O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Trabalhos PRA: Relacoes Sul-Sul e Intervencionismo governamental

Dois de meus mais recentes trabalhos, inéditos, ou seja, não escritos para publicação, dado o tom coloquial em cada um deles, mas com argumentos podendo sustentar sua restruturação em artigos científicos:


2425. A política externa das relações Sul-Sul: um novo determinismo geográfico?”, Brasília, 21 setembro 2012, 15 p. Texto guia para palestra de encerramento na Semana RI de Florianópolis, em 5/10/2012. Disponível no site pessoal (link: http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/2425RelacoesSulSul.pdf).

2423. “Intervencionismo governamental: na ótica de Von Mises e na prática brasileira”, Brasília, 27 agosto 2012, 16 p. Preleção em ciclo de palestras do Instituto Millenium, “II Congresso de Empreendedorismo do Agreste Pernambucano – As Seis Lições”, feita em 15/09/2012, 15h-19h, Caruaru, PE. Disponível no site pessoal (link: http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/2423IntervencionismoMises.pdf).

Brasil: mudanca completa na politica economica do governo

Estranho, bizarro, curioso mesmo: em 31 de março passado, ao voltar de uma viagem internacional - Brics -- a presidente anunciava grandes mudanças na política econômica. O fato é que depois desse anúncio de grandes expectativas, como diria Charles Dickens, a política econômica andou de fato para o outro lado, mas ninguém pode negar a vontade da presidente de adotar uma política econômica minimamente racional.
Ainda vem, esperem... A esperança é a última que morre...
Paulo Roberto de Almeida 


Governo decide abolir medidas protecionistas e inicia revisão completa do sistema tributário

