucrânia, na inútil tentativa de voltar para casa. Alguém admite ter sido uma simples minhoca, como aquelas mães de tibetanos? Todos pretendem ter vivido algum personagem famoso. Blefe, tudo isso!

Bem, voltando ao meu projeto de reencarnação, ou melhor, ao espírito deste meu minitratado, quero dizer simplesmente isto: o que todo mundo procura, afinal, numa eventual volta ao mundo em condições melhores do que as anteriores – sim, também não conheço ninguém que pretenda voltar pior – é que, salvo um acidente ocasional, uma surpresa do acaso, é a virtude de pelo menos ser feliz no amor. Como teria sido se, em lugar daquela timidez incontrolável, eu tivesse tido a coragem de falar com aquela loirinha da terceira fila, tê-la convidado para o cinema de domingo, supondo-se que eu também teria dinheiro para o sorvete na saída? Como teria sido se eu tivesse tido a coragem de dar-lhe um beijo, e declarar o meu amor eterno? OK, mudando agora de assunto: suponhamos que eu tivesse tido a chance de ter ajudado no trabalho escolar da filha daquele editor famoso, que ele tivesse em seguida me convidado para escrever meu primeiro livro para jovens do ensino médio? Eu já teria sido famoso antes de entrar na Faculdade, onde eu evidentemente assombraria os professores com a minha erudição fenomenal e precoce. Talvez fosse convidado para ser assistente daquele famoso sociólogo que depois virou presidente por acaso...

Mas que coisa: estou sonhando. Reencarnação não existe, e o melhor que podemos fazer por nós mesmos é levar esta vida terrena – a única de que dispomos – de forma responsável, tentando ser bons para nós mesmos, para todos os que nos cercam, sem esquecer a humanidade em seu conjunto (estou sendo exagerado e pretensiosamente generoso, claro). Creio que a essência e o princípio de tudo para merecer uma boa reencarnação – para os que acreditam nessas coisas, claro – é fazer isso mesmo o que acabo de escrever: deixar o mundo melhor, pelo menos um pouco melhor, do que aqueles que encontramos quando aqui chegamos. Afinal de contas, somos todos responsáveis pela administração deste pequeno planeta perdido na imensidão da galáxia. Boa sorte aos que reencarnarem. É melhor ser ativo aqui mesmo, sem perda de tempo e sem esperar um ponto de partida melhor.
Ser responsável com o mundo e a espécie humana é difícil, mas isso se faz pelo trabalho honesto, pela participação cidadã nos negócios da comunidade, pela elevação material e espiritual – isto é, pela educação e cultura – de todos os que nos cercam e de todos aqueles que podem se beneficiar de nossas boas ações. Em resumo, devemos sempre visar bastante alto em nossos objetivos de vida, para que consigamos realizar pelo menos uma parte de tudo aquilo que almejamos. Isso, supostamente, nos traria um vale-brinde para a reencarnação, a ser descontado em algum momento de nossas vidas (inclusive, e de preferência, nesta aqui mesmo, na terrena). Pode também valer um ingresso em algum livro de recordações.
Em todo caso, boa sorte a todos os que miram na reencarnação. A minha, virtual, já está feita: ela se expressa naquilo que escrevo e publico. Vale!

Brasília, 28 de fevereiro de 2011 [Revisão: 05/11/2011]

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Livros: extorsivos no Brasil, baratissimos na Abebooks...

Meus caros companheiros de leitura,
Ainda não me recuperei do choque, raiva, frustração, por ter pago 89 reais (53 dólares) por uma tradução vagabunda e um Português horroroso de um livro de um historiador inglês, publicado por uma Editora brasileira inqualificável de criminosa (pela edição, talvez não pelo preço), quando eu poderia ter pago 5 dólares um usado na Abebooks, ou downloadado por 11 dólares no Kindle.

