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sexta-feira, 30 de março de 2018

Prata da Casa: mais livros de diplomatas, Revista da ADB - Paulo Roberto de Almeida

Esta relação é anterior, mas apenas agora encontro tempo para acessar o site da revista e verificar o que realmente foi publicado (nem sempre sai tudo o que mando) e conferir os links disponíveis: 


1240. “Prata da Casa, outubro de 2016 a janeiro de 2017”, Revista da ADB, Associação dos Diplomatas Brasileiros (ano XIX, n. 94, outubro 2016 a janeiro de 2017, p. 43-45; ISSN: 0104-8503).Miniresenhas sobre os seguintes livros: (1) João Ernesto Christófolo: Solving Antinomies Between Peremptory Norms in Public International Law (Genebra-Zurique: Schultess Éditions Romandes, 2016, 354 p.; ISBN: 978-3-7255-8599-1); (2) Felipe Hees: O Senado Federal brasileiro e o sistema multilateral de comércio (1946-1967 (Brasília: Funag, 2016, 383 p.; ISBN: 978-85-7631-626-8; Coleção Política Externa Brasileira); (3) Paulo Roberto Campos Tarrisse da Fontoura; Maria Luiz Escorel de Moraes; Eduardo Uziel (orgs.): O Brasil e as Nações Unidas, 70 anos (Brasília: Funag, 2015, 532 p.; ISBN: 978-85-7631-569-8; Coleção História Diplomática); (4) Acir Pimenta Madeira Filho: Instituto de cultura como instrumento de diplomacia (Brasília: Funag, 2016, 228 p.; ISBN: 978-85-7631-623-7; Coleção CAE); (5) José Vicente Pimentel (org.): Pensamiento diplomático brasileño: formuladores y agentes de la política exterior, 1750-1964 (Brasília: Funag, 2016, 3 vols.; ISBN: 978-85-7631-588-9); (6) Flavio Goldman: Exposições universais e diplomacia pública (Brasília: Funag, 2016, 296 p.; ISBN: 978-85-7631-614-5; Coleção CAE); Publicado antecipadamente no blog Diplomatizzando (21/12/2016; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/12/prata-da-casa-os-livros-dos-diplomatas.html); disseminado no Facebook (link: https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1371900469540066). Publicado na Revista da ADB, Associação dos Diplomatas Brasileiros (ano XIX, n. 94, outubro 2016 a janeiro de 2017, p. 43-45; ISSN: 0104-8503; links: https://adb.org.br/revista-adb/#revista-adb-94/page42-page43 e https://adb.org.br/revista-adb/#revista-adb-94/page44-page45). Relação de Originais n. 3068.

Prata da Casa - Revista ADB: 3ro. quadrimestre 2016, início 2017

Paulo Roberto de Almeida
Revista da Associação dos Diplomatas Brasileiros
(ano 19, n. 94, setembro-dezembro 2016-janeiro 2017, p. 43-45; ISSN: 0104-8503)


(1) João Ernesto Christófolo: Solving Antinomies Between Peremptory Norms in Public International Law (Genebra-Zurique: Schultess Éditions Romandes, 2016, 354 p.; ISBN: 978-3-7255-8599-1)

Dentre os poucos diplomatas com teses de doutorado publicadas, a deste autor é provavelmente a única a integrar a coleção Genevoise da Faculdade de Direito da Universidade de Genebra, com menos de vinte outras no campo do direito internacional. Christófolo trata de uma questão conhecida dos internacionalistas do direito, desde Grotius e Vattel, mas, a despeito da vasta literatura já existente a esse respeito, pouco se tem estudado a questão dos conflitos entre as próprias normas peremptórias. Sua tese vem preencher uma lacuna, daí a inclusão nessa coleção restrita, inclusive porque não se tem uma hierarquia clara entre conflitos normativos e qual norma deve prevalecer. Ele propõe uma teoria para tratar dessa lacuna, dentro da teoria geral do jus cogens. Impressionante o número de casos estudados. Parabéns.


