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terça-feira, 23 de junho de 2009

1174) Universidades gastadoras (e pouco produtivas)

Artigo disponível no site do Instituto Federalista (http://www.if.org.br/analise.php)

Gasta-se demais com universidades
Julio César Cardoso, 22/06/2009.

Gasta-se muito dinheiro com universidade para todos, enquanto não se ensina, com solidez, o indivíduo a saber ler, escrever e fazer conta. Matemática financeira então, nem se fala! A maioria não sabe resolver sequer questões do cotidiano: percentagem, juro simples, desconto etc.Não precisamos de tantos doutores, mas sim de formação técnica especializada de nível médio de alta qualidade.

Necessitamos de escolas públicas - 1° e 2.° graus - de excelente qualidade e direcionada à aprendizagem técnica profissionalizante, para que o cidadão saia em condição de poder trabalhar.
Nem todos os indivíduos estão preparados para a carreira superior, muitos preferem trabalhar numa especialização técnica não-universitária. Quantos jovens não sabem qual o curso superior a seguir, mas são pressionados pela família ou pela tendência social a cursar uma faculdade? Depois, trancam o curso, ou pulam para outro, e quando se formam não têm competência profissional.
Tudo porque a exigência exacerbada de formação universitária no País está se transformando num certo modismo (caro), e não numa necessidade profissional para a vida. É preciso que as doutas autoridades que tratam da educação formal brasileira reflitam sobre essa crescente onda de formação universitária.

Universidade para todos é uma medida pedagógica ou política? É preciso que o assunto seja tratado com responsabilidade. O nosso mercado de trabalho tem o perfil universitário ou de conhecimento técnico de nível médio? Muito dinheiro, público e privado, está sendo gasto com universidade como se isso fosse a solução para resolver as diferenças sociais e o desemprego.

Por outro lado, a instituição de cotas raciais universitárias é um grande equívoco e só serve para gerar animosidade entre segmentos sociais. Não devemos esquecer que o branco pobre também sofre as mesmas exclusões sociais. Essa engenhoca credencial, encontrada para rever erros do período da senzala, não tem cabimento porque o problema primordial está localizado na falta de políticas públicas includentes educacionais. Senão, até quando esse pseudorreparo de injustiça escravocrata persistirá?

Assim, enquanto se verifica uma excessiva preocupação governamental com a criação de mais universidades pelo País, a revista britânica A Economist considera que o Brasil gasta demais com universidades, em vez de ensinar a ler e escrever.

Vejamos o comentário do jornal Opinião e Notícia acerca desta matéria:
"A revista britânica Economist ressalta que qualidade da educação brasileira ainda está muito aquém do que se observa em outros países em desenvolvimento. Isso apesar dos altos gastos públicos do País com educação.

Em um teste feito com alunos de várias nacionalidades para verificar suas habilidades em leitura, matemática e ciências, os brasileiros ficaram atrás dos sul-coreanos, chilenos, mexicanos e indonésios, apesar de o Brasil ter a maior porcentagem do PIB gasta com educação, à exceção do México.

A Economist considera que, tal como a Índia, o Brasil ainda gasta demais com suas universidades, em vez de ensinar a ler e escrever. A revista britânica avalia ainda que, apesar dos esforços do governo para colocar as crianças nas escolas, o sistema educacional padece de dois problemas principais: o excesso de faltas ao trabalho dos professores e o alto índice de repetência dos alunos.

2 comentários:

Anônimo disse...

PRA, tenho um comentário off-topic, mas de profundo interesse:

Quando você vai proporcionar aos seus leitores um livro de memórias diplomáticas? São mais de quarenta anos de carreira, não são? Certamente há muita coisa interessante para contar. Poderia lançar uma edição agora e outra quando se aposentar, contando todas as asneiras ideológicas do nosso Itamaraty.

É que estou lendo o Temas da Política Internacional, do embaixador aposentado Vasco Moriz, e estou muito me surpreendendo com a cara de pau do sujeito. Os causos são todos muito bacanas, sem dúvida, mas há momentos de sem vergonhice embasbacante. Alguns exemplos para você rir (ou chorar):

Sobre Salazar: "Lá fui e Sua Excelência recebeu-me com toda a simplicidade, perguntou-me por meu pai e por outras pessoas da comunidade portuguesa no Rio. (...) Foi uma audiência de uns 20 minutos e eu me senti honrado."

HONRADO, PRA! Honrado, nossa senhora...

Contando sobre o acompanhamento de chefes de Estado em visita ao Brasil: "As experiências de acompanhamento a Pinochet e Stroessner foram certamente muitíssimo mais agradáveis e cordiais."

Certamente seria muitíssimo agradável acompanhar Pinochet, imagine...

Então me veio a ideia de sugerir um livro de memórias diplomáticas a você; sugestão que espero que aceite.

Paulo Roberto de Almeida disse...

Meu caro Anônimo,
(complicado conversar com um anônimo)

Nao sao 40 anos de carreira, barely 30, mais ou menos...

Nao tenho intenção de fazer um livro de memórias diplomáticas, posto que as minhas não são tão memoráveis quanto as do embaixador Vasco Mariz, ele sim um longevo na carreira.
Seria preciso dar o desconto a suas colocações sobre ditadores e outras questões: ele é um diplomata da velha escola, em que se tratava bem mesmo ditadores sanguinários. Gentileza acima de tudo, faz parte do bullshit diplomático.
Não é o meu estilo, mas parece que é o recomendado na vida diplomática, tão cheia de salamaleques e hipocrisias, pequenas mentiras e grandes gestos vazios de pura retórica.

Como disse, minha vida diplomática não tem quase nenhum interesse substantivo, pois meu interesse principal sempre foram as idéias, e as práticas concretas, não as pequenas liturgias da vida diplomáticas. Tem quem goste, mas eu prefiro ficar no terreno das idéias.
Se algum dia escrever memórias, ou reflexões ex-post, será um exercício de história intelectual, não um livro de memórias diplomáticas.

Virá, um dia...