O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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sábado, 16 de setembro de 2017

Um novo iPhone 8 para mim: quanto custaria no Brasil? Conferindo preco nos EUA

Quanto custaria tudo isso aqui no Brasil?
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    Rubens Ricupero: A diplomacia na construcao do Brasil, 1750-2016 - lancamento em Brasilia


    Rubens Ricupero lança:
    “A diplomacia na construção do Brasil – 1750-2016”
    (Rio de Janeiro: Versal Editores, 2017)

    Em edição de capa dura e ilustrada, obra única sobre a história das relações do Brasil com o mundo terá lançamentos em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte, a partir do dia 3 de outubro

    Poucos países devem à diplomacia tanto como o Brasil. Além da expansão do território, em muitas das principais etapas da evolução histórica brasileira, as relações exteriores desempenharam papel decisivo. Com seus acertos e erros, a diplomacia marcou profundamente a abertura dos portos, a independência, o fim do tráfico de escravos, a inserção no mundo por meio do regime de comércio, os fluxos migratórios, voluntários ou não, que constituíram a população, a consolidação da unidade ameaçada pela instabilidade na região platina, a industrialização e o desenvolvimento econômico.

    Até recentemente, a história das relações diplomáticas do Brasil se refugiava quase em notas ao pé da página ou, no melhor dos casos, em parágrafos esparsos dissociados do eixo central da grande narrativa. Com uma carreira dedicada ao serviço público, especialmente ao Itamaraty e à ONU, o diplomata e professor Rubens Ricupero enfrentou o desafio de “inserir o fio da diplomacia na teia sem costura da vida nacional, da qual é indissociável”. Aos 80 anos,  lança obra que é fruto de uma vida de ensino da história da política exterior brasileira: A diplomacia na construção do Brasil (Versal Editores).

    As primeiras de uma série de palestras seguidas de sessões de autógrafos pelo país serão realizadas nos dias 3/10 no CIEE,  4/10 na FAAP e em 7/10 na JAPAN HOUSE, São Paulo  nos dias 9 e 10/10, em diferentes lugares, em Brasília, e nos dias 18 e 20/10, no Rio de Janeiro, respectivamente na Livraria Argumento do Leblon e no Itamaraty.

    Com capa dura, 784 páginas e ilustrado com mapas, desenhos cartográficos e 80 imagens da história e da diplomacia, o livro analisa a diplomacia como causa e consequência da política interna e da economia do período colonial até os dias de hoje, incluindo a atual crise brasileira. Mostra, ao mesmo tempo, como a política externa contribuiu para a definição dos valores e ideais da identidade do país, de como os brasileiros se veem a si mesmos e sua relação com o mundo.

     Com documentos originais dos arquivos norte-americanos, o livro traz revelações novas sobre episódios como a intervenção militar de 1964 nos seus aspectos externos. Recorre a perspectivas comparativas com países latino-americanos e os Estados Unidos e renova a maneira de examinar a diplomacia em estreita ligação com os fatos políticos e as condições econômicas. “A ambição da obra é dialogar com os estudantes e também com aqueles que se interessam pela história do Brasil e sentem curiosidade pela forma como o país se relacionou com o mundo exterior e foi por ele influenciado”, explica o autor.

    A DIPLOMACIA NA CONSTRUÇÃO DO BRASIL
    Autor: Rubens Ricupero
    Editora: Versal Editores
    Formato:  17,5 x 24 cm
    Páginas: 784
    Preço: R$ 89,90

    EVENTOS DE LANÇAMENTO

    3 de outubro – São Paulo
    Horário: 19:00 h
    Onde: CIEE – Centro de Integração Empresa-Escola
    Rua Tabapuã, 540 Itaim Bibi

    4 de outubro - SÃO PAULO
    Horário: 18:30h
    Onde: FAAP, Centro de Convenções,
    Rua Alagoas, 903 Higienópolis

    7 de outubro- SÃO PAULO
    Horário: 10:30h
    Onde: JAPAN HOUSE São Paulo, na Avenida Paulista, 52


