domingo, 21 de janeiro de 2018

A correlacao entre ideias e pessoas: uma questao nao trivial - Adonai Sant'Anna

Apenas hoje, 21/01/2018, por causa de vários outros trabalhos e obrigações no pipeline, pude ir buscar, e ler, uma postagem do matemático da UFPR, Adonai Sant'Anna, que me tinha sido recomendada por um doutorando da USP, Danilo R. Sousa, que acompanhou o "entrevero" – não ouso classificar como debate – entre este modesto blogueiro e um polemista profissional, Olavo de Carvalho, que se dispôs a atacar-me, sem que eu o atacasse diretamente, apenas porque eu tenho profunda discordância com o que chamo de "teoria conspiratória", que ele parece defender como verdadeira, relativamente a um projeto de governo mundial proposto por poderosos não exatamente identificados (enfim, alguns nomes aparecem, mas não se sabe bem o que fazem para promover tal governo mundial).
Transcrevo o que interessa, sobre a questão.
Paulo Roberto de Almeida  
Brasília, 21 de janeiro de 2018

O doutorando Danilo R. Sousa escreveu o que segue, em mensagem de 15/01/2018: 

Faz tempo que vejo ele (Olavo) falar algumas bobagens absurdas, tais como essas registradas pelo renomado professor Adonai Sant'Anna, matemático de renome da UFPR:  http://adonaisantanna.blogspot.com.br/2015/02/olavo-de-carvalho.html

PRA: Pois bem, fui buscar tal postagem e ela interessou-me, não exatamente pelo debate em torno de questões da física newtoniana e einsteiniana (que não pretendo entender), mas pelas palavras iniciais e finais do matemático Adonai Sant'Anna (com cujo blog já colaborei a propósito da situação das universidades brasileiras), a propósito da diferenciação que se há de fazer entre IDEIAS e seus PROPONENTES.

Eu geralmente tendo a discutir ideias, independentemente de quem as emite. Não tenho aquele comportamento de quem, sendo de esquerda (ou direita), costuma dizer, ao rejeitar a leitura de algum texto: "Ah, esse cara é de direita (ou de esquerda), e assim eu descarto a leitura."
Não tenho tal tipo de preconceito: simplesmente leio tudo que me parece interessante ou inteligente, de qualquer tendência política, e por vezes leio até bobagens absurdas, de um ou outro lado, apenas para constatar que, mais do que má-fé, é a ignorância que motiva certos desentendimentos no cenário político.

Pois bem, li o seguinte (transcrito apenas seletivamente), de uma imensa discussão sobre física teórica, na postagem abaixo reproduzida: 


segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015


Recebi hoje e-mail de um leitor deste blog perguntando por que citei Olavo de Carvalho em uma postagem recentemente veiculada. Essa pergunta foi motivada por questionamentos a respeito de certas afirmações deste jornalista comumente conhecido por alguns como um filósofo. 

Uma vez que Olavo de Carvalho consegue combinar discursos brilhantes com outros escandalosamente absurdos, creio que a indagação feita por este leitor merece ser respondida aqui. 

Citei uma entrevista com Olavo de Carvalho simplesmente porque ela continha uma discussão extremamente pertinente. E jamais deixarei de aproveitar boas ideias baseado em quem as defende. A correlação entre pessoas e ideias é assunto altamente não trivial.

No entanto, preciso também esclarecer alguns pontos sobre os quais devemos ser extremamente cuidadosos quando Olavo de Carvalho decide falar ou escrever. E ele fala e escreve muito!


(...) [segue-se o debate que está no link acima, mas vou ao final da postagem:]

Há muitas outras questões controversas sobre Carvalho, incluindo sua proposta de incluir a astrologia como um ramo da ciência. Mas discutir sobre astrologia como ciência já chega a um absurdo que temo desrespeitar o leitor. Por isso prefiro não discutir sobre este tema aqui.

