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quinta-feira, 5 de setembro de 2013

A mistificacao da Historia pelos companheiros "istoriadores" - Milton Simon Pires

A LEI DA HISTÓRIA

Milton Simon Pires

Dias atrás escrevi que não sabia o que era a História. Afirmei também que chegava a ver, nas Teorias de Conspiração, uma oportunidade (talvez a única) de oposição à ideia de entender a História como um “gigantesco mecanismo”, uma máquina com leis e regras a serem descobertas. Nesse sentido, imagino que historiadores seriam uma espécie de relojoeiros do tempo...pessoas com a habilidade (ausente em todas as outras) de definir o que é e o que não é História...
Pois bem, meus amigos -  nosso problema acabou. O Projeto de Lei 4699/2012 (denominação atual), do Senador Paulo Paim (PT), que propõe regular o exercício da profissão de historiador no Brasil, entrou em tramitação de urgência em Brasília em junho recente, o que fez com que o debate a seu respeito ganhasse novo fôlego nos últimos dois meses. Agora, no Brasil, ninguém mais vai “especular” sobre o que é a história. Chega de imaginar a história como luta de classes, repressão ou vontade de poder. Os professores de história, para que tenham esse título, hão de sujeitar-se a lei. Vejam que não é muito importante, para o partido do autor da lei, uma regulamentação específica para definir quem pode atender pessoas doentes, mas não há dúvida nenhuma de que “contar oficialmente como a pessoa foi atendida; tem sim!” Nesse sentido, imagino que o PT vai conseguir o que nenhum partido comunista do mundo conseguiu – criar uma lei específica para definir quem pode ou não ensinar a todo um país aquilo que é ou não é (na sua opinião) a verdade histórica. Teria isso alguma relação com a “Comissão da Verdade”?? Haveria no Brasil algum historiador criando problema para a  companheirada?? Imagino que não! Isso, afinal de contas, só poderia ser delírio de gente conservadora e da direita como eu, não é meus amigos?
"Those who cannot remember the past, are condemned to repeat it". Quando George Santayana disse isso eu tenho certeza que ele não imaginava que alguém escreveria uma lei definindo a exclusividade para que somente alguns pudessem dizer o que é – exatamente – o passado a ser lembrado. Caso a lei existisse no tempo de Santayana, sua frase seria desnecessária pois ficaria evidente  a característica mais específica, mais definidora, mais covarde e nojenta de um regime totalitário como é o petista no Brasil - a apropriação da noção de tempo e de História. O Partido-Religião, nascido em 1980, veio para encantar a todos com a sua noção daquilo que poderia ser o futuro. Essa etapa já terminou; agora a história nacional vai ser recontada pois o PT vai reescrever o passado aparelhando todo o ensino de História no país com seus malditos militantes. Tenho certeza que nessa altura do artigo alguns estão pensando - “Mas Milton, isso já não era assim há muito tempo?” - Resposta – claro que era! A diferença é que não havia ainda uma lei definindo essa barbaridade como parece que vai haver agora. Dizer que em 1964 houve uma contrarrevolução ao movimento comunista no Brasil ainda seria uma possibilidade à medida que dentre os professores das escolas e das universidades pudesse haver a chance de alguém dizer isso e ser reconhecido, oficialmente, como historiador. Agora essa chance vai ser nula! Só vai receber essa titulação quem o Partido-religião quer! Será, meu Deus, que ninguém consegue ver isso?
Meus amigos, o PT é composto da ralé da escória da sociedade e principalmente da intelectualidade brasileira, mas por favor não o subestimem. Essa gente sabe que nem o Olavo de Carvalho nem a Marilena Chauí nem ninguém nesse mundo pode dizer exatamente o que é a História... que esse é  um tema aberto uma questão cuja indefinição define a própria beleza, a honestidade e o compromisso com a verdade da profissão de historiador. Desse compromisso resulta uma luta constante por saber  mais sobre aquilo que aconteceu e que pode nos oferecer uma vida mais plena  e rica em liberdade.
É mudando a verdade sobre o passado que o PT quer construir seu futuro diabólico! É tornando-se senhor da verdade e proprietário privado do tempo que ele vai fazer isso pois há de dizer quem no Brasil pode pensar,  falar e escrever sobre o assunto.
Sem ter a mínima noção daquilo que venha a ser a História, os malditos petistas resolveram criar uma lei que determina quem pode falar sobre ela – inventaram a Lei da História!


Porto Alegre, 4 de setembro de 2013.

2 comentários:

Gil Rikardo disse...

E por falar em PT,

http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/direto-ao-ponto/a-vigarice-do-mes-lula-culpa-o-fim-do-imposto-do-cheque-pelo-fracasso-do-sistema-de-saude-que-achava-perto-da-perfeicao/

Roberto Martins disse...

Novas propostas da ANPUH e de outras associações de redação para o projeto de lei de regulamentação da profissão de historiador:
http://profissao-historiador.blogspot.com.br/2013/09/reuniao-realizada-no-dia-0309-para.html

Realizou-se na tarde do dia 03 de setembro de 2013, na sede da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em São Paulo, uma reunião com a participação de diversas associações, para discutir o projeto de lei 4699/2012 de regulamentação da profissão do historiador.

Há três propostas de mudanças do projeto de lei, apresentadas nestes links:
http://profissao-historiador.blogspot.com.br/2013/09/anpuh-propoe-mudancas-do-projeto-de-lei.html
http://profissao-historiador.blogspot.com.br/2013/09/sbhc-propoe-emendas-ao-projeto-de-lei.html
http://profissao-historiador.blogspot.com.br/2013/09/sugestao-de-emenda-substitutiva-ao.html