    9 de outubro – BRASÍLIA
    Horário: 17:00h
    Onde: Palácio Itamaraty, Brasília

    10 de outubro – BRASÍLIA
    Horário: 10:00h
    Onde: Sessão Especial na Comissão de Relações Exteriores da CD
    Presidida pela Deputada Bruna Furlan (PSDB-SP), presidente da CRE-CD

    Horário: 14:30h
    Onde: Auditório do Instituto de Relações Internacionais da UnB
    Natureza: Apresentação-debate com a participação do professor Estevão Chaves de Rezende Martins, do diplomata Paulo Roberto de Almeida, sob coordenação do prof. Antonio Carlos Lessa

    Horário: 17:30h
    Onde: CNI: Confederação Nacional da Indústria, SBN Quadra 1, Bloco C, Ed. Roberto Simonsen
    Natureza: Talk-Show, com José Augusto Coelho Fernandes


    18 de outubro - RIO DE JANEIRO
    Horário: 19:00h
    Onde: Livraria Argumento Leblon

    20 de outubro – RIO DE JANEIRO
    Horário: 10:00h
    Onde: Palácio do Itamaraty
    Debate com a participação de Rubens Ricupero, Marcos Azambuja e Gelson Fonseca (e, possivelmente, Celso Lafer, ainda não confirmado)

    SOBRE O AUTOR
    Nascido em São Paulo em 1937, Rubens Ricupero ingressou no Instituto Rio Branco em 1958 e iniciou a carreira diplomática em 1961.

    Embaixador do Brasil junto às Nações Unidas em Genebra, Suíça, nos Estados Unidos e na Itália, foi ministro do Meio Ambiente e da Amazônia Legal, ministro da Fazenda durante a implantação do Real, subchefe da Casa Civil e assessor especial do presidente José Sarney. Atuou como assessor de política externa de Tancredo Neves na campanha para a Presidência da República, em 1984/5, e registrou a experiência no livro Diário de bordo: a viagem presidencial de Tancredo Neves (2010). Entre 1995 e 2004, dirigiu como Secretário Geral a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), em Genebra.

    Diretor, mais tarde Decano, da Faculdade de Economia e Relações Internacionais da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), professor do Instituto Rio Branco e da Universidade de Brasília, colaborador dos mais influentes órgãos de imprensa do país e de publicações especializadas nacionais e estrangeiras, Ricupero é autor de nove livros sobre história diplomática, política, comércio e economia internacional, entre os quais se destacam Rio Branco: o Brasil no mundo (2000), O Brasil e o dilema da globalização (2001), Esperança e Ação A ONU e a busca de desenvolvimento mais justo (2002). A diplomacia na construção do Brasil é sua mais recente obra.

    Yale Climate Conference, 18-19 September (video live)


    The Kerry Initiative will host the Yale Climate Conference on Monday, September 18, and Tuesday, September 19, 2017.

    The conference will feature five sessions with key business, political and diplomatic leaders on critical topics including the future of energy; the role of the private sector; state, city and international efforts; bipartisan U.S. leadership; and citizen engagement and activism.

    Members of the Yale community who were unable to get tickets are welcome to wait in the stand-by line at each session in case open seats become available. Plan to arrive at least 30 minutes before the session begins.

    Many of the sessions will also be live-streamed. Go to yaleclimateconference.yale.edu for links to each session.


    Speakers and sessions topics include:

    Session 1: The Future of Energy
    • Ernie Moniz, Former U.S. Secretary of Energy
    • Jonathan Pershing, Former U.S. State Department’s Special Envoy for Climate Change
    • Tony Earley, Former CEO and Current Executive Chair of the Board, PG&E Corporation
    • Mark Boling, CEO, 2CNRG
    • Heather Zichal, Airbnb, Former Climate and Energy Advisor to President Obama

    Session 2: The Role of the Private Sector
    • Hank Paulson, Former U.S. Secretary of the Treasury
    • Jeffrey Immelt, Chairman of the Board of General Electric
    • Anne Finucane, Vice Chairman of Bank of America

