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domingo, 30 de setembro de 2018

Ary Quintella visita o Museu Guimet - vale a pena degustar...

Como estou entre os seus leitores do Ary Quintella, permito-me recomendar a obrigatoriedade compulsória – pardon, libertaires – da leitura desta postagem, neste link:
https://aryquintella.com/2018/09/30/vida-e-morte-no-musee-guimet/
Vamos a ela.
Paulo Roberto de Almeida

Vida e Morte no Musée Guimet

No Carnaval de 2013, meu melhor amigo morreu. O celular tocou, vi que era o número dele, atendi feliz, dizendo: “Olá, Antonio, que bom te ouvir”, e reconheci do outro lado a voz da sua mulher: “Estou ligando para dizer que o nosso Antonio descobriu há seis meses que estava com câncer; ele não quis que você soubesse para não te preocupar. Ele morreu anteontem e foi cremado ontem”. Era muita informação de uma vez só. O choque foi grande.
Minha mulher e eu estávamos na praia, na casa da família dela, onde nos casamos. Fui até o muro branco que separa a areia do jardim. Debrucei-me e fiquei olhando o mar. Eram onze horas da manhã, o sol batia forte, o mar e o céu estavam azuis, as ondas batiam perto do muro, os pássaros cantavam, não havia ruído humano. Era doloroso o contraste entre os sinais de vida na natureza ao meu redor e a tristeza interna.
Como ele era exatamente vinte anos mais velho do que eu, não era assombroso que partisse antes. Tudo isso era porém repentino, e ele morrera relativamente jovem.
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Em Paris, em julho, revisitando o Musée Guimet — ou Museu Nacional de Arte Asiática —  essas lembranças estiveram bem presentes para mim. Há doze anos eu não visitava o Guimet. A última vez fora justamente por insistência de Antonio, pois esse era seu museu preferido em Paris, onde ele então morava. Parecia-me triste a ideia de lá voltar. Em julho, porém, venceu a vontade de visitar uma exposição temporária, intitulada O Mundo visto da Ásia, através dos mapas.  
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O museu foi fundado em 1889 por Émile Guimet, industrial, orientalista e amante da música. Guimet era amigo de Edmond de Goncourt. Verifico que ele faz três aparições no Journal que Edmond manteve com o irmão Jules, até a morte deste, e depois sozinho. Edmond de Goncourt visitou o museu em 1891, a convite de Guimet. Da visita, narra apenas uma anedota inócua, que não merece ser citada, sem se preocupar com a coleção. Em 1878, ele já relatara no Journal uma visita do casal Guimet à Princesse Mathilde, célebre protetora das artes, sobrinha de Napoleão e prima-irmã de Napoleão III. Segundo Edmond, a princesa ofendeu o casal, que a ouviu, sem que ela percebesse, referindo-se a Émile Guimet como uma “tête de veau” (achando-o feio, presumivelmente), o que Goncourt, sempre fofoqueiro, aprecia, ao dizer maldosamente que Guimet “a de très grandes prétentions physiques”.
Bonito ou feio, Guimet deu origem a um dos mais importantes museus de arte asiática do mundo. A mostra que me fez revisitar a coleção acaba de terminar e expôs, de maio a setembro, mapas elaborados na Ásia ao longo dos séculos, com uma visão do mundo e dos países asiáticos diferente da visão ocidental tradicional. Muitas das obras expostas eram frágeis, e a luz por isso era baixa, o que prejudicou as fotos que tirei.
Este mapa da China, feito no Japão em 1762, representando “o território da dinastia Ming”, demonstra o intercâmbio de ideias ilustrado pela exposição. É cópia de outro mapa, do século XVII,  levado ao Japão por chineses exilados em Nagasaki, o qual, por sua vez, levava em conta noções de cartografia ocidentais trazidas pelos jesuítas à Corte imperial chinesa:
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O biombo de oito painéis visto abaixo, coreano, de 1860, reproduz um mapa do mundo do século XVII, feito na China por um jesuíta flamengo, Ferdinand Verbiest. O mapa é interessante por sua relativa precisão — embora diminua consideravelmente o território indiano — e por colocar a China no centro da carta.
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É certamente mais preciso do que este mapa-múndi japonês, de cerca de 1810:
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No esforço de colocar a Ásia no centro da imagem, todos os demais continentes foram distorcidos. Uma vez mais, a Índia é desenhada de forma apenas aproximada.
Abaixo, vemos um “mapa” do Afeganistão, da virada do século XIX para o século XX, o primeiro a ser feito localmente:
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O Afeganistão é representado pela torre central. As outras quatro torres designam os Estados vizinhos ameaçadores para o território afegão: a Rússia tsarista, situada ao Norte, é a torre da direita; o Sul é a torre da esquerda, e representa o Império britânico; a torre embaixo é a China, a Leste; em cima está o Irã — então a Pérsia — situado a Oeste.
A exposição terminava com estampas de artistas japoneses ativos na segunda metade do século XIX que retratam cidades do mundo ocidental. Os artistas não conheciam o Ocidente, e desenharam usando a imaginação, revistas ilustradas, relatos de viajantes. O artista Utagawa Yoshitara, em 1862, imaginou Paris da seguinte maneira:
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Eu esperara muito da exposição e não fiquei desapontado. Como estava no museu, decidi rever a coleção permanente. Lembrava-me apenas de um infinidade de budas que, em 2006, me pareceram tediosos pela repetição. Em 2006, porém, eu só estivera uma vez antes na Ásia, a trabalho, em Kyoto, justamente com o Antonio. De lá para cá, fui à Ásia algumas vezes. Revisitei a coleção do Guimet, em julho, com novos olhos, com outra experiência de vida.
O museu não é muito grande, e as peças são expostas de forma um tanto antiquada, o que dá um sabor adicional à visita. Não há multidões e, no fim das contas, entendi, com doze anos de atraso, o que meu amigo via no Guimet.
Na postagem sobre o Museu de Arte Islâmica em Doha, eu mencionei a dificuldade de nós nos inserirmos, nos museus, em uma cultura que não é a nossa. Há os dados sutis, as deixas culturais, históricas e sociológicas que nos escapam. Em uma visita a um  museu, podemos apreciar a arte, e passar a entender um pouco mais daquela cultura. Na ausência de anos de estudos, sem conhecer as línguas, podemos sentir o encanto, o impacto daquelas obras, mas em muitos casos não apreenderemos todo o seu significado. E assim, fui passando de sala em sala no Musée Guimet, impressionado com o que via, e pensando que seria preciso eu voltar muitas e muitas vezes, para entender melhor o que está lá exposto.
Em uma das salas de arte chinesa, por exemplo, vi um ambiente simples, composto por duas cadeiras e um armário em jacarandá, do início do século XVII:
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Ainda que extremamente elegantes, pelas linhas despojadas e a qualidade do desenho e do material, os móveis não me pareceram merecer tanto da minha atenção, pelo menos não no contexto das muitas obras-primas contidas no Guimet. Isso, até eu notar uma cena intrigante. Dois visitantes chineses aproximaram-se dos móveis e ficaram muito tempo extasiados, confabulando um com o outro a respeito, tocando no armário, alisando as cadeiras, fotografando, filmando, impressionados. As funcionárias responsáveis pela segurança  — isto, infelizmente, não aparece no momento que gravei no vídeo abaixo — precisaram exclamar três ou quatro vezes: “Ne touchez pas, s’il vous plaît”:
O que os visitantes chineses terão apreciado nessas peças? Nunca saberei, e o catálogo do museu, que poderia me dar alguma pista, sequer as menciona.
Há peças espetaculares na seção chinesa, como este vaso “mil flores”, do século XVIII:
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Ou este vaso “com dragão”, do século XIV:
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Não quero cansar meus seis leitores — sim, já não são quatro — com descrições de todas as obras que fotografei e minha reação diante de cada uma. Contento-me, por isso, em mostrar apenas algumas delas.
O museu é particularmente rico em peças do Império Khmer, tendo sido o Camboja um protetorado francês, de 1863 a 1953.  Logo na primeira sala, somos confrontados com esta “deusa dançante” em arenito, do século X, de Koh Ker:
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O pedestal é o original; esteve porém separado da escultura durante cerca de 145 anos, até 2016, quando o Guimet, por meio de um escambo com o Museu Nacional do Camboja,  o adquiriu. É algo magnífico, pensar que a estátua e sua base, após longa separação de um século e meio e de milhares de quilômetros, puderam se reunir.
Do mesmo Império Khmer, há esta cabeça colossal, também em arenito, do Rei Jayavarman VII, morto em 1218, escultura aliás que serve de capa para o catálogo do Guimet:
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Da Índia, vemos esta “divindade sob a árvore”, ainda em arenito, feita entre os séculos X e XI:
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E este “torso de Buda”, em arenito, do século V:
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A arte do reino indiano de Gandara é bem representada, e me fez pensar no museu de Taxila, que visitei em 2017, como mencionei em De Taxila a Panam Nagar.  
Abaixo, uma cabeça de “Bodisatva Maitreya” (o Buda do futuro, que ainda virá, portador de compaixão e do poder de consolar), em xisto, século I-III:
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Levei um bom tempo procurando uma das peças mais famosas do museu, o “Gênio com flores”, em estuco, do século III-IV:
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Mesmo com a ajuda de um vigia, foi difícil achar a escultura, pois ela fica pendurada em um canto de parede, ao alto, entre outras peças. Achei fascinante, o despojamento do museu em colocar assim, como quem não quer nada, uma das obras-primas de sua coleção.
Minha sala preferida é uma onde são mostradas diversas esculturas budistas chinesas, em madeira ou pedra, do século X ao século XIII, como mostra este vídeo:
Da coleção dessa sala, destaco este “monge sentado”:
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No mesmo espírito, embora representando um funcionário de governo, há, em outro salão, esta escultura japonesa, do século XVI-XVII, um governador militar de província:
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É também japonês este biombo do século XVI:
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Era preciso partir. A tarde terminava. Eu ia à Comédie-Française, assistir à produção de uma de minhas peças prediletas de Racine, Britannicus. Mais tarde, ia me encontrar com minha filha, que chegaria de Bruxelas para passar o fim de semana comigo.
No andar mais alto,  porém, detive-me um momento no pavilhão circular, a admirar as vistas sobre Paris que o museu oferece:
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Admirei a estátua equestre de George Washington, na minha avaliação um dos seres mais extraordinários que já viveram. Pensei que o nome da praça — Place d’Iéna — evoca uma das mais célebres vitórias de Napoleão.
Lembrei que Antonio morara ali perto, na rue de Chaillot. Pensei que um dia eu tampouco estaria mais aqui, para ir ao Musée Guimet, apreciar arte asiática, lembrar de Napoleão, Washington e de todas as pessoas que marcaram minha vida e que eu jamais reverei. Percebi que essas pessoas são já muitas e vêm se acumulando desde os meus 17 anos. Há consolo, no entanto, em meditar sobre o fato de que, excetuando-se algum cataclisma, museus seguirão existindo. Gerações depois da minha visitarão o Guimet. Elas verão o governador japonês e o monge chinês sentados, ficarão impressionadas com o dragão no vaso do século XIV, sentirão o impacto que o Buda causa, em todas as suas formas e representações, se sentirão próximas do rei khmer morto em 1218. Esse, afinal, é o grande poder da arte, fazer-nos crer que a vida possui algum sentido, que a beleza e a força estética se sobrepõem à temporalidade dos seres e das coisas.  O importante não é meus parentes e amigos terem morrido, e sim o fato de terem vivido, terem sentido, terem amado, terem visto a “deusa dançante” e, para mim, de eu ter tido a chance de conviver com eles. É como uma abolição do tempo.
Nero, Agripina e Britânico me esperavam no palco da Comédie-Française. Eles também sobrevivem, como Jayavarman VII, graças ao poder da arte. Saí do museu, entrei no metrô e fui ao teatro.

