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terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Arminio Fraga alerta para o descontrole fiscal (FSP)

NÃO SE PODE IGNORAR OS EFEITOS COLATERAIS DA PEC DA TRANSIÇÃO!

Arminio Fraga, sócio-fundador da Gávea Investimentos, presidente dos conselhos do IEPS e do IMDS e ex-presidente do Banco Central
Folha de S. Paulo, 24/12/2022 

O governo Lula não tomou posse ainda, mas já vem dando sinais importantes sobre que caminho tomará na área econômica. Em seus dois mandatos, o presidente Lula manteve a política de responsabilidade fiscal que herdou de seu antecessor. Foram anos de superávits primários, salvo a correta política de expansão em resposta à grande crise global de 2008.

O presidente eleito manteve também ou ampliou uma agenda de reformas voltadas para a redução das desigualdades e o aumento da produtividade. Foi um bom período para a economia, que cresceu um pouco mais do que o resto da América Latina (mas bastante menos do que a média dos países emergentes).

Durante a campanha, o candidato Lula evitou entrar em detalhes quanto à sua visão do futuro fiscal do país, mencionando apenas o seu histórico como garantia de bom comportamento. Passados dois meses das eleições, tudo indica que o superávit primário de 0,6% do PIB em 2022 se transformará em 2023 em um déficit próximo de 2,0%. Alguma deterioração fiscal já era esperada, em razão de fatores não recorrentes como o congelamento dos salários e a alta das commodities. No entanto, me parece imprudente ignorar os efeitos colaterais dessa expansão fiscal, reforçados por sinais explícitos de falta de apreço pela responsabilidade fiscal que tanto bem fez ao país enquanto durou. Vejamos alguns.

Em primeiro lugar, em razão da alta da inflação a partir de 2021, o BC (Banco Central) vem elevando a taxa de juros, em linha com sua missão precípua. O esforço vem dando resultado, mas as expectativas de inflação embutidas nas taxas de juros dos títulos do governo ainda apontam para uma inflação de 6,5% ao ano a perder de vista, o que significa que o trabalho do BC está longe de estar concluído.

A economia superou a crise associada à pandemia e mostra razoável dinamismo no mercado de trabalho. Nesse contexto, uma substancial expansão fiscal como a que está sendo gestada pressionaria a inflação para cima e, portanto, representaria uma frontal contradição com o trabalho do BC, que seria forçado a aumentar ainda mais as taxas de juros. Ou seja, um grave erro, semelhante ao cometido no governo Dilma e que resultou na profunda recessão de 2015-16.

Em segundo lugar (e, como consequência do que tudo indica, será um bate-cabeça entre as políticas fiscal e monetária), a dívida pública retomaria uma ainda mais acelerada trajetória de crescimento. Tal crescimento seria fonte de elevada incerteza quanto ao futuro da economia, ensejando cenários de alta da inflação, depreciação do real, alta dos juros, aumento da carga tributária, recessão e desemprego.

O futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vem sinalizando a intenção de reintroduzir uma âncora fiscal, o que seria de todo desejável. Do que se trata? Basicamente de um compromisso com uma política fiscal que mantenha em níveis razoáveis o gasto e a dívida públicos. Uma possibilidade aventada recentemente nesta Folha por Marcos Mendes e por mim seria recuperar elementos da Lei de Responsabilidade Fiscal e do teto de gastos. O foco maior seria no controle do gasto público, posto que a carga tributária no Brasil já é bastante elevada para um país de renda média, salvo no que tange à eliminação das brechas regressivas das regras do Imposto de Renda.

Tal ajuste teria que ocorrer nas rubricas mais relevantes, como a folha de pagamentos e a Previdência. Em todas, o ajuste poderia e deveria contribuir diretamente para uma redução da desigualdade de renda, algo que certamente deveria fazer parte dos planos de um governo de centro-esquerda de um país tão desigual como o nosso.

Não há chance de sucesso sem encarar esse desafio, mas as resistências serão ferozes, como sempre. Nessas horas, cabe a nossos líderes lembrar que com o grande ajuste ocorreria uma relevante queda nos prêmios de risco na economia, elemento essencial para a construção de um círculo virtuoso de crescimento e estabilidade.

