O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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segunda-feira, 28 de maio de 2018

ALALC e ALADI, Guia de Organizacoes Internacionais das Americas: disponível

Trabalhos mais recentes publicados, neste livro:


1282. “Associação Latino-Americana de Livre-Comércio (ALALC)”, com Elisa Ribeiro Pinchemel, In: Elisa de Sousa Ribeiro, André Pires Gontijo, Eloisa Maieski Antunes (coords.),Guia de Organizações Internacionais das Américas(Brasília: UniCEUB : ICPD, 2018; 309 p.; ISBN 978-85-61990-80-0; p. 91-99). Relação de Originais n. 3142.



1283. “Associação Latino-Americana de Integração (ALADI)”, com Elisa Ribeiro Pinchemel, In: Elisa de Sousa Ribeiro, André Pires Gontijo, Eloisa Maieski Antunes (coords.),Guia de Organizações Internacionais das Américas(Brasília: UniCEUB : ICPD, 2018; 309 p.; ISBN 978-85-61990-80-0; p. 100-108).Relação de Originais n. 3142.

O livro pode ser acessado neste link: 


Sumário: 




As RI numa era de paradoxos - Paulo R. Almeida

Um dos trabalhos mais acessados na última semana, decorrente de Aula Magna na PUC-GO:

Academia.edu

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domingo, 27 de maio de 2018

Brasil, da imigracao 'a emigracao - Paulo Roberto de Almeida

Brasil, da imigração à emigração

Paulo Roberto de Almeida
 [Objetivo: comentários sobre o fenômeno; finalidade: programa de rádio]


Introdução
Fui convidado pela Rádio Record a oferecer comentários sobre o número de emigrantes brasileiros, ou seja, brasileiros que decidiram abandonar o país e morar no exterior, onde eles se tornam imigrantes, nas mais diferentes situações. As perguntas foram feitas pelos radialistas. Meus comentários são necessariamente breves.

Identificação preliminar: Paulo Roberto de Almeida, diplomata de carreira, professor de Economia Política nos programas de mestrado e doutorado em Direito do Centro Universitário de Brasília (Uniceub), atual Diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, IPRI, órgão da Fundação Alexandre de Gusmão, autarquia vinculada ao Itamaraty, ou seja, ao Ministério de Relações Exteriores do Brasil.

1) Dados sobre o número de migrantes brasileiros que decidem morar em outro país.
Não existem dados absolutamente fiáveis dos emigrantes brasileiros, uma vez que o fenômeno da migração brasileira ao exterior é relativamente recente, podendo ser datada a partir dos anos 1980, quando o Brasil conheceu a chamada “década perdida”, ou seja, a crise da dívida externa em 1982, que resultou na aceleração inflacionário, no decréscimo, ou estagnação, do crescimento econômico e, portanto, diminuição das perspectivas de ascensão social. A partir daquela década, levas de brasileiros pobres, desempregados, sem perspectivas de melhoria de vida, decidiram abandonar o país para tentar a sorte no exterior, podendo-se identificar os focos principais de atração. De um lado, os Estados Unidos, como uma grande economia aberta e receptiva a todos os tipos de migrantes passou a acolher número relativamente elevado de brasileiros de todas as regiões do país e de diferentes origens sociais, com algum predominância do interior e de camadas mais modestas. Por outro lado, descendentes de terceira geração da comunidade japonesa, sobretudo de São Paulo e Paraná, resolveram tentar a sorte na pátria de origem de seus pais ou avós. Uma terceira leva se dirigiu à Europa, sobretudo Portugal e outros países latinos, dados os vínculos familiares de origem, famílias de Portugal, da Itália ou de outros países.
Nos anos 1990 ou início do novo milênio, esse número já deveria ter alcançado cerca de 3 milhões de brasileiros instalados no exterior, número que cresceu nos anos recente. Digo deveria, pois não existem dados precisos a respeito, uma vez que eles não necessariamente se inscrevem nos consulados brasileiros. A partir da primeira década deste século, a política do Itamaraty passa a atribuir maior importância ao apoio consular e ao trabalho de acompanhamento desses brasileiros que decidiram emigrar. Conferências de Brasileiros no Exterior são organizadas a partir desse momento, com um trabalho preliminar dos consulados brasileiros, desde os anos 1990 no sentido de constituir Conselhos de Cidadãos Brasileiros nas localidades de maior concentração. Essas localidades são a costa leste dos Estados Unidos, num arco que vai de Nova Jersey a Massachusetts, mais a Flórida e pontos específicos em outras regiões, no Texas, por exemplo, e a Califórnia. Na Europa, Portugal, Itália, Espanha, França e alguns outros países. E, no Japão, a região que cobre as localidades de Nagoia, Osaka, Hamamatsu e Tóquio, onde estão concentradas muitas indústrias. 