Empresa Brasileira de Comunicação
01/04/2012
Brasil decide revisar completamente sua política econômica; entrevista exclusiva com a presidenta Dilma em seu retorno da reunião dos Brics
01/04/2012 - 12h28 – URGENTE, Exclusivo
·       Internacional
Renato Girão
Repórter da Agência Brasil
A bordo do avião presidencial – Durante o longo percurso aéreo de retorno ao Brasil da reunião dos Brics em Nova Delhi – combinada à visita oficial feita à Índia –, a presidenta Dilma Rousseff concedeu, em 31 de março, importante entrevista exclusiva à Agência Brasil, da Empresa Brasileira de Comunicação, cujos elementos principais são reproduzidos a seguir. Nessa entrevista, feita depois que o avião presidencial fez escala técnica em Palermo, na Itália, quando o repórter da EBC foi admitido no compartimento presidencial da aeronave, a presidenta tratou do que andam fazendo os países do Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – mas se ocupou, também, das medidas que deve anunciar dentro em pouco no Brasil em torno da política industrial e da reforma tributária. Um relato completo da entrevista deverá ser colocado no site da EBC tão pronto se desgrave a entrevista; seguem trechos selecionados.
EBC: Presidenta, que avaliação a Senhor faz desta mais recente cúpula dos BRICs?
DR: Você sabe que eu achei essa reunião mais interessante, mais objetiva, do que a que fizemos no ano passado na China? A declaração saiu um tanto grande demais para o meu gosto, mas você sabe como são as coisas com esse pessoal diplomático, eles sempre colocam mais coisas do que é humanamente possível ler em 10 minutos. Mas a conclusão é essa mesma: os emergentes, em especial o nosso grupo dos Brics, se tornaram indispensáveis na nova ordem mundial; ninguém mais poderá dizer, ou fazer alguma coisa, sem levar em conta nossas propostas. Nos queremos participar, e temos propostas concretas a fazer.
EBC: A Senhora poderia indicar algumas dessas propostas presidenta?
DR: Bem, tem a questão da nossa participação nos organismos econômicos, você sabe, a OMC, Bretton Woods, essas aí: não queremos mais ser apenas ouvidos, mas queremos que o poder de decisão reflita a importância que já adquirimos no cenário mundial. É certo que muito desse poder é da China, mas nós também temos o que dizer, e precisamos aumentar a nossa quota em cada uma delas. (...)
EBC: Os emergentes, e os BRICS nesse grupo, vão então continuar pressionando nesse sentido, presidenta?
DR: Ah, disso não tenha nenhuma dúvida. Na próxima reunião do G20, que os mexicanos estão organizando, aí pelo meio do ano, nós vamos botar a boca no trombone outra vez. Não silenciaremos enquanto nossas justas reivindicações não forem atendidas. E tem também essa coisa do desenvolvimento sustentável, e aí será o Brasil a ter um papel decisivo para o bom resultado das negociações, na reunião que teremos em seguida no Rio. O Brasil tem o que mostrar e não devemos nos curvar a quem já destruiu todas as suas florestas e agora vem nos cobrar que deixemos intactas as nossas, esquecendo das nossas necessidades de desenvolvimento; ele será sustentável, certo, mas será desenvolvimento. (...)
EBC: A reunião do México não será também uma nova oportunidade para cobrar dos países desenvolvidos uma solução mais rápida para a crise deles?
DR: Ah, isso com certeza! Vamos continuar exigindo que eles coloquem a casa em ordem, pois o que está acontecendo agora é aquilo que os historiadores já chamaram de “exporte a crise para o seu vizinho”. Com todo esse tsunami financeiro vindo dos países ricos, eles estão contribuindo – ainda que não fosse essa a intenção – para a valorização da nossa moeda, o que é uma forma de protecionismo disfarçado, ao inverso, você me entende? (...)
EBC: O Brasil está sendo vítima dessa situação internacional, presidenta?
DR: Mas é claro, e cada vez mais. Os americanos e europeus querem colocar a culpa nos chineses, mas a verdade é que os chineses, apesar de manterem lá a sua moeda grudada no dólar, eles guardam os dólares que ganham e fazem essa imensa reserva internacional que eles têm agora, de mais de três trilhões de dólares. São os americanos e europeus que estão despejando rios de dinheiro no mundo, desvalorizando suas moedas, para ganhar mais espaços no comércio internacional, e ao mesmo tempo ajudando a valorizar a nossa moeda. Nós não vamos permitir isso, e vamos atuar decisivamente para inverter a situação. (...)