Mas, mais importante do que uma nova âncora, que em um primeiro momento careceria de credibilidade, seria anunciar (e cumprir) metas para o saldo primário e o gasto público por, pelo menos, três anos. Como sugestão, no mínimo, eu apontaria uma imediata redução do déficit primário projetado para o ano que vem para, no máximo, 1% do PIB, seguido de superávits primários de 0,5% em 2024 e 2% em 2025. Para que não reste dúvida, estou falando de gastos adicionais bem inferiores aos que foram aprovados na PEC de Transição ou a partir de decisões do STF.

Seria um primeiro passo na direção de um gasto público genuinamente mais voltado para o social, sem a quase certeza da volta da inflação e da recessão que sempre trouxeram tanto sofrimento à população.

Olhando mais adiante, o ideal seria chegar a 2026 com um saldo primário que pusesse em queda a relação dívida/PIB. Esse resultado depende também dos níveis da taxa de juros (r) e da taxa de crescimento da economia (g). Quanto menor a famosa diferença "r menos g", melhor. Essa diferença depende de uma miríade de fatores qualitativos e institucionais que contribuem para aumentar a produtividade e reduzir a incerteza na economia.

Há muito espaço para avançar, mas todo cuidado aqui é pouco. Propostas de revisão para pior dos marcos legais do saneamento e das estatais sinalizam a volta a um Brasil velho, desigual e incapaz de crescer de forma sustentada e inclusiva.

Finalmente, resta o argumento de que a responsabilidade social tem pressa. Tem que ter mesmo. Mas, como procurei demonstrar aqui, a expansão fiscal ora em consideração seria um tiro pela culatra. E não custa lembrar que as consequências políticas de um fracasso econômico seriam nefastas.


quinta-feira, 18 de agosto de 2022

Radicalização cresce no Telegram e grupos bolsonaristas pedem até ‘contragolpe’ no STF (Estadão)

 Parece que o “golpe” está sendo furiosamente preparado pelos malucos bolsonaristas. O xerife Xandão vai ter de entrar em ação antes do fatídico 7 de setembro do bicentenário. Leiam esta longa reportagem do Estadão.

Paulo Roberto de Almeida

Radicalização cresce no Telegram e grupos bolsonaristas pedem até ‘contragolpe’ no STF

Estudo revela troca de mensagens com desinformação sobre a covid-19 e existência de um suposto complô para fraudar a eleição, além de estratégias para escapar de monitoramento na plataforma

Redação, Estadão, 17 de agosto de 2022 | 12h26


A radicalização nos grupos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) no Telegram aumenta na medida em que a eleição se aproxima. Usuários do aplicativo de troca de mensagens chegam a pedir um “contragolpe” das Forças Armadas contra o Supremo Tribunal Federal (STF), além de adotar estratégias para escapar da moderação e do monitoramento de conteúdos na plataforma.

O relatório Democracia Digital, elaborado por pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), mostra a intensificação dos ataques à Corte desde junho, quando se tornaram mais frequentes as convocações para os atos de 7 de Setembro. Bolsonaro tem chamado reiteradamente apoiadores a participar das manifestações.

Logo do Telegram aparece em cima de teclado e à frente de tela escura que exibe códigos binários na cor verde

No Telegram, o Estadão detectou mensagens em grupos bolsonaristas que estimulam apoiadores do presidente a irem às ruas com faixas nas quais defendam a convocação das Forças Armadas para a elaboração de uma nova Constituição que criminalize o comunismo. Foto: Dado Ruvic/Reuters

No ano passado, o feriado da Independência ficou marcado pelo discurso inflamado do presidente contra ministros do Supremo, em São Paulo. Em junho deste ano, os pedidos de apoio ao voto impresso – principal pauta dos protestos de 2021 –, diminuíram significativamente para dar lugar a discursos de incitação a um golpe de Estado.

“Percebe-se um forte esforço para fomentar a percepção de ameaça e de vitimização, que justifica a necessidade de ação imediata”, diz o relatório Democracia Digital. O presidente é um defensor do voto impresso e, mesmo sem apresentar provas, põe sob suspeita o sistema de votação eletrônica, ao afirmar que as urnas são passíveis de fraude. Bolsonaro tem se recusado, ainda, a dizer se reconhecerá o resultado do pleito, caso seja derrotado.