    Session 3: State, City and International Efforts
    • Jerry Brown, Governor of the State of California
    • Jay Inslee, Governor of the State of Washington
    • Jim Kim, President of the World Bank
    • Anne Hidalgo, Mayor of Paris

    Session 4: Bipartisan U.S. Leadership
    James Baker, Former U.S. Secretary of State
    Featuring video messages from:
    • Lindsey Graham, U.S. Senator of South Carolina
    • John McCain, U.S. Senator of Arizona (tbc)

    Closing Plenary: Citizen Engagement & Activism
    Leonardo DiCaprio, United Nations Messenger of Peace for Climate
     

    Learn more about the speakers and other details on the conference website:
    yaleclimateconference.yale.edu
     

    Uma outra China fora da China: Sudeste Asiatico - Marcos Jank

    O Sudeste Asiático como rota alternativa à China

    Jornal “Folha de São Paulo”, Caderno Mercado, 16/09/2017

    Marcos Sawaya Jank (*)

    O Sudeste Asiático é ótima alternativa para reduzir nossa dependência da China em comércio e investimentos.

    Marcos Sawaya Jank[1]

    Aproveitando a visita do presidente Temer à China, o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, realizou uma missão a Malásia, Singapura e Vietnã, no Sudeste Asiático. Há um ano o ministro Blairo Maggi também esteve em quatro países da região.

    Quando se fala em Ásia no Brasil, todo o mundo pensa em China, tamanha a influência que esse gigante exerce hoje na geopolítica, no comércio e nos investimentos globais. Quando não é a China, as nações asiáticas mais presentes no imaginário brasileiro são a Índia e o Japão.

    Mas no campo do comércio quem, de fato, rivaliza com a China é a desconhecida Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático), um bloco formado por países que somam 640 milhões de habitantes e um PIB de US$ 2,6 trilhões que cresce 6% ao ano: Indonésia, Malásia, Filipinas, Singapura, Tailândia, Brunei, Camboja, Laos, Vietnã e Mianmar.

    Basta dizer que hoje exportamos US$ 35 bilhões ao ano para a China, mas 75% da pauta é composta por só duas commodities: soja em grãos e minério de ferro. Já a Asean compra US$ 11 bilhões do Brasil, mas a pauta é bem mais diversificada, ainda que fortemente concentrada no agronegócio: soja e derivados, milho, açúcar, algodão, carnes, celulose e outros.

    O potencial dos países da Asean para comércio e investimentos do Brasil é evidentemente inferior ao da China, mas é mais fácil fazer negócios naquela região. 

    As oportunidades são imensas. Por exemplo, as importações totais de produtos agropecuários e alimentos da Asean passaram de US$ 30 bilhões para US$ 90 bilhões ao ano nos últimos dez anos, superando o Japão e perdendo apenas para a China, que importou US$ 120 bilhões.

    O Brasil responde por apenas US$ 6 bilhões anuais, valor muito pequeno que nos posiciona atrás de EUA, China e Austrália como supridor.

    Trata-se de região com alto potencial para diversificar produtos e mercados-destino, adicionar valor e marcas aos produtos exportadores e realizar ou receber grandes investimentos. Singapura, por exemplo, tem dois fundos soberanos com presença e imenso interesse de investimento no Brasil: GIC e Temasek.

    Vejo o Sudeste Asiático como ótima alternativa para reduzir nossa crescente dependência da China em comércio e investimentos. 

    Talvez não consigamos construir acordos comerciais mais ambiciosos na região, mas claramente esses países buscam alternativas de parceria após a retração dos EUA de Trump e da União Europeia do "brexit". Basta dizer que a Asean já é o segundo bloco econômico do planeta e que os 11 países da TPP (Parceria Transpacífica) querem seguir com o bloco sem os EUA.

    Mesmo que não consigamos fechar acordos comerciais ambiciosos, deveríamos ao menos tentar construir parcerias estratégias com todo país asiático que conta com população superior a 50 milhões. Só no Sudeste Asiático são cinco países.