2) Esses números veem aumentando?
Entre 2012 e 2014 esse número certamente cresceu, a taxas regulares, depois de um ligeiro decréscimo nos Estados Unidos, o principal foco de atração, com a crise econômica de 2008. Os países de maior concentração de brasileiros no exterior são, pela ordem: os Estados Unidos, com 50% do total, acima de 1,5 milhão. Depois temos o Japão, com mais de 200 mil brasileiros, seguido de perto pelo Paraguai, um destino tradicional de agricultores brasileiros desde várias décadas. Portugal, na Europa, concentra o maior número de brasileiros, provavelmente mais de 200 mil atualmente. Também a Espanha, o Reino Unido, a Alemanha, a Itália, a França, a Suíça e a Bélgica possuem comunidades expressivas. Na América do Sul, a Argentina também atraiu número expressivo de emigrantes brasileiros. Até a Austrália e o Canadá atrairam número significativo de brasileiros. No total, o número de brasileiros no exterior, atualmente, pode ter ultrapassado 4 milhões de cidadãos, o que caberia confirmar.

3) Por que esse aumento?
O fenômeno migratório mundial está sempre associado a crises – guerras, recessões econômicas – ou à busca de novas oportunidades em países que se mostram atrativos no plano do emprego, do aumento de renda, da segurança pessoal. O Brasil não escapou a esses processos, seja como foco de atração de imigrantes pobres da Europa, agricultores em grande medida, entre o final do século 19 e as primeiras décadas do século 20. Nos anos 1930, e na imediata sequência da Segunda Guerra Mundial, o Brasil ainda atraiu muitos refugiados europeus e alguns japoneses, mas esse fluxo praticamente cessou a partir dos anos 1960. Vinte anos depois, foi o Brasil que, paradoxalmente, começou a “exportar” brasileiros, em virtude da crise econômica e das maiores facilidades de viagens e comunicações. Esse movimento não cessou, e de certa forma aumentou nos últimos anos, com a maior recessão de nossa história econômica, o aumento da delinquência, do banditismo ordinário, mas também da corrupção e das grande dificuldades para o empreendedorismo econômico, uma vez que o Brasil é um país asfixiado por uma burocracia infernal e por uma carga tributária extorsiva.

4) Além do Japão, quais são os principais destinos em alta?
O Japão atraiu sobretudo os descendentes de japoneses, os nisseis, os sanseis, que são ali chamados de “decasséguis”. Eles já foram superiores a 200 mil em número, mas atualmente esse número decresceu, em virtude da persistente crise japonesa e o fato da transferência de muitas empresas japonesas para o exterior, em outros países da Ásia. Esse número, no entanto, representa menos de um quinto, talvez menos, do total de brasileiros residindo legal ou ilegalmente nos Estados Unidos, que nos últimos anos passaram a atrair também cidadãos de classe média, um fenômeno diferentes daqueles brasileiros mais pobres que saíram na qualidade de “refugiados econômicos”. Em nossos dias, é comum encontrar, nos Estados Unidos e na Europa, brasileiros de formação superior, até empreendedores e quadros de alta qualificação. Muitos fizeram estudos de pós-graduação no exterior, e possuem contatos diretos com eventuais empregadores, no setor privado ou no ambiente acadêmico e de pesquisa científica. 