Print de conversa do Telegram detectado pelo Estadão. Ministro Alexandre de Moraes é constantemente menciona em grupos. Foto: Reprodução

O levantamento analisou conteúdos publicados entre o primeiro dia de janeiro e o último de junho deste ano. Foram mais de 6,4 milhões de mensagens coletadas em 156 grupos – onde é possível discutir assuntos entre usuários – e 479 canais do Telegram – que funcionam como listas de transmissão. Foram capturadas, ainda, 641 mil imagens no aplicativo. Segundo pesquisa Mobile Time/Opinion Box de fevereiro deste ano, o Telegram está instalado em 60% dos smartphones no Brasil. Em junho, se tornou o 4º aplicativo mais popular do Brasil em presença na homescreen (tela inicial do dispositivo).

Os pesquisadores desenvolveram um filtro para mensagens de texto com menção a termos específicos. Das 112.636 mensagens publicadas nesse formato em 145 grupos e 349 canais analisados, destacam-se desinformação sobre a covid-19 e a existência de um suposto complô para fraudar a eleição e impedir a vitória de Bolsonaro.

“O número de mensagens que estão aparecendo sobre o 7 de Setembro desde o início deste ano é muito maior do que no ano passado”, diz Leonardo Nascimento, um dos coordenadores da pesquisa, produzida em parceria com Letícia Maria Cesarino e Paulo Fonseca.

Convocação

No Telegram, o Estadão detectou mensagens em grupos bolsonaristas que estimulam apoiadores do presidente a irem às ruas com faixas nas quais defendam a convocação das Forças Armadas para a elaboração de uma nova Constituição que criminalize o comunismo. Uma delas pede a destituição dos ministros do STF, com exceção de Kássio Nunes Marques e André Mendonça, ambos indicados por Bolsonaro.

As mensagens de convocação justificam que o Exército precisa executar um “contragolpe” para impedir que o PT e o Supremo deem um golpe de Estado por meio de uma fraude eleitoral. Hoje, Luiz Inácio Lula da Silva, petista e ex-presidente, lidera as pesquisas de intenções de voto na corrida pelo Palácio do Planalto.

Print de conversa do Telegram detectado pelo Estadão. Grupos bolsonaristas afirmam que o STF já deu um golpe. Foto: Reprodução

Uma das mensagens afirma, ainda, que o País estaria em marcha para um “golpe nas eleições”. “É isso mesmo? Será que ninguém percebe que um Poder há muito tempo já arregaçou com a nossa Constituição e não está nem aí com as quatros linhas?”, questiona, em referência à expressão futebolística usada por Bolsonaro de que ele atua dentro das regras constitucionais. “(O dia) 7 de Setembro será nossa última chance”, diz o texto.

A professora de Comunicação, Mídia e Democracia da Universidade de Glasgow Patrícia Rossini diz que grupos políticos muito ativos e radicalizados seguem a lógica de transmissão do conteúdo para outros círculos, a fim de furar as bolhas do mundo digital. “São mensagens fortes e preocupantes do ponto de vista do ataque à democracia que podem chegar a grupos de família, amigos de confiança, que a maioria dos brasileiros está em pelo menos um”, afirma.

Estratégias

Em março deste ano, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, chegou a determinar a suspensão “completa e integral” do aplicativo de troca de mensagens russo, por descumprimento de medidas judiciais anteriores, que exigiam ações como o bloqueio de perfis ligados ao blogueiro bolsonarista Allan do Santos. Após a plataforma cumprir as medidas que haviam sido ordenadas, Moraes revogou a suspensão.

O aplicativo firmou um memorando de entendimento com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em abril. Das medidas tomadas para conter a disseminação de notícias falsas, o Telegram passou a monitorar diária e manualmente os cem canais mais populares do Brasil. Segundo a empresa, eles são responsáveis por 95% de todas as visualizações de mensagens públicas do aplicativo no País.

No entanto, para driblar a moderação, há grupos que cifram as mensagens, mostra o relatório. O “supergrupo B-38 oficial”, um dos principais aglomerados de apoiadores de Bolsonaro no Telegram, já foi suspenso em maio deste ano até que moderadores removessem um conteúdo ilegal. Desde que retomou as atividades no dia seguinte, usa um recurso automático de remoção das mensagens após 24 horas.

O estudo detectou também que há grupos que mudaram de nome mais de uma vez, realizaram eventos de apagamento de milhares de mensagens e restringiram o acesso, tornando-os privados e apenas possível de acessá-los por convite.