Juca Paranhos, biografia do Barao do Rio Branco, de L.C. Villafanne G. Santos, por Mariana Alvim (BBC)

Caça a mapas antigos e espionagem: as aventuras do Barão de Rio Branco pelas fronteiras do Brasil

"Estão aí os traços característicos do segundo Rio Branco: genuíno patriotismo, culto amoroso ao pai, organização conservadora (...) São impulsos de um mesmo motor, o amor ao país."
As palavras do diplomata Joaquim Nabuco descrevem o Barão do Rio Branco, ou José Maria da Silva Paranhos Júnior (1845-1912) - filho do Visconde do Rio Branco, primeiro-ministro do Brasil e deputado conservador. Os elogios são o testemunho do momento em que o barão saía do desconhecimento para a exaltação após vencer uma disputa territorial contra a Argentina, em 1895 - cumprindo tardiamente um projeto de ascensão social traçado desde o nascimento pelo pai.
A imagem de um diplomata que só abre mão da timidez para colocar a erudição à serviço da pátria é pintada aí, perdurando até hoje na personificação do barão, uma das figuras históricas mais reverenciadas do país.

Mas um novo livro que acaba de chegar às livrarias mostra que essa é uma entre as várias versões possíveis do Barão do Rio Branco. Há também o Paranhos Júnior boêmio, decepcionado com seus rumos profissionais ou ainda às voltas com o sustento financeiro da família.
"Havia uma expectativa imensa em cima dele. Ele nasceu durante o Antigo Regime: naquele momento, a ideia de sucesso era fazer com que as famílias transcendessem. O pai, o visconde, é um filho ilegítimo que consegue uma ascensão social muito grande mas que só poderia ser completa ao transformar os Paranhos em uma das grandes famílias do império. Ele não conseguiria fazer isso sozinho, precisava dos filhos. E era (o barão do) Rio Branco quem seria o próximo patriarca da família", explica Luís Cláudio Villafañe, autor da biografia Juca Paranhos, o Barão do Rio Branco, da Companhia das Letras.
A história de Juca Paranhos se entrelaça com marcos de importantes mudanças no Brasil - da transição da monarquia para a República ao fim da escravidão. Mas é só depois dos 50 anos de idade, em sua atuação em disputas por fronteiras contra a Argentina, França e Bolívia, que o barão do Rio Branco consegue imprimir sua digital na história do país.

Deputado pelo Mato Grosso sem nunca ter pisado lá

A biografia escrita por Villafañe detalha como, desde pequeno, cada passo de Juca Paranhos foi planejado com esmero pelo visconde. Esta trajetória incluiu a formação em Direito e o patrocínio do pai à carreira parlamentar, em que o barão assumiu uma cadeira na Câmara dos Deputados pelo Mato Grosso sem sequer pisar naquela província - algo que só seria feito na véspera de um segundo mandato. O voto censitário se reduzia a algumas dezenas de pessoas: homens e com rendimentos acima de uma determinada faixa.
Membro do Partido Conservador, Juca carregaria consigo este posicionamento ideológico ao longo da vida. Era monarquista convicto também, tendo que se conformar e readaptar à chegada da República em 1889.
"Os Paranhos chegam no final da festa do Antigo Regime, e esta festa está acabando. Tudo o que eles não querem é que isso aconteça: eles partilham dos valores daquele regime e querem validá-los", explica Villafañe, que pesquisa a biografia do barão desde 2012. "O Barão do Rio Branco é uma grande janela deste mundo que está caindo e aquele que está surgindo."
'O Barão do Rio Branco é uma grande janela deste mundo que está caindo e aquele que está surgindo', aponta Luís Cláudio Villafañe
Nessa transição, o fim da escravidão expõe também a postura conservadora e aversa às rupturas de Juca. A promulgação da Lei do Ventre Livre levava a assinatura do pai, o visconde - correspondendo a uma vertente do Partido Conservador que via riscos de violência e imprevisibilidade na insistência à manutenção do trabalho escravo.
O filho teve atuação discreta neste processo e, posteriormente, defendeu uma transição gradual ao fim da escravidão - para ele, idealmente extinta somente com a morte do último cativo nascido antes da Lei do Ventre Livre. Nisso também foi vencido, já que a Lei Áurea é assinada em 1888.