Pois hoje eu tinha de citar um livro que já possuo (comprei o meu em Hong Kong, por algo como 16 dólares, mas ainda não me chegou da China), e verifiquei rapidamente no site da Cultura. Deu isto:

Donos Do Dinheiro, Os (em Portugues) (2010)
AHAMED, LIAQUAT
CAMPUS
Preço R$ 109,90
ou
Lords Of Finance - The Bankers Who Broke The World (em Ingles) (2009)
AHAMED, LIAQUAT
PENGUIN USA
Preço R$ 41,22

Ou seja, no caso da edição brasileira CUSTA APENAS US# 64,50 e na edição original US$ 24,40.

Vejo agora na Amazon, edição Kindle: US$ 11,99 (como sempre)
E na Abebooks:
Lords of Finance: The Bankers Who Broke the World (ISBN: 0143116800 / 0-14-311680-0)
Liaquat Ahamed
Bookseller: MissionBasedBooks LLC
(Ann Arbor, MI, U.S.A.)
Bookseller Rating:
Quantity Available: 1
Book Description: Penguin (Non-Classics). Book Condition: Used - Good. Used - Good. Bookseller
Price: US$ 3.58
Frete para o Brasil: US$ 15,-

Ou seja, por menos de 19 reais (se você possuir um Kindle, você pode recebé-lo imediatamente, embora nem todos gostem de ler na pequena tela, sem poder folhear o livro, consultar index, notas bibliografia, etc).
Mas, por menos de 32 reais, você pode ter o livro em casa, se esperar 3 semanas, aproximadamente.

Por que pagar, então R$ 109 ???
Só maluco...
Com 70 reais dá para comer muito bem num bom restaurante, tomar um café e ler o seu livro deitado na rede...

Extorsivo Brasil...

Faraos, mullahs, mandarins, etc. - Ricardo Velez Rodriguez

Um interessante artigo de um colega acadêmico liberal, sobre as revoltas em curso em países muçulmanos (e se a sorte ajudar, na China). Partilho amplamente da visão do professor.
Tanto é assim que, seis dias antes da publicação desse artigo, abaixo transcrito, eu escrevia (e postava neste blog dois dias depois), este meu artigo:

Reflexões ao léu, 2: sobre as revoltas nos países islâmicos
QUINTA-FEIRA, 24 DE FEVEREIRO DE 2011

A conferir nossos pontos de vista, portanto.
Paulo Roberto de Almeida

Faraós, califas, mulás, sovietes e mandarins
RICARDO VÉLEZ RODRÍGUEZ
O Estado de S.Paulo, 26 de fevereiro de 2011

A revolta que assombra os países islâmicos coloca uma questão: as respectivas sociedades, em que pese a diversidade delas, na Tunísia, no Egito, na Argélia, no Iêmen, no Irã, na Líbia, no Marrocos, no Bahrein, etc., buscam uma coisa: melhores condições de vida, liberdade e participação. Tudo isso comunicado, em rede, pelas pessoas, driblando controles policiais e censuras. Um primeiro capítulo dessa onda libertária ocorreu no final do século passado, quando desabaram as ditaduras da União Soviética e do Leste Europeu e quando os cubanos fugiram em massa para Miami, no episódio conhecido como os "Marielitos", na época do governo Reagan. Terremoto semelhante ocorreu na China, com a ocupação da Praza da Paz Celestial pelos estudantes, primeiro, e, depois, pelos tanques.

Uma conclusão salta à vista: o que os revoltosos de ontem e de hoje procuram é o que sempre foi apregoado pelas democracias liberais: liberdade de ir e vir, liberdade para empreender negócios, liberdade de pensamento e expressão, liberdade para as mulheres e para as minorias, controle da sociedade civil sobre o aparelho do Estado, conquista do conforto como expressão do desenvolvimento econômico, tolerância, pluralismo, enfim, tudo aquilo que as elites corruptas dos países sacudidos pela onda de insatisfação negam aos seus cidadãos.

Palmas para o liberalismo que consegue, em pleno século 21, seduzir com os seus ideais as grandes massas dos países que ficaram por fora das reformas ensejadas no Ocidente pelos seguidores de Locke, Tocqueville e Adam Smith. Os ideais liberais superaram a prova da História, não ocorrendo assim com os ideais totalitários de Marx e quejandos.