5) Mesmo com visto, o imigrante brasileiro ainda é visto como imigrante?
Provavelmente sim, pois se trata de um fenômeno recente, um fluxo que ainda não teve tempo de se consolidar em comunidades perfeitamente integradas ao ambiente local, como pode ter ocorrido, por exemplo com os grandes fluxos de emigrantes europeus que se mudaram definitivamente para o Novo Mundo, sobretudo nos Estados Unidos, na Argentina e no próprio Brasil. Italianos, irlandeses, britânicos e muitos outros residentes de regiões afetadas por guerras e conflitos, inclusive os refugiados políticos de regimes comunistas, na Europa central e oriental, da China e do Vietnã, se deslocaram para os Estados Unidos e para a Europa. Atualmente, há muitos refugiados de guerras no Oriente Médio e refugiados econômicos da África, da Ásia e mesmo da América Latina. Os brasileiros, por serem ainda de migração recente, não tiveram tempo, talvez, de criar comunidades mais estáveis, mas isso já é o caso de diversas localidades nos Estados Unidos, na costa leste da Nova Inglaterra, na Flórida e em outras regiões. Em Portugal também a presença já se firmou definitivamente, inclusive facilitada por acordos especiais entre o Brasil e Portugal em várias áreas sociais.

6) Existem dados sobre os brasileiros que decidem retornar ao Brasil?
Os dados são sempre parciais e limitados, a despeito de o Ministério das Relações Exteriores, por meio da sua área consular, ter criado um programa para facilitar o retorno desses brasileiros desejosos de se instalar novamente no Brasil. Os fluxos e refluxos são mais importantes a partir dos Estados Unidos e do Japão.

7) Qual a interpretação desse retorno?
Ele se dá por diferentes motivos: saudades do Brasil, laços familiares que precisam ser renovados, ou dificuldades de adaptação no país de acolhimento, além de crises econômicas que redundam em desemprego. Certo número desses retornados é composto de ilegais, o que os torna especialmente frágeis em face das autoridades migratórias e, obviamente, para conseguir empregos de qualidade. Pode-se até mesmo especular sobre o sucesso de muitos deles: deixaram família, parentes, em seus locais de origem e foram ganhar algum dinheiro durante certo tempo e países de altos salários, fazem poupança e retornam para dar início a algum negócio próprio, para comprar uma casa e colocar a sua vida financeira em ordem.
O próprio Brasil, nos últimos anos, se tornou terra de acolhimento de imigrantes da própria região ou da África, sendo expressivo, nos dois últimos anos, o fluxo maciço de venezuelanos escapando da brutal crise econômica vigente no país vizinho, carente de remédios, de comida, de oportunidades de ascensão ou de simples estabilidade econômica. Países acolhedores de imigrantes são, em geral, economias dinâmicas, ao passo que aqueles que “exportam” os seus nacionais estão em declínio econômico ou são ditaduras.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 27 de maio de 2018

O balanco desastroso das estatais - Ricardo Bergamini

Ricardo Bergamini, um crítico feroz da irresponsabilidade política e econômica dos governantes, investe aqui contra as estatais, usando os dados oficiais do próprio governo. Ele tem razão, inteiramente, completamente, absolutamente. TODAS as estatais, sem exceção, devem ser privatizadas, o mais rapidamente possível, mas num regime regulatório de concorrência, num ambiente competitivo o mais amplo possível. A Petrobras, por exemplo, pode ser desmembrada em uma dúzia, ou mais, de empresas privadas, todas complementares entre si, mas concorrendo com diversas outras empresas privadas, nacionais e estrangeiras, em toda a cadeia produtiva, de distribuição e de assistência técnica nos ramos de exploração, refino, venda de derivados de petróleo e todos os demais bens e serviços associados.
O mesmo com os bancos estatais e TODAS as demais.
O Brasil e os brasileiros pagam muito caro o desperdício estatal.
Paulo Roberto de Almeida