 (2) Felipe Hees: O Senado Federal brasileiro e o sistema multilateral de comércio (1946-1967) (Brasília: Funag, 2016, 383 p.; ISBN: 978-85-7631-626-8; Coleção Política Externa Brasileira);


O parlamento brasileiro comparece ocasionalmente em estudos da política externa, poucas vezes em estudos aprofundados de temas relativamente complexos de nossa interface externa, como é o caso da diplomacia comercial. Este trabalho, inédito na bibliografia especializada, cobre a atuação do Senado em torno da participação do Brasil no Gatt, no período da Constituição de 1946, que assistiu à construção de um dos mais arraigados sistemas protecionistas no mundo, como sublinha o prefaciador, embaixador Paulo Estivallet de Mesquita, além de o país continuar insistindo no famoso tratamento especial e diferenciado em favor de países em desenvolvimento. Com todos esses percalços, o Brasil foi um dos maiores participantes nas negociações comerciais multilaterais, processo coroado, recentemente, com a direção da OMC.


(3) Paulo Roberto Campos Tarrisse da Fontoura; Maria Luiz Escorel de Moraes; Eduardo Uziel (orgs.): O Brasil e as Nações Unidas, 70 anos (Brasília: Funag, 2015, 532 p.; ISBN: 978-85-7631-569-8; Coleção História Diplomática)



Esta obra coletiva é excepcional a mais de um título. Apresenta, em sua primeira parte, as instruções e o relatório da delegação brasileira à conferência de criação da ONU, precedidos de uma introdução a essa documentação histórica por Eduardo Uziel, que esclarece sobre os textos fundadores da posição brasileira, entre eles a Ata de Chapultepec, do início de 1945, e os planos traçados em Dumbarton Oaks (transcritos no Anexo 1) e comentários a estes por diversos países. Na segunda parte, comparecem seis diplomatas (Eugenio Garcia, Ronaldo Sardenberg, Celso Amorim, Gelson Fonseca, Maria Luiza Viotti e Antonio Patriota) com textos históricos e analíticos sobre a ONU, sobre a participação do Brasil no CSNU e sobre as perspectivas de reforma para a ampliação deste último.

(4) Acir Pimenta Madeira Filho: Instituto de cultura como instrumento de diplomacia (Brasília: Funag, 2
016, 228 p.; ISBN: 978-85-7631-623-7; Coleção CAE)



Institutos culturais são comuns em países dotados de um histórico de grandes contribuições à cultura universal, mas podem, também, ser usados como instrumentos úteis de atuação externa no caso de países que precisam, justamente, corrigir certos estereótipos que persistem na comunidade mundial. O Brasil já possui diversos tipos de “soft power”, e Pimenta demonstra como eles podem ser mobilizados para ajudar a “vender” bens tangíveis e produtos intangíveis. Ele examina os casos da França, Reino Unido, Alemanha, Itália, Japão, Espanha, Portugal e China, e com maior detalhe os exemplos da Aliança Francesa e Instituto Cervantes, para então propor a criação de um Instituto Machado de Assis, que seria não apenas de cultura, mas também de internacionalização da língua portuguesa. Excelente proposta!


 (2) Jose Vicente Pimentel (org.): Pensamiento diplomático brasileño: formuladores y agentes de la política exterior, 1750-1964 (Brasília: Funag, 2016, 3 vols.; ISBN: 978-85-7631-588-9)



Versão em espanhol, precedendo uma próxima versão em inglês, desta obra coletiva que, lançada originalmente em português em 2013, já se tornou um clássico dos estudos de história intelectual no Brasil, focando a contribuição dos personagens mais relevantes que moldaram, explicaram ou conduziram (simultaneamente, em diversos casos) a política externa brasileira (ou mesmo antes, no caso de Alexandre de Gusmão), ao longo de mais de dois séculos de afirmação de uma diplomacia que tornou-se respeitada na região e no mundo. Esta obra deve alicerçar ainda mais o prestígio dessa diplomacia entre os vizinhos, e reforçar os seus méritos em escala mais ampla, quando a edição em inglês estiver disponível. Original, sob diversos aspectos, essa bela iniciativa analítica deveria ter continuidade em novas vertentes.



