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domingo, 14 de abril de 2019

Meu primeiro artigo em búlgaro: economia brasileira na revista Europa 2001

A convite da embaixadora do Brasil na Bulgária, Ana Maria Sampaio Fernandes, preparei um pequeno artigo sobre a economia brasileira, para ser inserido, junto com vários outros artigos de colegas diplomatas e acadêmicos, em um número especial da revista búlgara Europa 2001, dedicada ao Brasil.

Reproduzo abaixo os dados relevantes dessa publicação, uma vez que se trata de meu primeiro, e até agora único, texto publicado em búlgaro, portanto em alfabeto cirílico. Mais abaixo transcrevo o original do artigo em português.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 13 de abril de 2019

Estes são dos dados editoriais deste número especial da revista búlgara.

Aqui o sumário da revista: 

Aqui a introdução ao número especial pela embaixadora Ana Maria Sampaio Fernandes:


Aqui o início de meu artigo publicado: 



E aqui, finalmente, o original escrito em português: 


Economia brasileira: desenvolvimento histórico e perspectivas

Paulo Roberto de Almeida
Diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI) da
Fundação Alexandre de Gusmão (MRE); professor no Centro Universitário de Brasília.

1. A economia brasileira em perspectiva histórica
A economia brasileira tem uma longa trajetória de desenvolvimento desde a fase colonial, passando pela independência – que preservou as mesmas estruturas produtivas, baseadas nas plantações extensivas de produtos agrícolas de exportação e no trabalho escravo – até o intenso processo de industrialização desde meados do século XX. No último meio século o Brasil conheceu um processo bem-sucedido de fortalecimento de sua base industrial, ao mesmo tempo em que a revolução agrícola nas terras centrais sustentou a constituição de uma potente agricultura comercial.
O Brasil é um dos poucos países do mundo perfeitamente habilitados a fornecer alimentos – carnes, grãos, possivelmente lácteos – à ainda crescente população mundial, ao mesmo tempo em que o agronegócio investe pesadamente em energias renováveis com base na biomassa. Junto com as demais energias alternativas – eólica e solar –, o Brasil promete sustentar igualmente a demanda futura nessas duas vertentes do abastecimento estratégico: a segurança energética e a segurança alimentar.

2. Características atuais e desenvolvimentos futuros
A despeito de crises ao longo das últimas décadas – dívida externa nos anos 1980, inflação até meados dos anos 1990, e crise fiscal no período recente –, a economia brasileira apresenta solidez em seus principais componentes: agricultura, indústria, serviços. O processo de modernização ocorrido desde os anos 1960, trouxe o Brasil de uma posição secundária entre as grandes economias – entre 30a e 40a naquela década – para um papel de maior relevo nos últimos vinte anos, sempre situado entre as dez maiores do mundo. Tal posição deve se manter no futuro, apesar de a renda per capita colocar os brasileiros numa posição menos invejável: entre a 60a e 70a classificação. A distribuição de renda também apresenta indicadores muito negativos, basicamente devido a uma negligência histórica das elites com a educação de massa, que recém supriu carências seculares no campo das taxas de escolarização no ensino básico; a proporção de jovens no ciclo universitário também é insuficiente para garantir uma taxa sustentada de crescimento da produtividade nos dias atuais, o que representa um dos principais, e dos mais graves, desafios à economia brasileira.
O desempenho econômico nas três últimas décadas foi irregular: depois da estabilização macroeconômica conduzida pelo Plano Real (1994-99), a economia do país se beneficiou com a enorme demanda chinesa pelos seus produtos de exportação – basicamente soja e minério de ferro –, período no qual o crescimento das receitas de exportação e do crédito interno permitiu incluir num mercado em expansão largos extratos dos setores mais pobres da população. Equívocos nas políticas econômicas implementadas ao início da segunda década – expansão dos gastos públicos, intervencionismo do Estado no setor privado, uso de bancos públicos para financiamentos não diretamente produtivos – levaram o Brasil a uma enorme crise fiscal. A gestão da economia está sendo corrigida por uma orientação mais liberal da política econômica, com abertura, liberalização comercial e maior integração do país às cadeias produtivas de valor. Na conjuntura de 2017-2018, o PIB do Brasil se situava num nível pouco acima de 2 trilhões de dólares, o que reverte num PIB per capita – para uma população superior a 209 milhões de habitantes – de cerca de US$ 10 mil.