Empresas estatais: uma aberração econômica
Ricardo Bergamini
A existência das estatais é por si só uma aberração econômica, sendo dominada pela CUT e pelo PT para manter a orgia. Os ingênuos e/ou estúpidos comemoram o aparente fracasso do PT, se esquecendo de que sua principal fonte de contribuição legal advém dos dízimos dos empregados das estatais. 
Vide abaixo o balanço das estatais federais. Uma das maiores usinas de gastos públicos da história do Brasil.
LAMENTO JAMAIS TER LIDO ALGUMA MATÉRIA NA IMPRENSA, OU MESMO NA INTERNET, SOBRE O ASSUNTO. SE ALGUÉM CONHECER FAVOR DE ENVIAR.  
Destaques do estudo:
- São 146 empresas estatais federais (elefantes brancos) e suas centenas de subsidiárias onde existem algumas curiosidades, tais como: empresas com patrimônio líquido (PL) negativo e outras empresas dependentes exclusivas do tesouro nacional. Por que não iniciar a privatização ou extinção das empresas com PL negativo e dependentes exclusivas do tesouro nacional?
Esses “elefantes brancos” somente servem para gerar deficit público e empregos para apadrinhados de políticos, além de ser o principal ninho petista. E o mais grave é que o “prostíbulo BNDES” financia muitas delas. Uma imoralidade sem precedentes. No Brasil é proibido ser normal (anexo 2.1).
- Em 2017 o tesouro nacional colocou R$ 18,2 bilhões na lixeira das estatais dependentes exclusivas do tesouro nacional, mais R$ 3,4 bilhões nas empresas não dependentes. Com desperdício fiscal  inútil da ordem de R$ 21,6 bilhões (anexos 3.8 e 3.9).
- Em 2009 a dívida das estatais era de R$ 142,0 bilhões (4,26% do PIB), em 2017 a dívida das estatais era de R$ 412,0 bilhões (6,28% do PIB). Crescimento real em relação ao PIB de 47,42%. (anexo 4.1).
- Em 2015 as empresas com patrimônio líquido negativo totalizaram passivo a descoberto da ordem de  R$ 24,5 bilhões. Em 2016 totalizaram passivo a descobeto de R$ 33,3 bilhões. (anexo 6.7).
- Em 2006 existiam 431.259 servidores ativos nas estatais, já em dezembro de 2017 saltou para 504.444, cujo crescimento foi de 16,97% em relação ao ano de 2006 (anexo 6.10). 
- Em 2006 somente nas empresas dependentes exclusivas do tesouro nacional tinha um efetivo de 34.616 servidores ativos, já em dezembro de 2017 saltou para 74.364 servidores ativos, cujo crescimento foi de 114,82% (anexo 6.10).

Balanço das Estatais Federais – Fonte MP
Base: Quarto Trimestre de 2017







Arquivos oficiais do governo estão disponíveis aos leitores.
Ricardo Bergamini

Brazilian Journal of International Relations - novo numero

Mais um número saindo do forno, ou das forjas cibernéticas:

Brazilian Journal of International Relations (www.bjir.igepri.org) acaba de publicar seu novo
número em http://www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/bjir
Convidamos a navegar no sumário da revista para acessar os artigos e itens de interesse.

Agradecemos seu interesse em nosso trabalho, 
Camilla Silva Geraldello
Universidade de São Paulo
camillageraldello@usp.br

Brazilian Journal of International Relations
v. 7, n. 1 (2018)

Sumário
http://www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/bjir/issue/view/466

Apresentação (2-4)
Marcelo Fernandes de Oliveira, Rafael Salatini
Colaboradores (5-6)