EBC: Só mais uma pergunta, presidenta: parece que a equipe econômica está preparando mais um novo pacote de medidas para ser anunciado em sua volta. A Senhora poderia, se não for incômodo, detalhar algumas dessas medidas e dizer para a gente em que elas vão consistir, exatamente; por exemplo, medidas setoriais para ajudar a indústria, um pouco mais de defesa comercial, novas medidas na área cambial, o que a Senhora gostaria exatamente de fazer?
DR: Bem, eu não posso agora detalhar medidas que estão sendo discutidas com a minha equipe econômica, mas acho que não vai ser assim tão imediatamente na minha volta, não. Acho que precisamos fazer a coisa com responsabilidade, e não quero só mais um pacote com anúncios de improviso e medidas emergenciais para este ou aquele setor. Acho que o Brasil já está grande o suficiente para ser tratado com respeito, e por isso quero pensar um pouco mais em soluções mais duradouras, não apenas de curto prazo. Essa coisa de ficar fazendo pacotinhos para este ou aquele setor já deu o que tinha que dar. Precisamos pensar agora em coisas mais grandes, mais consistentes.
Não posso adiantar o que estamos preparando, mas uma coisa eu posso dizer. Já chegou na hora de pensarmos em uma verdadeira reforma tributária, do contrário é aquela choradeira toda vez que eu me reúno com os nossos capitães da indústria, todos eles com as mesmas reclamações. E eles pensam que é só culpa do governo federal? Não, isso não! Os governadores e prefeitos também pressionam nessa coisa, e na verdade eles não estão tão interessados em reforma tributária quanto em avançar sobre a parte do governo nas receitas, que, dizem eles, o governo federal não reparte com eles, porque são contribuições e não impostos. Mas, se for assim, nunca faremos reforma tributária e, mais importante, nunca reduziremos a carga, que está alta, eu reconheço; os nossos colegas dos Brics não tem essa carga toda, que mais parece coisa de país escandinavo, não é mesmo? E você não acha que o Brasil é um país escandinavo, acha?, com todos aqueles serviços, aquela maravilha...
Pois bem, o que eu vou propor é, como não tem acordo nenhum sobre uma reforma tributária ideal, perfeita, que nunca vai existir, a gente simplesmente se ponha de acordo sobre a redução da carga bruta, passo a passo, de maneira linear, um pouquinho de cada vez, assim ninguém terá do que reclamar. Daremos tempo aos estados e municípios – coisa de dez a quinze anos, digamos – para se eles se ajustarem, mas a ideia é essa mesma: reduzir as alíquotas, todas as alíquotas, de alguns pontinhos, digamos meio ponto percentual por ano, assim a queda na arrecadação será pequena, e em dez ou quinze anos teremos um nível aceitável de carga fiscal.
E veja você que é até possível que a nossa arrecadação suba. Tem aí um economista, esqueci o nome dele agora, que diz que quando se aumenta muito o nível dos impostos, a arrecadação na verdade diminui, porque as pessoas ficam encontrando maneiras de evadir, compreendeu? E quando se diminui a carga, a arrecadação aumenta, pois reduz essa necessidade de fraudar, me entende? Acho que tem de ser por aí.
Mas tem também outra coisa: acho que essa mania de ficar fazendo política setorial, para esse ou aquele ramo da indústria, já não funciona mais; porque na semana seguinte, chega mais um pessoal em Brasília reclamando as mesmas medidas, ou outras, para o seu setor também. Aí vira bagunça, não é mesmo. Por isso estou instruindo o meu pessoal a parar de fazer remendos no cobertor e passar a costurar um cobertor novo, com medidas iguais para todo mundo. Mais transparência e isonomia, entende? (...)
O Brasil merece isso, já é grande. Mas, com isso também vamos parar de ficar dando proteção a todo mundo, cada vez que um ou outro chora: como vamos reduzir os impostos, progressivamente, não podemos criar essas barreiras que depois vão repercutir mal lá fora, e aí ficar dando muito trabalho para o pessoal do Itamaraty. Acabou o protecionismo à la Argentina!
Agora, com licença que eu tenho uma coisa para terminar de ler aqui no meu iPad.
EBC: Obrigando Senhora Presidenta pela excelente entrevista.
Edição: Tales Carvalho