3. Desafios da economia brasileira: equilíbrio fiscal, investimentos, produtividade
A economia brasileira enfrenta três problemas conjugados, que requerem soluções diferenciadas. Em primeiro lugar, uma grave situação de desequilíbrio fiscal: até a década anterior, a principal rubrica dos gastos públicos era constituída pelo pagamento de juros da dívida pública, agora largamente suplantado pelas despesas previdenciárias, em crescimento alarmante nos anos recentes, sobretudo no regime especial dos funcionários públicos, em total desproporção com o regime geral do setor privado. Os gastos com salários e funcionamento da máquina do Estado são elevados: o Judiciário, por exemplo, representa um gasto total de cerca de 2% do PIB, o que representa mais do que o dobro para a média desse tipo de gastos na maior parte dos países. Os salários no Legislativo também estão em flagrante contradição com a média para funções equivalentes ou similares no setor privado. Mais do que aumentar a arrecadação, cabe reduzir as despesas públicas, o que significará desestatização de diversos serviços públicos, privatização de companhias estatais e um regime de concessões e de venda de ativos para reduzir o peso do Estado sobre a economia e a própria sociedade brasileira.
Em segundo lugar, existe um problema de médio prazo relativo ao volume, notoriamente insuficiente, dos investimentos, tanto privados quanto públicos. A taxa de poupança é historicamente modesta no Brasil – entre 15 e 17% do PIB –, sendo que o nível dos investimentos públicos vem caindo a cada ano, tanto em razão do crescimento das despesas correntes, quanto em função da crise orçamentária dos últimos anos e da redução das receitas pela recessão criada pelas próprias políticas do governo. Reformas estruturais nos mercados de capitais, na concentração do setor bancário, no regime previdenciário, bem como um programa radical de abertura econômica, com flexibilização nos regimes regulatórios setoriais, permitiriam elevar a taxa de investimentos a níveis compatíveis com uma média de crescimento sustentado acima de 2,5% ao ano.
A questão da baixa produtividade geral da economia é, justamente, o terceiro grande problema do Brasil. As razões são complexas e têm tanto a ver com deficiências de infraestrutura e de ambiente de negócios quanto com a má qualidade dos sistemas de ensino no Brasil, o que acaba se refletindo na baixa produtividade da pesquisa aplicada conduzida nas universidades. Em média, um trabalhador brasileiro é cinco vezes menos produtivo do que trabalhadores de países membros da OCDE, o que se explica pelo diferencial dos anos de estudo (geralmente o dobro nestes do que no caso do Brasil).
De forma geral, indicadores bem conhecidos da maior parte dos especialistas em desenvolvimento econômico permitem identificar claramente as principais deficiências da economia brasileira comparativamente não apenas aos países líderes da economia mundial, mas também a emergentes partindo de patamares semelhantes de desempenho produtivo e no mundo dos negócios. Relatórios anuais do tipo Doing Business, do Banco Mundial, o de competitividade, do World Economic Forum, e das liberdades econômicas, do Fraser Institute oferecem, numa leitura combinada, um panorama negativo do ranking geral da posição brasileira em indicadores de desempenho, assim como uma postura modesta em indicadores setoriais, como carga tributária, protecionismo comercial, custos de transação derivados da burocracia pública, ausência de infraestrutura, custos de comunicação e transportes, e vários outros índices setoriais.
De modo geral, apesar de um bom volume de investimentos diretos estrangeiros no Brasil, comparativamente a outros países emergentes, esse nível é bastante modesto quando visto em proporção do PIB, e também no direcionamento atribuído a grande parte desses investimentos, muitas vezes visando mais o mercado interno – que é, compreensivelmente, bastante amplo no Brasil – do que as exportações, uma vez que o país é bastante introvertido em termos de coeficiente de abertura externa, a mais reduzida de todos os membros do G20, em média inferior à metade da média mundial. O Brasil e os demais membros do Mercosul – o bloco de integração regional integrado ainda pela Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia – registram uma participação diminuta nas cadeias globais de valor, o que também explica os baixos níveis de competitividade internacional – praticamente reduzida à exportação de produtos de base – apresentados pelo grupo em face de outros países ou blocos (como a Aliança do Pacífico, por exemplo, formada por México, Colômbia, Peru e Chile, na perspectiva de se integrarem ao grande espaço econômico da Ásia Pacífico).
Outro grande desafio da economia, e da sociedade, do Brasil reside nos níveis elevados de desigualdade distributiva, com índices de Gini gradualmente cadentes, mas ainda muito elevados para países de renda per capita similar. Em geral, menos de 10% da população se apropria de quase a metade da renda nacional, restando pouco menos de 10% dessa renda para mais de 40% da população. O desemprego cresceu bastante em função da crise – mais de 13% da população economicamente ativa –, mas os níveis de informalidade são também muito elevados, em função de uma legislação laboral muito rígida para as características da força de trabalho e dos níveis de produtividade. Finalmente, a dívida externa já não é mais um problema, como foi em décadas passadas, mas sim o crescimento preocupante da dívida doméstica, não tanto em função de seus níveis absolutos, mas simplesmente em razão dos níveis elevados dos juros correspondentes, o que aumenta o peso do seu serviço no conjunto dos gastos públicos.
Não obstante, o Brasil apresenta condições favoráveis a novos surtos de crescimento sustentado nos anos à frente, uma vez implementadas reformas estruturais e administrativas necessárias. Sua base energética é notoriamente limpa, com um grande componente de renováveis – hidráulica e biomassa, mas também um grande impulso nas fontes alternativas, sobretudo eólica e solar –, ao lado das imensas jazidas de óleo do pré-sal, o que garante investimentos e exportações satisfatórios por muitos anos no futuro. Uma população perfeitamente multirracial, aberta a todos os credos religiosos e tradições culturais, receptiva às modernidades tecnológicas, uma diplomacia atuante nos planos bilaterais e multilateral, o estrito respeito ao direito internacional e a outros princípios das relações internacionais, junto com o reforço das instituições democráticas nacionais e a defesa ampliada dos direitos humanos nos mais diferentes recantos do país, também constituem fatores amplamente positivos no futuro que se desenha para o Brasil no médio e no longo prazo. O encaminhamento de todas essas questões depende basicamente da capacidade do povo brasileiro em encontrar respostas adequadas aos principais desafios, o que é totalmente compatível com o otimismo inerente à sua gente.
Brasília, 23 de janeiro de 2019