Casamento tardio e a contragosto

Sem sorte no jogo da política, as coisas também não eram pacíficas no amor.
Se nos grandes planos do visconde para o filho estava a ascensão social, o casamento era um ponto crucial nesta trajetória. A realidade mostrou, porém, um cenário muito diferente da expectativa.
Juca Paranhos frequentava aquela que era uma das casas de espetáculos mais polêmicas do Rio de Janeiro, o Alcazar Lyrique du Père Arnaud, fundado na década de 1860 na atual rua Uruguaiana e uma afronta ao moralismo da época. Ali, Juca conheceu a jovem belga Marie Philomène Stevens, que foi tentar a vida no Rio se apresentando no palco do cabaré. Começou ali um relacionamento que nunca seria aprovado pelo visconde e se estendeu por mais de duas décadas, até a morte dela.
Eles tiveram cinco filhos, mas a belga nunca foi celebrada com uma parceira à altura por Juca. Por muitos anos, o barão era "oficialmente" solteiro e mantinha a família em outra casa. O casamento só veio 17 anos depois de relacionamento. No fim da vida, uma carta de Marie reproduzida na biografia escrita por Villafañe expõe as dores de um relacionamento conturbado - pelo qual, em outro documento, diz ter "pago muito caro por sua coroa de baronesa". 
"Eu já sofri tanto por ti que me é impossível responder com calma, já que tu só sabes me dizer coisas desagradáveis como quando me disse que todos seus filhos são desequilibrados porque eu sou a mãe deles e, além disso, não se discute com uma mulher que se crê louca", diz a carta.
A biografia mostra também que a vida privada e a fama de farrista pesou no círculo social e político no entorno de Juca - sendo quase um consenso que emperrou, por exemplo, sua nomeação como cônsul-geral do Brasil em Liverpool, posição que acabou por ocupar por quase duas décadas.

Visconde: morte com desgosto

É esta página da vida do filho a última que o Visconde do Rio Branco pôde ver. Há sinais de que ele morreu frustrado em suas expectativas de ascensão familiar, vendo o filho como um obscuro cônsul e longe de um "bom casamento".
"Tem até uma coisa até freudiana. O barão só vai brilhar depois que o pai morre", aponta Villafañe, atualmente diplomata do Brasil na Nicarágua.
Buscando uma recolocação na República e o contorno de dificuldades financeiras, o barão acaba conquistando de forma improvável a chefia da defesa do Brasil em uma arbitragem contra a Argentina, mediada pelos Estados Unidos, na disputa conhecida como a Questão de Palmas.
A Argentina reivindicava os territórios que hoje compõem parte do oeste do Paraná e Santa Catarina, argumentando que tratados do século 18 apontavam para uma divisão entre Portugal e Espanha definida pelos rios Jangada e Chapecó, e não pelo Pepiri-Guaçu e Santo Antônio - como seria favorável ao Brasil.
Com a assistência de auxiliares, o barão recuperou documentos e mapas em locais como o Arquivo Geral de Simancas, na Espanha, e o Depósito Geográfico do Ministério dos Negócios Estrangeiros da França. Com cálculos matemáticos e interpretações historiográficas - como a de que a cartografia portuguesa era mais avançada que a espanhola no século 18 -, Juca conseguiu reunir evidências para a versão brasileira. 

Depois de se debruçar sobre montanhas de papéis em meio a noites mal dormidas, o barão tratou de conquistar também, nos Estados Unidos, autoridades e a opinião pública. Para isso, contratou um consultor jurídico nos EUA, John Bassett Moore, que abriria espaço para o acesso a membros da arbitragem americana.
"O lobby, como se comprova, é uma atividade com larga tradição nos Estados Unidos", diz a biografia de Villafañe.
Com o "trabalho inegavelmente brilhante", como classifica o autor, Paranhos Júnior foi vitorioso na disputa e finalmente consagrado por seu talento como geógrafo e historiador. Para um Brasil que se via às voltas com a violenta Revolução Federalista, a vitória contra a Argentina veio como uma redenção para o país e o presidente Floriano Peixoto. Juca foi recebido como herói nacional em meio ao carnaval de 1895, em que foi homenageado pelo Clube dos Fenianos, uma das grandes sociedades carnavalescas do Rio.
"Obviamente, ele era um grande erudito, mas ninguém sabia. Ele foi atrás (dessa conquista). E não é ilegítimo: ele foi se reconstruir como personagem. Isso é contrário às biografias em que ele aparece como um sujeito que nasceu pronto", aponta o escritor de Juca Paranhos, o Barão do Rio Branco.

Frente a frente com o maior geógrafo do mundo

A fama com a Questão de Palmas o impulsionaria como principal representante brasileiro em outro imbróglio: a Questão do Amapá.
Tratava-se também de uma guerra de versões sobre rios acordados em tratados. Na prática, o Brasil poderia perder parte importante da região Norte, sobretudo na fronteira entre o Amapá e a Guiana Francesa. Em arbitragem mediada pela Suíça, Brasil e França foram à mesa. 
Rio Branco enfrentava um jogo mais desafiador do que o de Palmas: a proximidade histórica e cultural entre França e Suíça; além do verdadeiro exército de diplomatas, advogados e especialistas no outro lado da mesa, incluindo Vidal de la Blanche, o maior geógrafo da época.
O barão dedicava horas sem dormir desvendando documentos antigos 
Juca também empreendeu mais uma caça a mapas por arquivos na Inglaterra, Espanha e França; no caso do Amapá, adotou ainda uma nova estratégia. Infiltrou Emílio Goeldi, naturalista suíço estabelecido no Pará, para assessorar os conselheiros da Suíça em sua decisão - sanando dúvidas ou coletando impressões desfavoráveis.
"Por ora o que desejo é que v. sa. Trate de ir fazendo relações em Berna (...) é indispensável que v. sa. Não seja considerado um auxiliar meu, e sim como um cientista que apenas veio tratar de estudos ou trabalhos que nenhuma relação têm com a causa que vai ser julgada", diz um documento reproduzido na biografia, que classifica a atuação de Goeldi como um "espião sem licença para matar, mas eficaz".
"Rio Branco atuava como um exército de um só homem nas questões dos limites. Era ao mesmo tempo o pesquisador que escarafunchava arquivos em busca de velhos mapas e documentos empoeirados, o historiador que desvendava os manuscritos e criava uma narrativa consistente (...) e o advogado implacável, munido da jurisprudência e do conhecimento do direito para construir argumentos irrefutáveis", afirma o livro.
Na Suíça, a arbitragem foi favorável ao Brasil, mais uma vez fazendo do barão o centro de uma aclamação geral.
"Do Amazonas ao Prata há um nome que parece irradiar por todo o círculo do horizonte num infinito de cintilações: o do filho do emancipador dos escravos, duplicando a glória paterna com a de reintegrador do território nacional", diria Rui Barbosa sobre a conquista em 1900.

