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segunda-feira, 31 de maio de 2010

Politica Nuclear do Iran (14): Confesso que nao consigo entender

Vou confessar, numa brevíssima nota, uma frustração e uma dúvida:
Não consigo entender por que, como, em que condições, tantos comentaristas brilhantes de nossa imprensa e de outros veículos não conseguem se concentrar no que é básico: o programa nuclear do Irã.
A quase totalidade deles fica comentando o "acordo de Teheran", os avanços dos emergentes em terrenos antes reservados aos "grandes", as motivações perversas do imperialismo americano e outras coisas do gênero.
Confesso que não entendo, sobretudo porque não tenho praticamente encontrado nenhum artigo sobre o que realmente interessa: o programa nuclear do Irã e seus compromissos com a AIEA ao abrigo do TNP.

Será que seria pedir muito pedir artigos sobre isso?

Paulo Roberto de Almeida
(Shanghai, 1 de junho de 2010)

7 comentários:

Unknown disse...

"Não consigo entender por que, como, em que condições, tantos comentaristas brilhantes de nossa imprensa e de outros veículos não conseguem se concentrar no que é básico", até aqui utilizo as suas palavras, depois eu mesmo completo: o programa nuclear de Israel. A meu ver, tão mais avançado e perigoso que o do Irã, e o pior, acobertado!

"alguns países especializam-se em ganhar, e outros em que se especializaram em perder", célebre frase de Eduardo Galeano. Eu me pergunto, vamos nos especializar em que?

Afinal, por que questionaríamos, no ambito interno, se Irã vai ou não cumprir o acordo? Somos pacifistas agora? Não queremos uma bomba também? Vamos ser também hipócritas? Quando vamos acabar com a diplomacia com "síndrome de vira-latas"? Como dice Lula. Se as potências nucleares não se comprometem, por que devemos apoiá-los nessa questão?

Obs: Não pretendi ser ofensivo, se foi assim que entendeu o comentário, só repeti o presidente. Gostei do teu blog, é bom ver a internet bem utilizada.

E só pra pentelhar um pouco, se puder, dá-me uma dica para que, no futuro, eu possa ingressar a carreira diplomática (não vale dizer: estude, isso já sei).

Obrigado!

Vinícius Troian

Anônimo disse...

Caro PRA,

O contrato de aluguel da mídia brasileira com o PT não permite os artigos que você deseja. Certo ?

Paulo Roberto de Almeida disse...

Vinicius,
Ao que me consta, Israel não prometeu obliterar o Irã do mapa, como aliás o fizeram, com relação a Israel, vários dos vizinhos árabes desde 1948.
Ao que me consta, Israel nunca ameaçou nenhum país de guerra, apenas disse que iria se defender por todos os meios disponíveis.
Se o Lula disse algo compreensível foi com dois esses, não com "c".
Se você pretende se tornar diplomata, deveria fazer atenção a essas coisas simples.
Pentelhar é uma expressão que se adapta bem aos nossos tempos, mas que eu tenho certa ojeriza a usar. Talvez petrelhar, se for o caso.
Estude, apenas isso.
Paulo Roberto de Almeida

Mário Machado disse...

Professor,

Furar um bloqueio naval numa das zonas mais tensas do mundo, não é, nunca será, nunca foi uma boa idéia.

A não ser que quem organizou essa flotilha da paz quisesse forçar isso mesmo, usando os idiotas uteis, para suas causas. Alias, se eu fosse adepto de jogos de azar, apostaria nessa hipotese. Resta saber se ela passa no teste.

Acho interessante como concordamos em muitas coisas. A sua visita em meu blog tempos atras me honrou muito. Imagino que meu pensamento ainda é neófito se comparado ao seu, mas é preciso ler e escrever, assim crescemos.

Uma coisa que aprendi com meus bons professores foi não ter medo de expor meus pontos de vista, desde que fundamentados e me ensinaram a ter convicção (que não é fanatismo, afinal diante de evidências ao contrário alguém intelectualmente honesto tem que mudar de opinião).

Pena que sei que tive sorte ao ter ótimos professores no ensino fundamental, básico, médio e superior. Nesse ultimo nenhum medalhão, talvez por isso foram bons. Claro picaretas são inevitáveis.

Abs,

Vinícius Portella disse...

Paulo,

São uns "brincantes" e digo mais: se esse pessoal está para brincadeira, Israel não está. Se eles querem falar do "quão perverso é o imperialismo ianque", os israelenses querem mais é saber da ameaça real que o Irã respresenta para Jerusalém (e com certeza o Mossad tem muita informação levantada e está bem inteirado sobre o dito programa ou sobre certos índices que lhe dizem respeito...). Prevalecendo esse discurso aluado, é muito possível que Israel resolva as coisas a sua maneira: os Iraquianos e Franceses lembram bem do que fizeram ao reator nuclear Osiraq em 1981; o mundo condenou o ato, mas os judeus resolveram seu problema...
Há quem ignore que bravatas pouco adiantam quando se mexe num vespeiro...

E afinal: quem fornece algo referente ao programa nuclear iraniano e seus compromissos com a AIEA ao abrigo do TNP?

Abraços!

Alice disse...

Estimado Professor,

Estou escrevendo o meu trabalho de conclusão de curso e me deparo com o mesmo problema. Tanto a imprensa brasileira como boa parte da imprensa internacional estão tratando a questão de maneira muito superficial. O único que foge um pouco desse consenso generalizado que se criou em torno da questão é o professor Carlos Eduardo Vidigal, mas ainda assim, ele não se aprofundou tanto também.
De qualquer forma, se lhe interessar, procure se informar sobre o programa nuclear iraniano nos sites da organização "Nuclear Threat Initiative", do ISIS, e do James Martin Center for Nonproliferation Studies. Tenho a impressão de que estes são alguns dos melhores sites para uma pesquisa mais detalhada e imparcial. Espero ter ajudado!

Abraços

Paulo Roberto de Almeida disse...

Laura,
Agradeço sua recomendação. Já tive acesso a relatórios do ISIS, e vou acessar novamente para ver atualizações. Sem dúvida, se trata de material sério, responsável, up to the point, não o festival de bobagens e de idiotices que se pode ler na imprensa brasileira.
Paulo Roberto de Almeida