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Mudanca na Estrategia Brasileira de Comercio - Rubens Ricupero


Recuo no comércio: estratégia ou tática?

Rubens Ricupero
Folha de São Paulo, segunda feira 1/10/2012, p. A-15

      Ninguém notou a mais importante mudança da política externa da presidente Dilma em relação ao governo Lula: o abandono das negociações da Rodada Doha da Organização Mundial de Comércio (OMC).
Não é que se tenha anunciado isso de modo formal. Mas, ao aumentar as tarifas de uma centena de produtos, o governo sinalizou que no fundo já não acredita mais na possibilidade de conclusão da Rodada. Com efeito, a fim de ganhar algo nas negociações, o Brasil precisaria não só se abster de agravar a proteção, mas teria de efetuar reduções adicionais significativas nas tarifas de manufaturas.
Era o que o governo Lula havia aceito em julho de 2008 quando, junto com a Europa, fomos os protagonistas da última tentativa séria de garantir o êxito da Rodada, abortada pela recusa simétrica dos EUA, de um lado e da Índia e China, do outro.
Desde então nos retraímos e agora ingressamos em zona controvertida: praticamente voltamos as costas à estratégia de dar prioridade às negociações multilaterais da OMC, seguida por todos os governos brasileiros das décadas recentes. No governo Lula, a posição de privilegiar a OMC a fim de obter ganhos em agricultura se tornou uma das razões principais do prestígio e da credibilidade conquistadas pelo país nos foros internacionais.
Por que então a mudança súbita? Não se trata obviamente de capricho ou ideologia. A explicação é que a crise de competitividade, sobretudo da indústria, atingiu seu ponto crítico. O Brasil perdeu a capacidade de negociar acordos comerciais, multilaterais ou de qualquer tipo. Como viabilizar acordos que exigem concessões se essas vão expor ainda mais setores que mal se mantêm de pé apesar de doses maciças de anabolizantes?
É por isso que se supõe que o retrocesso (pois é disso que se trata) seja de ordem tática. Isto é, que se destina a ganhar tempo para que se recupere a competitividade. De nada serve pretender que não é protecionismo e sim medidas de defesa comercial. Essas últimas – antidumping, taxas compensatórias, salvaguardas – só podem ser aplicadas mediante processo regulamentado pela OMC. A ação brasileira não foi ilegal, mas teve caráter unilateral, não obedeceu ao formato das medidas de defesa e certamente violou o compromisso adotado pelos membros do G20 no sentido de não agravarem o nível de proteção.
Falta autoridade moral a Washington para protestar, pois a administração Obama deve ser o governo americano com menor contribuição à liberalização do comércio mundial de que se tem memória. Porém, o ponto não é esse. Se o governo brasileiro entendeu que não tinha alternativa do que dar esse grave passo, certamente o terá feito por dispor de estratégia coerente. Estratégia não só para melhorar as condições de competitividade, como começou a fazer parcialmente com redução de juros, correção do câmbio e anúncios sobre custo da eletricidade e melhoria de infraestrutura.
Se o esforço der certo, ainda será necessário ao Brasil ampliar seus mercados. Ao abrir, para isso, mão da OMC, só nos sobra o combalido Mercosul, que não convence ninguém como estratégia global. Será que temos efetivamente essa estratégia? 