Disputa por fronteiras como chanceler

Dali para frente, Rio Branco imaginava um futuro em confortáveis postos europeus, mas teve que ceder à pressão do presidente Rodrigues Alves para assumir o Ministério das Relações Exteriores.
O Acre, região que o Brasil reconhecia como pertencente à Bolívia por três décadas, passou a atrair hordas de brasileiros pela extração da borracha. Os planos do país andino em arrendar aquele território a uma companhia com capital americano e britânico catalisou a pressão para que o Brasil reivindicasse-o. Para completar, parte daquela região era demandada também pelo Peru.
Diferentemente dos outros episódios em que foi consagrado, Paranhos apostou em um acordo direto, e não na arbitragem, para o caso. O Tratado de Petrópolis previa o pagamento, pelo Brasil, de indenização, favores e até cessão de partes do território à Bolívia. Este aceno, com perdas para o Brasil, colocou o barão sob forte escrutínio na imprensa e na opinião pública.
Rio Branco resolveu, então, escrever artigos para jornais sob um pseudônimo. "Kent", entre outros argumentos, defendia que a arbitragem seria demorada e teria um resultado incerto. Afinal, o Brasil havia reconhecido a soberania da Bolívia sobre aquele território de 1867 a 1902.
Após muitas quedas de braço, o Congresso aprovou o Tratado de Petrópolis - depois também de forte mobilização política empreendida por Rodrigues Alves e por Rio Branco.
"Sem dúvida alguma a negociação do Acre foi o desafio mais difícil enfrentado pelo chanceler; a solução alcançada, vista à distância de mais de um século, pode ser considerada um sucesso espetacular", diz Villafañe na biografia. 
O próprio Barão registraria em um dos seus escritos: "para mim vale mais esta obra (...) do que as duas outras, julgadas com tanta bondade pelos nossos cidadãos".

Um barão para a posteridade

A "bondade" a que se referiu Jucá de fato corresponde à imagem heroica que ficou de sua figura. Para Villafañe, isto é tributário de suas inegáveis qualidades, mas também é perpetuada por outras condições históricas do país.
"Uma ideia base da nacionalidade brasileira é a do território. O Rio Branco está muito associado a essa ideia. Nesse sentido, Rio Branco é um grande pai da pátria, deslocado um século (após a independência)", aponta o biógrafo.
Villafañe afirma também que, como Winston Churchill fez em relação ao conhecimento sobre a Segunda Guerra, o Barão de Rio Branco também pautou a historiografia à sua maneira - interpretação endossada com o fortalecimento do Itamaraty e a formação do Estado Novo.
Se empresta a sua figura ao país, Juca também se preocupou durante toda a vida com a imagem do país no exterior.
"Ele era elitista, mas seria injusto dizer que isso fosse pura vaidade. Nessa Era dos Impérios (expressão cunhada pelo historiador Eric Hobsbawm para resumir a dinâmica geopolítica do período entre 1875 e 1914), a visão que determinado país projetava no mundo dizia como esse país seria tratado. A África foi partilhada pelas potências europeias com a ideia de que ali não tinha nada de civilizado, então era terra de ninguém", aponta o diplomata.
"Para Rio Branco, era importante projetar para o Brasil uma ideia de estabilidade, modernidade, civilização - isso garantia uma tratamento melhor nesse mundo."

A política externa dos candidatos - FSP


Candidatos à Presidência propõem guinada drástica na política externa

Bolsonaro promete aproximação com EUA e Israel; Haddad quer resgate da diplomacia lulista

Se um dos atuais líderes nas pesquisas vencer as eleições presidenciais, a política externa brasileira pode sofrer uma guinada drástica.
Jair Bolsonaro (PSL) promete um rompimento com posições diplomáticas tradicionais do Brasil, enquanto Fernando Haddad (PT) propõe uma desconstrução da política externa dos últimos dois anos e o resgate da diplomacia lulista.
Com Bolsonaro, o elemento incerteza é maior —sem nomes óbvios em política externa, a campanha tem contado com colaboradores informais e é difícil discernir o que é slogan eleitoral do que seria realmente posto em prática.
Fã declarado do presidente americano, Donald Trump, Bolsonaro já afirmou diversas vezes que quer aproximar o Brasil dos EUA e de Israel. "Os americanos tiveram um papel extraordinário na nossa história, impediram que nós virássemos uma Cuba em 1964", disse ele, em vídeo neste ano.
O presidenciável emulou seu ídolo ao anunciar que gostaria de transferir a embaixada do Brasil em Israel para Jerusalém e que pretende fechar a embaixada da Autoridade Palestina em Brasília. Nos dois casos, romperia com tradições diplomáticas do Brasil e geraria hostilidade dos países árabes.
"A Palestina não é país, não deveria ter embaixada aqui. Não dá para negociar com terrorista", afirmou em agosto.
O governo brasileiro reconheceu a Palestina como Estado independente em 2010.
Um de seus filhos, o deputado Eduardo Bolsonaro, é ainda mais assertivo em sua defesa de Israel. "Israel abriga em seu território milhões de árabes, dá água, dá hospital para eles", disse. "Hamas, Hizbullah, esses são os verdadeiros terroristas. Israel não lança bomba para cima da Palestina", afirmou em discurso na Câmara, em junho.
Em sua posição pró-Israel, Bolsonaro é influenciado pelos evangélicos e por alguns apoiadores da comunidade judaica conservadora, como Meyer Nigri, fundador da construtora Tecnisa, e o empresário Fábio Wajngarten.
"Esta viagem a Israel, Estados Unidos, Japão, Coreia e Taiwan mostra de quem seremos ser amigos; queremos nos juntar com gente boa", disse Bolsonaro em evento em Taiwan, em março deste ano.
Sua viagem, aliás, causou uma saia justa diplomática. Ele foi o primeiro presidenciável a visitar Taiwan desde que o Brasil reconheceu Pequim como "o único governo legal da China" em 1974.
Em carta, o governo chinês manifestou sua "profunda preocupação e indignação", dizendo que a visita do deputado violava "o princípio de Uma Só China".
Ao longo da campanha, Bolsonaro demonstrou desconfiança em relação à China.
"Está vindo um monte de chinês aqui comprar nossas terras, eles vão quebrar nossa agricultura e dominar nossa segurança alimentar", disse em vídeo, neste ano. "A China não está comprando no Brasil, está comprando o Brasil."
O guru econômico de Bolsonaro, Paulo Guedes, vem se reunindo com Marcos Troyjo, diretor do BRICLab da Universidade Columbia e colunista da Folha. Uma das principais ideias que Troyjo teria discutido com Guedes é a reemergência dos Estados Unidos como grande potência mundial e a metamorfose da China, país que está agregando valor a sua produção, com o Plano China 2030, e que está cada vez mais assertivo no cenário global, com projetos como One Belt, One Road.
Hussein Kalout, secretário de Assuntos Estratégicos do governo Temer, é próximo do vice de Bolsonaro, general Hamilton Mourão (PRTB), e almoçou recentemente com ele e Guedes. Ele nega estar se aproximando da campanha, mas Marcos Degaut, seu sócio e secretário adjunto na SAE até agosto, afirma estar colaborando informalmente.
Degaut diz não ter sido contatado por ninguém do núcleo duro da campanha, apenas por pessoas próximas.
Ele é muito crítico ao Itamaraty, que acusa de manter tradições anacrônicas e ênfase exagerada em multilateralismo. "A OMC está em estado agonizante, até que ponto vamos continuar concentrando nossos esforços nesse tipo de foro multilateral?"
Alguns diplomatas são apontados como próximos de Bolsonaro ou de sua equipe. O embaixador aposentado Pedro Fernando Brêtas Bastos, colaborador do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha, é amigo do general Augusto Heleno. "Ninguém vai falar sobre política externa antes do segundo turno", disse Brêtas à Folha.
Ele afirmou que tem conversado com pessoas do entorno do candidato, de maneira informal. E ressalta a importância da aproximação com países de língua portuguesa.