Outra ação adotada foi o uso de substituição de palavras-chave por códigos. Em vez de escrever STF, urnas eletrônicas ou até nomes de ministros com letras do alfabeto latino, usuários optam por mudar o S por $ e o A por 4, por exemplo. Com isso, os conteúdos ficam mais difíceis de serem encontrados em buscas ou por moderadores da plataforma. O mesmo recurso é usado por usuários do YouTube – site de exibição de vídeos – para fugir da moderação automática de conteúdo.

Recirculação

O YouTube lidera, em termos de links, os endereços divulgados no Telegram para redirecionar a outro conteúdo. Foram mais de 530 mil links gerados que levaram à rede.

Para Leonardo Nascimento, da UFBA, essa recirculação mostra que o desafio imposto pela desinformação é multiplataforma. “O problema não é o Telegram, mas o ecossistema de desinformação”, disse.

“Esforços individuais de plataformas específicas não vão resolver o problema da desinformação. É preciso esforços multiplataformas, com especialistas do governo e da academia analisando e, se possível, de maneira transnacional.”

O analista de dados do Rooted in Trust Brazil e pesquisador do Instituto Nacional de Tecnologia em Democracia Digital (INCT.DD) João Guilherme dos Santos vê facilidades na distribuição de desinformação quando o Telegram atua com o WhatsApp ou replica conteúdos do YouTube. “É muito importante entender o Telegram não como algo isolado, mas como uma peça, uma engrenagem dentro de uma arma”, diz.

Procurado, o Telegram não respondeu até a publicação desta reportagem. /Levy Teles e Gustavo Queiroz

Tudo o que sabemos sobre: TelegramEleições 2022fake newsgolpe militardemocraciaJair Bolsonaro”


Finalizo (PRA):

Parece que o Brasil está prestes a cair sob o comunismo, mas uma tropa de abnegados seguidores do capitão vai salvar o país desta desgraça. 

Retifico minha avaliação: não é mais apenas um fenômeno, mas tampouco é um movimento, no sentido clássico da palavra. Trata-se de uma loucura generalizada entre os mais extremados adoradores do “mito”, disseminada de forma errática em difeentes plataformas — com destaque para o Telegram - e que deveria culminar nessa catarse coletiva do 7/09.

Aux armes, citoyens, literalmente e para ambos os lados…

Paulo Roberto de Almeida

terça-feira, 16 de março de 2021

Carta dos Médicos do Brasil à Nação: assinada por dezenas de entidades médicas profissionais

 Carta dos Médicos do Brasil à Nação

Faz um ano, o Brasil registrava a primeira morte pelo vírus SARS-Cov-2, era março de 2020. Aos 9 de maio, marcávamos 10.000 vidas perdidas no embate com o novo coronavírus no país. Um mês após, mais um registro assustador: 1 milhão de infectados. Chegamos a 100.000 mortes em agosto de 2020 e a 200.000, cinco meses depois, em janeiro de 2021.

De janeiro para cá, passados pouco mais de dois meses, os números de infectados e os de mortes explodiram: hoje, caminhamos tristemente para contabilizar 300.000 óbitos. Os casos no País já vão para 12 milhões.

A progressão exponencial da epidemia evidencia insuficiências na rede de saúde. A realidade é que não há leitos em quantidade necessária para fazer frente à elevação vertiginosa da demanda; os profissionais de saúde, entre os quais, nós, os médicos, chegamos à exaustão, além da perda de várias vidas. Numericamente, já faltamos em várias regiões para atender esta demanda de casos jamais imaginada.

É nosso mais grave momento dessa emergência em saúde coletiva. A Covid-19 se mantém em ascensão e todos os números e carências tendem a piorar, se não houver uma resposta firme e coordenada. O Brasil requer união de suas inteligências, da soma de conhecimentos científicos, de estratégias unificadas e ação imediata. Não pode prevalecer a máxima do cada um por si.

Nós médicos, por ética, retidão e compromisso com os pacientes, dizemos claramente à Nação: o controle da situação nos foge às mãos, pois não estão sob nosso comando as ações e nem a gestão da saúde.

Nosso diagnóstico é de que apenas a obediência às regras de proteção – como o distanciamento social e o uso correto de máscara -, as iniciativas contínuas de testagem e rastreio de contactantes, juntamente com a vacinação em larga escala, são capazes de oferecer melhor prognóstico à população brasileira.

Vacinas já. Essa é a ideia que deve unir e reunir todos os brasileiros, em um só coro, de mãos dadas. Juntos, precisamos trabalhar urgentemente pela revisão de caminhos e prioridades.

