Uma matéria importante.
A despeito de ser funcionário público federal, acho um escândalo as remunerações do setor público, muito acima da média do setor privado (em geral duas a três vezes superiores), muito acima de qualquer nível de produtividade que se possa medir objetivamente (mas isso é muito difícil num setor geralmente improdutivo como é o setor público) e muito além do que permitem as taxas de crescimento do produto e da produtividade, e muito acima, exageradamente acima do que são os níveis de inflação ou de crescimento das receitas públicas (ou seja, dinheiro roubado dos verdadeiros criadores de riqueza, que são os empresários e trabalhadores do privado).
A sociedade não aguenta tamanha exploração.
Ao final, transcrevo nota do economista Ricardo Bergamini sobre os privilégios abusivos dos funcionários públicos.
Paulo Roberto de Almeida
Em
13 anos, salário do serviço público subiu três vezes mais que o privado
Levantamento mostra que, entre 2003 e 2016, salários
dos servidores públicos cresceram 33% acima da inflação, enquanto na iniciativa
privada esse aumento foi de 10%; diferença entre rendimento médio público e
privado foi de 44% para 75%
Ricardo
Brito, Adriana Fernandes,
O Estado de S.Paulo
01 Outubro 2016 | 05h00
BRASÍLIA
- Os salários médios do funcionalismo público subiram, em termos reais (acima
da inflação), 33% entre janeiro de 2003 e janeiro de 2016, enquanto na
iniciativa privada esse aumento foi de 10%.
O levantamento, feito com base em
cruzamento de dados oficiais pelo consultor legislativo do Senado Marcos
Köhler, confirmam as queixas do governo federal, governadores e prefeitos sobre
o crescimento do custo da folha salarial dos servidores nas despesas públicas.
Em 13 anos, pulou de cerca de R$ 880 para R$ 1.650 a disparidade média entre o
que ganha um funcionário do Estado e um profissional do setor privado.
Foto:
Infográficos/Estadão
O governo do presidente Michel
Temer tenta aprovar uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que limita os
gastos públicos a fim de atrelar o crescimento das despesas à inflação do ano
anterior. A medida tem por objetivo impedir, entre outras questões, aumentos
reais do crescimento da folha de pagamento do serviço público, contendo assim a
explosão dos déficits orçamentários que vem sendo registrada nos últimos anos.
O estudo comparativo de Köher, com
dados compilados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que o rendimento mensal médio em 12
meses do funcionário público era de R$ 2.897 no início de 2003. O crescimento,
quase linear, só registrou três quedas no período, nos anos de 2004, 2014 e
2016, quando atingiu R$ 3.860 – alta de 33,24%. Na iniciativa privada, por sua
vez, o crescimento dos salários foi mais lento e menor, subindo de R$ 2.012 no
início de 2003 para R$ 2.210 em janeiro deste ano, um aumento de 9,84%.
Diferença crescente. O
levantamento indica que a diferença entre o rendimento médio do setor público e
o privado entre 2003 e 2016 quase dobrou, com intervalos de queda no segundo
ano do governo Lula, em 2004, e no início do segundo mandato de Dilma Rousseff,
em 2014. A diferença salarial entre as categorias de trabalhadores atingiu 75%
– era de 44% no início da série.
Outro dado ilustra o peso do
custeio dos servidores. Os empregados das 10 categorias com maiores vencimentos
no setor público, que somam um contingente de 255 mil pessoas – nas três
esferas de governo – ganham em média R$ 272 mil anuais. Os cerca de 36,8
milhões de empregados da iniciativa privada recebem por ano R$ 23,3 mil em
média.
Para o consultor, o calcanhares de
aquiles dos problemas fiscais que a União e os Estados enfrentam é a questão
salarial do funcionalismo, que causa impacto direto na previdência pública, já
que o benefício da aposentadoria é pago, de modo geral, em sua integralidade.
Köhler defende que a medida mais eficaz para acabar com os sucessivos déficits
orçamentários seria o congelamento temporário de aumentos de servidores, a fim
de reduzir o endividamento público.
Oposição. Uma
mudança constitucional que contemplasse essa medida, destacou o consultor,
seria politicamente mais simples de aprovar. Ele argumenta que há uma oposição
à PEC do Teto, alegando que vai haver redução de investimentos também nas áreas
da Saúde e de Educação com sua eventual introdução.
“A
regra (do congelamento salarial) seria mais simples, não teria oposição popular
e seria mais fácil verificar o cumprimento dela, além de ser menos injusta e
menos perigosa”, avaliou Kölher, que foi cedido para atuar no gabinete do
senador José Aníbal (PSDB-SP).
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Do economista Ricardo Bergamini, recebido em 2/10/2016:
Um grupo de trabalhadores de primeira classe (servidores públicos) composto por 13,2 milhões de brasileiros (ativos, inativos, civis e militares) que representam apenas 6,39% da população brasileira, sendo 2,2 milhões federais, 4,5 milhões estaduais e 6,5 milhões de municipais gastaram em 2015 o correspondente a 14,98% do PIB. Esse percentual representou 46,18% da carga tributária que foi de 32,44% do PIB em 2015.
Além do aspecto econômico - financeiro acima abordado, devemos ainda acrescentar uma montanha de direitos inimagináveis para os trabalhadores de segunda classe (empresas privadas), conforme abaixo:
Na história do Brasil a nação sempre foi refém dos seus servidores públicos (trabalhadores de primeira classe), com os seus direitos adquiridos intocáveis, estabilidade de emprego e licença prêmio sem critério de mérito, longas greves remuneradas, acionamento judicial sem perda de emprego, regime próprio de aposentadoria (não usam o INSS), planos de saúde (não usam o SUS), dentre muitos outros privilégios impensáveis para os trabalhadores de segunda classe (empresas privadas). Com certeza nenhum desses trabalhadores de primeira classe concedem aos seus empregados os mesmos direitos imorais.
Em vista do acima colocado fica a pergunta aos leitores de como podemos explicar que 92,61% da população brasileira aceita, passivamente, tamanha aberração econômica, financeira, moral, política e constitucional, sem nenhuma indignação.
O amigo tem alguma dúvida de quem mais perderia com a justiça social e a moralização administrativa.
Notas:
1 - Devemos lembrar que são poucos apadrinhados e corruptos de paraquedistas no serviço público que geram essa aberração, mas cabe aos servidores dignos ajudarem nessa faxina, e não ficarem criticando os que abordam tais excrecências do setor público brasileiro.
2 - Gostaria de saber se existe alguém nesse planeta que apoiaria, sem nenhum pudor, que uma nação gaste 46,18% de sua carga tributária com apenas 6,39% da população.
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