Jair Bolsonaro (PSL)
  • Aproximação com EUA, Israel e Taiwan; restrição a investimentos chineses no Brasil
  • Abertura comercial, com redução de tarifas, e busca de acordos bilaterais
  • Aprofundar integração na América Latina com países que não sejam ditaduras
  • Mudança da embaixada do Brasil em Israel para Jerusalém
  • Pressionar para troca de regime na Venezuela com imposição de sanções sobre o governo

O programa de governo de Haddad promete uma volta da política externa "ativa e altiva". "No governo Dilma, a política externa não deixou de ser altiva, talvez tenha sido um pouco menos ativa. Mas, depois, mudou completamente, foi um desastre", disse à Folha Celso Amorim, chanceler durante o governo Lula (2003-2011) e um dos autores do programa de governo. "Teríamos um trabalho enorme de reconstrução, muita coisa foi desfeita durante o governo golpista de Michel Temer."
Mas Amorim afirma que o mundo mudou e eles se adaptaram. Ele fala na necessidade de reconstruir a Unasul, mas, segundo ele, poderia ser um outro organismo em novo formato, incluindo o México.
Indagado se a nova orientação ideológica no continente —a maioria dos governos agora é de centro-direita— não atrapalharia na integração, Amorim é "paz e amor". "Precisamos trabalhar com a diversidade, o importante é a capacidade de dialogar; [o ex-presidente da Colômbia Álvaro] Uribe, por exemplo, assinou a criação da Unasul."
O ex-ministro diz preferir o multilateralismo, mas admite que "não dá para por todos os ovos na mesma cesta".
Com os Estados Unidos, com Trump ou sem Trump, é preciso ser pragmático, diz Amorim. "EUA são a maior potência do mundo, precisamos ter uma relação pragmática —é só lembrar como o relacionamento entre o ex-presidente Lula e o ex-presidente George W. Bush foi ótimo."

Fernando Haddad (PT)
  • Resgatar a política externa "ativa e altiva" do governo Lula
  • Ênfase em negociações multilaterais, mas busca de acordos comerciais bilaterais também
  • Revitalizar a Unasul ou outro órgão de integração da América Latina
  • Reaproximação com a África e fortalecimento dos Brics
  • Reforma do Conselho de Segurança da ONU
  • Retomada de diálogo com a Venezuela 

A política externa de Geraldo Alckmin (PSDB) é tocada por Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Washington. O partido mantém algumas de suas bandeiras: foco na Ásia, China e Estados Unidos, segurança nas fronteiras, abertura da economia.
Mas há mudanças. Em vez de criar um ministério dedicado ao comércio exterior, como chegou a defender Barbosa, a Camex deveria centralizar a estratégia para o setor. O programa não mais defende que o Mercosul seja flexibilizado para que os países possam buscar acordos comerciais de forma independente.
Alckmin defende a entrada na Parceria Transpacífico e a continuação do processo de adesão à OCDE (organização que reúne nações ricas).

Geraldo Alckmin (PSDB) 
  • Foco nas relações com Ásia, Europa e, principalmente, China e Estados Unidos
  • Restabelecer comunicação com a Venezuela; rechaça intervenção militar 
  • Fortalecer defesa de fronteiras para lidar com crimes transnacionais
  • Manter política de adesão à OCDE
  • Fortalecimento dos Brics
  • Entrada do Brasil no TPP (Parceria TransPacífico) e aceleração de acordos bilaterais

O programa de política externa de Ciro Gomes (PDT) é formulado por Mangabeira Unger, ex-secretário de Assuntos Estratégicos (governos Dilma e Lula).
Prega a inserção do Brasil nas cadeias produtivas globais com políticas de incentivo para a indústria de alta tecnologia e continuidade na aposta no multilateralismo. Para ele, a relação com os Estados Unidos precisa ser de parceria, e não de protetorado, como é hoje; e é preciso rejeitar uma relação neocolonial com EUA e China.
Ciro também se opõe à compra de terras brasileiras por chineses e criticou investimentos da China em Angola.

Ciro Gomes (PDT)
  • Ênfase no multilateralismo, com fortalecimento do Mercosul, Unasul, Brics, acordo do Clima de Paris
  • Estímulo a cadeias produtivas na América do Sul e oposição à instalação de bases militares externas
  • Reaproximação com a África, mas sem atrelar a política "aos interesses de empreiteiras"
  • Relação de parceria com EUA, e não de protetorado
  • Brasil deve mediar conflito na Venezuela, em vez de isolar o país

Já Marina Silva (Rede) enfatiza o desenvolvimento sustentável como linha mestra da política externa e eventual fonte de "soft power". Crítica da política externa petista, ressalta a necessidade de não submeter a política a "relativizações de cunho ideológico".

Marina Silva (Rede)
  • Foco em quatro regiões: América do Sul, América do Norte, União Europeia e Leste Asiático
  • Desenvolvimento sustentável como carro-chefe da diplomacia
  • Ênfase no multilateralismo com aprofundamento do Mercosul e acordo com a União Europeia
  • Aproximação com a África
  • 'Desideologização' da política externa
  • Aumentar o valor agregado das exportações para China

A reconstrução econômica no pós-IIGM:book review

Os EUA, de Truman e Eisenhower, fizeram um trabalho extraordinário para evitar uma nova síbdrome de Versalhes (1919) e a volta de ditaduras nos países vencidos: Alemanha e Japão, finalmente, se converteram em democracias.
O que já não é o caso de Afeganistão e Iraque: nas nyse pode fazer milagres: reconstrução é algo bem diferente de desenvolvimento. Os dois bem sucedidos já eram economias avançadas quando foram dominadis por gangues militaristas e expansionistas.
Paulo Roberto de Almeida

Published by EH.Net(September 2018)
Grant Madsen, Sovereign Soldiers: How the U.S. Military Transformed the Global Economy after World War II. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 2018. xi +328 pp. $45 (hardcover), ISBN: 978-0-8122-5036-7.
Reviewed for EH.Net by Jason E. Taylor, Department of Economics, Central Michigan University.

Histories of war generally focus on the details of key battles, turning points, and heroes. Less examined is the economic aftermath of war. During the twentieth century, the United States employed its military to govern many defeated or troubled areas beyond its borders and these actions continued during the early twenty-first century as the U.S. military become involved in governing Iraq and Afghanistan. This is the motivation behind Brigham Young University historian Grant Madsen’s Sovereign Soldiers, as he documents the American military as an external state in the years just after World War II. These soldiers were not charged with defeating the enemy, but rather, getting civilian populations back on their feet. The book traces the steps of heavyweights such as Dwight D. Eisenhower, Lucius Clay, and Douglas MacArthur — important American generals who subsequently became military governors of postwar Germany and Japan. It also examines the roles of lesser known occupation officials such as General William Marquat, Joseph Dodge, and General William Draper, among others.
The failure to achieve a lasting peace after the First World War generally motivated American military governors to try to create a postwar environment in defeated nations that would not again lead to the rise of dictators. In fact, U.S. State Department planners who began to envision the postwar order in 1943 were determined to bring a healthy and prosperous Germany into the fold of the international community. Still, many back home objected to the notion of American help for defeated nations. When President Franklin Roosevelt was shown a draft of these plans he threw it on his desk saying, “Feed the Germans! I’ll give them three bowls of soup a day, with nothing in them…. Control industry … There’s not going to be any industry in Germany to control” (p. 69). Such attitudes were not unique to FDR.
Madsen shows that the military governors generally understood that they were effectively in no-win situations. If they tried too hard to help the populations of the defeated nations, they would likely be blamed for providing too much sympathy to the enemy. But if they left these populations to starve, history may blame them for creating the vacuum that lead to the next war. In the end, the idea of a “soft” peace in which the U.S. would wholeheartedly attempt to help the defeated economies recover won the day. Madsen does an excellent job of thoroughly documenting the many challenges that these “sovereign soldiers” faced in achieving their recovery objectives in postwar era Germany, as well as in postwar Japan where General MacArthur played a major role. Madsen has an impressive grasp of the key economic issues and the pros and cons of the economic models that were debated and tried at the time.
The final section of Madsen’s book focuses heavily on the creation of the postwar economic environment — and the “military-industrial complex” — in the United States, and specifically Eisenhower’s role in creating it during his own presidency. The background events that shaped Eisenhower’s views prior to taking the highest office, which are gleaned in the earlier chapters, give the reader important insights into Ike’s policies.
The archival research behind Madsen’s research is very impressive. This book will be of high interest to Eisenhower historians, in particular, and to those keenly interested in the postwar transitions in Germany and Japan. For the more casual reader, the book’s 325 pages may be a bit much. There were times when I wished for less detail and name dropping — keeping all the players straight became confusing at times — and for the author to offer more insight as to what important lessons or ideas we should take away from studying these events. I was searching for a major theme, finding, or conclusion from the book and was largely left wanting in that respect. The book ends very abruptly — honestly I did not see the end coming. I simply turned the page from the end of Chapter 13 and the book was over (there is a three-page epilogue). A concluding chapter that summarized the key events, lessons, and themes of the book would have been a welcome addition for this reader. In fairness, however, these critiques may be because of the differences in the ways that economists, of which I am one, and historians approach research. Overall, this is an impressive work of scholarship.