    Os portugueses foram visionários quando se lançaram ao mar nas grandes navegações, por volta de 1500. Vasco da Gama descobriu a rota marítima para a Índia, chegando a Calicute em 1498.

    Em 1510, Afonso de Albuquerque conquista Goa e logo depois a cidade de Malaca (na atual Malásia), situada no centro de um dos estreitos de mar mais estratégicos do planeta, rota obrigatória dos navios que vão do Índico para o Pacífico e a China

    De Malaca eles foram para o reino do Sião (Tailândia), Java (Indonésia) e Angkor (Camboja), sempre em busca das famosas especiarias asiáticas.

    A China é importante, mas agir além dela na Ásia é absolutamente crucial. Há mais de cinco séculos os portugueses foram pioneiros nas suas incursões pelo Sudeste Asiático. É hora de o Brasil fazer o mesmo, mas desta vez não para buscar, mas sim para levar nossas especiarias tropicais.

    (*) Marcos Sawaya Jank é especialista em questões globais do agronegócio. Escreve aos sábados, a cada duas semanas.
     

    [1]. Marcos S. Jank é especialista em questões globais do agronegócio. Escreve aos sábados, a cada duas semanas. Email: marcos@jank.com.br

    Stefan Zweig: documentários (YouTube)

    Stefan Zweig - Paraíso Utópico


    Publicado em 4 de jan de 2013
    Inspirado no livro "Brasil, um país do futuro", documentário mostra vida e obra do escritor Stefan Zweig http://tvbrasil.ebc.com.br/especiais-... 

    Produzido pela TV Brasil a partir do livro Brasil, um país do futuro, o documentário Paraíso Utópico mostra vida e obra de Stefan Zweig, um dos escritores europeus mais importantes do século XX. Em viagem à Argentina, em 1936, Zweig faz escala de 8 dias no Brasil. Fica encantado com as belezas do país, especialmente com o Rio de Janeiro. 
    A viagem é toda anotada em um diário, no qual descreve sua impressão sobre cada lugar visitado. Na viagem nasce a promessa de escrever um livro sobre o país. A obra narra sua visão sobre as maravilhas do país, presentes no Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Ouro Preto, Mariana, Congonhas do Campo, Salvador, Recife, Olinda e Belém. 

    O documentário é conduzido por entrevistas, realizadas com o jornalista Alberto Dines, o psicanalista Paulo Blank, a tradutora Kristina Michaelles, a professora de história da USP, Karen Lisboa, o professor de cinema da UFF, Tunico Amâncio e o romancista Deonísio Silva. Entrevistas, imagens de arquivo, trechos de filme e um grupo de teatro conduzem o documentário. E, pouco a pouco, revelam a utopia de um humanista, refugiado de guerra, que acreditava ser o Brasil o lugar perfeito para se viver. 

    Paradoxalmente, é o país onde Zweig decide dar fim à própria vida, após um pacto de morte selado com a esposa na cidade de Petrópolis, durante o carnaval de 1942.
    Música
    "Zweig Piano 75" por Fernando Moura (Google PlayiTunes)

    https://www.youtube.com/watch?v=TZ5ke6Y6YjU

    Outros documentários:

    "Contre ma volonté, j'ai été le témoin de la plus effroyable défaite de la raison et du plus sauvage triomphe de la brutalité qu'atteste la chronique des temps."

    Stefan Zweig: histoire d'un Européen
    Un film de François Busnel et Jean-Pierre Devillers

     (Arte France - Rosebud Productions, 2015)

     
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    52:18 

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    Angus Deaton: contra a ajuda internacional, pela busca da riqueza (FSP)

     Já li o livro Prêmio Nobel, em formato Kindle, e considero-o bom, sem ser excelente. Essa preocupação de brilhantes economistas com a igualdade me parece uma questão de fundo moral, não diretamente econômica, mas apenas política, ou social. Economistas precisam trabalhar na criação de riqueza, e também podem investigar sua distribuição. Mas ficar prescrevendo como deve ser distribuída essa riqueza me parece uma função não econômica, ou seja, não estritamente técnica no plano do ferramental econômico. Torna-se uma questão de opinião pessoal.
    Paulo Roberto de Almeida