sábado, 13 de abril de 2019

OECD: economic surveys: France, Italy, Portugal, Sweden, Argentina


Global economic conditions, monetary policy and structural reforms have supported exports and investment in recent years. However, global uncertainties and the effects of social unrests weighed on activity in 2018.
 
Available in ENGLISH and FRENCH
OECD Secretary-General, Angel Gurría, with the French Minister of Economy and Finance, Mr. Bruno Le Maire.
 
Italy continues to suffer from long-standing social and economic problems. Italy's GDP per capita is at the same level as 20 years ago and well below its pre-crisis peak. GDP growth has slowed and is projected to contract by 0.2% in 2019 and expand by 0.5% in 2020. Expansionary fiscal policy and low growth will push the general government budget deficit to 2.5% of GDP in 2019 from 2.1% in 2018.
Available in ENGLISH and ITALIAN
 
GDP has expanded at an average rate of close to 3% over the past five years.

Employment has grown steadily and the unemployment rate has fallen. But jobseekers are increasingly low-skilled and immigrants, who struggle to find jobs..
Read more...
OECD's Secretary-General, Angel Gurría, with the Swedish Minister of Finance, Madame Magdalena Andersson
 
The economy is in recession. A strategy of reducing the large fiscal deficit only gradually, the reliance on its foreign financing and high interest rates due to tight monetary policy opened up significant vulnerabilities. In April 2018, markets reacted with a reversal of capital inflows, exacerbating a slowdown of currency inflows due to a record drought.
Available in ENGLISH and SPANISH
 
Economic conditions in Portugal have improved markedly over the past few years. GDP is now back to its pre-crisis level and the unemployment rate has declined 10 percentage points since 2013 to below 7%, one of the largest reductions in any OECD country over the past decade.
Available in ENGLISH and PORTUGUESE
 
Upcoming
JAPAN - Economic Survey 15 April
CHINA - Economic Survey 16 April 
MEXICO - Economic Survey - 2 May
OECD Economic Projections - 21 May

Visita à Casa Stefan Zweig em Petropolis, 13/04/2019

Aproveitando uma estada em Petrópolis para um seminário da Liberty Foundation sobre temas de economia e direito, fui visitar, neste sábado, a famosa casa onde morou, por poucos meses, e morreu (em duplo suicídio, com sua segunda esposa Lotte) o famoso escritor austríaco Stefan Zweig, de quem já li inúmeras obras.
Vale a pena a visita, a despeito de a Casa ser pequena, mas acolhedora:
http://www.casastefanzweig.org/sec_casa.php
Estão ali livros e pertences pessoais de SZ, inclusive a Grã-Cruz da Ordem do Cruzeiro do Sul, que lhe foi concedida postumamente pelo governo brasileiro.
Aproveitei para comprar mais um livro (já tenho vários) de SZ, este aqui:

O site da Casa SZ tem muitos materiais interessantes. Acabo de assistir a um curto documentário sobre o embaixador Souza Dantas:
http://www.casastefanzweig.org/sec_video_view.php?id=26
Também tem uma exposição temporária em curso:

Paulo Roberto de Almeida
Petrópolis, 13 de abril de 2019

Diplomacia: a improvavel demissao do titular nominal

Improvável porque sua permanência preenche um serviço aos verdadeiros donos do “pedaço”, como diriam os chefes de milícias. Mantém as aparências.


Por incompetência, Ernesto Araújo pode ser o próximo a ser demitido. Por Ivanir José Bortot

Publicado originalmente em Os Divergentes:
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, se colocou na linha de tiro do Presidente Jair Bolsonaro que, como tem dito o Porta-voz do Planalto, Rêgo Barros, “é muito bom de pontaria”.
A demissão do Presidente da Agência Brasileira de Promoções de Exportação e Investimentos (Apex), o embaixador Mário Vilalva, e o afastamento do embaixador, Sergio Amaral, da Embaixada de Washington, feitas nesta semana por Ernesto Araújo, contribuiu para lhe colocar nesta posição indesejada.
A insatisfação com o desempenho de Ernesto Araújo envolve outras trapalhadas, algumas que acabaram prejudicando o próprio presidente da República em suas viagens ao exterior e outros o desempenho do próprio Itamaraty.
No primeiro caso, a mais emblemática falha de Ernesto Araújo, que afetou o desempenho de Bolsonaro, foi na sua viagem ao Chile. O Itamaraty não brifou e preparou as intervenções de Jair Bolsonaro na reunião da cúpula do Prosul, com presidentes de diversos outros países. As falas de Bolsonaro não tinham foco, informações e dados, o que acabou o deixando mal na foto diante dos demais presidentes da República em reuniões reservadas.
O embaixador Sérgio Amaral, tido como pessoa competente por militares do Planalto para ficar em Washington, vai cuidar de um escritório em São Paulo. A mesma sorte não tiveram outros embaixadores que foram destituídos de seus postos no exterior e hoje são obrigados a dar expediente em uma sala do Itamaraty, onde nada têm a fazer.
Neste caso é no mínimo um desperdício de recursos públicos e experiência profissional de um País que está cortando na carne para equilibrar suas contas.
A única atuação diplomática de impacto econômico esta semana, não teve o protagonismo do Itamaraty. O jantar do Presidente Jair Bolsonaro com 37 embaixadores Islâmicos de países importadores de alimentos do Brasil foi organizado pela Confederação Nacional da Agricultura e o Ministério da Agricultura. Ambos estão preocupados com o impacto nas exportações do Brasil em função dos acordos feitos com Israel. As palavra de diálogo e manifestação de confiança nas relações de comércio foram de Bolsonaro e Tereza Cristina. Chamou a atenção dos embaixadores Islâmicos que o ministro Ernesto Araújo não disse uma só palavra.
Apesar de inúmeros alertas da área militar do Planalto de que falta a Ernesto Araújo as atribuições para bem representar o Itamaraty e cuidar dos negócios do Brasil no exterior, informações de fontes do Planalto são de que Bolsonaro só ainda não apertou o gatilho por atender a apelo de seus filhos.


Peter Hakim e Ricupero falam sobre os 100 dias na diplomacia - RFI

Publicado em • Modificado em 

Política externa nos 100 primeiros dias de Bolsonaro provoca danos à imagem do Brasil

media
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, durante encontro com o presidente dos EUA, Donald Trump, na Casa Branca, em Washington (EUA).19/03/19 Alan Santos/PR
           

Simon Schwartzman sobre o ensino secundario - Academia Brasileira de Letras

Cientista político Simon Schwartzman fala na ABL sobre o tema ‘Perspectivas do novo ensino médio brasileiro’

O cientista político Simon Schwartzman faz na Academia Brasileira de Letras, a segunda palestra do ciclo de conferências “A educação no Brasil de hoje”, sob coordenação do Acadêmico e professor Arnaldo Niskier. O evento está programado para o dia 18 de abril, às 17h30min, no Teatro R. Magalhães Jr. (Avenida Presidente Wilson, 203, Castelo, Rio de Janeiro). Entrada franca.
Serão fornecidos certificados de frequência.
A Acadêmica Ana Maria Machado é a Coordenadora-Geral dos ciclos de conferências de 2019.