Jason E. Taylor is Professor of Economics at Central Michigan University. His book, Deconstructing the Monolith: The Microeconomics of the National Industrial Recovery Act, will be published by the University of Chicago Press in December 2018.
Copyright (c) 2018 by EH.Net. All rights reserved. This work may be copied for non-profit educational uses if proper credit is given to the author and the list. For other permission, please contact the EH.NetAdministrator (administrator@eh.net). Published by EH.Net(September 2018). All EH.Netreviews are archived at http://www.eh.net/BookReview.
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O lulopetismo destruiu a economia e a política- Rodrigo Constantino

concordo em praticamente tudo o que disse Rodrigo Constantino, mas ele não parece ver que o lulismo tem uma estratégia de marketing muito similar à do trumpismo, e pode assim ganhar novamente as eleições.
Eles estão dizendo o que os mais pobres (que são maioria no eleitorado) querem ouvir: naqueles tempos, a vida de vocês era melhor, vamos voltar a ela..,
Paulo Roberto de Almeida

Rodrigo Constantino analisa criticamente alguns artigos publicados na imprensa sobre as eleições presidenciais:


Quando formadores de opinião falam dos riscos que nossa democracia corre, puxam da cartola o livro do momento Quando as democracias morrem, e alertam para o iminente perigo de uma vitória de Jair Bolsonaro, só posso concluir que hibernaram nas últimas duas décadas, e continuam hibernando.

Afinal de contas, o adversário direto de Bolsonaro é ninguém menos do que Lula, disfarçado de Haddad. É o PT, que tentou um golpe e pretende, se vitorioso, dobrar a aposta e partir para uma Constituinte. São promessas de campanha, não teorias conspiratórias.

O jornalista Brian Winter, com quem já conversei por telefone sobre a política brasileira, publicou um texto na Folha deste sábado com uma análise correta de como a oposição a Bolsonaro repete os erros da esquerda americana anti-Trump. Conversei exatamente sobre isso com ele, argumentando como a bolha “progressista” vive em seu mundo de ilusões com pautas sem qualquer apelo ao eleitor de carne e osso. Diz ele:

O que aconteceu nos Estados Unidos, então? Basicamente, Hillary e seus partidários se concentraram tanto na oposição a Trump que se esqueceram de falar sobre as questões que importavam para a maioria dos eleitores: desemprego, imigração e assim por diante.

Jamais esquecerei de uma mulher que estava assistindo a um comício de Trump: questionada por um repórter de TV como ela justificava votar em um homem como ele, ela respondeu: “Trump pode dizer o que quiser, desde que ajude meu marido a arrumar emprego”, foi a resposta.

Brian Winter também reconhece o estrago causado pelo PT em sua passagem pelo poder: “O PT causou a pior recessão do Brasil em um século, seu principal líder está na cadeia, e o crime disparou nos 13 anos em que o partido esteve no poder”.

Mas vejam que curioso: mesmo alguém que entende tudo isso acaba concluindo que Bolsonaro é, de fato, uma ameaça maior para nossa democracia, e que o PT precisa mudar a estratégia e o discurso para vencer e “salvar nossa democracia”. Eis o que ele diz:

"Para Haddad e o PT, isso significa que o caminho mais efetivo seria combinar ataques contra Bolsonaro a uma agenda clara quanto aos problemas mais urgentes do Brasil.

Isso inclui uma estratégia nacional mais efetiva de combate ao crime, reconhecimento dos erros passados do partido quanto à corrupção e deixar claro que a política econômica será mais parecida com a do primeiro mandato de Lula do que com a do primeiro mandato de Dilma.

Isso é pedir muito, dada a recente insistência do partido quanto a narrativas de perseguição e nostalgia. Talvez seja impossível. Mas o futuro da democracia brasileira pode depender disso".

Reparem como o jornalista estrangeiro quer acreditar num PT capaz de aprender com seus “erros”, para que possa impedir uma “desgraça” à nossa democracia. Seu futuro depende disso! O futuro da democracia pode depender, diz, de o PT ser mais pragmático. É o desejo do establishment de crer num Haddad “moderado e pragmático”, em vez de acreditar no que o próprio PT prega, na fala de Dirceu, no fato de que quem comanda o show é um presidiário em busca de vingança contra a Justiça e que mira no modelo venezuelano.

Demétrio Magnoli, que também faz comparações entre Trump e Bolsonaro em sua coluna de hoje, conclui que Haddad vence fácil um eventual segundo turno, em parte porque poderá se pintar como defensor da democracia contra um candidato autoritário:

"O nosso Trump é o sonho de consumo de Haddad. No turno final, o avatar de Lula teria o duplo privilégio de falar como representante dos pobres, contra os ricos, e como campeão das liberdades e da democracia, contra o autoritarismo. É vitória certa".

Só seria “vitória certa” se o povo todo fosse como a elite de sociólogos, antropólogos, psicanalistas e artistas, que realmente acredita numa narrativa de PT como defensor dos pobres e da democracia. Justo o PT, que pariu milhões de desempregados e pretende dar um golpe totalitário contra nossa democracia. Essa turma confunde o Leblon com o Brasil. A maioria da população sabe muito bem quem representa a real ameaça à democracia. Até o esquerdista Aloysio Nunes reconhece que Bolsonaro não traria qualquer retrocesso para a democracia:

"No Brasil, não há o menor risco de retrocesso em relação à democracia. Ela é solidamente estabelecida na opinião dos brasileiros, nas instituições jurídicas. Não há o menor risco de retrocesso em matéria democrática.

Há hoje duas candidaturas que se colocam como antípodas no universo político brasileiro, que são as candidaturas que estão hoje na frente (Bolsonaro/PSL e Fernando Haddad/PT), mas nenhuma delas contesta o regime democrático, tanto é que se apresentaram perante o eleitorado para obter os seus sufrágios. O deputado Jair Bolsonaro joga de acordo com as regras da democracia. Tanto é que é deputado há 30 anos".

Ele está errado no que diz respeito ao PT, claro. É o velho ranço socialista falando mais alto. Para concluir isso, o ministro teve que ignorar a declaração do próprio José Dirceu, assim como o programa de governo do PT. O editorialdo Estadão colocou os pingos nos is:

"Um regime autoritário pode se instalar da maneira clássica, por meio de um golpe, ou como resultado de um paulatino processo de captura do poder por um determinado grupo político, que assegura sua hegemonia a partir do aparelhamento do Estado. De um modo ou de outro, o resultado é sempre o mesmo: a submissão do Estado – e da Nação – aos interesses de quem o controla, o exato oposto de uma democracia. É precisamente isso o que o PT tentará fazer se esse partido conseguir vencer a eleição presidencial.

