5. O que foi a luta armada no Brasil: uma interpretação pessoal
(ver neste link)
6. Quando a
luta armada se desenvolveu no Brasil?
Praticamente desde o
início – por despeito de líderes que se pretendiam maiores do que efetivamente
eram, como Brizola, por exemplo – e bem antes, em 1965 para ser mais exato,
quando o regime estava longe de ser aquele monstro repressivo apontado numa
historiografia enviesada, totalmente equivocada e, de fato, intelectualmente
desonesta em relação à verdade. A repressão do regime militar se desenvolveu depois, não antes, que a guerrilha
urbana começasse suas ações, e esteve em atraso durante praticamente dois anos,
até que sua organização tardia passasse a demonstrar alguma efetividade
prática. Ou seja, não foi a repressão política do regime que provocou a
guerrilha supostamente de resistência contra um “governo opressivo”, e sim o
deslanche de operações armadas, quando o governo tentava uma espécie de
“reconstitucionalização” do regime – por meio da nova Carta aprovada em 1967 –
que incitou, na verdade obrigou, o governo a reagir contra os grupos armados.
Essa cronologia, absolutamente objetiva e aderente aos fatos, precisa ser
lembrada, para que os derrotados vingativos não aleguem que não lhes restava
outra opção (de luta política) que a luta armada contra um regime ditatorial.
Os militares brasileiros
nunca foram os golpistas tirânicos ou despóticos que essa historiografia
maldosa insiste em proclamar. Desde o início de seu envolvimento nos processos
de governança – praticamente com o golpe militar que derrocou a monarquia,
aliás sem o desejar, e inaugurou a República – as forças armadas, por vias
institucionais, ou por revoltas de oficiais subalternos, sempre buscaram
atender aos reclamos de uma classe média desejosa de mais liberdade, mais
transparência política, mais honestidade eleitoral e, sobretudo, de preservação
da ordem e dos fundamentos mínimos da normalidade política e econômica. Foi
assim nas revoltas dos anos 1920, na sua posição “atentista” em relação à
revolução da Aliança Liberal em 1930, na defesa da unidade nacional em 1932, na
intentona comandada do exterior em 1935, na derrocada do ditador em 1945, e em
algumas ações de estabilização nos anos 1950, antes da decisão (aliás não
unânime) de marchar contra o governo em 1964; foi bem menos no golpe estado-novista
de 1937 e em algumas revoltas episódicas dos anos 1950, mas sem que o espirito
legalista das FFAA deixasse de se manifestar, sempre em defesa da ordem e da
unidade nacional. Mesmo durante o regime “militar” de 1964 a 1985, o registro é
de uma predominância civil nos gabinetes e um cuidado legalista bastante
pronunciado, com a emissão de atos institucionais em conjunturas precisas, sem
o arbítrio (e até a selvageria) a que se assistiu em diversos outros episódios
de triste memória na história de nossos vizinhos latino-americanos. De forma
geral, não há comparação possível entre a chamada “ditabranda” brasileira –
apenas episodicamente mais dura – e as ferozes ditaduras militares em alguns
desses países, como tampouco há qualquer similitude, absoluta ou relativa,
entre o número de “vítimas” que se pode honestamente computar num e noutros
casos.
(continua...)
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