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terça-feira, 8 de março de 2011
Mercosul anti-americano?: no que depender do Chavez...
Wikileaks traz críticas dos EUA ao Mercosul
Estado de S.Pauoo, 7/03/2011
O jornal portenho “Página 12″ divulgou hoje o conteúdo de telegramas do Departamento de Estado dos EUA que indicavam que em 2007 o governo do então presidente George W. Bush considerava que “a entrada da Venezuela no Mercosul altera claramente o balanço e a dinâmica da organização”. Segundo os telegramas, filtrados pela Wikileaks, Washington considerava o bloco comercial do Cone Sul uma organização de oposição pertinaz aos Estados Unidos: “o Mercosul gradualmente foi transformando-se de uma união alfandegária imperfeita em uma organização mais restritiva e antiamericana”.
Na época, a Venezuela – governada pelo presidente Hugo Chávez – estava tentando ser aceita como sócia plena do Mercosul. Apesar da aprovação dos parlamentos do Uruguai e da Argentina, encontrava resistências nos Senados brasileiro e paraguaio (o senado brasileiro aprovou a entrada da Venezuela em 2009, enquanto que o Paraguai ainda não debateu o pedido de inclusão do país caribenho, devido à resistência da oposição e de parte do bloco governista).
As definições dos EUA sobre o Mercosul foram emitidas durante uma série de reuniões que foram realizadas nos dias 8 e 9 de maio de 2007 no Rio de Janeiro pelos embaixadores americanos no Brasil, Uruguai, Argentina, Paraguai e Chile. O telegrama, classificado como “secreto” no dia 17 de maio de 2007 por Michael J. Fitzpatrick, da embaixada dos EUA na capital paraguaia, Assunção, leva o título de “Conferência: uma perspectiva do Cone Sul sob a influência de Chávez”.
Segundo os telegramas filtrados pela Wikileaks e publicados pelo “Página 12″, os embaixadores americanos concluíram no final da reunião que “a campanha de Chávez para expandir sua influência no Cone Sul é multifacética e está apoiada em grande parte – mas não totalmente – em uma generosa assistência energética e acordos de investimento”. Os diplomatas consideraram que “poucos países provaram que foram capazes de resistir ao atrativo da ajuda venezuelana e seus pacotes de investimento”.
Os telegramas indicam que os embaixadores consideraram necessário pedir “mais ferramentas e recursos” para enfrentar o que denominaram de “esforços políticos para fissurar a democracia, planejar estratégias econômicas para estrangular o livre comércio, a politização do Mercosul e a expansão dos laços da área de defesa”.
O então presidente Néstor Kirchner (2003-2007), falecido em outubro do ano passado, passou pelo crivo analítico dos diplomatas. “Embora Kirchner compartilhe algumas posturas esquerdistas de Chávez, ele é um pragmático”, sustentaram. O governo da presidente Cristina Kirchner, que estava em pleno feriado de carnaval, não fez declarações oficiais sobre o conteúdo dos telegramas filtrados pela Wikileaks.
4 comentários:
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Todo ditador tem um bode expiatório para desviar a atenção do povo dos problemas reais do país. Hitler usou os judeus, Chávez os americanos. É lamentável que o Mercosul se preste à demagogia barata do caudilho bolivariano.
ResponderExcluirTodo ditador tem um bode expiatório para desviar a atenção do povo dos problemas reais do país. Hitler usou os judeus, Chávez os americanos. É lamentável que o Mercosul se preste à demagogia barata do caudilho bolivariano.
ResponderExcluirSinceramente, eu tenho certo receio com a entrada da Venezuela no MERCOSUL. Estava assistindo uma entrevista com o embaixador brasileiro junto ao bloco, e ele sinalizou pra entrada da Colômbia.
ResponderExcluirNão sei até que ponto é interessante ter a Venezuela e a Colômbia, que há muito não se dão bem, e não era unicamente por causa de Uribe, no MERCOSUL. Eu tenho muita esperança que o Mercado Comum cresça, mas não acho que, por enquanto, esse crescimento esteja ligado com o aumento no número de países no bloco. Seria bem mais interessante priorizar o cescimento do Uruguai e do Paraguai, até por causa da dívida histórica que a gente tem com ambos.
Concordo plenamente que seria interessante estruturar uma cadeia produtiva, investir em infra-estrutura e aumentar a força integracionista.
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