(6) Flavio Goldman: Exposições universais e diplomacia pública (Brasília: Funag, 2016, 296 p.; ISBN: 978-85-7631-614-5; Coleção CAE)


A despeito de ter sediado dois grandes eventos entre 2014 (Copa do Mundo) e 2o16 (Olimpíadas), o Brasil ainda não hospedou uma exposição universal, que costuma ser a marca de elevação do país anfitrião a um padrão mais elevado de desenvolvimento, mas participou de quase todas elas, desde a segunda metade do século XIX. Esta tese de CAE faz um levantamento primoroso do papel desses grandes eventos, em grande medida beneficiada pelo fato de seu autor ter atuado na candidatura de São Paulo a uma exposição desse tipo: depois de um histórico de sua realização em diversos países, geralmente desenvolvidos, e da participação do Brasil, Goldman trata as exposições como eventos de diplomacia pública, mostrando como o país poderia entrar nesse “universo” grandioso de prestígio internacional.



Paulo Roberto de Almeida
[Brasília, 20 de dezembro de 2016 Publicado na Revista da ADB, Associação dos Diplomatas Brasileiros (ano XIX, n. 94, outubro 2016 a janeiro de 2017, p. 43-45; ISSN: 0104-8503; links: https://adb.org.br/revista-adb/#revista-adb-94/page42-page43 e https://adb.org.br/revista-adb/#revista-adb-94/page44-page45). 

Prata da Casa: livros de diplomatas, na revista da ADB - Paulo Roberto de Almeida

De vez em quando me lembro de acessar o site da revista:

1266. “Prata da Casa, junho de 2017 a novembro de 2017” [Mini-resenhas sobre os seguintes livros: (1) Jaime Pinsky (org.), O Brasil no contexto, 1987-2017 (São Paulo: Contexto, 2017, 224 p.; ISBN: 978-85-7244-992-2); (2) Gustavo Westmann (org.): Novos olhares sobre a Política Externa Brasileira (São Paulo: Contexto, 2017, 272 p.; ISBN: 978-85-7244-986-1); (3) Rogério de Souza Farias: Edmundo P. Barbosa da Silva e a construção da diplomacia econômica brasileira (Brasília: Funag, 2017, 589 p.; ISBN: 978-85-7631-682-4); (4) Sergio de Queiroz Duarte: Desarmamento e temas correlatos (Brasília: Funag, 2014, 244 p.; ISBN: 978-85-7631-507-0; Coleção Em Poucas Palavras). (5) Sérgio Eduardo Moreira Lima (org.): A importância da Espanha para o Brasil: história e perspectivas (Brasília: Funag, 2017, 217 p.; ISBN: 978-85-7631-670-1); (6) Martin Normann Kämpf: Ilha da Trindade: a ocupação britânica e o reconhecimento da soberania brasileira (1895-1896) (Brasília: Funag, 2016, 221 p.; ISBN: 978-85-7631-584-1)]. Publicados apenas os livros 3, 4, 5 e 6, na Revista da ADB, Associação dos Diplomatas Brasileiros (ano XIX, n. 96, julho de 2017 a novembro de 2017, p. 39-41; ISSN: 0104-8503; link: https://adb.org.br/revista-adb/#revista-adb-96/page40-page41). Relação de Originais n. 3137.



 Prata da Casa, julho a novembro de 2017

Paulo Roberto de Almeida
 [Miniresenhas; Revista da ADB, Associação dos Diplomatas Brasileiros (ano XIX, n. 96, julho a novembro de 2017, p. 40-41; ISSN: 0104-8503)]


(1) Jaime Pinsky (org.): [Não Publicada]
       O Brasil no contexto, 1987-2017
       (São Paulo: Contexto, 2017, 224 p.; ISBN: 978-85-7244-992-2)





(2) Gustavo Westmann (org.):  [Não Publicada]
       Novos olhares sobre a Política Externa Brasileira
       (São Paulo: Contexto, 2017, 272 p.; ISBN: 978-85-7244-986-1)







(3) Rogério de Souza Farias:
       Edmundo P. Barbosa da Silva e a construção da diplomacia econômica brasileira
       (Brasília: Funag, 2017, 589 p.; ISBN: 978-85-7631-682-4)




