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sábado, 20 de agosto de 2016

Internacionalista: sou um, ou apenas um diplomata? - Entrevista Paulo Roberto de Almeida

Encontrei, numa pasta de "Recovered", com arquivos criados automaticamente em algum crash do Word, este texto de uma entrevista que concedi, mais de um ano atrás, a um estudante de uma das muitas faculdades com cursos de RI que existem pelo Brasil afora.
Devo ter colocado já neste espaço, mas não me lembro, e não sei porque acabou como "recuperado".
Em todo caso, como tem algumas menções a Copa do Mundo e Olimpíadas, acredito que possa vir à propos.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 20/08/2016


O Internacionalista e o Diplomata
Reflexões sobre uma carreira e uma vocação

Paulo Roberto de Almeida
Diplomata de carreira; Professor de Economia no Pós-Graduação do Uniceub
Anápolis, 30 de maio de 2015

Entrevista com profissional de Relações Internacionais

1) O que o fez querer entrar para a carreira de internacionalista?
PRA: Cabe enfatizar – e isto será válido para todas as demais questões – que não sou internacionalista (“profissão” que, de resto, não existe, salvo como orientação de estudos ou designação de alguma área de trabalho), e sim um diplomata de carreira, aliás desde 1977, quando ingressei não pela via habitual dos vestibulares para o curso do Instituto Rio Branco, mas por concurso direto, que foram feitos em caráter excepcional durante alguns anos de forte expansão do Serviço Exterior brasileiro.
Respondendo diretamente à questão, dentro de minha especificidade, decidi tentar o concurso para o Itamaraty porque me parecia ser uma carreira intelectualmente interessante, para qual eu estava preparado, tendo residido durante sete anos no exterior, tempo de minha graduação, de meu mestrado e de um início de doutoramento, que foi concluído após ter entrado para a carreira.

2) Em seu ramo de atuação, a área internacional, qual você julga ser as competências e habilidades mais exigidas para ser considerado um bom profissional?
PRA: A diplomacia é uma carreira de Estado fortemente exigente e altamente seletiva no referente à formação intelectual, ou acadêmica, uma vez que os exames de entrada são normalmente rigorosos. As competências no âmbito acadêmico, ou de formação intelectual, se estendem a praticamente todas as áreas das Humanidades, no sentido amplo, ou seja, Ciências Sociais, lato senso, e Ciências Sociais aplicadas, o que cobre igualmente Economia e Direito Internacional e Constitucional. No plano das habilidades cabe lembrar o conhecimento de línguas e noções amplas, ou profundas das relações internacionais, e também um conhecimento bastante vasto da própria política externa brasileira, inclusive em suas posições relativas a integração regional, direitos humanos e organizações internacionais menos importantes, sem mencionar o lado das relações bilaterais com os mais países mais relevantes.
No plano puramente pessoal, o candidato à carreira diplomática deve estar preparado a ser nômade, ou seja, a mudar várias vezes de país, de situação, de língua, e até de conforto pessoal, uma vez que poderá ser designado para postos nos quais os indicadores de bem-estar social deixam muito a desejar, mesmo em confronto com um país dito em desenvolvimento como o Brasil.

3) Qual técnica você busca utilizar para obter êxito nas tarefas que tem de realizar diariamente em seu ambiente de trabalho?
PRA: Conhecimento dos dossiês, uma vez que em diplomacia nada parte do nada, tudo tem uma história, um precedente, um desenvolvimento no plano das relações internacionais ou bilaterais, e o principal sustentáculo de trabalho do diplomata em seu ambiente de trabalho é o registro de todos os atos e fatos que compõem a base de uma questão qualquer da agenda diplomática. Além disso, o diplomata precisa estar habilitado a contextualizar aquela questão, ou seja, um bom conhecimento da história, geral e específica da questão, é muito importante, assim como saber das próprias posições, posturas, iniciativas da outra parte, ou da comunidade internacional, no tratamento da questão, uma vez que será preciso negociar algum acordo, um ato internacional, uma iniciativa de cooperação ou qualquer outra medida que se insira naquele contexto e situação.
Não há uma técnica específica, a não ser o acompanhamento atento de uma determinada questão da agenda diplomática em todos os seus aspectos e dimensões.