Artigos
Multinationals And The Bargaining Dynamic Among Least Developed Countries
(7-35)
Mauricio Lascurain Fernandez, Luiz Fernando Villafuerte Valdés
A Política de Comércio Internacional Agrícola de Brasil e Estados Unidos
no Contencioso do Algodão na OMC (2002-2005)/The International Agricultural
Trade Policy of Brazil and United States in Cotton Dispute on the WTO
(2002-2005) (36-65)
Marcelo Fernandes de Oliveira, Camilla Silva Geraldello
A oportuna e necessária aplicação do Direito Internacional nos
ciberespaços: da Convenção de Budapeste à legislação brasileira/The
timely and necessary implementation of International Law in the ciberspace:
from the Budapest Convention to Brazilian legislation (66-82)
Taís Vasconcelos Cidrão, Antonio Walber Muniz, Ana Abigail Alves
Marco para una Gobernanza del Agua: hacia una cooperación en cuencas
transfronterizas/Framework for Water Governance: towards co-operation in
cross-border basins (83-112)
Guillermina Elias
Convergences and dissonances within the Bismarckian welfare paradigm: a
critical assessment of the impacts of Hartz-IV on the German unemployment
insurance system (113-142)
Stephan Treuke
O pensamento diplomático brasileiro em relação aos Estados Unidos durante
os governos Cardoso e Lula: acomodacionistas x revisionistas/The Brazilian
diplomatic thought in regarding to the United States during Cardoso and Lula
Governments: situationists x revisionists (143-173)
Leandro Wolpert dos Santos
Legislativo e política externa brasileira: os debates recorrentes na
Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos
Deputados de 1999 a 2015/Legislative and Brazilian foreign policy: recurrent
topics in the Commission on Foreign Relations and National Defense of the
Chamber of Deputies from 1999 to 2015 (174-201)
Angelo Raphael Mattos
A gestão da crise financeira de 2008 pela China: o papel do Estado na
implementação de políticas anticíclicas e desafios subsequentes/The 2008
financial crisis and China’s response: the role of the State in the
implementation of anti-cyclical polices and its challenges (202-223)
Rúbia Marcussi Pontes
________________________________________________
Brazilian Journal of International Relations
www.bjir.igepri.org

Política Fiscal do Brasil: os dados da tragédia - Ricardo Bergamini

Reflexão

“Somente os sábios enxergam o óbvio” (Nelson Rodrigues).

"Grandes criadores da ciência moderna tais como, Kepler, Galileu e Newton interpretavam a inteligibilidade matemática do cosmo num sentido teológico (como seus contemporâneos Descartes e, sobretudo, (Malebranche). Deus criou o mundo com leis matemáticas colocando em nosso espírito “ciências de verdade" (Descartes) que nós apenas temos de desenvolver para compreendê-lo. Kepler, entusiasmado com sua descoberta da trajetória elíptica dos planetas, exprime, numa bela página dos seus Cinco Livros sobre a Harmonia do Mundo, sua gratidão a Deus: "Agradeço-te, Criador e Senhor, por me teres regozijado o espírito com o espetáculo de tua obra". Leibniz admirava profundamente a extrema simplicidade das leis do universo, em que o máximo de efeitos realizou-se com o mínimo de meios. "O mundo", dizia, "originou-se dos cálculos de Deus". Já Platão invocava um Deus que "sempre geometriza". Na Bíblia, o Livro da Sabedoria (XI, 20) ensina-nos que "Deus tudo regulou com medida e com número". 