Para os que ainda concedem ao PT o benefício da dúvida, enxergando naquele partido credenciais democráticas que a sigla há muito perdeu – se é que um dia as teve -, recomenda-se a leitura de uma entrevista que o “companheiro” José Dirceu deu ao jornal El País.

Na entrevista, o jornal pergunta ao ex-ministro, deputado cassado e réu triplamente condenado se ele acredita na possibilidade de que o PT seja impedido de assumir a Presidência caso vença a eleição – ou seja, se pode haver um golpe. José Dirceu considera essa hipótese “improvável”, pois significaria colocar o Brasil na rota do “desastre total”, uma vez que “na comunidade internacional isso não vai ser aceito”. Mas então Dirceu, condenado a mais de 33 anos de prisão por corrupção no âmbito da Lava Jato, deixa claro que, para o PT, as eleições, afinal, são apenas uma etapa na tomada do poder. “Dentro do país é uma questão de tempo para a gente tomar o poder. Aí nos vamos tomar o poder, que é diferente de ganhar uma eleição”, explicou o ex-ministro.

Não é preciso grande esforço para perceber o projeto antidemocrático petista nessas poucas palavras. Quando diz que “tomar o poder” é diferente de “ganhar uma eleição”, significa que o poder pode ser conquistado e consolidado à margem ou mesmo a despeito do natural processo democrático – que, justamente, tem como um de seus fundamentos a alternância de governantes, para evitar a cristalização de um determinado grupo político-partidário na máquina estatal".

As cartas estão colocadas na mesa para todos que querem enxerga-las. De um lado temos uma quadrilha disfarçada de partido, comandada de dentro da carceragem em Curitiba por um bandido condenado, amigo dos piores ditadores do mundo, que não esconde sua sede por vingança e sua ânsia por poder, participando do Foro de São Paulo como fundador e tendo em Maduro sua referência “democrática”. Do outro lado temos um deputado em seu sétimo mandato, cercado dos melhores economistas liberais, repetindo que seu governo seguirá rigorosamente a Constituição. Mas os “formadores de opinião” preferem acreditar que é Bolsonaro quem representa um risco maior para nossa capenga democracia, já quase destruída antes pelo mesmo PT de Haddad…

A tragedia dos comuns, na obra de Elinor Ostrom - David S. Wilson (Evonomics)

The Tragedy of the Commons: How Elinor Ostrom Solved One of Life’s Greatest Dilemmas

The design principles for solving the tragedy of the commons can be applied to all groups