4) De acordo com o papel desempenhado por você em sua função, quais são os pontos fortes e fracos que você tem a oferecer?
PRA: Dada minha formação multidisciplinar – em ciências sociais, em economia aplicada, em relações internacionais – e minha experiência da vida acadêmica, do setor empresarial, meu conhecimento do mundo e, também, last but not the least, tenho uma boa capacidade analítica, uma capacidade razoável na contextualização política, econômica, histórica de cada um dos grandes temas da agenda diplomática, e com base nisso tudo posso oferecer textos analíticos que podem ser de grande valia para a diplomacia brasileira, na preparação de seus telegramas de instruções para os postos diplomáticos no exterior, ou na elaboração de documentos de posição que podem ser levados ao conhecimento de outras áreas do governo, no âmbito de um processo decisório qualquer, e que depois se transformam, eventualmente, em informação ao presidente do país, para a decisão final quanto à posição que o Brasil deve tomar numa negociação internacional, multilateral ou bilateral.

5) Considerando-se que a inovação é algo necessário para o fortalecimento das organizações atualmente, você acredita que ela tem sido algo presente dentro da organização que atua profissionalmente?
PRA: Com alguma dificuldade, e certo atraso temporal – devido basicamente à exiguidade de recursos – o Itamaraty vai se modernizando no plano material, ou seja, instrumentos e meios (comunicações, registro e arquivo de documentos, agilização de procedimentos administrativos, etc.), para que ele possa desempenhar suas funções a contento, ou seja, implementar a política externa determinada pelo chefe de governo. Inovação também tem um componente conceitual, ou seja, arejar as ideias, adaptar-se à dinâmica sempre cambiante da economia mundial, das novas realidades que vão surgindo aqui e ali, e tudo isto significa melhorar a qualidade analítica dos seus documentos, que em última instância depende dos homens que comandam o ministério. Se eles são conservadores, apegados a velhos métodos e procedimentos, nada acontecerá; se eles são abertos, ao contrário, a novos conhecimentos e a inovações, sempre terá de haver ajustes internos, reformas nos procedimentos, modernização nos métodos de trabalho e até iniciativas que se traduzem em novos instrumentos e mecanismos para ajudar na grande tarefa de contribuir para o desenvolvimento do Brasil.

6) O que você acha que poderia ser feito pelas organizações para evitar uma possível necessidade de fechamento neste atual ambiente de crise econômica brasileira?
PRA: Depende de quais organizações se está falando: se das multilaterais, ou internacionais, ou das puramente nacionais, ou seja, ministérios e outras agências governamentais. Em ambos os casos sabemos que se trata de grandes burocracias, geralmente paquidérmicas, que acabam gastando mais com si mesmas, ou seja, com os meios, com os instrumentos, do que com os fins, ou seja, em favor dos objetivos para os quais foram criadas. Existe uma lei das burocracias que faz com que elas estejam sempre crescendo, sempre gastando mais recursos – ou seja, desviando recursos das atividades-fim para seu próprio uso, as atividades-meio – e sempre beneficiando seus próprios integrantes, os burocratas, os mandarins, alguns verdadeiros marajás, que povoam e mandam nessas organizações, tanto internacionais quanto nacionais. Esta é uma lei perversa dos modernos Estados burocráticos: eles sempre crescem mais para dentro, para o próprio benefício de seus integrantes, do que para fora, ou seja, para beneficiar os pagadores de seus salários e honorários, que somos todos nós, os contribuintes compulsórios desses recursos, via impostos, contribuições e taxas dos mais diversos tipos.
A solução seria instituir comissões absolutamente independentes, integradas EXCLUSIVAMENTE por quem paga impostos, e não tem qualquer vínculo com os Estados e com as organizações sob exame, e propor todas as medidas necessárias para que esses monstros burocráticos sejam OBRIGADOS a concentrar a maior parte dos seus recursos exclusivamente nas atividades-fim e não em si próprios, ou seja, nas atividades-meio, que os beneficiam diretamente.

