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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

segunda-feira, 10 de março de 2014

Ilusoes e equivocos sobre 1964 e hoje: o problema não é das FFAA, longe disso... - Milton Pires

Recebo, de um médico politizado, o artigo que reproduzo abaixo, falando dos militares em 1964, e agora, apenas interessados em suas aposentadorias, segundo ele, covardes demais para expulsar os totalitários do poder (o que seria um golpe antidemocrático, obviamente).
Como não concordo com as premissas, e não concordo com o argumento, vou alinhar alguns comentários iniciais que só podem ser entendidos, em certa medida, se referidos ao artigo em questão.
Assim, quem desejar, pode começar pelo meio desta postagem, ler o artigo de Milton Pires, e depois retomar estas linhas, que lhe foram dirigidas em resposta.

Tenho uma outra visão das coisas.
Em 1964, a situação tinha se deteriorado muito, o presidente era um total incompetente, os seus esquemas sindical, militar, politico eram uma perfeita bagunça, e não foi só o Exercito que partiu para o golpe.
Três governadores, inimigos de Goulart e cada um com pretensões presidenciais - Lacerda na Guanabara, Ademar em SP e Magalhaes Pinto em MG -- deram a partida ao movimento, e de certa forma obrigaram os militares a se posicionar.
A tal de Marcha com Deus... foi uma resposta ao comício da Central do Brasil, quando se pensava que a esquerda daria um golpe comunista.
Tudo hoje é diferente, e não apenas porque os generais querem defender suas aposentadorias.
A sociedade não está tão escandalizada com o governo dos companheiros, como estamos nós, e provavelmente os militares também; a inflação não chegou a 90% ao ano, como era a tendência em 1964, sem indexação; as greves e manifestações ainda não são tao intensas quanto em 1964.
De resto, havia naquela época o espectro de uma outra Cuba, uma outra China comunista, coisas que são ridículas hoje: os companheiros querem se abastecer no capitalismo, não virar a mesa; eles são a burguesia do capital alheio, como já foi dito por alguém...
Ou seja, a "coisa" ainda tem muito espaço para se deteriorar, não nos iludamos. O Brasil está apenas no começo de uma longa decadência, e não será uma outra Venezuela, apenas um país medíocre, ignorante, explorado pela mafia política, como dezenas de outros países ao redor do mundo.
Ainda temos muita gordura para queimar no caminho do retrocesso.
Gostaria que fosse diferente, mas não temos estadistas, e nossa oposição é tão mediocre, mas tão medíocre, que não consegue fazer um partido eficiente como o dos companheiros. Eles são leninistas, eles se prepararam e não precisam mais assaltar o Palacio de Inverno como em 1917. Atualmente, as ditaduras são eleitas, pela massa amorfa que pede mais Estado, mais benefícios, mais políticas "sociais"...
Ainda temos um longo caminho para a decadência...
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Paulo Roberto de Almeida
PS.: O autor é otimista, ao acreditar que o armamento do Exército não daria para sustentar o poder de fogo por um dia. Acho que seria um pouco menos. Se todas as armas disponíveis nas FFAA fossem disparadas ao mesmo tempo, imagino que tudo se esgotaria em menos de uma hora...
Estou sendo pessimista, claro, mas é porque imagino que não teria gasolina para transportar armas e alinhá-las em algum lugar; disparar dentro de quartéis não serve para nada...

On 10/03/2014, at 19:53, Milton Simon Pires wrote:

O EXÉRCITO FANTASMA
Milton Pires

Em 1964 as forças armadas “escolheram” intervir no Brasil. Com frase simples inicio esse artigo que espero chegar aos comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica. O que aqui vai ser dito entra em total oposição com um texto anterior de minha autoria que chamei de “Oração às Forças Armadas”. Escrevo essas linhas em função da proximidade dos 50 anos da Revolução de 64 e dos apelos que agora proliferam nas redes sociais pedindo, mais diretamente ao Exército, a tomada do poder no Brasil. Não é minha intenção defender o que foi feito no passado, exaltar o papel dos militares ou lamentar o que está acontecendo no país. Começo, retomando a primeira frase, numa tese muito simples e pretendo que seja ela o próprio corpo dessa argumentação. Afirmei na primeira linha que as forças armadas “escolheram” intervir no Brasil; hoje essa escolha não existe mais.
Tudo que tem sido dito na internet, todas as manifestações dos militares da reserva e de uma população civil desesperada com aquilo que o PT está fazendo no Brasil partem, portanto, de uma premissa absolutamente errada: a idéia de que seus apelos, como aquele que fiz no artigo que chamei de “Oração”, possam determinar um ato de vontade, uma tomada de decisão..uma espécie de resolução militar para salvar o Brasil do destino da Venezuela. Isso simplesmente não vai acontecer por dois motivos: primeiro pela covardia e egoísmo de uma parte dos militares que pensa, como qualquer funcionário público brasileiro, na sua aposentadoria. Segundo, e esse é o motivo mais perigoso, por uma pequena parcela (pequena, mas poderosa e muito bem informada) deles que vem apostando numa política de terra arrasada...numa lógica do “quanto pior melhor” no sentido de garantir perante à população civil o respaldo à futura tomada de poder.
Quero aqui me dirigir aos três comandantes, sendo eu mesmo um militar da reserva, para dizer que os dois grupos hão de fracassar. Nós não estamos mais em 1964. Não há tempo suficiente para entrar para reserva ou obter respaldo popular. Não se trata mais de impedir, como há 50 anos, que os comunistas cheguem ao poder. Os comunistas, senhores comandantes, ESTÃO no poder. São eles os seus chefes. São a eles que devem vocês prestar continência.
Dias após dia, ano após ano, os senhores tem visto batalhões de fronteira na penúria e agora desativados. Bases aéreas e, num futuro próximo navais, tem sido em sequência desativadas. O orçamento destinado aos senhores não cobre mais o rancho e o fardamento. Não há no Exército munição para sustentar um dia de guerra total. Pergunto-lhes, pois: não concordam vocês que não trata-se mais aqui de salvar o Brasil de coisa alguma mas sim da própria existência das forças armadas como instituição?
Todos nós, senhores comandantes, estamos cansados das manifestações da reserva...de certos “Rambos de pijama” que não percebem que aproxima-se o fim do Exército e que pensam, numa lógica que desconhece totalmente o pensamento revolucionário, ser possível negociar com o PT. Sobre isso afirmo o seguinte: meu posto é de segundo tenente da reserva. Jamais trabalhei em qualquer serviço de informação e pouco me importa o conhecimento da inteligência militar brasileira. Escrevo aqui como quem conhece, e muito bem, a inteligência petista: Não se enganem, senhores, com a promessa de novos caças, de mais porta-aviões ou de um submarino nuclear. Não acreditem em mais tanques ou no soldo melhor para os oficiais generais porque o que se aproxima é a penúria total. Entendam que em 1964 vocês tomaram o poder porque “queriam” salvar o país do comunismo. Em 2014 ou depois, terão que fazê-lo para salvar a própria pele. O verdadeiro exército petista está entre os integrantes do MST e da gigantesca massa carcerária brasileira, hoje mais de meio milhão de condenados, que esse Partido criminoso controla com mão de ferro.
Senhores comandantes, até hoje nada do que os senhores viram foi suficiente para lhes convencer da necessidade de intervenção..Tudo continua parecendo uma questão de “decisão”...de “momento certo”..e de respaldo da população civil como se estivéssemos nós todos em 1964 quando foi por um ato de vontade própria que o Exército colocou-se no poder. Vossa vontade, senhores, não mais está em questão..Aceitem meu aviso quando digo que dessa vez não é “só o Brasil” que está ameaçado mas o próprio Exército que aproxima-se, ainda que seja lentamente, da própria extinção. Ou os senhores compreendem isso e tomam a atitude que, salvando a si próprios há de salvar a democracia brasileira, ou em breve não serão mais que um Exército Fantasma.

Porto Alegre, 10 de março de 2014.

Um comentário:

JOB FERREIRA DA CUNHA BANANAL - SP disse...

O SENHOR MILTON PIRES , POSTOU A REALIDADE DO BRASIL ATUAL . E EU PERGUNTO :PARA QUE SERVE AS FORÇAS ARMADAS ( DESARMADAS ) DO BRASIL HOJE ?????? FICO MEDITANDO , SERA QUE EXISTEM PELO MENOS DOIS GENERAIS DE EXERCITO COMO ERNESTO GEISEL E JOSÈ FRAGOMENI ?????????? ACHO QUE NÂO . COMO SOLDADO EM 1977 , EU TIVE NÃO A HONRA, MAS O PRAZER DE BATER CONTINENCIA A ESTES DOIS GENERAIS , SENDO QUE O PRIMEIRO ERA PRESIDENTE . O PRAZER NÂO ERA PELO POSTO QUE ELES OCUPAVAM .MESMO EU SENDO APENAS SOLDADO , EU POUCO ME IMPORTAVA COM O POSTO DELES , O POSTO DELES NÃO ME DAVA PRAZER , MAS A ADMIRAÇÃO PELO CARATER DELES ...ESTA SIM ME DAVA PRAZER . MESMO EU NÃO TENDO ADMIRAÇÃO PELOS ATUAIS GENERAIS ...EU DESEJO MUITO QUE ELES LIVREM O BRASIL, DA CORJA DO PT E DOS DEMAIS POLITICOS SALAFRARIOS QUE ESTÃO POR AÍ . HÁ LAGRIMAS NOS MEUS OLHOS AO LEMBRAR DO DIGNISSIMO GENERAL JOSÉ FRAGOMENI .