Precisamos de certezas. Não podemos viver de estimativas que não encontrem respaldo na realidade. Precisamos saber exatamente quantas doses de vacinas teremos e quando efetivamente elas serão disponibilizadas para a população.

Um vai e vem de informações desencontradas, uma dança de números de eventuais lotes de vacinas que deverão chegar e depois não chegam só leva ao descrédito das autoridades de saúde e a desalento na população. Soluções concretas, e não promessas vazias, é o que precisamos. E já!

Temos de reafirmar, lembrar e relembrar, a cada instante, que o distanciamento social e uso de máscara salvam vidas. O remédio indispensável agora é a visão cidadã. Em 11 de março, esse senso de coletividade e solidariedade estava – permita-nos uma figura de linguagem simples para ilustrar – na Unidade de Terapia Intensiva. A adesão ao isolamento no País era de 33,4%. Baixíssima.

Conclamamos, portanto, o cidadão a assumir sua responsabilidade e a atuar pela ampla conscientização. O isolamento e uso de máscaras, repetimos, podem ser o diferencial para salvar a vida de avô, avó, pai, mãe, ou do filho, ou do amigo.

Diante do quadro de dificuldades e incertezas, também conclamamos cada um dos médicos do Brasil a ser um agente multiplicador da Medicina de excelência e da Ciência junto a todos os pacientes, aos colegas de trabalho e em seus círculos familiares e de amizades. Desmentir fake news e reforçar a relevância das regras de prevenção devem ser tarefas diárias. Assim também salvamos vidas.

Aproveitamos para comunicar aos cidadãos a criação do Comitê Extraordinário de Monitoramento Covid-19 (CEM COVID_AMB), composto pela Associação Médica Brasileira, com suas 27 federadas estaduais, e pelo conjunto das suas 54 sociedades de especialidades do País.

O CEM funcionará em regime permanente, enquanto durar a crise. Terá um núcleo executivo formado por médicos com legítima autoridade no campo da prevenção e da atenção aos pacientes acometidos pela doença.

Monitorará permanentemente a pandemia em todo o território nacional e as ações dos órgãos responsáveis pela saúde pública, com o intuito de consolidar informações e, a partir de cenários atualizados, transmitir orientações periódicas de conduta para cuidados e prevenção aos cidadãos e aos profissionais da Medicina.

Destacamos, por fim, que o momento torna necessárias comunicações recorrentes com esclarecimentos e orientações à saúde, por mais simples que pareçam. São elas a vacina, o combate às fake news e a conscientização individual e coletiva para as medidas gerais de prevenção.

Boletim 01/2021
Comitê Extraordinário de Monitoramento Covid-19 (CEM COVID_AMB)

1. A vacinação em massa, para todas as pessoas, é a medida ideal para controlarmos a velocidade de propagação do vírus. Entretanto, é impossível afirmar, nesse instante, em que momento isso ocorrerá;

2. Diante de tal quadro, o distanciamento social, com a menor circulação possível de pessoas, é conduta essencial para conter a propagação viral;

3. A conscientização e a atitude cidadã devem prevalecer sobre quaisquer outros aspectos e as regras preventivas seguidas à risca:

Uso correto de máscara – sempre
Distanciamento social
Evitar aglomerações
Manter o ambiente bem ventilado e higienizando
Ficar em isolamento respiratório assim que houver suspeita de Covid-19
Higienizar frequentemente as mãos, com água e sabão ou álcool gel a 70%.

“Nós, os médicos, estaremos sempre disponíveis para ajudar; e ajudaremos. Mas não trazemos a solução; hoje não a temos. A solução para a Covid não está nas mãos de mais de meio milhão de médicos do Brasil. Será resultado das atitudes responsáveis e solidárias de cada um dos cidadãos do País e das autoridades públicas responsáveis por implantar as medidas efetivas que se fazem necessárias para mitigar a enorme dor e sofrimento da população brasileira.”

