Qual foi o
maior erro profissional de minha vida?
Paulo Roberto de Almeida
[Mini-reflexão
sobre erros e acertos]
Mario
Sabino, em sua carta aos leitores deste 5 de Agosto de 2016 no Antagonista,
formula a seguinte pergunta:
"Você
já errou ao fazer a coisa certa no momento errado?"
Posso
responder que sim, obviamente. Meu maior erro profissional foi ter detectado,
muito antes que eles assumissem o poder, a natureza essencialmente mafiosa dos
companheiros que se preparavam para assaltar o país e a nação. Sabia que eles
eram mafiosos, mas isso eu não podia dizer abertamente. Contentei-me em
afirmar, em artigos de corte acadêmico, que os companheiros compunham um
partido tipicamente da esquerda latino-americana, com seu anti-imperialismo
elementar, seu antiamericanismo infantil, seu socialismo equivocado, e, de
forma tênue, para não chocar os incautos e true believers, que eles acabariam
produzindo os efeitos exatamente inversos aos que eles pretendiam imprimir ao
Brasil, ou seja, igualdade, justiça social, progresso econômico e inserção
internacional com soberania.
Esses
meus artigos estão documentados, e disponíveis.
Os
companheiros detectaram, obviamente, a minha crítica antecipatória, e trataram
de me isolar, no meu próprio ambiente de trabalho, e foi assim que atravessei
meu deserto funcional ao longo de meu segundo exílio, com o dobro da duração do
primeiro.
Meu
maior erro profissional, como o de Mário Sabino, foi o de fazer a coisa certa
no momento errado: ou seja, ter denunciado o recuo, o atraso, o desmantelamento
institucional no Brasil.
Só
não podia prever a extensão dos crimes, o tamanho da fraude, a imensidão da
roubalheira, as falcatruas na política externa.
Tudo
isso eu percebi, desde o início, só não podia falar com toda a clareza, mas os
indícios estavam expostos.
Acho
que meu maior erro está agora restaurado em sua verdade.
Vamos
em frente...
Paulo
Roberto de Almeida
Brasília, 5
de agosto de 2016
(dia da
abertura das Olimpíadas)
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