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terça-feira, 19 de outubro de 2010
A "guerra cambial" do ministro Mantega (1): primeiro round, sem resultados...
Quanto ao Brasil, a sua moeda vai continuar se valorizando, e o culpado é o proprio governo, pois é ele quem atrai capitais, ao manter essas taxas de juros excessivamente elevadas. O acumulo inutil e absurdo de reservas representa um custo tao alto quanto a cobertura do deficit da previdencia, o que em si já é um absurdo.
Bastaria o governo controlar os seus gastos, diminuir os seus deficits, para evitar o pagamento desses juros absurdos da divida.
Nao adianta nada ficar comprando dolares, pois eles vao continuar entrando.
Ou seja, a China faz aquilo que ela considera ser melhor para sua populacao.
Nos fazemos o que interessa aos especuladores dos mercados de capitais. Uma irracionalidade completa.
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Paulo Roberto Almeida
Reunião do FMI termina sem acordo para resolver 'guerra cambial'
Nenhum país envolvido sinalizou mudanças de curto prazo em políticas; tema será retomado em encontro em Seul no mês que vem
Depois de três dias de intensas discussões entre ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais, a reunião anual do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial terminou neste domingo, em Washington, sem perspectivas de solução para os desequilíbrios cambiais entre os países.
Apesar das manifestações sobre a necessidade de uma ação global coordenada para resolver o conflito em vez de medidas individuais, nenhum dos envolvidos demonstrou sinais de que mudará suas políticas no curto prazo, e o encontro chegou ao fim sem um acordo prático sobre a questão cambial.
O tema será retomado no próximo mês, quando líderes do G20 (grupo das principais economias avançadas e em desenvolvimento, do qual o Brasil faz parte) se reúnem em Seul, na Coreia do Sul, mas também nesse encontro a expectativa de um acordo que solucione o problema é baixa.
Os dois principais atores no conflito, Estados Unidos e China, já sinalizaram que não pretendem mudar de postura, e a chamada "guerra cambial" - expressão usada inicialmente pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que acabou ganhando atenção mundial - não deve acabar tão cedo.
China e Estados Unidos
Os Estados Unidos mantiveram no encontro de Washington sua pressão para que a China permita a valorização de sua moeda, o yuan. O governo americano, assim como outros países, acusa os chineses de manter sua moeda artificialmente desvalorizada, ganhando assim competitividade considerada "desleal" em suas exportações.
O secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, não citou a China diretamente, mas criticou o desequilíbrio na balança comercial ao falar de países que, "por muito tempo, orientaram suas economias à produção para exportação em detrimento do consumo doméstico, contando com os Estados Unidos para importar bens e serviços" e disse que é crucial que "as principais economias emergentes" adotem uma taxa de câmbio mais flexível.
A China, porém, resiste às pressões e diz que mudanças ocorrerão de forma "gradual", sem mencionar prazos. O representante do país na reunião em Washington, Zhou Xiaochuan, rebateu as críticas e disse que o superávit comercial caiu e a moeda chinesa "teve apreciação moderada" nos últimos meses.
Os Estados Unidos, por sua vez, foram o principal alvo de críticas de países como o Brasil nas discussões sobre os desequilíbrios cambiais.
"Hoje o desequilíbrio mais importante é a expansão monetária norte-americana, usada para combater o baixo crescimento e o desemprego ainda elevado nos Estados Unidos", disse o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
"Isso é a grande injeção de liquidez na economia internacional, não é o acúmulo de reservas dos emergentes que vai assumir essa responsabilidade", afirmou.
No entanto, apesar das pressões, não há sinais de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) pretenda parar de emitir dinheiro no curto prazo.
Brasil
Nesse cenário, espera-se que grandes fluxos de capital estrangeiro continuem a inundar mercados emergentes, como o Brasil, onde a alta taxa de juros é um dos motivos de atração dos investidores externos, já que em muitos países avançados essas taxas estão próximas de zero.
Em uma reunião no domingo, Philip Suttle, o economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), entidade que reúne os grandes bancos globais, deu seu recado aos emergentes: "Acostumem-se com taxas de câmbio mais fortes".
Segundo Suttle, o mundo pós-crise está diferente, com as economias maduras em situação menos favorável que as emergentes.
O fluxo excessivo de capitais, porém, pode causar estragos nas economias emergentes. No Brasil, por exemplo, vem forçando a alta do real frente ao dólar, o que é motivo de preocupação para o governo e os exportadores nacionais.
Na semana passada, o governo anunciou o aumento da alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para aplicações de estrangeiros no mercado de renda fixa, em uma tentativa de conter a entrada excessiva de capital estrangeiro e aliviar as pressões sobre o real.
Proteção
Apesar de adotar o discurso corrente na reunião do FMI de que é necessária uma ação global, o Brasil já avisou que vai continuar tomando medidas unilaterais para se proteger da "guerra cambial".
"Trabalhamos em um âmbito global, achamos que a solução passa certamente por uma discussão global, mas independentemente disso, o Brasil toma as suas providências para proteger a sua economia", disse o presidente do Banco Central.
Meirelles afirmou que o Brasil não vai aceitar "importar desequilíbrios de outros países" que coloquem em risco o bom momento da economia brasileira.
Diante desse impasse, o único compromisso resultante da reunião em Washington foi o de que o FMI irá reforçar a supervisão do sistema financeiro internacional e fará relatórios sobre os impactos que medidas cambiais e fiscais de cada país podem ter sobre outras economias.
Sobre a tão mencionada necessidade de ação coordenada, porém, não houve avanços.
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