ENTIDADES SIGNATÁRIAS DESSE DOCUMENTO

SOCIEDADES DE ESPECIALIDADES

Academia Brasileira de Neurologia
Associação Brasileira de Alergia e Imunologia
Associação Brasileira de Cirurgia Pediátrica
Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular
Associação Brasileira de Medicina de Emergência
Associação Brasileira de Medicina de Tráfego
Associação Brasileira de Medicina Física e Reabilitação
Associação Brasileira de Medicina Legal e Perícias Médicas
Associação Brasileira de Medicina Preventiva e Administração em Saúde
Associação Brasileira de Nutrologia
Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial
Associação Brasileira de Psiquiatria
Associação de Medicina Intensiva Brasileira
Associação Médica Homeopática Brasileira
Associação Nacional de Medicina do Trabalho
Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva
Colégio Brasileiro de Cirurgiões
Colégio Brasileiro de Radiologia
Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura
Conselho Brasileiro de Oftalmologia
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia
Federação Brasileira de Gastroenterologia Sociedade Brasileira de Anestesiologia
Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular
Sociedade Brasileira de Cardiologia
Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular
Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão
Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço
Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica
Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica
Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica
Sociedade Brasileira de Clínica Médica
Sociedade Brasileira de Coloproctologia
Sociedade Brasileira de Dermatologia
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva
Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica
Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia
Sociedade Brasileira de Infectologia
Sociedade Brasileira de Mastologia
Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade
Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte
Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear
Sociedade Brasileira de Nefrologia
Sociedade Brasileira de Neurocirurgia
Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica
Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia
Sociedade Brasileira de Patologia
Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial
Sociedade Brasileira de Pediatria
Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia
Sociedade Brasileira de Radioterapia
Sociedade Brasileira de Reumatologia
Sociedade Brasileira de Urologia

FEDERADAS AMB

Associação Médica do Acre
Sociedade de Medicina de Alagoas
Associação Médica do Amazonas
Associação Médica do Amapá
Associação Bahiana de Medicina
Associação Médica Cearense
Associação Médica de Brasília
Associação Médica do Espírito Santo
Associação Médica de Goiás
Associação Médica do Maranhão
Associação Médica de Minas Gerais
Associação Médica do Mato Grosso do Sul
Associação Médica do Mato Grosso
Sociedade Médico-Cirúrgica do Pará
Associação Médica de Pernambuco
Associação Piauiense de Medicina
Associação Médica da Paraíba
Associação Médica do Paraná
Sociedade Médica do Estado do Rio de Janeiro
Associação Médica do Rio Grande do Norte
Associação Médica de Rondônia
Associação Médica de Roraima
Associação Médica do Rio Grande do Sul
Associação Catarinense de Medicina
Sociedade Médica de Sergipe
Associação Paulista de Medicina
Associação Médica de Tocantins

São Paulo, 15 de março de 2021

NÚCLEO EXECUTIVO – CEM COVID_AMB

• Antonio Carlos Lopes, Sociedade Brasileira de Clínica Médica
• Bruno de Lima Naves, Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular
• Carlos André Uehara, Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia
• César Eduardo Fernandes, Associação Médica Brasileira
• Clóvis Arns da Cunha, Sociedade Brasileira de Infectologia
• Dante Mário Langhi Júnior, Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular
• Emanuel Savio Cavalcanti Sarinho, Associação Brasileira de Alergia e Imunologia
• Hélio Penna Guimarães, Associação Brasileira de Medicina de Emergência
• Irma de Godoy, Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia
• José Eduardo Lutaif Dolci, Associação Médica Brasileira
• José Luiz Gomes do Amaral, Associação Paulista de Medicina
• Suzana Margareth Ajeje Lobo, Associação de Medicina Intensiva Brasileira
• Zeliete Linhares Leite Zambon, Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade


segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Um alerta preventivo a meus colegas do Itamaraty - Paulo Roberto de Almeida

 Mensagem pessoal a meus colegas de carreira no Itamaraty

Paulo Roberto de Almeida

Um alerta fraternal a meus colegas do Itamaraty que estão colaborando, eu sei que em alguns casos involuntariamente (em outros com aquele gosto indecente de promoção e cargos de prestígio), com o projeto alucinado e alucinante do chanceler acidental, um capacho insano dos seus mestres (incluindo um mentecapto estrangeiro agora afastado do poder), ao introduzir essa fantasia antidiplomática do antiglobalismo no currículo do IRBr: vocês, um dia (quando a loucura for afastada), vão ser chamados de “colaboracionistas”, o que deve ser uma pecha terrível a levar em suas biografias pessoais (o resumo do CV do Itamaraty não trará esse detalhe).

Colaboracionista, como vocês devem saber, era o nome que os franceses deram àqueles que serviram ao ocupante nazista, alguns até por gosto, outros de forma relutante ou resignada. 