7) Além de seu atual ambiente de atuação, houve alguma outra área que tenha atuado anteriormente onde também estivesse integrado no cenário internacional?
PRA: Ademais de diplomata de carreira, sou também professor universitário, com vasta experiência em temas de economia mundial, relações internacionais, integração econômica e demais temas afins, exercendo atualmente tal função no Centro Universitário de Brasília (UniCeub), onde sou professor de Economia nos programas de mestrado e doutorado em Direito, stricto sensu. Tenho muitos livros publicados e centenas de artigos em revistas do Brasil e do exterior, bem algumas dezenas de capítulos em obras coletivas, sendo ainda editor adjunto da Revista Brasileira de Política Internacional, a mais antiga revista brasileira dessa área, e membro de conselhos editoriais de muitas outras revistas acadêmicas nesse terreno.
Meu trabalho como professor, como blogueiro (diplomatizzando.blogspot) e como responsável por um site especializado nas matérias acima (pralmeida.org) talvez seja até mais importante do que como diplomata, carreira na qual sou um burocrata como muitos outros. Através de minhas aulas, palestras, participação em seminários, colóquios e simpósios, no Brasil e no exterior, e das centenas de trabalhos publicados sob diversas formas, inclusive em outras línguas, ademais dos instrumentos de comunicação social, tenho, muito provavelmente, um alcance ainda maior e uma audiência várias vezes multiplicada, o que obviamente não é o caso como burocrata do Serviço Exterior brasileiro, cujas características são bem mais reservadas e discretas do que a que se pode ter na exposição pública nos meios acadêmicos e de comunicações sociais em geral.

8) Desde a sua ingressão na universidade até hoje, qual foi a maior dificuldade enfrentada por você na trajetória profissional?
PRA: Desde meu INGRESSO na universidade, minha única dificuldade foi conseguir ler tudo o que sempre me interessou, o que compreende um amplo espectro das humanidades e das ciências sociais aplicadas: frequentei bibliotecas públicas desde antes de aprender a ler, o que me habilitou singularmente não apenas a ingressar numa universidade, mas igualmente a passar no concurso para a carreira diplomática. Livros compõem mais da metade de toda a minha vida.
Tentando responder especificamente a esta pergunta, eu diria justamente que a universidade – salvo em raros casos de cursos técnicos, muito focados numa especialidade determinada – não prepara ninguém para a plenitude do exercício profissional: elas apenas dotada os estudantes de determinadas técnicas ou métodos de aprendizado, a partir dos quais os estudantes devem buscar por seus próprios meios o aprendizado que lhes faculta desempenhar-se em uma atividade profissional qualquer. Foi assim com meus cursos universitários: li muita coisa, em muitas áreas do conhecimento, mas poucas que me habilitaram realmente a um bom desempenho profissional na diplomacia. Nesta tive de aprender no próprio trabalho, com experiência, observação, aprendizado, ensaio e erro, em todas as etapas.