Economics, September 29, 2018

As an evolutionary biologist who received my PhD in 1975, I grew up with Garrett Hardin’s essay “The Tragedy of the Commons,” published in Science magazine in 1968. His parable of villagers adding too many cows to their common pasture captured the essence of the problem that my thesis research was designed to solve. The farmer who added an extra cow gained an advantage over other farmers in his village but it also led to an overgrazed pasture. The biological world is full of similar examples in which individuals who behave for the good of their groups lose out in the struggle for existence with more self-serving individuals, resulting in overexploited resources and other tragedies of non-cooperation.
Is the so-called tragedy of the commons ever averted in the biological world and might this possibility provide solutions for our own species? One plausible scenario is natural selection at the level of groups. A selfish farmer might have an advantage over other farmers in his village, but a village that somehow solved the tragedy of the commons would have a decisive advantage over other villages. Most species are subdivided into local populations at various scales, just as humans are subdivided into villages, cities and nations. If natural selection between groups (favoring cooperation) can successfully oppose natural selection within groups (favoring non-cooperation), then the tragedy of the commons can be averted for humans and non-human species alike.
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At the time that Hardin published his article and I was working on my thesis, this possibility had been considered and largely rejected. A book titled Adaptation and Natural Selection, written by evolutionary biologist George C. Williams and published in 1966, was on its way to becoming a modern classic. Williams described between-group selection as theoretically possible but almost invariably weak compared to within-group selection. By his account, attempts to explain evolutionary adaptations as “for the good of the group” reflected sloppy and wishful thinking. Hardin’s article reflected the same pessimism about avoiding the tragedy of the commons other than by top-down regulation. My interest in rethinking the plausibility of group selection placed me in a very small group of heretics (see Okasha 2006, Sober and Wilson 1998, Wilson and Wilson 2007, and Wilson 2015 for more on the controversy over group selection, which in my opinion has now been mostly resolved).
Evolutionary theory’s individualistic turn coincided with individualistic turns in other areas of thought. Economics in the postwar decades was dominated by rational choice theory, which used individual self-interest as a grand explanatory principle. The social sciences were dominated by a position known as methodological individualism, which treated all social phenomena as reducible to individual-level phenomena, as if groups were not legitimate units of analysis in their own right (Campbell 1990). And UK Prime Minister Margaret Thatcher became notorious for saying during a speech in 1987 that “there is no such thing as society; only individuals and families.” It was as if the entire culture had become individualistic and the formal scientific theories were obediently following suit.
Unbeknownst to me, another heretic named Elinor Ostrom was also challenging the received wisdom in her field of political science. Starting with her thesis research on how a group of stakeholders in southern California cobbled together a system for managing their water table, and culminating in her worldwide study of common-pool resource (CPR) groups, the message of her work was that groups are capable of avoiding the tragedy of the commons without requiring top-down regulation, at least if certain conditions are met (Ostrom 1990, 2010). She summarized the conditions in the form of eight core design principles: 1) Clearly defined boundaries; 2) Proportional equivalence between benefits and costs; 3) Collective choice arrangements; 4) Monitoring; 5) Graduated sanctions; 6) Fast and fair conflict resolution; 7) Local autonomy; 8) Appropriate relations with other tiers of rule-making authority (polycentric governance). This work was so groundbreaking that Ostrom was awarded the Nobel Prize in economics in 2009.
I first met Lin (as she preferred to be called) just a few months before she was awarded the prize, at a workshop held in Florence, Italy, titled “Do Institutions Evolve?” (recounted in Wilson 2011a). Similar events were taking place all over the world in 2009 to celebrate the 200th anniversary of Darwin’s birth and the 150th anniversary of On the Origin of Species. Multilevel selection theory, which envisions natural selection operating on a multi-tier hierarchy of units, had become more widely accepted by then, especially with respect to human cultural evolution, making me much in demand as a speaker. I had also cofounded a think tank called the Evolution Institute2 that formulates public policy from an evolutionary perspective, giving me a strong interest in the workshop topic. I had become somewhat familiar with Lin’s work but having the opportunity to talk with her at length had a transformative impact.
I quickly realized that Lin’s core design principle approach dovetailed with multilevel selection theory, which my fellow-heretics and I had worked so hard to revive. Her approach is especially pertinent to the concept of major evolutionary transitions, whereby members of groups become so cooperative that the group becomes a higher-level organism in its own right. This idea was first proposed by cell biologist Lynn Margulis (1970) to explain how nucleated cells evolved from symbiotic associations of bacteria. It was then generalized during the 1990s to explain other major transitions, such as the rise of the first bacterial cells, multicellular organisms, eusocial insect colonies and human evolution (Maynard Smith and Szathmary 1995, 1999).
Hunter-gatherer societies are famously egalitarian, not because everyone is nice, but because members of a group can collectively suppress bullying and other self-aggrandizing behaviors within their ranks – the defining criterion of a major evolutionary transition (Boehm 1993, 1999, 2011). With disruptive competition within groups held largely in check, succeeding as a group became the main selective force in human evolution. The entire package of traits regarded as distinctively human – including our ability to cooperate in groups of unrelated individuals, our ability to transmit learned information across generations, and our capacity for language and other forms of symbolic thought – can be regarded as forms of physical and mental teamwork made possible by a major evolutionary transition.
Lin’s design principles (DP) had “major evolutionary transition” written all over them. Clearly defined boundaries (DP1) meant that members knew they were part of a group and what the group was about (e.g., fisherman with access to a bay or farmers managing an irrigation system). Proportional equivalence of costs and benefits (DP2) meant that members had to earn their benefits and couldn’t just appropriate them. Collective choice arrangements (DP3) meant that group members had to agree upon decisions so nobody could be bossed around. Monitoring (DP4) and graduated sanctions (DP5) meant that disruptive self-serving behaviors could be detected and punished. Fast and fair conflict resolution (DP6) meant that the group would not be torn apart by internal conflicts of interest. Local autonomy (DP7) meant that the group had the elbow room to manage its own affairs. Appropriate relations with other tiers of rule making authority (DP8) meant that everything regulating the conduct of individuals within a given group also was needed to regulate conduct among groups in a multi group population.
The concordance between Lin’s core design principle approach and multilevel selection theory had three major implications. First, it placed the core design principle approach on a more general theoretical foundation. Lin’s “Institutional Analysis and Development (IAD)” framework emanated from political science and she was an early adopter of economic game theory, but her main case for the design principle approach was the empirical database that she compiled for common-pool resource groups around the world, as described in her most influential book Governing the Commons (Ostrom 1990). Multilevel selection theory showed how the core design principle approach follows from the evolutionary dynamics of cooperation in all species and from our own evolutionary history as a highly cooperative species.
Second, because of its theoretical generality, the core design principle approach is likely to apply to a much broader range of human groups than those attempting to manage common-pool resources (CPRs). Almost any group whose members must work together to achieve a common goal is vulnerable to self-serving behaviors and should benefit from the same principles. An analysis of business groups, churches, voluntary associations and urban neighborhoods should yield the same results as Lin’s analysis of CPR groups.
Third, the core design principle approach can provide a practical framework for improving the efficacy of groups in the real world. It should be possible for almost any kind of group to assess itself with respect to the design principles, address shortcomings, and function better as a result. This prospect was especially appealing to me as president of the Evolution Institute, since I was now actively engaged in formulating and implementing public policy from an evolutionary perspective.
Lin inspired me to begin several projects in parallel with each other. One was to collaborate with her and her postdoctoral associate Michael Cox to write an academic article, “Generalizing the Core Design Principle for the Efficacy of Groups” that established the three major implications listed above for an academic audience (Wilson, Ostrom and Cox 2013). Michael was the lead author of a 2010 article that evaluated the core design principle approach for the literature on CPR groups that had accumulated since Lin’s original analysis (Cox et al. 2010). Our article was published in a special issue of the Journal of Economic Behavior & Organizationtitled “Evolution as a General Theoretical Framework for Economics and Public Policy.” Both the article and the special issue should be consulted for more on the theoretical framework that underpins the design principle approach.
In addition, I started to use the design principle approach in projects that involved working with real-world groups in Binghamton, New York. One was a collaboration with the City of Binghamton and United Way of Broome County called “Design Your Own Park,” which used the opportunity to turn a neglected space into a neighborhood park. Neighborhood groups that formed to create a park would be coached in the core design principles and start to manage the affairs of their neighborhood in other respects. This project led to the creation of four neighborhood parks—and their groups—in our city (Wilson 2011b).
The second project was a collaboration with the Binghamton City School District to create a “school within a school” for at-risk youth called the Regents Academy (Wilson, Kaufmann, and Purdy 2011). This was our most ambitious and best documented project because we were able to employ the gold standard of scientific assessment, the randomized control trial, which randomly assigns participants into an experimental group and a control group to identify significant variables that might affect outcomes. To the best of its ability, the Regents Academy implemented the eight core design principles and two auxiliary design principles deemed to be important in a learning context (a relaxed and playful atmosphere and short-term rewards for long-term learning goals). Not only did the Regents Academy students vastly outperform the comparison group, but they even performed on a par with the average high school student on the state-mandated Regents exam (see Wilson, Kauffman and Purdy 2011 for details). This is a strong indication that the design principle approach can be generalized beyond CPR groups and can be used as a practical framework for improving the efficacy of groups in our everyday lives.
The third project was a collaboration with a number of religious congregations in Binghamton to reflect upon the core design principles in relation to their faith and social organization. These conversations did not lead to a formal effort to change practices but they were invaluable for exploring how the success of religious groups can be understood in terms of the design principles approach.
All of these projects were instructive and broadly confirmed the relevance of the core design principle approach for any group whose members must work together to achieve a common purpose. They also showed how the design principles can be sadly lacking in some groups, such as disadvantaged neighborhoods and public schools. It is important to remember that Ostrom was able to derive the core design principles for CPR groups because they varied in how well the design principles were implemented. Some did well without needing to be taught, while others did poorly and might benefit from some coaching. Based on my own projects, I became convinced that all groups are likely to face similar challenges in implementing the core design principles.
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Sadly, Lin died of cancer in June 2012. I was with her only a few months before at a workshop, “Rules as Genotypes in Cultural Evolution,” which we organized together and hosted at her Workshop in Political Theory and Policy Analysis, at Indiana University. She was simultaneously trying to care for her aging husband Vincent, satisfy the worldwide demand for speaking appearances, manage her projects and care for herself. I am grateful to be among the many who were touched by her and proud to contribute to her legacy by helping to generalize the core design principle approach and make it available to any group whose members must work together to achieve shared goals.*
2016 October 29

*PROSOCIAL is the first Internet platform that enables any group, anywhere in the world, to evaluate itself and increase its efficacy based on a fusion of the core design principle approach and evidence-based methods from the applied behavioral sciences.
References
Boehm, Christopher. 1993. “Egalitarian Society and Reverse Dominance Hierarchy.” Current Anthropology, 34:227 – 254.
———. 1999. Hierarchy in the Forest: Egalitarianism and the Evolution of Human Altruism. Cambridge, Mass: Harvard University Press.
———. 2011. Moral Origins: The Evolution of Virtue, Altruism, and Shame. New York: Basic Books.
Campbell, Donald T. 1990. “Levels of Organization, Downward Causation, and the Selection-Theory Approach to Evolutionary Epistemology.” In G. Greenberg & E. Tobach, editors, Theories of the Evolution of Knowing, 1 – 17. Hillsdale, NJ: Lawrence Erlbaum Associates.
Cox, M., G. Arnold & S. Villamayor-Tomas. 2010. “A Review of Design Principles for Community-based Natural Resource Management.” Ecology and Society. 15.
Hardin, Garrett. 1968. “The Tragedy of the Commons.” Science. 162:1243-1248.
Margulis, Lynn. 1970. Origin of Eukaryotic cells. New Haven: Yale University Press.
Maynard Smith, John, & E. Szathmary. 1995. The Major Transitions of Life. New York: W.H. Freeman.
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Okasha, Samir. 2006. Evolution and the Levels of Selection. Oxford, UK: Oxford University Press.
Ostrom, Elinor. 1990. Governing the Commons: The Evolution of Institutions for Collective Action. Cambridge, UK: Cambridge University Press.
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Sober, Elliot, & Wilson, D. S. 1998. Unto Others: The Evolution and Psychology of Unselfish Behavior. Cambridge, MA: Harvard University Press.
Williams, George. C. 1966. Adaptation and Natural Selection: A Critique of Some Current Evolutionary Thought. Princeton: Princeton University Press.
Wilson, D.S. 2011a. The Neighborhood Project: Using Evolution to Improve My CityOne Block at a Time. New York: Little, Brown.
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