No final da primeira década do século 21 encontramos, consolidada pela opinião pública mundial, a modalidade de Estado contratualista estudado pelos liberais doutrinários e por Max Weber. Segundo o pensador alemão e os seus precursores franceses (Benjamin Constant, Guizot, Tocqueville, etc.), ali onde houve uma experiência feudal completa, as respectivas sociedades se diversificaram em ordens diferentes de interesses, que ensejaram o surgimento das classes sociais, sendo o jogo político uma luta entre elas. Esse processo ensejou o moderno parlamentarismo, civilizada arena onde se realiza o confronto entre interesses diversos, abandonando o campo da guerra civil. A alternativa a esse modelo liberal ficou por conta do pensamento de Rousseau, ao longo dos três últimos séculos, que consolidou o ideal da democracia totalitária, alicerçada na unanimidade construída mediante a eliminação da dissidência.

Ora, a luta que observamos presentemente é uma reação de sociedades dominadas por ditaduras, que se constituíram em herdeiras do velho despotismo oriental. O que egípcios, tunisianos, iemenitas, iranianos, chineses dissidentes, etc. buscam é a substituição do modelo do patrimonialismo hidráulico por arquétipos inspirados na prática da representação política e de respeito aos direitos individuais. Ora, isso é possível, inclusive no seio de sociedades diferentes das ocidentais. A Turquia encarna hoje, por exemplo, um regime que se aproxima das modernas democracias.

As ditaduras somente são aceitáveis para aqueles que dominam, jamais para os dominados. Como dizia Talleyrand, a raposa aristocrática, a Napoleão: "Sire, as baionetas servem para muitas coisas, menos para se sentar encima delas." Ou seja: você, governante, quer estabilidade? Construa a livre participação dos seus cidadãos! Essa, aliás, foi a genial lição que o nosso precursor liberal Silvestre Pinheiro Ferreira passou ao seu chefe, Dom João VI, no final da primeira década do século 19, nas suas famosas Cartas sobre a Revolução Brasileira.

Faraós, califas, sovietes, mulás e mandarins jamais conseguiram - nem conseguirão - satisfazer às suas respectivas sociedades, porque está viciado, ab origine, o modelo de patrimonialismo oriental em que se inspiram e que se define como a organização do Estado como se fosse propriedade familiar de uma casta, de um czar ou de uma oligarquia.

Chamou-me a atenção uma reportagem que li num jornal canadense no ano passado: o maior grupo étnico de milionários que busca residência no Canadá é constituído pelas famílias de altos dirigentes chineses. O repórter indagava acerca das razões dessa preferência. O motivo alegado por eles era bem curioso: a China, sim, é uma grande potência econômica e política. Mas ninguém tem certeza de que as conquistas de bem-estar atingidas pela elite - calculada em 400 milhões de pessoas - serão garantidas para as próximas gerações. Assim sendo, os mandarins cuidam para que as suas famílias passem a gozar das benesses do desenvolvimento, não na terrinha (pátria do despotismo hidráulico), mas ali onde estão garantidas, por uma longa tradição liberal, as conquistas dos indivíduos. Ou seja: a China pode ser uma grande potência, mas não é o paraíso, mesmo para as famílias dos seus dirigentes, que preferem um país desenvolvido do Ocidente para ali gozarem as benesses do progresso e do conforto, com a certeza de que esses direitos serão garantidos num clima de liberdade.

A América Latina, na trilha do populismo da última década, abjura justamente o liberalismo e fica presa à manutenção de odiosos privilégios oligárquicos (vide os pactos realistas do partido governante no Brasil com ícones da oligarquia nordestina, que ainda conseguem manter sob censura o mais importante diário do País, justamente por ter sido denunciada nas suas páginas a prática de arcaico patrimonialismo). Nesse ponto, o Brasil consegue ser ainda mais retardatário que o Egito, onde caiu o faraó de plantão, enquanto nós mantemos, felás pagadores de impostos, os privilégios de odiosa nomenclatura em que se converteu a nossa classe política.