9) Em sua opinião, como o Brasil vem mantendo sua imagem internacional? E qual o papel das universidades frente a isto?
PRA: A imagem internacional de um país geralmente é formada a partir de dois canais principais: de um lado, aquelas matérias puramente objetivas, dadas pelas grandes agências de comunicação (mídia) e pelas visitas de estrangeiros (turistas, jornalistas, homens de negócios, etc.), que transmitem ao mundo e às respectivas comunidades vinculadas aos meios de transmissão e de recepção de matérias objetivas e subjetivas acerca desse país; de outro, os esforços de comunicação dirigida mantidos pelo próprio governo desse país para atrair visitantes, turistas, investidores, e também no circuito formal de relações diplomáticas, onde o conteúdo é geralmente voltado apenas para os pontos positivos que esse governo pretende ressaltar: maravilhas naturais, bom ambiente de negócios, serviços convenientes aos turistas, etc.
O Brasil, como todos os demais governos, promove esse tipo de atividade, e pode ir até mesmo além do estritamente necessário, uma vez que se candidatar a grande eventos – como Copa do Mundo, Jogos Olímpicos, por exemplo – pode representar um gasto não comensurável com os retornos reais dos investimentos. A partir da Copa do Mundo de 2014, por exemplo, o Brasil “herdou”, ao custo de dezenas de bilhões de reais, estádios superdimensionados de futebol, que estão atualmente subutilizados, gerando despesas inúteis de manutenção, para um público pagante de determinadas partidas de futebol que não alcança 10% de sua capacidade em cadeiras. Trata-se obviamente de um péssimo cálculo, e de uma despesa irresponsável, tendo em vista as enormes carências do Brasil e dos brasileiros em áreas como educação, saúde e infraestrutura de transportes.
No plano especificamente das relações diplomáticas, o Brasil sempre manteve uma boa rede de representações no exterior, cobrindo os principais países e organismos internacionais objeto de nossas relações bilaterais e multilaterais mais relevantes. Desde o governo Lula, e movido por uma verdadeira obsessão pela sua própria projeção no exterior, o Brasil abriu dezenas de novos postos diplomáticos no exterior, inclusive em países de escassa relevância para nossa interface de comércio ou investimentos, o que redundou em um enorme aumento de despesas que é em parte responsável pela atual situação de absoluta penúria orçamentária no Itamaraty. Ademais, movido pela mesma obsessão de se tornar um grande líder mundial, Lula se lançou em grandes conferências, geralmente no sentido Sul-Sul (como países da América do Sul e seus contrapartes na África e no Oriente Médio), e na criação de novos organismos ou foros (tipo Ibas, Brics, Unasul, Celac etc.), quando não em certas iniciativas (paz na Palestina, programa nuclear iraniano) que representaram frustrações diplomáticas, uma vez que os recursos disponíveis ao Brasil são necessariamente limitados no plano da geopolítica mundial.
Ainda assim, tudo isso serviu para realçar enormemente a imagem e a presença internacional do Brasil, mesmo se mais por efeitos de pirotecnia diplomática, do que com base em alavancas realmente substantivas para influenciar a agenda internacional e o curso de determinados processos. Tudo isso pode ter sido destruído por duas projeções de imagem absolutamente negativas do ponto de vista da autoestima nacional: a corrupção notória que atingiu a principal empresa do país, e que inclusive motivou processos no exterior contra os dirigentes da Petrobras, e as mesmas, contínuas e constantes violações de direitos humanos que ocorrem por causa da delinquência amplamente disseminada nas principais metrópoles do país, e a própria violência policial vinculada a essa quadro de criminalidade extensa e intensa. A crise do Estado – e se trata de uma crise do Estado e não dos efeitos da crise externa sobre o Brasil – também contribui para deteriorar nossa imagem, uma vez que hoje o Brasil é devedor relapso de suas contribuições a quase todos os organismos internacionais, como também deixa de pagar simples contas de serviços utilitários (água, eletricidade, telefone) nas representações no exterior. Em outros termos, a caótica administração lulopetista alimentou artificialmente uma imagem do Brasil no exterior que não correspondia realmente à sua capacidade de pagamento, além de não corrigir os fatores internos responsáveis pela má imagem do Brasil no exterior (violência, corrupção, destruição ambiental, etc.).
A universidade tem um papel muito limitado nesse particular, uma vez que ela não é fonte de recursos (mas de despesas), apesar de poder fornecer boas ideias para que a imagem do Brasil no exterior seja melhor do que é atualmente. Mas ela não dispõe de alavancas orçamentárias para tanto, apenas de cérebros, de mentes capacitadas a conceber soluções aos problemas apontados. Ela poderia contribuir para isso através da conscientização do que anda errado no país, para então oferecer soluções aos problemas. Por exemplo: um Estado gigantesco, superdimensionado, como o brasileiro, que extrai dois quintos de tudo o que se produz anualmente no país, mas que investe muito pouco, gastando quase tudo em gastos correntes, não pode realmente resolver problema nenhum do país, internamente ou externamente. Talvez a universidade devesse se engajar nos problemas da frente doméstica – e eles são muitos, infinitamente maiores e mais complexos do que eventuais desafios na frente externa – e ajudar a melhorar o Brasil, na governança, em políticas responsáveis, na moralidade pública e na eficiência dos serviços feitos a partir dos impostos recolhidos da comunidade.

10) Você já pensou em seguir a carreira Diplomática?
PRA: Já sou diplomata, desde 1977, e um pouco do que fiz, como diplomata, e como professor, figura em minha página (www.pralmeida.org) e meu blog (http://diplomatizzando.blogspot.com).

