segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Carlos Rangel: o mito perverso do bom revolucionario latino-americano (grato a Orlando Tambosi)

Pouca gente conhece, infelizmente, o livro devastador de Carlos Rangel sobre o remorso europeu (especificamente parisiense) e sobre as ilusões latino-americanas em torno das causas do nosso subdesenvolvimento e a responsabilidade suposta do capitalismo e do imperialismo nessa trajetória de insucesso, equívocos conceituais, históricos e factuais que, por sua vez, alimentam o gigantesco e fraudulento mito das revoluções redentoras, de preferência socialistas, ao estilo cubano.
Eu conheci o livro desde que cheguei na Europa, no final de 1970, e posso dizer que suas principais teses e argumentos em muito contribuiram para uma revisão necessária do meu próprio pensamento sobre essas questões. Não apenas conheci o contra-argumento de Rangel, mas o do próprio Jean-François Revel, que o popularizou, ambos nadando contra a corrente e contra todas as preleções acadêmicas, que continuam a defender os mitos românticos sobre os processos revolucionários redentores, a despeito das mentiras, dos fracassos e do atraso objetivo que tudo isso provocou e que continua alimentando na região. Basta ver, por exemplo, a miséria terrível em que vive o povo cubano, sufocado por uma das duas últimas ditaduras totalitárias do planeta; basta observar o caos econômico criado pela ditadura chavista, a despeito dos bilhões de dólares trazidos pelo maná petrolífero; ou verificar, ainda, a degenerescência institucional decorrente da ação deletéria de partidos e de figuras políticas populistas e demagógicas que, a despeito de tudo, encontram certo sucesso eleitoral em alguns grandes países da região.
Carlos Rangel já tinha denunciado tudo isso muitos anos antes da publicação das denúncias devastadoras feitas nos dois livros sucessivos sobre o "perfeito idiota latino-americano", personagem nefasto que sobrevive e prospera a despeito de tudo, sendo que muitos podem ainda ser encontrados na academia brasileira, especialmente nas faculdades de ciências sociais. Mas o livro era praticamente desconhecido, no Brasil, e continuava "introuvable" na própria França, cuja elite acadêmica é, em grande parte, responsável pela criação e propagação desses mitos e equívocos (aliás até hoje: ainda ontem recebi um convite para um colóquio parisiense sobre a "circulação de ideias revolucionárias" e sobre seus modernos representantes bolivarianos).
Por tudo isso, nosso reconhecimento ao colega e amigo Orlando Tambosi, por ter divulgado em seu blog a disponibilidade dessa obra fundamental no desmantelamento dos mitos latino-americanos mais persistentes. Leiam, reflitam, façam bom uso dessa preciosisade intelectual.
Paulo Roberto de Almeida 

América Latina: do bom selvagem ao bom revolucionário

No livro Del buen salvaje al buen revolucionario,lançado há mais de 40 anos, o jornalista e ensaísta venezuelano Carlos Rangel (1929-1988), um dos principais defensores das ideias liberais na América Latina, desmascara os mitos cultivados na região em relação aos colonizadores e aos EUA e aponta o permanente desencontro, nessa cultura, entre ideias e realidade. O prólogo da última edição é de Jean-François Revel e o posfácio é assinado por Carlos Alberto Montaner, do qual cito um trecho sobre a importância da obra:
(...) En la medida en que iba leyendo se me iluminaba la mirada por la alegre sorpresa. Desde el brillante prólogo de Jean-Francois Revel resultaba evidente que estaba frente a un texto muy bien escrito, dirigido contra la perniciosa tradición victimista latinoamericana. Rangel denunciaba la falsedad esencial de la teoría de la dependencia -algo que años más tarde humildemente aceptaría Fernando Henrique Cardoso, uno de sus más fervientes apóstoles, cuando dejó de ser un sociólogo marxista para convertirse en el presidente serio y moderado de Brasil-, colocaba la responsabilidad de nuestros fracasos relativos sobre nosotros mismos, revelaba las contradicciones doctrinales de los seguidores de Marx, renunciaba a la versión infantil de una historia de buenos y malos, y se atrevía a defender apasionadamente los modos de vida occidentales, incluidas la democracia y la economía de mercado que habían transformado a ciertas naciones en los rincones más ricos del planeta, criticando sin ambages la barbarie totalitaria de izquierda, sin ignorar, por supuesto, al autoritarismo de derecha, que también le repugnaba al ensayista venezolano.

Agora, o melhor do post: o livro está disponível aqui. Boa leitura.

2 comentários:

  1. Amigo, o nome é Carlos Rangel. Abração.

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  2. Um leitor acabou de me informar, no Facebook, que o livro foi traduzido em 82 pela Editora da UNB, mas não é encontrado nem mesmo em sebos. Ele tem um exemplar. Claro que a UNB, hoje, se negaria a editar a obra.

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