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terça-feira, 27 de maio de 2014

Crimes economicos do lulo-petismo: os desastres na Petrobras (Editorial Estadao)

Não preciso acrescentar mais nada, ou talvez apenas uma observação.
Não foi só incompetência, má gestão, falta de sorte, ou equívocos involuntários.
Ninguém consegue produzir tantas perdas quando se tem diretoria, conselho supervisor, assembleia de acionistas, imprensa e observadores, assim de graça, de maneira repetida, contínua, regular, constante, sempre em valores crescentes. Ninguém.
Só pode ter sido o resultado de ações deliberadamente orientadas a produzir esse mesmo resultado.
Ou seja: a Petrobras foi usada como uma vaca de largo úbere a ser ordenhada de maneira selvagem.
Uma grande vaca petrolífera que deixou os companheiros extasiados com o dinheiro grande.
Em lugar de roubar pequenas prefeituras no recolhimento de lixo, ou nos transportes, eles viam ali aquilo que já foi designado como sua independência financeira, e se puseram à obra com uma voracidade digna de ratazanas de navio perdido no Oceano Pacífico...
Os crimes econômicos são tão evidentes, que nem é preciso aprofundar muito as investigações. Nem precisa de CPI: basta que os investigadores possam quebrar sigilos bancários e fiscais de TODOS os envolvidos na diretoria e no Conselho. Aposto como vão descobrir coisas interessantes...
Paulo Roberto de Almeida

Histórias feias da Petrobrás

27 de maio de 2014 | 2h 09
Editorial O Estado de S.Paulo
Os estragos já conhecidos são enormes, mas só com mais contas e mais informações será possível avaliar com precisão os danos causados à Petrobrás, maior empresa brasileira, pelo aparelhamento de sua direção, pelo relaxamento dos controles, pelo populismo e pelos interesses pessoais e partidários encastelados a partir de 2003 no Palácio do Planalto. Erros políticos e administrativos levaram a desperdícios multibilionários, como no projeto da Refinaria Abreu e Lima, à perda de foco, à redução do fluxo de caixa, à elevação de custos, à insuficiência de investimentos e à queda de produção.
É preciso levar esses fatores em conta para entender o aumento das importações de combustíveis, estimadas neste ano em US$ 18,8 bilhões - 4,5% mais que no ano passado -, segundo o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). Ou para entender os efeitos financeiros dos subsídios ao consumo interno de derivados de petróleo - no caso do gás de cozinha, uma perda de R$ 10,5 bilhões entre janeiro de 2011 e o primeiro trimestre deste ano, também de acordo com os cálculos do CBIE, dirigido pelo especialista Adriano Pires.
O aumento dos gastos com a importação, 24,5%, será necessário para a empresa atender a um consumo 4% maior que o do ano passado. A Petrobrás poderá aumentar seu faturamento e melhorar suas condições financeiras, em 2014, se produzir 7,5% mais que no ano passado. Mas, se essa meta for alcançada, a produção apenas voltará ao nível de 2011, de cerca de 2 milhões de barris por dia, segundo comentário de Adriano Pires citado pelo Globo. Esses números indicam um duplo fracasso.
Em 2006, fantasiado com o uniforme laranja do pessoal da Petrobrás, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou o Brasil autossuficiente em petróleo e "dono de seu nariz" (este último detalhe evidencia uma visão primária da economia e do comércio internacional). Oito anos depois, o País continua dependente de importações. Isso poderia ter ocorrido simplesmente por incapacidade de acompanhar o aumento do consumo. Mas a história é mais feia: a produção diminuiu. Este é o segundo fracasso, explicável pelo investimento insuficiente e mal planejado.
Enquanto se preparava para a exploração das reservas do pré-sal, a empresa perdia capacidade produtiva. Preparava-se mal, é preciso lembrar, porque o modelo irracional concebido pelo governo impõe à empresa uma participação extremamente custosa nas licitações. Isso tanto afeta a capacidade financeira da Petrobrás quanto limita a mobilização de grupos privados para a exploração das novas áreas.
As perdas com o subsídio ao consumo de gás de cozinha também foram estimadas pelo CBIE. A estimativa é parcial, porque o governo, desde 2003, tem obrigado a empresa a manter os preços defasados.
Só na gestão da presidente Dilma Rousseff o subsídio cortou R$ 10,5 bilhões do faturamento da empresa. O custo desse tipo de política é muito maior, no entanto, porque também o preço da gasolina é controlado politicamente. Em vez de combater a inflação, o governo tenta administrar os índices por meio do controle de preços e tarifas. Essa política tem afetado também as tarifas de transporte coletivo e de energia elétrica, provocando distorções na demanda e gerando enormes custos fiscais.
A controles indevidos, como o de preços, é preciso somar os descontroles administrativos. Segundo um relatório de 2009 elaborado por um grupo de auditoria interna da Petrobrás, a área de abastecimento comprometeu milhões em contratos de fretes sem atender aos padrões mínimos em vigor na empresa.
De acordo com o relatório, no ano anterior contratos informais envolveram despesas de US$ 278 milhões, noticiou a Folha de S.Paulo. Esta é mais uma informação sobre os padrões administrativos do ex-diretor de abastecimento Paulo Roberto Costa, preso por envolvimento em operações do doleiro Alberto Youssef e libertado na semana passada por ordem do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal. É mais uma informação, também, sobre como um estilo de governo vem consumindo há anos a saúde da maior empresa brasileira.

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