    "Ajuda a países pobres é tiro que sai pela culatra", diz Nobel
    Folha de S. Paulo, 16/09/2017

     - "Imagine uma multidão, todas as pessoas do mundo, cada uma carregando a bandeira de seu país, como numa gigantesca cerimônia de abertura da Olimpíada", sugere o escocês Angus Deaton, premiado com o Nobel de Economia em 2015 por seus trabalhos sobre pobreza, consumo e bem-estar. É com imagens como essa que o economista consegue fazer um livro agradavelmente compreensível para o público geral, mesmo quando a discussão é bastante técnica – técnica o suficiente para interessar aos especialistas. Na alegoria olímpica, Deaton descreve a evolução econômica dos países. As pessoas avançam em uma velocidade proporcional à do crescimento de seus países: chineses e indianos correm, enquanto haitianos e congoleses (e brasileiros, recentemente) andam para trás. Mas a marcha é mais complexa: as velocidades variam também entre os cidadãos de um mesmo país. As bandeiras dos EUA se espalham da dianteira até muito atrás, se confundindo com outras. O mesmo fenômeno que distancia líderes de retardatários ocorre em várias nações. São minoria aquelas em que as bandeiras evoluem cada vez mais próximas. Se a marcha representa o caminho mundial em direção ao progresso e ao bem-estar, a humanidade está tendo sucesso nesse trajeto? Deaton, professor da Universidade de Princeton (EUA), é cético em sua resposta. 
    Já no prefácio, remete ao filme "The Great Escape" ("Fugindo do Inferno", no título brasileiro), em que 250 soldados aliados escapam por um túnel de um campo nazista. No filme, a grande maioria é recapturada e 50 fugitivos acabam mortos. Na obra de Deaton, não faltam exemplos de progresso tecnológico ou econômico que deixam um rastro de desigualdade. Ele defende que a sociedade não se beneficia de regras e instituições que permitem a poucos enriquecer muito mais e pergunta o que mudar para que todos escapem da pobreza. As respostas, porém, não são simples, a começar pela dificuldade de computar crescimento econômico e bem-estar com precisão. O economista critica detalhadamente as medidas atuais de pobreza. (É uma pena que explicações tão didáticas e claras sejam acompanhadas por gráficos acanhados e de difícil leitura, tanto na edição on-line original quanto na impressa brasileira.) Um segundo problema é político, expõe Deaton. No capítulo sobre a crescente disparidade de renda entre os americanos, ele argumenta que não há igualdade de oportunidades e que decisões políticas estão sob domínio da elite financeira, num processo que reforça o enriquecimento do 1% mais rico e ameaça a democracia. O livro alerta para o fato de que, apesar do avanço médio geral, há quase 1 bilhão de pessoas que ainda patinam em miséria, desnutrição, doenças e morte precoce. E os programas de ajuda criados pelos países ricos pioram essa situação em vez de melhorá-la, afirma Deaton, porque inibem o desenvolvimento das instituições que fariam as nações se desenvolver por conta própria. "Precisamos parar de perguntar o que 'nós' deveríamos fazer. Quem 'nos' deu a responsabilidade de zelar por 'eles'? Nossas tentativas desastradas de ajudar têm feito mais mal que bem." Seria mais útil, diz ele, criar incentivos para pesquisa médica e científica que solucionasse problemas dessas populações, como a malária e a tuberculose, por exemplo.
    Outra forma de combater a pobreza e a desigualdade entre países seria flexibilizar a imigração. Deaton nota que o dinheiro remetido por imigrantes a seus países natais supera em muito o das "ajudas financeiras", com uma diferença fundamental. Quando os recursos vão para as mãos das famílias, elas se fortalecem para exigir mais de seus governos. Já a ajuda internacional costuma chegar aos governos e tende a inibir sua eficiência. O professor de Princeton vê ameaças no futuro: mudanças climáticas, ataques fundamentalistas contra a ciência, novas doenças infecciosas e patógenos hiper-resistentes a antibióticos. A desaceleração do crescimento econômico também é danosa. Quando o bolo para de crescer, a única forma de manter o tamanho da fatia é reduzindo a dos outros, o que torna mais violentos os conflitos distributivos. Ainda assim, ele se diz "cautelosamente otimista": "O desejo de escapar está profundamente enraizado, e os meios para isso são cumulativos. Os próximos fugitivos podem subir nos ombros de gigantes. Alguns poucos privilegiados podem ter bloqueado o túnel pelo qual passaram, mas não podem bloquear o conhecimento de como cavar novos túneis.