domingo, 30 de setembro de 2012

O Homem: um animal suicidario - Jared Diamond


Frédéric Joignot
Le Monde29 Septembre 2012

Il habite à Bel Air, quartier très chic aux jardins luxuriants de Los Angeles, dans une grande maison de bois pleine de gravures animalières. Avec son imposant collier de barbe, ses 74 ans, il fait penser à un vieux prêcheur amish. L'homme en impose. Il faut dire que ce professeur de géographie de l'UCLA, la vénérable université de la "cité des anges", biologiste évolutionniste réputé, fait à nouveau parler de lui après l'échec du Sommet de la Terre, cet été, à Rio, où aucune mesure n'a été prise pourrendre notre planète plus durable.

Depuis, beaucoup se demandent si Jared Diamond n'a pas raison. Si l'humanité ne court pas au désastre écologique, danger contre lequel il nous a mis en garde dans son essai Effondrement (2005). Dans ce best-seller mondial, âprement discuté par l'élite scientifique, il montre comment, à plusieurs reprises, les destructions de notre environnement ont contribué à l'écroulement de sociétés. L'auteur va même jusqu'àparler d'"écocide" : le génocide écologique. Si certains critiquent son catastrophisme, Diamond donne des conférences dans le monde entier, appelant l'humanité à se ressaisir.
DURABILITÉ ET AUTODESTRUCTION
Le sommet de Rio a montré qu'avec la crise économique les exigences écologiques passent au second plan. On vient pourtant d'apprendre – un exemple parmi d'autres – que la banquise arctique risque de fondre avant 2020, que les glaciers du Groenland sont menacés, ce qui va accélérer encore le réchauffement etbouleverser la circulation des eaux océaniques. Sommes-nous entrés dans un des scénarios tragiques décrits par Jared Diamond dans Effondrement ? Il nous répond : "L'humanité est engagée dans une course entre deux attelages. L'attelage de la durabilité et celui de l'autodestruction. Aujourd'hui, les chevaux courent à peu près à la même vitesse, et personne ne sait qui va l'emporter. Mais nous saurons bien avant 2061, quand mes enfants auront atteint mon âge, qui est le gagnant."
Si Jared Diamond est tellement écouté, discuté et contesté, c'est parce qu'il a bouleversé le récit classique de l'histoire, à travers trois ouvrages colossaux dans lesquels il décrit en détail les rapports conflictuels qu'entretient l'humanité avec la nature depuis 13 000 ans. Avant Effondrement, il y a eu Le troisième chimpanzé(1992), qui décrit les premiers méfaits d'homo sapiens sur la nature et nous imagine un avenir difficile, et De l'inégalité parmi les sociétés (1998), qui montre comment la géographie favorise ou pénalise le développement de civilisations - cette somme lui a valu le prix Pulitzer.
Avec Diamond, il devient impossible de séparer l'aventure humaine de la géographie, de comprendre le développement et le déclin des sociétés sans tenircompte des ressources naturelles des pays, de leur exploitation et de leur dégradation. Ecoutons-le : "On ne peut s'imaginer pourquoi ce ne sont pas les Indiens d'Amérique du Nord qui ont conquis l'Europe avec des caravelles portant mousquets et canons ou pourquoi les Aborigènes australiens n'ont pas dominé l'Asie sans comparer les richesses agricoles de ces régions, les animaux qui y vivent, la lenteur avec laquelle s'est implantée l'agriculture, puis la pensée technicienne et la gestion des ressources."