Acadêmico Arnaldo Niskier convida para o ciclo "A educação no Brasil de hoje"
O ciclo terá mais uma palestra, dia 25 de abril, também uma quinta-feira, no mesmo local e horário, intitulada Os desafios da educação a distância, com Celso Niskier.
Schwartzman adiantou, sobre seu tema que, em setembro de 2017, foi sancionada a nova lei que reformula o ensino médio brasileiro, com a previsão de que ela deveria começar a ser implementada em 2021. Essa lei teve por objetivo lidar com o grave problema dos altos níveis de evasão e a falta de qualificação profissional para os milhões de jovens que todos anos buscam o ensino médio, mas não continuam estudando no nível superior. Ao invés de um currículo único, a nova legislação permite que os estudantes escolham um entre vários “itinerários formativos”, entre eles o de formação vocacional de nível médio que até então era tratada como formação complementar.
“Às vésperas de sua implementação, existem muitas dúvidas e incertezas sobre como esta lei será implementada. Essas incertezas têm como pano de fundo a grande quantidade de jovens que chegam ao ensino médio com graves deficiências de formação em áreas fundamentais como o uso da língua e o manejo de operações matemáticas simples. Nessa apresentação, pretendo discutir alguns dos dilemas centrais que devem ser enfrentados nesta transição, que se referem à maneira pela qual os diferentes públicos que chegam ao ensino médio devem ser atendidos, a divisão e posterior relacionamento entre a parte geral e as partes diferenciadas do novo currículo, a questão da transição entre o ensino convencional, organizado por disciplinas, e a atual proposta de organizar a educação em termos de habilidades e competências, e a questão de como lidar com o ensino técnico, ou vocacional, no contexto do novo ensino médio”, afirmou o palestrante.
O CONFERENCISTA
Simon Schwartzman estudou sociologia e ciência política na Universidade Federal de Minas Gerais, tem um mestrado em sociologia pela Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (FLACSO, Chile), e é doutor em ciências políticas pela Universidade da California, Berkeley. Nos últimos anos, tem trabalhado em temas de educação, ciência e tecnologia e políticas sociais. Foi professor da Universidade Federal de Minas Gerais, do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro e da Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas.
Na Universidade de São Paulo, foi professor de Ciência Política e diretor científico do Núcleo de Pesquisas sobre Ensino Superior entre 1990 e 1994, e Presidente do IBGE entre 1994 e 1998. Foi professor visitante nas Universidades de Columbia, Stanford, California/Berkeley e Harvard, nos Estados Unidos. É membro da Academia Brasileira de Ciências, Grão Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico e Comendador da Ordem Nacional do Mérito Educativo. Seu livro mais recente é Situação e Caminhos do Ensino Médio e Técnico no Brasil, São Paulo, Fundação Santillana 2016.
Schwartzman é autor de, entre outros, Education in South America. London: Bloomsbury, 2015; Higher Education in the BRICS Countries - Investigating the Pact between Higher Education and Society (com Romulo Pinheiro e Pundy Pilay), Springer, 2015; Brasil: A Nova Agenda Social (com Edmar Bacha). Rio de Janeiro, LTC, 2011; Políticas Educacionais e Coesão Social – Uma Agenda latino-americana (com Cristian Cox), Rio de Janeiro, Elsevier; São Paulo: iFHC, 2009; University and Development in Latin America. Successful Experiences of Research Centers. Global Perspectives on Higher Education volume 14. Rotterdam: Sense Publishers, 2008; Os Desafios da Educação no Brasil (com Colin Brock), Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 2005; Pobreza, exclusão social e modernidade: uma introdução ao mundo contemporâneo. São Paulo, Augurium Editora, 2004; As causas da pobreza, Rio de Janeiro, Editora da Fundação Getúlio Vargas, 2004; A Escola vista por dentro, com João Batista Araújo e Oliveira, Belo Horizonte, Alfa Educativa, 2002; Bases do Autoritarismo Brasileiro, Editora Unicamp, 5ª edição, 2015; Um Espaço para a Ciência: Formação da Comunidade Científica no Brasil, 4ª edição, Editora da Unicamp, 2015e The New Production of Knowledge (com Michael Gibbons, Martin Trow, Peter Scott, Helga Nowotny e Camille Limoges, Sage,1994.
11/04/2019