Tenho recebido muitas mensagens, comentários, tenho lido muitas coisas, algumas altamente inflamadas e inflamáveis, a respeito da escolha fundamental a ser feita em 31 de outubro de 2010, entre um candidato e outro para a cadeira presidencial (melhor dizer, talvez, entre o candidato e a candidata, que alguns preferem chamar de "criatura eleitoral" do atual presidente da república).
Já escrevi o que penso a respeito dessas comparações "numéricas", pretensamente quantitativas (e, portanto, supostamente objetivas) entre os últimos oito anos do "resgate da cidadania" e os oito anos anteriores, da "era neoliberal".
Tudo isso são slogans, alguns aliás muito maldosos e até desonestos.
Aliás, acho tudo isso uma grande perda de tempo, pois o que realmente importa, até em termos de física, a "flecha do tempo", esta segue sempre em frente. Não se pode, simplesmente, voltar atrás.
Portanto, comparar o atual com o que se tinha antes não é apenas inútil, mas é profundamente desonesto, pois é evidente que o que foi feito agora foi construído ENCIMA, não ao lado, ou à margem, do que existia antes.
Pois bem, já remeti, poucos posts abaixo, a um exercício comparativo mais honesto do que o que vem circulando para fins eleitorais, feito de uma colagem absurda de dados parciais e altamente questionáveis, e não vou entrar, como disse, na guerra dos números.
Prefiro fazer simples considerações de princípios.
Existem dezenas de razões pelas quais as pessoas podem escolher ficar com um ou com o outro candidato.
Os dados da realidade podem ser apresentados de muitas maneiras possíveis, para favorecer um ou outro.
Pode-se atribuir todas as "bondades" existentes (e elas são reais) à continuidade das políticas anteriores, ou mostrar que tudo isso só foi possível graças a políticas implementadas agora, nos últimos oito anos.
Basicamente é isto, portanto. A tropa que fica com a candidata, separa o atual e rejeita o anterior. A tropa do candidato da oposição prefere insistir na continuidade e na herança positiva deixada pelo governo anterior.
Acredito que cada pessoa que lê estes posts, este blog, cada um que conhece o que escrevo em meus textos, tem condições de fazer ela mesma as distinções necessárias entre uma e outra alegação, e ponderar onde está a razão, onde está a verdade.
Prefiro, de minha parte, ficar com um único critério pessoal, para decidir entre as possibilidades ofertadas, e esse critério tem a ver com valores, o que é, reconheço, uma percepção altamente subjetiva (mas confio em minha capacidade de discernimento).
O que mais importa, para mim, o que se aproxima mais de meus critérios de apego à verdade, à honestidade, a uma certa ética na vida pessoal, é, justamente, a maior (ou menor) proximidade de cada um dos candidatos a esses mesmos princípios e valores.
Com base nisso, eu julgo as pessoas e as políticas.
Eu tenho, portanto, a minha régua e o meu compasso.
Acho que não preciso novamente expor quais são eles, do que eles são feitos.
Confio no discernimento de meus leitores.
Cada um pode decidir o que é bom para si e para o Brasil.
Paulo Roberto de Almeida
(20.10.2010)
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
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