Membro do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo, o ex-jogador da Seleção Ronaldo Nazário declarou que irá apoiar a campanha de Aécio Neves (PSDB-MG) para a Presidência da República na eleição de outubro. Em entrevista publicada nesta segunda-feira (26) pelo jornal "Valor Econômico", o pentacampeão mundial disse que pretende auxiliar de alguma maneira na campanha do pré-candidato tucano, o qual classificou como um "amigo".
"Eu voto no Aécio. (...) Minha amizade com Aécio tem 15 anos. Ele foi o único cara que eu apoiei publicamente. Apoiei para governador de Minas e aí ele fez um excelente trabalho. Sempre tivemos uma amizade muito forte e agora vou apoiá-lo. É meu amigo, confio nele e acho que é uma ótima opção para mudar o nosso país", disse o ex-atleta ao jornal.
Na última sexta (23), em entrevista à agência de notícias "Reuters", o ex-atacante ressaltou que
se sentiu envergonhado pelo modo como o Brasil se preparou para receber o mundial da Fifa. Ele defendeu a realização do torneio, que foi apadrinhado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas criticou a burocracia e os atrasos nas obras. Ronaldo disse que tem uma "ótima relação" com Lula, que, segundo ele, é um "cara sensacional".
No dia seguinte, sem citar Ronaldo diretamente, a presidente Dilma Rousseff declarou em um evento político que a Copa é motivo de "orgulho" e nós, brasileiros,
"não temos do que nos envergonhar".
Indagado pelos repórteres sobre se tinha algum receio de ser "marcado como tucano", ele destacou que não é filiado a nenhum partido político, não tem pretensões de ingressar na política e não tem "medo de ser marcado por nada". Ídolo de grandes clubes de futebol, como Corinthians, Real Madri e Inter de Milão, Ronaldo recomendou na entrevista que o vencedor da eleição presidencial deste ano ouça a população.
"O grande desafio para o próximo presidente é escutar a população. Mas escutar e fazer o que o povo está pedindo. Acho que o grande foco da política deveria ser a educação", opinou.
Essa insegurança que estamos vivendo, essa instabilidade, a revolta, o ódio do povo... o governo deveria tranquilizar a população, o setor empresarial. Dizer que está tudo tranquilo, mas não faz isso"
Ronaldo Nazário, ex-jogador da Seleção comentando sobre o ambiente político e econômico do país
Investimentos
Empresário da área de marketing esportivo, Ronaldo criticou o cenário econômico do Brasil e a atual gestão do Palácio do Planalto. Dizendo-se "inseguro" com o atual momento do país, o ex-centroavanterelatou ao jornal que desistiu de fazer investimentos no Brasil em 2015 em razão da instabilidade da economia.
"Essa insegurança que estamos vivendo, essa instabilidade, a revolta, o ódio do povo... o governo deveria tranquilizar a população, o setor empresarial. Dizer que está tudo tranquilo, mas não faz isso. A gente vive tapando buraco aqui e ali e o governo não dá segurança à população", reclamou.
'Chute contra o próprio gol'
No sábado (24), o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, rebateu as declarações de Ronaldo em entrevista ao Portal da Copa, do governo federal. Para Rebelo, o ex-jogador deu "um chute contra o próprio gol".
"A frase dita pelo Ronaldo [sobre se sentir envergonhado com a organização brasileira na Copa], tomada de forma isolada, é um chute contra o próprio gol, já que ele foi parte do grande esforço para construir a Copa do Mundo. Esse grande evento não será motivo de constrangimento para o país que construiu a sétima economia do mundo e é o maior vencedor de todos os Mundiais. Estou seguro de que não só o Ronaldo, mas todos os brasileiros e turistas estrangeiros que vierem nos visitar terão orgulho, e não vergonha", ponderou o ministro.
O titular do Esporte afirmou ainda que o país tem aproveitado a Copa como "esforço de construção e desenvolvimento do Brasil".
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