Análise da Política Fiscal da União – Fonte MF
Base: Ano de 2017
Base: R$ Bilhões
Tipo de Despesa
2002
% PIB
2010
% PIB
2017
% PIB
Despesas Correntes
339,1
22,78
901,4
23,20
1.640,1
25,00
Pessoal inclui (RPPS)
75,0
5,04
183,3
4,72
304,1
4,63
Juros e Encargos
55,3
3,71
122,4
3,15
203,1
3,10
Transferências para Estados e Municípios.
73,6
4,94
198,2
5,10
306,2
4,67
Benefícios Previdenciários (RGPS- INSS)
87,6
5,88
246,2
6,33
545,7
8,32
Outras Despesas Correntes
47,6
3,21
151,3
2,90
281,0
4,28
Despesas de Capital
100,0
6,71
230,2
5,92
402,8
6,14
Investimentos
10,1
0,68
53,3
1,37
24,9
0,38
Inversões Financeiras
20,9
1,40
36,4
0,94
57,5
0,88
Amortização de Dívida
69,0
4,63
140,5
3,61
320,4
4,88
Despesas Totais
439,1
29,49
1.131.6
29,12
2.042,9
31,14
Receitas Totais
436,3
29,30
980,7
25,24
1.619,4
24,69
Déficit Fiscal Nominal
(2,8)
(0,19)
(150,9)
(3,88)
(423,5)
(6,45)
Notas: 1) PIB 2002 – (R$ 1.488,8 bilhões); PIB 2010 – (R$ 3.885,8 bilhões); PIB 2017 – (R$ 6.559,9 bilhões).
2) Refinanciamento de Dívida, ou seja: não houve movimentação financeira, mas apenas contábil: 
2002 – (R$ 235,8 bilhões); 2010 – (R$ 373,4 bilhões); 2017 – (R$ 462,6 bilhões).

 

Considerações:

Segundo o Banco Central do Brasil o deficit fiscal nominal consolidado (União, estados e municípios) de 2017 foi de R$ 511,4 bilhões (7,98% do PIB). Esse deficit retrata uma apuração contábil em regime de competência, ou seja: todos os compromissos do governo, mesmo os não vencidos, bem como os refinanciados estão apurados da forma (pro-rata/ano) dentro desse resultado.
Porém no quadro demonstrativo acima de autoria da STN estão retratados apenas os que provocaram movimentação financeira, denominado de regime de caixa, exclusivamente da União, isso explica a diferença existente entre o deficit contábil de R$ 511,4 bilhões (7,98% do PIB) e o deficit financeiro de apenas R$ 423,5 bilhões (6,45% do PIB). Para os leigos no assunto ficaria a pergunta de como poderia ter ocorrido essa mágica do deficit ter caído de 7,98%do PIB para 6,45% do PIB. A explicação está no aumento da dívida do governo, tendo saído de 73,97% do PIB em 2016 para 79,56% do PIB em 2017. Aumento real de 7,56% em relação ao PIB.
Análise da baixa eficácia da lei que limita os gastos públicos, tendo servido apenas para concorrer ao “Oscar de Efeitos Especiais” do governo de plantão, que faz parte do seu espetáculo para vender a farsa da moralidade pública e austeridade fiscal. Haja vista que as quatro primeiras rubricas abaixo (82,21% das despesas totais) são constitucionais, ou seja, não dependem do governante de plantão.
- Gastos com Pessoal (inclui RPPS) não obedece aos governantes de plantão, mas sim as cláusulas pétreas da Constituição com os seus ilimitados e intocáveis direitos adquiridos. Correspondeu a 14,87% das despesas em 2017.
- Juros e amortizações não obedecem aos governantes de plantão, mas sim as leis do mercado financeiro. Correspondeu a 25,62% das despesas em 2017.
- Transferências para estados e municípios não obedecem aos governantes de plantão: as constitucionais obedecem aos percentuais estabelecidos na Constituição em função da receita da União, e as voluntárias dependem das catástrofes naturais (São Pedro). Correspondeu a 15,00% das despesas em 2017.
- Benefícios Previdenciários (RGPS), segundo o próprio governo, as previsões são catastróficas e dependendo de uma reforma, seja ela qual for essa reforma somente terá efeito prático de muito longo prazo. Correspondeu a 26,72% das despesas em 2017.
Em vista do acima exposto somente restou ao governo controlar as “outras despesas correntes”. Correspondeu a 13,74% das despesas em 2017. 
Após o acima colocado sobraram apenas às inversões financeiras e os investimentos. Corresponderam a 4,05% em 2017. 

Arquivos oficiais do governo estão disponíveis aos leitores.


 Ricardo Bergamini