11) Em seu ponto de vista, o que um futuro internacionalista precisa priorizar durante sua formação?
PRA: Tudo. Ele deve ler de tudo, saber de tudo, entender um pouco de tudo. O mundo é complexo e compreende questões de direito internacional (organismos internacionais, relações diplomáticas), de economia (problemas de desenvolvimento, pobreza, comércio, investimentos), de geografia humana e ambiental (em vista dos desafios ligados a alterações climáticas e morfológicas), de história (origens de conflitos entre países, ou mesmo guerras civis), de política (como os países se organizam institucionalmente na frente interna e externa), e também línguas, uma vez que só se conhece realmente os demais países quando somos capazes de ler os seus jornais e de dialogar com os seus nacionais.

12) Durante sua graduação, participou de algum intercâmbio? Tendo em mente ainda a temática do intercâmbio, quão importante você julga esta prática?
PRA: Nunca participei de nenhum intercâmbio, pela simples razão de que estudei fora, durante toda a graduação, mestrado e doutorado. Mas julgo a prática dos intercâmbios altamente positiva para a formação do candidato a uma carreira de tipo internacionalista (diplomata, acadêmico ou profissional dessa área).

13) Além do inglês, quais línguas estrangeiras você considera indispensável para quem deseja seguir a carreira internacional?
PRA: Espanhol é relevante pela circunstância geográfica do país, e pelo fato de a América do Sul ser o nosso espaço natural de projeção externa. O francês pode ser útil, na Europa e em países africanos outrora colonizados pela França. Além disso, quaisquer outras grandes línguas de expressão cultural e econômica devem ser buscadas e cultivadas como importantes instrumentos de contato, trabalho, entendimentos, cooperação, entre as quais eu colocaria o árabe, o alemão, o chinês, o russo, e possivelmente o italiano.

14) Para quem ainda está cursando faculdade de Relações Internacionais, qual concelho você daria?
PRA: Aprender corretamente o Português, em primeiro e principal lugar. Concelho com “c” se refere a uma unidade administrativa de Portugal, enquanto orientação ou aconselhamento se escreve com “s”. Aprender bem o Português é um excelente começo para qualquer internacionalista ou candidato a diplomata.
Dito isto, eu tenho como princípio ser um autodidata radical, ou seja, nunca depender de nenhum curso universitário, nunca depender de nenhum professor, mesmo os mais brilhantes. Sempre buscar mais e mais conhecimento, o que se obtém nos bons livros – tanto de literatura, quanto de estudos aplicados – e na observação atenta do mundo, o que hoje é muito fácil, tendo em vista a pletora de ferramentas de comunicação social e de informação, que temos à disposição de cada um de nós, a todo momento, a cada minuto. Ler os mais importantes jornais do mundo na internet, acompanhar os think tanks mais interessantes que existem na área (e são centenas, sobretudo em inglês, mas em outras línguas também), estudar sozinho o tempo todo, e se possível viajar para conhecer outros países, ou até outras regiões do país.
Mas estes conselhos não valem apenas para os internacionalistas, e sim para qualquer cidadão que se pretenda bem informado e que deseje acompanhar o que está acontecendo no Brasil – e estão acontecendo coisas muito ruins, atualmente, na medida em que estamos simplesmente recuando, absoluta e relativamente, dadas as políticas econômicas catastróficas de Dilma I – e que queira acompanhar a dinâmica de outros países, fazendo as comparações que se impõem. Sim, existem países que fizeram muito melhor do que nós, e eles estão aí atraindo imigrantes miseráveis dos Estados falidos, e existem países que fizeram e estão fazendo muito pior do que nós, mas estes não servem de exemplo, apenas de advertência. Não queremos nos equiparar aos piores, nem queremos apoiar ditaduras e Estados falidos – como são os socialistas e os bolivarianos – e sim mirar no exemplo dos mais bem sucedidos na escala universal do desenvolvimento humano.
Temos de fazer um enorme esforço para restabelecer as bases de uma política econômica sadia, e de instituições funcionais, não corrompidas pela incompetência e pela corrupção como ocorre hoje no Brasil.

Anápolis, 30 de maio de 2015, 10 p.

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