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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Os aprendizes de feiticeiro do Cerrado Central: a alquimia da "novamatriz economica" nao produziu ouro...

Não sabemos porque, mas deu tudo errado.
Gente sensata explica pirque...
Paulo Roberto de Almeida 

A nova matriz econômica falhou – 2

Dando continuidade a critica sobre o que se convencionou chamar de “nova matriz econômica”, recomendo a leitura de dois bons artigos que também mostram o fracasso dessa agenda.
Um dos artigo é do presidente do Banco Central ao longo dos oito anos de governo Lula: Henrique Meirelles. No seu artigo de hoje no jornal Folha de São Paulo (pecados nada originais – clique aqui), Meirelles fala que:
“Em 2011 foi introduzida uma novidade no Brasil, a “nova matriz econômica”. Os pontos centrais eram expansão fiscal com juros baixos e câmbio depreciado. Sua finalidade, elevar o crescimento e as exportações industriais.
Resultado: o crescimento caiu, os juros voltaram a subir após recrudescimento da inflação e as exportações industriais perderam participação de mercado. Resta a discussão sobre a questão fiscal.
A tese básica do artigo de Meirelles é que os ajustes institucionais antes do governo Lula (tripé econômico e Lei de Responsabilidade Fiscal) junto com política monetária e fiscal austeras trouxeram de volta o crescimento mais elevado de 2003 a 2010. Meirelles é taxativo: “Depois, vieram as novidades, e o crescimento caiu.”
O outro artigo que recomendo é o texto de Samuel Pessoa na edição de abril da Revista Conjuntura Econômica, no qual Pessôa procura entender o que está por trás do recente downgrade do Brasil pela Standard & Poor’s. Seria o motivo o nosso problema estrutural de crescimento do gasto público (e carga tributária) pós Constituição de 1988 ou a “nova matriz economia”? (clique aqui para ler o artigo).
Pessôa credita o nosso downgrade à piora fiscal decorrente de estímulos setoriais, sem que se tenha criado anteriormente o espaço fiscal para as desonerações setoriais, a piora no saldo da nossa conta corrente explicada em parte pela política de não reajuste dos combustíveis e falta de transparência das contas públicas com o uso e abuso dos truques contábeis. Essas ações junto com o excesso de intervenção na economia , segundo ele, formaria o conjunto de medidas por trás do nosso baixo crescimento e piora fiscal. Adicionalmente, Pessôa adverte que:
“…há um elemento que distingue a nova matriz econômica do contrato social da redemocratização. Enquanto este engloba políticas  que em geral são exaustivamente negociadas no Congresso Nacional, muitas das ações subjacentes à nova matriz econômica referem-se a elementos do gasto que não passam pelo parlamento e muitas vezes não aparecem de forma clara nas contas públicas.”
E quer saber o mais interessante disso tudo, não se sabe até hoje de quem foi a ideia do que se convencionou chamar da “nova matriz econômica”. O conjunto de políticas foi ideia de um grupo pequeno de economistas do governo? Foi ideia de um grupo ou de uma pessoa? Há consenso que esse conjunto de políticas não funcionou ou a percepção é que o modelo é correto, mas precisa de mais estímulos setoriais, por exemplo? Espero que a essa altura já se tenha percebido que a “nova matriz econômica” não funcionou.

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