Mesmo físicos extremamente experientes conseguem fazer afirmações absurdas sobre física. E Olavo de Carvalho demonstra claramente não ter a mais remota familiaridade com física a não ser, talvez, a partir de textos de divulgação científica destinados a leigos. No entanto, ainda assim insiste em opinar sobre temas da física moderna. Isso me faz questionar se há algum sentido em suas afirmações sobre outros temas, como história da religião e política. 

Portanto, o leitor deve ter muito cuidado com o que Carvalho afirma. Suas declarações nesta entrevista são incisivas, mas pertinentes. No entanto, são pertinentes sob o meu ponto de vista. Não sei dizer se eu compartilharia com as justificativas que ele teria para apresentar às suas declarações sobre a educação brasileira. 

É óbvio que o leitor deve aprender a filtrar qualquer informação que receba, seja de onde for. Isso não se aplica somente a Olavo de Carvalho, mas a qualquer pessoa. No entanto, Carvalho demonstra o persistente hábito de opinar sobre o que não demonstra conhecer. Ele faz isso quando discute sobre o aquecimento global, o darwinismo e a história da ciência. 

Como filtrar ideias? Bem, não há procedimento efetivo para isso. Mas pensar e discutir com uma variedade grande de pessoas compromissadas com o conhecimento já ajuda.


Nota: Em virtude de grande volume de comentários nesta postagem, decidi complementar este texto. Para detalhes, clique aqui.

Esta postagem suscitou 239 comentários. Transcrevo um: 

Eu desconfio fortemente de que o problema não seja a ignorância dele [OC] quanto à história da ciência, mas o conveniente conhecimento só das partes da história que ratificam a posição dele. Isso se aplica a qualquer área em que eu já o vi emitir um julgamento. A explicação mais plausível que vejo pra isso é a necessidade de vencer um debate mesmo sem ter razão. Por isso, eu não consigo confiar em nada do que ele diz, mesmo quando o assunto é filosofia. Fico triste de haver tantas pessoas que não vêem isso.


Volto a comentar (PRA):
 Pois é, eu tenho uma vocação pedagógica que por vezes me impele a entrar em debate sobre questões que ultrapassam a possibilidade de um diálogo racional segundo procedimentos estabelecidos. Tendo a ser muito mais empirista do que teórico em meus argumentos, e por isso essa tendência praticar um ceticismo sadio e a demandar PROVAS de quem apresenta um argumento qualquer.
Creio que foi isso que deixo furiosos tanto o Sr. Olavo de Carvalho e seus seguidores, quando eu contestei a ideia do globalismo, e sugeri que se tratava apenas de uma teoria conspiratória. Eles passaram a me atacar de uma forma tão irracional que não havia sequer possibilidade de diálogo.
Agora, tendo lido o que vai acima por parte de Adonai Sant'Anna, creio que o mesmo demonstrado para a física vale para as ciências humanas também.

Paulo Roberto de Almeida  
Brasília, 21 de janeiro de 2018

 PS: Creio que esta postagem vai motivar mais ataques a este blogueiro no Mídia Sem Máscara, ou em outros blogs, como sempre naquele "estilo" que já mencionei em postagens anteriores: 

  3224. “Globalismo e globobagens: um debate que nunca ocorreu”, Bento Gonçalves, 3 janeiro 2018, 4 p. Tentando encerrar o debate sobre o fantasma do globalismo. Postado no Diplomatizzando (http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2018/01/globalismo-e-globobagens-um-debate-que.html) e no Facebook (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1769060946490681). Consequências ulteriores (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2018/01/olavo-de-carvalho-o-estilo-faz-o-homem.html).

Confirmo que não pretendo debate com tal personagem, e apenas lamento que o pessoal do Brasil Paralelo ainda não tenha se manifestado sobre os ataques que a mim foram dirigidos na sequência  da exibição do "debate" Globalização vs Globalismo.

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