Ler o resto nestes links: 
ou


Me, the Greatest? No: this time is different... (Obama)


The New York Times, September 29, 2012

WORKING out of cramped, bare offices in a downtown building here in Washington, President-elect Obama’s economic team spent the final weeks of 2008 trying to assess how bad the economy was. It was during those weeks, according to several members of the team, when they first discussed academic research by the economists Carmen M. Reinhart and Kenneth S. Rogoff that would soon become well known.
Ms. Reinhart and Mr. Rogoff were about to publish a book based on earlier academic papers, arguing that financial crises led to slumps that were longer and deeper than other recessions. Almost inevitably, the economists wrote, policy makers battling a crisis made the mistake of thinking that their crisis would not be as bad as previous ones. The wry title of the book is “This Time Is Different.”
In my interviews with Obama advisers during that time, they emphasized that they knew the history and were determined to avoid repeating it. Yet of course they did repeat it. After successfully preventing another depression, in 2009, they have spent much of the last three years underestimating the economy’s weakness. That weakness, in turn, has become Mr. Obama’s biggest vulnerability, helping cost Democrats control of the House in 2010 and endangering his accomplishments elsewhere.
Entire books and countless articles have taken Mr. Obama to task on the economy, and administration officials have a rebuttal that makes a couple of important points. The Federal Reserve and many private-sector economists were also too optimistic, Obama aides note. And they argue that the Senate would not have passed a much larger stimulus in 2009, given Republican opposition, regardless of the White House’s wishes.
But from these reasonable points, the Obama team then jumps to a larger and more dubious conclusion: that their failure to grasp the severity of the slump has had no real consequences. Even if they had seen the slow recovery coming, they say, they couldn’t have done much about it. When Mr. Obama has been asked about his biggest mistake, he talks about messaging, not policy.
“The mistake of my first term — couple of years — was thinking that this job was just about getting the policy right,” he has said. “The nature of this office is also to tell a story to the American people that gives them a sense of unity and purpose and optimism, especially during tough times.”
We can never know for sure what the past four years would have been like if the administration and the Fed had been more worried about the economy. But my reading of the evidence — and some former Obama aides agree — points strongly to the idea that the misjudging of the downturn did affect policy and ultimately the economy.
Mr. Obama’s biggest mistake as president has not been the story he told the country about the economy. It’s the story he and his advisers told themselves.
The notion of insurance is useful here. Suggesting that Mr. Obama and his aides should have bucked the consensus forecast and decided that a long slump was the most likely outcome smacks of 20/20 hindsight. Yet that wasn’t their only option. They also could have decided that there was a substantial risk of a weak recovery and looked for ways to take out insurance.
By late 2008, the full depth of the crisis was not clear, but enough of it was. A few prominent liberal economists were publicly predicting a long slump, as was Mr. Rogoff, a Republican. The Obama team openly compared its transition to Franklin D. Roosevelt’s and, in private, discussed the Reinhart-Rogoff work.
So why didn’t that work do more to affect the team’s decisions?
There are two main answers. First, the situation was unlike anything any living policy maker had previously experienced, and it was deteriorating quickly. Although officials talked about the Depression, they struggled to treat the downturn as fundamentally different from a big, relatively brief recession.
“The numbers got ramped up,” one former White House official told me, referring to the planned size of the stimulus in late 2008. “But the basic frame did not get altered.” In particular, the administration did not imagine that the economy would still need major help well beyond 2009 and that Congress would not comply.
The second problem was that Mr. Obama and his advisers believed — correctly — that they and the Fed were already responding more aggressively than governments had in past crises. Even before the election, President George W. Bush signed the financial bailout, a decidedly un-Hooveresque policy. The Fed began flooding the economy with money. The Obama administration pushed for the stimulus and, with the Fed, conducted successful stress tests on banks.
Whatever the political debate over these measures, the economic evidence suggests they made a large difference. Analyses by the Congressional Budget Office and other nonpartisan economists have come to this conclusion. Europe, which was less aggressive, has fared worse. And the chronology of the crisis tells the same story.
In 2008 and early 2009, the global economy was deteriorating even more rapidly than in 1929, according to research by Barry Eichengreen and Kevin H. O’Rourke. Global stock prices and trade dropped more sharply. But the policy response this time was vastly different, and by the spring of 2009 — just as the measures were taking effect — the economy stabilized.
In this success came the seeds of future failures. Knowing in late 2008 how much policy help was on the way, Mr. Obama and his economic advisers decided that the disturbing pattern of financial crises was not directly relevant. “In a way, they fell into a ‘This Time Is Different’ trap,” another former White House official said.
A banner headline in The Financial Times in June 2009 pronounced the White House “Upbeat on Economy.” Nine months later, after the recovery had run into new problems, the administration said the economy was on the verge of “escape velocity.”
Even now, the Obama team sometimes suggests that the weak recovery isn’t related to the financial crisis. Some problems, like the rise in oil prices, are not in fact related. Many others, like Europe’s troubles and this country’s still-depressed consumer spending, are.
Imagine if the transition team had instead placed, say, 25 percent odds on a protracted slump. Political advisers like David Axelrod would have immediately understood the consequences. Mr. Obama’s policies would look like a failure during the midterm campaign, and the prospects of winning additional stimulus would dwindle. Which is exactly what happened.
Contemplating this outcome, the new administration would have had urgent reasons to take out insurance policies. For starters, Mr. Obama would indeed have told a different story about the economy. Rather than promising a “recovery summer” in 2010, he and his aides would have cautioned patience. Bill Clinton’s recent Democratic convention speech was a model.
More concretely, the administration would have looked for every possible lever to lift the economy. Despite Republican opposition, such levers existed.
Upon taking office, Mr. Obama could have immediately nominated people to fill the Fed’s seven-member Board of Governors, rather than leaving two openings. Ben S. Bernanke, the chairman, works hard to achieve consensus on the Fed’s policy committee, and in 2010 and 2011 the committee was skewed toward officials predicting — wrongly, we now know — that inflation was a bigger threat than unemployment.
TWO more appointees may well have shifted the debate and caused the Fed to have beenless cautious. After the vacancies were finally filled this year, the Fed took further action.
The administration also could have added provisions to the stimulus bill that depended on the economy’s condition. So long as job growth remained below a certain benchmark, federal aid to states and unemployment benefits could have continued flowing. Crucially, these provisions would not have added much to the bill’s price tag. Because the Congressional Budget Office’s forecast was also too optimistic, the official budget scoring would have assumed that the provisions would have been unlikely to take effect. They would have been insurance.
Perhaps most important, the administration might have taken a different path on housing. With the auto industry and Wall Street, Mr. Obama accepted the political costs that come with bailouts. He rescued arguably undeserving people in exchange for helping the larger economy. With housing, he went the other way, even leaving some available rescue money unspent — at least until last year, when the policy became more aggressive and began to have a bigger effect.
No one of these steps, or several other plausible ones, would have fixed the economy. But just as the rescue programs of early 2009 made a big difference, a more aggressive program stretching beyond 2009 almost certainly would have made a bigger difference. It would have had the potential to smooth out the stop-and-start nature of the recovery, which has sapped consumer and business confidence and become a problem in its own right.
By any measure, Mr. Obama and his team faced a tremendously difficult task. They inherited the worst economy in 70 years, as well as an opposition party that was dedicated to limiting the administration to one term and that fought attempts at additional action in 2010 and 2011. And the administration can rightly claim to have performed better than many other governments around the world.
But their claim on having done as well as could reasonably have been expected — to have avoided major mistakes — is hard to accept. They considered the possibility of a long, slow recovery and rejected it.
In the early months of the crisis, Mr. Obama and his aides made clear that they would try to learn from the errors of the Great Depression and do better. They achieved that goal. They also left a whole lot of lessons for the people who will have to battle the next financial crisis.

Yo, El Supremo? Nao: o ocaso do patriarca...