Os resistentes, como sempre, foram muito poucos, a maioria quando o fim do nefando regime já se prenunciava. 

Teremos esse cenário também no MRE, mas cabe sempre lembrar que certos episódios carregam marcas, deixam cicatrizes, lembranças amargas. 

No meu quilombo de resistência intelectual estou empenhado, como muitos sabem, em escrever uma história sincera do Itamaraty (que aliás é o título do prefácio de meu próximo livro da série sobre a diplomacia bolsolavista), e terei considerações a fazer sobre a miséria dos tempos atuais.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 18/01/2021

A fantasia delirante do globalismo entra no currículo do Instituto Rio Branco: https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/01/a-fantasia-delirante-do-globalismo.html - O que pode levar um diplomata tido como “normal” a derivar para a loucura? 1) ambição de poder; 2) a loucura já existia antes, apenas encoberta. Isto é EA, a Era dos Absurdos!

domingo, 18 de outubro de 2020

'A solvência do governo está em risco' - Affonso Celso Pastore (OESP)

'A solvência do governo está em risco'

    Affonso Celso Pastore, economista, ex-presidente do BC

    O Estado de S. Paulo16/10/2020


    Ex-presidente do Banco Central, o economista Affonso Celso Pastore avalia que a forte concentração de vencimentos de títulos do Tesouro Nacional no início de 2021 é um problema "seriíssimo" de administração da dívida pública.

    Ao Estadão, Pastore diz que o presidente Jair Bolsonaro, senadores e deputados têm feito "ouvidos moucos" aos riscos fiscais para a economia.

    l O que está acontecendo no mercado de dívida? A percepção de risco de solvência do governo piorou enormemente. No ano passado, a dívida bruta fechou em 78% do PIB. Ela vai fechar esse ano perto de 100%. O déficit primário vai ser 15% do PIB e o governo vai colocar uns 15% a mais de dívida. E o Tesouro tem de rolar toda a dívida que está vencendo. Como o risco de solvência aumentou, o mercado demanda um prêmio muito alto para comprar os papéis. Quanto mais longo, mais alto o risco.

    Para não aumentar mais o custo e piorar a dinâmica da dívida, o Tesouro está optando por trocar por títulos com vencimentos mais curtos, reduzindo ainda mais o prazo médio de vencimentos.

    l Mas o mercado está demandando cada vez mais prêmios? O mercado está demandando prêmios porque o risco de insolvência do governo cresceu.

    Se ele tivesse colocando títulos com prazos longos, estaria subindo o custo médio da dívida. A opção que fez foi de encurtar o prazo médio da dívida. O prazo médio já vinha encurtando desde que o País perdeu o grau de investimento. Nós já tivemos épocas que a dívida era rolada no overnight (aplicações financeiras de curtíssimo prazo). Lá nas calendas gregas, há muitos anos. Só que aquela dívida era de 30%, 40%. Não de 100%.

    l Por que integrantes do governo e do Congresso não acreditam no que está acontecendo? Nós tentamos explicar, eu tento, todo mundo tenta. Mas eles teimam em não entender.

    Fazem ouvidos moucos. Não estou falando do Tesouro, do BC. Esses sabem. Estou falando dos senadores, dos deputados e do presidente da República, que absolutamente não entendem o problema.

    l Falta uma estratégia de comunicação de saída dessa crise? Além da estratégia de comunicação, falta uma estratégia econômica que até hoje o ministro Paulo Guedes não explicitou qual é.