    sexta-feira, 15 de setembro de 2017

    Existem liberais no Brasil? Talvez, mas cabe precisar os verdadeiros - Paulo Roberto de Almeida


    Quem é, e quem não é, liberal no Brasil

    Paulo Roberto de Almeida
     [Esclarecendo certos pontos e posturas; separar o joio do trigo]


    Nos últimos meses tenho assistindo a um debate caótico, em grande medida motivado pela Grande Divisão provocada pelos companheiros e seus aliados no Brasil, na sequência da Grande Destruição que eles provocaram na economia, e da desmoralização de diversas instituições públicas (não só o Executivo, mas os outros dois poderes também), pela absoluta degenerescência moral incitada pela organização criminosa que tomou o Brasil de assalto a partir de 2003, e causa-me espécie a confusão mental que ainda reina sobre quem é, ou quem não é, liberal no Brasil, ou seja, o contrário de TUDO o que está aí, atualmente.
    Por isso resolvi escrever um pequeno guia para tentar esclarecer certas coisas:

    Quem é, e quem não é, liberal no Brasil:

    Quatro coisas que eu aprendi sobre quem NÃO é liberal no Brasil:
    1) Não basta ser contra a organização criminosa que assaltou o poder, os cofres, as empresas públicas e privadas, a população como um todo, entre 2003 e 2016 no Brasil, para se proclamar liberal;
    2) Não vale ter saudades do regime militar, como se ele fosse impoluto, livre de corrupção, apreciador da lei e da ordem, mas ao mesmo tempo sustentador de um Estado forte, protecionista, intervencionista, dirigista, para se proclamar liberal;
    3) Não adianta ser a favor do armamento geral da população – como se essa fosse a resposta para problemas de segurança pública –, ser contra o aborto e a favor da vida – como se isso fosse interromper as centenas de milhares de abortos clandestinos, geralmente de alto risco para adolescentes pobres –, ser contra a "arte degenerada", ou supostamente esquerdista, para achar que isso é ser contra o Estado esquerdista;
    4) Achar que fascistas são "esquerdistas", ou vice-versa – como se isso fizesse alguma diferença em termos práticos –, ou que conservadores também são "liberais", ou que islâmicos em geral são todos sustentadores da jihad contra os valores ocidentais, potenciais apoiadores de terroristas islâmicos, ou proclamar as virtudes excelsas da religião cristã, para que tudo isso signifique estar do lado dos liberais no Brasil.
    Infelizmente, faltam bases intelectuais ao movimento liberal no Brasil, mas o fato é que verdadeiros liberais são pelo laissez-faire, pelo Estado mínimo, pelo máximo de liberdades econômicas possível, pela tolerância radical em relação a crenças e questões de ordem moral, pelo progresso contínuo das instituições e mecanismos da vida em sociedade, por meio de reformas tendentes à afirmação das liberdades individuais e da iniciativa privada, dos mercados livres, e sobretudo pela defesa intransigente, ativa, dos valores e princípios da democracia e dos direitos humanos.
    Acho que muita gente precisa aprender o que é ser verdadeiramente liberal, o que julgo que ainda vai ocorrer no Brasil.

    Paulo Roberto de Almeida
    Brasília, 15 de setembro de 2017