terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Serei eu, algum dia, um bom quadro do Partido Comunista Chines? Ou do governo companheiro?

Carmen Lícia retirou este livro da biblioteca pública de West Hartford, onde vamos regularmente para ver as novidades  que aparecem no mercado editorial -- o que permite de economizar algo em torno de 35 dólares cada vez que aparece um lançamento importante -- e também para pegar material de interesse para leitura e pesquisa (estou com seis livros, atualmente, de duas bibliotecas locais).

O livro é o que a capa indica: um breviário sobre a China, de Animals, até Zhong Guo (não me perguntem o que é, ou quem é, pois ainda não cheguei lá.
Seus autores? Pai e filha: Winberg Chai, nascido em Shanghai, mas com PhD da New York University, editor de Asian Affairs; May-Lee Chai, estudou em Yale, etc.; mais sobre ele em seu blog: mayleechai.wordpress.com.

Não li todo o livro, mas dei uma olhada na entrada sobre o PCC, e fui ver se passaria no teste para ser um bom quadro, podendo até ser dirigente do PCC e da China (o primeiro é mais importante do que o segundo, pois o PCC está inclusive acima da Constituição, mas abaixo da corrupção...).

Chinese Communist Party (p. 41-44) (mas pode ser do governo companheiro também...)

Como ser um bom comunista e dirigente do partido, e aspirar a ser um  líder potencial?

1) os candidatos precisam ter educação superior
     Oba! Eu tenho.

2) Os candidatos precisam ter uma experiência variada de liderança, como ter trabalho em diversas regiões do país e em diferentes funções
     Também passo nessa: não só no país, como em várias partes do mundo, desde lavador de pratos até chefe de alguma coisa num desses ministérios vistosos; acho que dá...

3) Os candidatos precisam estar firmemente enfronhados e inseridos na ideologia corrente do partido,  devem ter se graduado numa das escolas de formação de quadros do partido.
     Bem, eu li o meu Marx, o Lênin (até o Stalin eu li), o Trotsky (mas acho que esse não serve), Ché Guevara, Fidel Castro, e outros por aí, até o Hobsbawm, que nunca abandonou a fé, mesmo depois que russos e chineses se converteram ao capitalismo, para todos os efeitos práticos. Só não fiz escola do partido, porque sempre achei uma coisa muito chata. Aliás, desde que entrei no colegial (antes da universidade), já não assistia mais aula nenhuma; arranjava um jeito de ter frequência e passava o tempo nas bibliotecas, lendo aquelas inutilidades justamente.
    Mas não sei se posso me considerar inserido na ideologia corrente do partido: eles são capitalistas, e isso eu acho que sou, ainda que da vertente anarco-capitalista, ou libertária (mas eles ainda vão chegar lá); mas eles também são totalitários, ainda que se digam democratas; pois eu fico com a democracia e rejeito o totalitarismo, mas isso é um detalhe que não convem mencionar para eles agora.

4) Os candidatos precisam ter passado com sucesso a avaliação do Comité de Disciplina do partido, uma instância separada e independente do partido (não acredito nesta última parte).
    Não, isso eu não fiz, embora eu tenha sido disciplinado algumas vezes pelo comitê de conformidade com os estatutos da Santa Casa, por escrever e publicar várias vezes coisas heterodoxas, digamos assim. Acho que melhorando um pouco o boletim, daria para passar...

5) Os candidatos precisam pertencer a uma das principais facções dentro do partido, como a Liga da Juventude do Partido, ou aos militares, por exemplo.
    Ah, aqui já fica difícil: como sou anarco-libertário, nunca pertenci a facção nenhuma, nem mesmo a dos leitores compulsivos, à qual eu pertenço automaticamente. Vou ter me inscrever na Liga da Juventude, talvez...

6) Os candidatos precisam ter menos de 65 anos de idade.
    Acho que conseguirei passar raspando se for rapidamente, e com um pouco de Biotônico Fontoura.

Finalmente, termina esse verbete edificante, "uma vez que o partido é autoritário, ele sim impede pessoas não educadas de se tornarem líderes, por mais populares que sejam." (p. 44)
    Taí, gostei dessa regra. Quer se líder do Partido, e dirigente do país?: estude, negão. Não pense que vai subir só fazendo discurso e enganando as pessoas.

Topei, acho que eu faria um bom quadro partidário na China (se eles me deixassem, claro), trabalhando diligentemente na construção do capitalismo e de uma sociedade próspera, e aproveitaria também para minar o partido como organização totalitária (uma parada), e para acabar com a corrupção (uma parada ainda maior).
Acho que o PCC pode até acabar, mas o que não vai acabar é a corrupção, na China, ou em outro partido que conhecemos bem, que tem a desvantagem de ter gente inepta, deseducada, sem experiência, e só corruptas.
Não está bem assim?
Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 17/02/2015

PS: Zhong Guo é o nome da China em mandarim, fui ler agora...

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