Assim como as memórias de Roberto Campos, Lanterna na Popa, constituem, bem mais que mera autobiografia, uma verdadeira história econômica do Brasil, esta densa biografia de um dos grandes construtores da diplomacia econômica no Itamaraty representa, igualmente, uma verdadeira reconstrução historiográfica de toda a história econômica do Brasil na segunda metade do século XX, sendo, como a obra de Campos, de leitura obrigatória por todos aqueles que pretendem abordar, doravante, as relações econômicas internacionais do Brasil, e as políticas econômicas, em especial a comercial e a industrial no período. Enriquecida por um belo e substantivo prefácio do colega de Edmundo, embaixador Marcílio Marques Moreira, a biografia se estende do século XIX ao XXI, e representa um monumento à inteligência econômica, como feita no Itamaraty.


(4) Sergio de Queiroz Duarte:
       Desarmamento e temas correlatos
       (Brasília: Funag, 2014, 244 p.; ISBN: 978-85-7631-507-0; Coleção Em Poucas Palavras)



A coleção costuma ter 120 páginas: o tema tratado por Sérgio Duarte exigiu, porém, o dobro da extensão. Ele descreve todo o complexo compreendido no vasto universo das armas de destruição em massa, desde os primeiros esforços de desarmamento, como o programa dos “Átomos para a Paz”, os tratados pertinentes às diversas categorias de armas (químicas, bacteriológicas e biológicas, nucleares), bem como as zonas livres destas últimas, ademais dos vetores (mísseis e foguetes), dos regimes de controle e dos organismos vinculados a esse interminável, e talvez insuperável, esforço. Isso dentro das 120 páginas tradicionais da coleção: as restantes são ocupadas pela listagem dos principais acordos no campo do desarmamento e pela transcrição dos relevantes (Tlatelolco, TNP e Proibição completa de testes nucleares).




(5) Sérgio Eduardo Moreira Lima (org.):
       A importância da Espanha para o Brasil: história e perspectivas
       (Brasília: Funag, 2017, 217 p.; ISBN: 978-85-7631-670-1)



A Espanha está presente na história do Brasil muito antes da União Ibérica (1580-1640), pois que portugueses e castelhanos disputaram de longa data porções do continente meridional do Novo Mundo, e o reino espanhol foi um dos últimos a reconhecer a independência do Brasil, entre outros motivos por disputas monárquicas. Luiz Felipe de Seixas Corrêa assina, nesta obra resultante de um seminário organizado pela Funag e pela embaixada da Espanha, um interessante ensaio histórico – “O governo dos reis espanhóis em Portugal (1580-1640): um período singular na formação do Brasil” – que demonstra como essa “União Ibérica” constituiu um momento decisivo na organização da colônia até então relativamente descurada. O efeito mais importante foi a expansão do território, consolidado um século depois por Alexandre de Gusmão!


(6) Martin Normann Kämpf:
       Ilha da Trindade: a ocupação britânica e o reconhecimento da soberania brasileira (1895-1896)
       (Brasília: Funag, 2016, 221 p.; ISBN: 978-85-7631-584-1)


Depois dos clássicos livros de história diplomática de Hélio Vianna e Delgado de Carvalho, raramente a literatura em torno da política exterior do Brasil nas questões de limites tocou na questão da ilha da Trindade, limitando-se em geral aos casos mais conhecidos de limites territoriais tratados pelo Barão do Rio Branco. Este estudo que resulta de dissertação de mestrado no Instituto Rio Branco sob a direção do professor Francisco Doratioto inova inclusive sobre os estudos diplomáticos tradicionais (Araújo Jorge, Delgado de Carvalho), ao consultar arquivos primários que ainda não tinham sido explorados pelos pesquisadores. Numa era de predomínio quase absoluto, e prepotente, do imperialismo britânico, o Brasil conseguiu, unicamente pela força do direito, ou seja, da diplomacia, vencer o direito da força. A diplomacia construiu o Brasil moderno!



[Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 3137: 7 de julho de 2017]