Lula está definhando?

Editorial O Estado de S.Paulo, 30 de setembro de 2012
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desistiu de ajudar os candidatos do PT em dificuldades no Nordeste e vai priorizar a campanha de Fernando Haddad em São Paulo. Oficialmente, os petistas dizem que não haveria tempo para cumprir toda a agenda prevista. Mas o que fica claro é que, para Lula, a eleição em diversas capitais nordestinas já está perdida, e agora ele tenta socorrer Haddad, o candidato que ele inventou, como último recurso para salvar sua reputação de kingmaker. Trata-se de um cenário constrangedor para quem já foi classificado como "deus", pela ministra da Cultura, Marta Suplicy.
Antes do início da atual campanha, a maioria dos petistas estava segura de que, uma vez recuperado do câncer, Lula subiria nos palanques Brasil afora e, com seu toque mágico, transformaria qualquer um em prefeito. Com essa pretensão, corroborada por astronômicos índices de popularidade, Lula atribuiu-se o direito de impor suas vontades ao PT e aos aliados, incluindo-se aí tirar candidatos do bolso do colete e forjar alianças que superam os limites da decência, como a que resultou no aperto de mão entre o petista e Paulo Maluf e na coligação, em Belo Horizonte, com o notório Newton Cardoso (PMDB).
Diante dos tropeços do lulopetismo, no entanto, até "Newtão" viu-se à vontade para criticar o partido do ex-presidente, em entrevista a O Globo (28/9): "O Lula e o PT perderam o discurso, não têm mais aquela coisa do apelo do partido novo, da ética, da moral. O PT está sendo um parceiro pesado para carregar".
O caso mais emblemático dos problemas do PT é o do Recife, onde o senador Humberto Costa começou a campanha com cerca de 40% das intenções de voto e definhou até os 16%. Costa foi uma imposição de Lula, contrariando o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, do PSB - partido da base da presidente Dilma Rousseff. Como resposta, Campos lançou como candidato Geraldo Júlio, que logo ganhou o apoio de um dos maiores desafetos de Lula, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), cujas desavenças com Campos foram superadas em nome do objetivo comum de derrotar o PT.
Em carta aberta contra Humberto Costa, petistas pernambucanos criticaram a "política do personalismo" e advertiram: "O PT apequena-se perante a sociedade, utilizando práticas que sempre condenou e das quais foi vítima".
A turbulência não se limita ao Nordeste. Há também derrota à vista em Belo Horizonte, onde, segundo aliados peemedebistas, o petista Patrus Ananias - candidato indicado por Dilma e chancelado por Lula - está abandonado e há petistas trabalhando "por debaixo dos panos" em favor da candidatura à reeleição de Marcio Lacerda, do PSB, de olho nas eleições de 2014 para o governo do Estado.
Já em São Paulo, onde Lula pretende centrar seus esforços, a situação é ainda pior. A imposição de Haddad como candidato melindrou Marta Suplicy, que só entrou na campanha porque ganhou um Ministério vistoso no governo federal. Além disso, a aliança com Maluf causou uma ruidosa crise com a ex-prefeita e aliada Luiza Erundina (PSB). Ambas, Marta e Erundina, têm eleitores cativos na periferia de São Paulo, justamente onde Haddad está penando obter apoio.
O esfarelamento petista nas eleições municipais, resultante da mão pesada de Lula, é o efeito colateral do projeto de salvar a imagem do ex-presidente, ameaçada pelos efeitos históricos do julgamento do mensalão e pelo desmonte paulatino, por parte de Dilma, de seu legado de incompetência administrativa e de corrupção.
Embora empenhada em defender o que chamou de "herança bendita", a presidente mantém distância prudente da refrega eleitoral na qual seu criador está mergulhado e empresta seu peso aos candidatos lulistas de maneira apenas protocolar. Realista, ela acredita que, se Haddad chegar ao segundo turno, já terá sido uma vitória.
"O Lula está definhando", sentenciou Jarbas Vasconcelos. Pode ser um exagero, próprio da retórica de palanque. Mas parece cada vez mais evidente que, ao contrário do que se gabavam o ex-presidente e seus seguidores, Lula não é onipotente.