    domingo, 24 de dezembro de 2017

    Banco Central alerta sobre uso de moedas virtuais - BCB

    COMUNICADO Nº 31.379, DE 16 DE NOVEMBRO DE 2017 – Fonte BCB

    Alerta sobre os riscos decorrentes de operações de guarda e negociação das denominadas moedas virtuais.
    Considerando o crescente interesse dos agentes econômicos (sociedade e instituições) nas denominadas moedas virtuais, o Banco Central do Brasil alerta que estas não são emitidas nem garantidas por qualquer autoridade monetária, por isso não têm garantia de conversão para moedas soberanas, e tampouco são lastreadas em ativo real de qualquer espécie, ficando todo o risco com os detentores. Seu valor decorre exclusivamente da confiança conferida pelos indivíduos ao seu emissor.
    2. A compra e a guarda das denominadas moedas virtuais com finalidade especulativa estão sujeitas a riscos imponderáveis, incluindo, nesse caso, a possibilidade de perda de todo o capital investido, além da típica variação de seu preço. O armazenamento das moedas virtuais também apresenta o risco de o detentor desses ativos sofrer perdas patrimoniais.
    3. Destaca-se que as moedas virtuais, se utilizadas em atividades ilícitas, podem expor seus detentores a investigações conduzidas pelas autoridades públicas visando a apurar as responsabilidades penais e administrativas.
    4.  As empresas que negociam ou guardam as chamadas moedas virtuais em nome dos usuários, pessoas naturais ou jurídicas, não são reguladas, autorizadas ou supervisionadas pelo Banco Central do Brasil. Não há, no arcabouço legal e regulatório relacionado com o Sistema Financeiro Nacional, dispositivo específico sobre moedas virtuais. O Banco Central do Brasil, particularmente, não regula nem supervisiona operações com moedas virtuais.
    5. A denominada moeda virtual não se confunde com a definição de moeda eletrônica de que trata a Lei nº 12.865, de 9 de outubro de 2013, e sua regulamentação por meio de atos normativos editados pelo Banco Central do Brasil, conforme diretrizes do Conselho Monetário Nacional. Nos termos da definição constante nesse arcabouço regulatório consideram-se moeda eletrônica “os recursos em reais armazenados em dispositivo ou sistema eletrônico que permitem ao usuário final efetuar transação de pagamento”. Moeda eletrônica, portanto, é um modo de expressão de créditos denominados em reais. Por sua vez, as chamadas moedas virtuais não são referenciadas em reais ou em outras moedas estabelecidas por governos soberanos.
    6. É importante ressaltar que as operações com moedas virtuais e com outros instrumentos conexos que impliquem transferências internacionais referenciadas em moedas estrangeiras não afastam a obrigatoriedade de se observar as normas cambiais, em especial a realização de transações exclusivamente por meio de instituições autorizadas pelo Banco Central do Brasil a operar no mercado de câmbio.
    7. Embora as moedas virtuais tenham sido tema de debate internacional e de manifestações de autoridades monetárias e de outras autoridades públicas, não foi identificada, até a presente data, pelos organismos internacionais, a necessidade de regulamentação desses ativos. No Brasil, por enquanto, não se observam riscos relevantes para o Sistema Financeiro Nacional. Contudo, o Banco Central do Brasil permanece atento à evolução do uso das moedas virtuais, bem como acompanha as discussões nos foros internacionais sobre a matéria para fins de adoção de eventuais medidas, se for o caso, observadas as atribuições dos órgãos e das entidades competentes.
    8. Por fim, o Banco Central do Brasil afirma seu compromisso de apoiar as inovações financeiras, inclusive as baseadas em novas tecnologias que tornem o sistema financeiro mais seguro e eficiente. 
    Otávio Ribeiro Damaso - Diretor de Regulação 
    Reinaldo Le Grazie - Diretor de Política Monetária

    segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

    Serviço de utilidade publica: nova forma de roubo

    Recebido, como sempre ocorre, pela internet, e suficientemente importante para merecer postagem aqui, como informação de interesse relevante para nossa vida diária, num Brasil cada vez mais entrega à violência e à delinquência.
    Só tem um problema de Português, que é o de misturar o tratamento "você" com "tu", mas esses pequenos atentados cometidos contra a língua não correm o risco de matar ninguém...
    Paulo Roberto de Almeida

    UM ALERTA PARA TODOS - NOVA FORMA DE ROUBO

    A imaginação dos marginais não tem limites...
    Esperam num estacionamento, e depois de você sair do carro, eles mudam a placa e ficam à espera.
    Depois, te seguem, te ultrapassam e mostram a placa pela janela, como se ela se tivesse desprendido do teu carro.
    Talvez você fique um pouco espantado por ver a tua placa ali mas, sem desconfiar e porque acha que ela caiu, resolve parar para recuperá-la e agradecer a quem tão "generosamente" deseja devolver a placa que você nem reparou que tinha caído...
    Parar é tudo o que eles querem que você faça e aí já é tarde demais e terá sorte se não for violentamente tratado, raptado, ferido ou morto (que ironia: será ótimo se for apenas um assalto).
    Não pare, seja por que motivo for. Uma placa não é nada, comparada com a tua integridade física.
    Pense no que poderá acontecer, antes de agir.

    Os criminosos são espertos e podem ser extremamente violentos quando querem conseguir alguma coisa.

    Este e-mail é para defesa de todos.