COORDENADOR DO CENTRO DE PESQUISAS ESTRATÉGICAS DA UFJF E-MAIL: RIVE2001@GMAIL.COM

Europa maior que os EUA?: deve ser a sede do FMI?

A despeito de interessante, este artigo tem uma falha: a Europa tem, realmente, no conjunto dos 27 membros, um PIB maior do que o dos EUA, e um comércio global superior ao comércio exterior dos EUA.
Mas ela não tem uma moeda única a 27: são apenas 17 (com certo esforço) os membros da Eurolândia e não se imagina que a força do euro se torne superior à do dólar antes de algum tempo.
Assim, os EUA ainda são a economia mais importante -- mesmo quando a China ultrapassar o PIB americano, em mais alguns anos -- e a mais influente no mundo.
Paulo Roberto de Almeida

Iran defeats Russia, Europe overtakes USA
Author: Dr. Greg Austin
New Europe, 27 February 2011 - Issue : 924

International competition has many levels. In Brussels this past week, Prime Minister Putin felt the need to disparage the leadership of Iran as a negative outcome of European foreign policy. After railing against alleged “European” support of Ayatollah Khomeini before 1979, Putin took on Palestine.

"Not long ago at all, our partners came out actively for honest democratic elections in the Palestinian territories," Putin said. "Wonderful! Well done, lads! And it turns out Hamas wins, the same people you are calling a terrorist organization and have started to fight against." (Moscow Times).

At one level of politics, Putin’s analysis of Iran and Palestine is rational. On another level, there is a deep neuralgia in Russia about the Muslim world. Putin said that Russia was concerned about the consequences of the recent uprisings in Arab countries for Russian security. He also warned (correctly) that the events could have negative consequences for Europe. The underlying anxiety here is not unique to Mr Putin. He is showing a discomfort here many Western leaders share and that will only grow.

The anxiety comes about because of shifting power relationships in many fields of national endeavor. On a much lower level, this was symbolized in a tantalizing way in the shock defeat of Russia by Iran (1-0) in a football friendly in Dubai on 9 February. Perhaps the patriotic, sports-loving Mr Putin was smarting from the defeat. The Dubai game, a warm-up for the Euro 2012 qualifiers, was only held in Dubai so that the Russian football federation could get the money from the TV rights involved in playing a team from the region.

More seriously though, the Putin visit to Brussels and the concerns he expressed reflect fundamental shifts in world power at a time when, with the uprisings, revolts and wars in the Muslim world, there is an historic shift under way in world politics. Russia’s relations with the European Union (EU) now look very different from three years ago. Russia has overtaken China as an economic partner of the EU and Putin is determined to make Russia and the EU partners in international security affairs as well.

At exactly the time when the world press was trumpeting the statistic that the Chinese economy had overtaken the Japanese economy, and would eventually surpass the American economy, a different data set from the IMF revealed another shift. The US economy was correctly reassigned to number two spot behind the European Union in GDP on a Purchasing Power Parity basis. And Indian GDP is within a whisker of Japan’s. The bargaining power relationships within the G20 and IMF are shifting and on the global stage have shifted in Europe’s favor.
So, the EU is not a country, some might say. Yes, but it is an “economy”, a single economy, in a world where, as a good Marxists might tell you, economics is in command. The Articles of Agreement of the IMF (Section XIII) dictate that “The principal office of the Fund shall be located in the territory of the member having the largest quota”. Well the European Union now has almost double the quota of the United States, around 30 per cent of the total for the EU compared with just over 17 per cent for the United States, and China’s un-naturally low 3.72 per cent. So the IMF headquarters really should move to Europe.

Journalistic flourishes aside, what does this growing list of re-alignments of politics and power mean? At the very least, in economic and social terms, it means that the initiative for change, the impulse for reform and the power for transformation are slipping even faster from American hands. Russia knows it and is looking for European partnership, especially to secure the southern flanks not just of Russia but of Europe as a whole.